O nome dela pode ser Luzia.
Nasceu agora mesmo, no Brasil. Um peso, mas também uma alegria.
Se tudo estiver bem com ela, com sua saúde e seu desenvolvimento, nos próximos anos a menina vai realizar um pequeno milagre. A partir de dados desorganizados, fragmentados e muitas vezes contraditórios, Luzia vai aprender a falar.
Quando, na vida adulta, ou mesmo ainda na escola, ela for tentar aprender um novo idioma, vai entender que não foi à toa que usei a palavra “milagre” agora há pouco. Aquilo que para uma pessoa adulta, instruída, com acesso a todo tipo de recursos e métodos é uma tarefa complicadíssima, uma criança pequena resolve por conta própria, quase sem dar por isso.
A linguagem é algo absolutamente central para a nossa espécie, e somos muitíssimo competentes em pegar esse bastão de uma geração anterior. Caso seja estritamente necessário, chegamos até a desenvolver um idioma que atenda às necessidades do nosso grupo em situações em que nos vemos privados de meios de comunicação, como já aconteceu com crianças surdas que, reunidas, desenvolveram como quedo zero uma língua de sinais todinha delas.
E Luzia não há de ser uma exceção.