Listen on:
Foster: Oi, Alexia! Tudo bem?
Alexia: Oi, Foster! Tudo, e você?
Foster: Tudo ótimo. Eu estou ouvindo muito barulho no áudio. Onde você está? O que você está fazendo?
Alexia: Por incrível que pareça, esse barulho todo é da minha casa porque eu moro de frente a uma praça movimentada. Então aqui embaixo do meu prédio tem uma clínica, então sempre tem ambulâncias chegando, enfim. Então... Estou no Rio de Janeiro nesse momento.
Foster: É, você realmente está na sua casa.
Alexia: Estou.
Foster: Quando você fala que é uma praça bem movimentada, isso quer dizer que tá cheio de pessoas, tem muita coisa acontecendo, né?
Alexia: É. Nesse momento, olhando pra fora agora, eu consigo ver um grupo de velhinhos jogando xadrez e apostando em cima disso, que tem várias mesas de xadrez ali, com cobertura. Também tem uma parte de academia, né, ao ar livre. Para sêniors. Para senhores. Para os mais velhos.
cobertura - outdoor covering, protection
Foster: Mas fala sêniors?
Alexia: Ahn?!
Foster: O que que fala na praça?
Alexia: Não entendi.
Foster: Você falou que é pra seniors.
Alexia: Sêniors!
Foster: Ah, vocês usam essa palavra? Em português.
Alexia: Sim! Sim... Para os mais velhos. Para sêniors.
Foster: Legal. Então é a mesma coisa de idoso, né?
Alexia: Isso. Exatamente. Para idoso. É... E também tem a Guarda Municipal. Ou seja, tem um prédio, uma casa, da Guarda Municipal com várias motos e carros, enfim. Então é muito movimentado!
Foster: Nossa! A gente devia gravar um episódio inteiro sobre a sua praça.
Alexia: Ah! E de manhã tem aula de Taekwondo, Yoga, tudo isso.
Foster: Peraí. Tem aula de que?
Alexia: Taekwondo.
Foster: Taekwondo?
Alexia: Aham!
Foster: É um tipo de karatê... não sei exatamente o que que é. Mas é tipo uma luta asiática, né?
Alexia: Isso, eu também não sei comentar muito sobre, mas eu sei que é Taekwondo porque a professora anuncia. Então, duas vezes por semana, às oito e meia da manhã, vem uma musiquinha entrando pelo meu apartamento.
Foster: Mas na praça mesmo? Eles fazem…
Alexia: Na praça!
Foster: Ao ar livre.
Alexia: Sim! E em frente à praça, ou seja, na minha direita, tem uma igreja enorme. E durante a semana a igreja toca o sino de uma em uma hora. E final de semana também, mas começa às nove da manhã ao invés de começar às oito.
ou seja - in other words
Foster: E você falou que? Que a igreja toca o sino?
Alexia: Toca o sino.
Foster: O sino quer dizer a campanha?
Alexia: Não. Campainha é…
Foster: Campainha!
Alexia: É o barulho quando você faz quando chega na casa de alguém, né? Então vou tocar a campainha. O sino it’s a bell. Plém plém…
Foster: É, não sabia! Eu sempre estou falando campainha, mas eu acho que eu estava dizendo campanha mesmo.
Alexia: Campanha é campanha eleitoral, campanha política.
Foster: Sim, sim! Entendi!
Alexia: Campainha é a musiquinha da porta de casa.
Foster: Campainha! Que palavra…
Alexia: É feia, né?
Foster: E sino…
Alexia: Campainha... É feia. Verdade.
Foster: Não é uma palavra feia.
Alexia: Eu acho estranha.
Foster: Somente difícil. Somente é difícil pra eu pronunciar. Mas eu lembro que, acho que foi o Natal passado... Sei lá, não lembro se era Natal ou uma outra data, mas você e seu pai estavam reclamando muito com a igreja. Pode contar essa história?
Alexia: Aaai... Eu tava muito revoltada! Gente, só pra deixar bem claro que eu sou católica, meu pai é católico, nós somos de religião católica. Não nos importamos nem um pouco com nenhum tipo de religião, igreja, pode ter tudo onde quiser. Pode ter centro espírita, não tem o menor problema. Mas, a partir do momento que essa instituição, esse lugar, começa a atrapalhar a vida dos outros eu começo a me incomodar, assim como meu pai também. Então essa igreja aqui do lado…
Foster: Ah, Amor... A igreja sempre está na vida dos outros.
Alexia: Essa igreja aqui do lado tem missa de Natal, claro! Né? Como qualquer outra igreja católica vai ter missa de Natal aqui no Brasil, no Rio de Janeiro. Só que o padre, ele é muito exagerado... E ele conseguiu alugar, comprar, sei lá que que foi, uma caixa de som muito potente. Sendo que essa igreja tem lugar pra, sei lá, duzentas pessoas. Já é uma igreja enorme! Enorme…
Foster: Tá! Peraí... A primeira coisa, você falou é que o padre é muito exagerado.
Alexia: Uhum…
Foster: Em que sentido?
Alexia: Ele é o oposto do padre Rogério, o nosso amigo de Portugal. Ele é muito exagerado. Ele, na missa, ao invés de ele falar com uma voz tranquila, ele é aos berros! Ele fica falando aos berros, então…
Foster: Aos berros quer dizer gritando, né?
Alexia: É, só que claro que ele não tá gritando com outra pessoa, né? Ele tá falando muito alto, ele tá aos berros.
Foster: Entendi. E você falou que ele comprou um caixa de som muito potente.
Alexia: Isso.
Foster: Parece um jeito, sei lá, diplomático de falar “ele está tendo uma festa ali na igreja”.
Alexia: É, só que essa festa é... começa, eu não sei. Eu acho que começou às dez, dez e meia da noite e foi acabar meia-noite e meia, né? Começa dia 24 às dez e pouca da noite e termina meia-noite e meia do dia 25. Então, por esse tempo todo, parecia que o padre estava dentro da minha casa. Rezando a missa de dentro da minha casa. E eu não conseguia fazer nada! Não conseguia assistir TV, eu não conseguia conversar com meu pai, eu não conseguia fazer nada. E eu comecei a ligar pra igreja pra saber se os bons cristãos poderiam ajudar outras pessoas a diminuir aquele volume que tava acontecendo.
Foster: Você realmente ligou? Pra igreja.
Alexia: Claro! Meu pai me pediu de ir lá. Mas eu liguei.
Foster: Mas, olha só, amor. Você é católica. Também seu pai é católico. E, não seria uma coisa legal pra vocês? Ter um padre...
Olhá só. Look. Here’s the thing.
Alexia: Não... amor....
Foster: Dentro do apartamento?
Alexia: Não! Não... E se a gente convidar um padre pro nosso apartamento é uma coisa. Eu não convidei! Ele não foi convidado! Que que ele tá fazendo aqui dentro?
Foster: Ai, amor... só é muito engraçado.
Alexia: Não, mas é porque...é assim. É isso que eu falo, gente. Eu não tenho problema algum com nada. Mas a partir do momento que eu não consigo falar com outra pessoa dentro do meu apartamento, que é mínimo, tem alguma coisa muito errada acontecendo!
Foster: Tá, e... não é somente igreja. Também tem um monte de bar...
Alexia: Ah, cê quer que eu conte toda essa história?
Foster: Sim! Você já está no meio da história, então…
Alexia: Então vamo lá! Todo verão, né? Essa praça fica muito movimentada. E eu vou explicar por que. Existe uma farmácia, chamada Venâncio, que é onde eu compro os meus remédios, que ela realmente tem os melhores preços pra tudo. E a Venâncio, ela tem em toda esquina do Rio de Janeiro. Você anda dois passos, tem uma Venâncio ali. Anda outros dois passos, tem outra Venâncio. É impressionante.
Foster: É verdade. Tem muito.
Alexia: Impressionante! E ela, no verão, faz o Dia da Venâncio aqui nessa praça. E o que que acontece? Eles montam um palco com pessoas fazendo... Dando aula de exercício, dando aeróbico, dando sei lá o que, dança... E convida todos os moradores de Copacabana pra ir, virem pra essa praça. Só que…
Foster: Mas é... peraí, amor. A farmácia que está pagando pra fazer tudo isso? Montando um palco?
Alexia: Sim, a farmácia que faz esse evento todo. Todo.
Foster: Tá bom. Pode continuar.
Alexia: E pra quem vê de fora é super legal. A farmácia tá movimentando num dia, na vida das pessoas, oferecendo dança, oferecendo exercício, oferecendo amostra grátis, oferecendo checagem de pressão, sabe? Essas coisas todas. Então, realmente é legal. Só que o som começa às oito da manhã. Então às oito da manhã o meu apartamento é invadido com axé.
Foster: Com axé. Você quer explicar o que que é axé?
Alexia: Com sertanejo... Axé é música baiana, principalmente. Então a gente pode até tocar alguma música agora, no meio do episódio, pras pessoas entenderem que que é. Não é uma música calma!
Foster: Eu posso fazer isso depois na edição.
Alexia: Sim. Não é uma música calma! É uma música muito, muito complicada, entendeu? É muito animada! Meu pai vira outra pessoa nesse dia. Completamente diferente. Ele fica revoltadíssimo.
Foster: Bom, amor. A gente está pensando em fazer em episódio sobre nossa experiência na Espanha e acabou batendo um papo sobre sua praça movimentada.
Alexia: Sim, sim.
Foster: Mas eu gostei muito. Tem muito vocabulário útil. É... Mais alguma coisa que você quer dizer sobre sua praça?
Alexia: Quero! Quero dizer sobre a minha rua querida que eu moro entre quatro bares. Então agora, final de ano, todo mundo saindo pra comemorar, reunião de final de ano etc. etc. A festa começa às quatro... Quarta feira e termina sábado. Então, de quarta à sábado, eu tenho música do lado de fora até meia-noite, todos os dias. Então tá sendo uma experiência maravilhosa. Muito bom. Muito bom mesmo.
Foster: Bom, amor. O Rio de janeiro é uma cidade de festa…
Alexia: Sim!
Foster: De barulho, de som. Então acho que não dá pra reclamar muito não.
Alexia: Não. É a única coisa que eu falo é porque eu gosto muito de dormir. E quando eu quero dormir eu quero dormir. É... Eu tô mais contando pra vocês do que outra coisa, gente. Porque quando eu falo pros meus amigos, todos eles ficam rindo muito das minhas experiências, principalmente com a praça. Que cada dia essa praça é uma novidade. É... Então achei engraçado contar isso pra vocês. Mas é só isso. Eu amo o meu bairro. Adoro Copacabana, adoro onde eu moro, sempre tem uma novidade pra contar. Não me leve a mal, mas tem dias que cansa.
Foster: É... bom. Eu acho que a história foi muito engraçado pra mim, pelo menos. E eu acho que nossos ouvintes vão gostar também.
Alexia: Ótimo! Então vamos prum próximo episódio.
Foster: Então até a próxima!
Alexia: Tchau!
Foster: Tchau, tchau!