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Alexia: Olá gente, tudo bem? Bem-vindo a mais um episódio do Carioca Connection. Estamos aqui mais uma vez com o nosso convidado super mais do que especial, Marco Antonio, meu querido pai. Fala um oi próprio, pai.
Marco: Oi, hello crazy people. Oi galera, oi tudo bem minha gente?
Alexia: Bom, hoje vamos falar de uma das pessoas mais importante do Brasil. Que mesmo que já tenha morrido a muito tempo atrás, ela continua sendo um primor brasileiro.
Marco: Ela é a melhor cantora, foi a melhor cantora enquanto estava viva.
Alexia : Calma, calma. A gente ainda nem falou o nome.
Marco: Eu vou falar o nome. É a melhor cantora, está cantando cada vez melhor. Chama-se Elis Regina.
Alexia: Como assim está contando cada vez melhor?
Marco: É uma coisa que falaram na Argentina uma vez, quando morreu Carlos Gardel, o maior cantor de tango e alma da Argentina. E então passaram-se os anos e um dia alguém falou o seguinte: Carlito está cantando cada vez melhor. Ou seja, Carlos Gardel está cantando cada vez melhor. Elis Regina quando você põe um disco dela, você consegue ir às alturas. Ela continua cantando cada vez melhor, cada vez é uma emoção escutar a eles.
Alexia: Elis se foi muito jovem. Vamos lá contar um pouquinho da história dela. Você que sabe mais. Calma, calma. Vamos lá. Ela começou como e quando?
Marco: Ela começou no Rio Grande do Sul, onde ela nasceu. É um país, um estado do sul do país.**
Alexia: É quase um país.
Marco: Um estado do sul do país e ela começou aquela carreira normalzinha, alguém conseguiu que ela fizesse um programa de rádio, ela começou a cantar e começaram a ver o talento dela. Ela cantava em festinha, cantada de novo na rádio. Até que algum dia alguém de uma gravadora foi escutar Elis Regina e daí falaram para ela: Elis, está aí uma pessoa que pode mudar a sua vida, é um grande diretor de uma gravadora, então você capricha na música que você vai cantar. Parece que a música foi Carinhoso, uma música assim tradicional brasileira. E daí ela olhou para pessoa que falou isso e disse: Você quer com lágrimas ou sem lágrimas? Ou seja, ela já era segura dela mesma.
Alexia: Pai, quando você descobriu a Elis?
Marco: Eu descobri Elis numa época dos festivais, em São Paulo e Rio. Era uma época em que os festivais de música brasileira estouraram e nunca mais aconteceu, foi só aquela época. Então a Elis apareceu e despontou cantando arrastão e outras músicas. E se tornou então uma cantora nacional, uma das melhores cantoras nacionais. A voz dela é inacreditável, a interpretação dela é inacreditável.
Alexia: Ela era uma artista de primeira né? Porque ela não era só cantora, ela era uma artista mesmo.
Marco: Baixinha.
Alexia: Bonita.
Marco: Bonita, forte para cantar e que teve uma vida amorosa, familiar complicada. Com idas e vindas com a pessoa com quem ela casou, enfim.
Alexia: Quem era?
Marco: Alexia, me falta agora aqui. Mas eu acho que era o Bôscoli, que era compositor, produtor. Foi casado com uma outra pessoa também. Ela era Gaúcha.
me falta agora aqui - I can’t remember (his name) right now.
Alexia: E ela fazia grandes parcerias, com Tom, com Chico, com Vinícius. Todos.
Marco: Ela era grande intérprete da bossa nova, da música popular brasileira. Ela era a rainha indiscutível. Ela veio de Porto Alegre para São Paulo, fez a vida dela em São Paulo. Depois mudou para o Rio por conta do casamento e outras coisas. Adquiriu um lindo sotaque carioca.
Alexia: Então, tem uma música que você sempre canta para mim, que aí Elis imitam sotaque carioca na hora de cantar. Qual é?
Marco: Na realidade, não é que ela imita. A gente vê a mudança do sotaque dela do Sul para São Paulo é de São Paulo para o Rio quando ela canta uma música que ela fala: O que é que vai nascer. E ela canta o que é que vai nascer. E todo mundo diz que a Elis virou carioca, mas com carinho.
Alexia: Mas você sabe cantar parte dessa música?
Marco: Não é mesmo se soubesse.
Alexia: Você sabe!
Marco: Não, juro filha.
Não, juro! No, I swear!
Alexia: Qual a música que você mais gosta dela?
Marco: Difícil dizer. Tem uma que se chama dois pra lá dois pra cá.
Alexia: Como é que é? Não precisa cantar, mas você sabe uma parte?
Marco: O personagem da música vai para uma espécie de cabaré, saudoso de um amor que acabou e daí pega uma dessas dançarinas de aluguel e começa a descrever as suas mãos no pescoço, as suas costas macias. Por tanto tempo mudaram a minha vida vazia.
Alexia: E aí são dois pra lá dois pra cá.
Marco: E termina como se fosse um passo dois pra lá dois pra cá. São dois pra lá dois pra cá na realidade são dois pra lá, a namorada que fica com outro, e dois pra cá porque ele ficou sozinho num cabaré.
Alexia: Sim.
Marco: Tomando whisky com guaraná, que é uma das coisas da letra.
Alexia: Uma música super famosa que ela faz dupla, você vai me lembrar assim que eu começar a falar. É pau, é pedra, é o fim do caminho.
Marco: Com Tom Jobim. Tom Jobim, clássico do Tom. Ela canta muito bem. Ela cantou também uma música chamada O Bêbado e o Equilibrista. Que é linda.
Alexia: É linda, com o Chico.
Marco: Eu recomendo fortemente que vocês coloquem no YouTube Elis Regina…
eu recomendo fortemente - I strongly (highly) recommend
Alexia: Pai, as pessoas são um pouco mais já para frente do YouTube. Vocês podem colocar no Spotify, no YouTube, iTunes. Mas no YouTube dá para você achar, ela em cima do palco cantando, que é uma das coisas mais lindas que existe.
Marco: Exatamente.
Alexia: E a Elis deixou uma filha, Maria Rita. Que é uma ótima cantora, ótima mesmo, mas que não chega aos pés da mãe. O problema grande da Maria Rita é que ela sempre vai ser comparada com a mãe.
Marco: O problema grande da Maria Rita é que ela é uma excepcional cantora, ela vai ser sempre comparada com a mãe.
Alexia: Acabei de falar isso.
Marco: Eu estou confirmando, filha. Ela é uma excepcional cantora, se não tivesse havido Elis Regina, a Maria Rita seria uma deusa da música brasileira. Mas ela é comparada com a mãe e canta igual à mãe, e não copiando. É o jeito, é genética, é o DNA dela.
Alexia: Então vamos lá, se você tivesse que indicar três músicas da Elis para as pessoas escutarem.
Marco: Eu indicaria O Bêbado e o Equilibrista. Indicaria uma música que pouca gente conhece, vamos ver se eu lembro o nome, que é na madrugada da vida, que é uma coisa muito forte e muito boa. E carinhoso, carinhoso ela canta de uma forma espetacular. Fascination em português virou Fascinação, ela canta também. Uma coisa maravilhosa que leva você para outra galáxia.
Alexia: É verdade. Então tá bom. Acho que a gente pode falar uma próxima vez sobre Cássia Eller, que também é uma super cantora brasileira. É muito diferente da Elis de gênero e forma, mas que também tem uma voz incrível. Então vamos gravar um próximo episódio.
Marco: Uma voz e uma interpretação.
Alexia: Incrível.
Marco: Maravilhosa.
Alexia: Então tá bom gente, espero que vocês tenham gostado. Acabem esse episódio e já procure músicas da Elis que vocês não vão se arrepender. Tchau.