Listen on:
Foster: Oi!
Alexia: Olá!
Foster: Oi!
Alexia: Olááá!
Foster: Oi, gente! Tá funcionando?
Alexia: Tá funcionando.
Foster: Tá gravando?
Alexia: Acho que está ali, bonitinho.
Foster: Tá, então seja bem-vindo a mais um episódio de Carioca Connection.
Alexia: É muito bom ter vocês de novo por aqui. Muito obrigada!
Foster: Então, hoje Alexia você vai dirigir a conversa porque a gente está conversando sobre uma coisa bem brasileira.
Alexia: O quê?
Foster: O porteiro.
Alexia: O porteiro. Doorman.
Foster: A gente tem várias palavras em inglês, tipo, doorman, super... em algumas cidades, tipo Nova York, se chama 'super'.
Alexia: Mas, aí seria mais como se fosse um supervisor do prédio, né?
Foster: É. Exatamente.
Alexia: Não é um porteiro só. É tipo um administrador do prédio, digamos assim.
Foster: É. Mas, então, explica para a gente o que é um porteiro. Porque não é somente um doorman. Ele faz muito mais do que isso. E provavelmente se você morar no Brasil, o porteiro vai ser uma figura muito importante na sua vida.
Alexia: O porteiro... só um minutinho.
Foster: Tá bom!
Alexia: O porteiro de prédio residencial, onde você mora, ele vira o seu maior íntimo, digamos assim. É quem te dá bom-dia, quem te dá boa-noite. É quem sabe tudo da sua vida. Sabe em qual carro você entrou, saiu, abre a garagem, faz tudo. Normalmente, você tem o porteiro que faz o turno da manhã, o porteiro que faz o turno da tarde e o porteiro que faz o turno da noite. O porteiro que faz o turno da noite, a gente chama de vigia, que além de ser porteiro, ele também é da segurança do prédio, digamos assim. O porteiro da tarde normalmente é aquele que tem mais capacidade de fazer tudo porque é quando o pessoal entra e sai muito à tarde. E o porteiro da manhã normalmente é o chefe dos porteiros. Porque existe o que toma conta de todos os porteiros.
Foster: 'O chefe dos porteiros'.
Alexia: É.
Foster: Mas, o que eles fazem?
Alexia: Então, eles ficam na portaria, eles recebem todas as correspondências dos apartamentos, dividem por apartamentos. Então eles pegam do Correios, chegam as cartas, contas, encomendas, jornais, o que for, e divide por apartamento, espera o morador chegar para entregar, etc. Tem prédios que o porteiro estaciona o seu próprio carro. Porque às vezes a garagem é muito ruim de parar e aí você deixa a chave com o porteiro e o porteiro que toma conta do seu carro. Isso eu não sabia.
Foster: Não sabia. Eu já vi porteiro tipo limpando carro.
Alexia: Então, e eles também fazem a limpeza. Às vezes, tem o faxineiro do prédio. Mas, normalmente, por exemplo, o porteiro que faz o turno da tarde também é contratado para fazer a limpeza de manhã. Então, aí depende de cada prédio também, esse tipo de administração. O porteiro-chefe normalmente mora no prédio.
Foster: Ele mora lá?
Alexia: Normalmente.
Foster: Eu sempre penso nisso. Porque aqui a gente não tem porteiro, mas a gente tem um cara que sempre está na rua que dá uma segurança, mas ele faz tudo. E eu sei que ele mora por aqui, mas não sei exatamente onde ele mora.
Alexia: É, então. Normalmente os prédios foram construídos com um quarto na parte de trás. É uma mini-casa, realmente. Só que é para o porteiro. Porque, enfim, é um funcionário do prédio e ele acaba morando lá.
Foster: Uhum.
Alexia: E cria família, cria tudo no prédio!
Foster: Então, como é o pagamento? Tipo, quem está pagando o porteiro?
Alexia: O condomínio. No valor do condomínio do prédio, ou seja, aqui no Brasil nós temos o valor do condomínio do prédio, o IPTU, que é a taxa que a gente paga para o Governo e são essas duas taxas que você tem. Do prédio.
Foster: E também o valor do apartamento.
Alexia: Estou falando do prédio, independente do aluguel. E aí você no condomínio já tem o valor referente ao salário dos porteiros. Vamos supor: você paga R$ 400 de condomínio, que te dá o direito de usar o play (a parte de lazer), usar...
Foster: Eu acho isso uma palavra ridícula! O play. É tipo um centro de...
Alexia: Entretenimento do prédio!
Foster: É. Eu acho que vocês tentaram roubar a palavra playground, mas alguma coisa foi errado na...
Alexia: Na verdade, se chama playground. Só que a gente só chama de play. 'Vamos descer para o play', é isso.
Foster: Fofinho.
Alexia: E quando tem condomínios muito grandes, por exemplo, em São Conrado que é um bairro aqui perto, tem condomínio de, sei lá, dez prédios e todos esses prédios tem piscina, churrasqueira, play, milhões de garagens, etc. Então a quantidade de pessoas trabalhando no prédio, além dos porteiros, funcionários, etc., aumenta muito. E aí no valor do condomínio já vem o valor por apartamento de pagamento desses funcionários.
Foster: Entendi. Então, basicamente você tem esse cara que faz mais ou menos tudo no apartamento.
Alexia: Ele gerencia o prédio.
Foster: É, mas...
Alexia: As reclamações vão para ele, por exemplo, o elevador parou. 'Seu João, o elevador está parado aqui no primeiro andar' e assim vai.
Foster: E eu acho legal, conveniente. Mas, você acha necessário? Porque na maioria dos apartamentos dos edifícios lá nos Estados Unidos não tem.
Alexia: É cultural, né?
Foster: É.
Alexia: Na verdade, eu assim, eu não me incomodo nem um pouco, é um emprego super justo. São pessoas da nossa confiança que vão impedir de acontecer algum mal, de alguém entrar para o seu apartamento, digamos assim. Eles tomam conta da nossa segurança também. Mas, assim, é necessário? Oh, meu Deus, o emprego de porteiro é totalmente necessário? Não. Qualquer prédio poderia se virar por ele mesmo. Mas, por exemplo, o seu prédio não tem porteiro.
Foster: Mas, realmente não é um prédio. É uma casa. Mas, enfim, mais alguma coisa para os gringos que estão vindo para o Brasil?
Alexia: Normalmente os porteiros são extremamente simpáticos ou são extremamente chatos. Porque eles se acham donos do prédio! Tem uns que são assim. 'É meu prédio, ninguém entra, ninguém sai'. É tipo isso!
Foster: Eu não iria falar isso. Mas, comigo eu sempre tinha experiências boas.
Alexia: Sim.
Foster: Mas, eu iria falar que a maioria deles vêm do Nordeste.
Alexia: É, já parou um pouco essa cultura, mas a maioria dos porteiros mais velhos, digamos assim, eles vieram do Nordeste porque quando teve o boom, digamos assim, de ter muito emprego em São Paulo e no Rio, e no Nordeste sempre era muito difícil qualquer coisa de emprego, de salários, etc., eles saíram do Nordeste e vieram aqui para o Sudeste.
Foster: Mas, o propósito dessa conversa para mim é tipo os porteiros quase não falam português, para mim. Tipo, eu não entendo nem uma palavra do meu porteiro! Ele fala tipo "Oba, aí!" e eu falo "Oba! Aí!".
Alexia: É, o sotaque nordestino é bem difícil mesmo. Porque o seu porteiro é nordestino, né?
Foster: Não sei de onde ele é, mas a gente não está falando o mesmo idioma.
Alexia: Lá no meu prédio tem isso. Tem três porteiros. Só um é nordestino, os outros dois são cariocas.
Foster: É. Mas, a maioria dos porteiros, eu tenho dificuldade de bater papo, né?
Alexia: Bom, eu acho que é isso, né? Sobre porteiro?
Foster: É só isso. É uma coisa para saber antes de chegar para o Rio.
Alexia: Existem porteiros, pessoas! Está tudo certo. Não estranhem.
Foster: Tá. Bom, boa noite, gente!
Alexia: Tchau, tchau!
Foster: Tchau, tchau!