Transcript
Alexia: Olá olá, pessoal! Bem-vindos a mais um episódio aqui do Carioca Connection. Estamos muito felizes em tê-los por aqui. E hoje, especialmente, temos mais uma pessoinha – o nosso Buddyzinho está assistindo a gente gravar, né, Foster?
Foster: Sim, o nosso cão, nosso cachorro, está aqui no sofá gravando com a gente, então não sei se vamos ter alguns latidos durante o episódio.
Alexia: Não, ele está dormindo feliz e contente, está sonhando. Bom, Foster, hoje nós vamos falar sobre um assunto muito importante.
Foster: E muito pessoal.
Alexia: E muito pessoal, que é relacionado à saúde mental.
Foster: Sim, e mais especificamente, ansiedade.
Alexia: Sim, a ansiedade que, eu gosto de falar que, não é o maior problema, mas eu acho que é o que mais acontece com a nossa geração hoje em dia. Sim. Somos capazes de perceber mais e dar nomes aos bois do que a geração anterior.
Foster: Sim, é um tema que todo mundo pode entender. Mas… os bois?
Alexia: Eu ia falar, você já escutou essa expressão, “dar nome aos bois”? Ou seja, você consegue se conectar, consegue entender.
Foster: Ah, boi? Tipo…
Alexia: Vaca. O marido da vaca.
Foster: O marido da vaca, depois do casamento das vaquinhas… vaca macho.
Alexia: Uma vaca macho, exato.
Foster: No próximo episódio: o casamento dos vaqueiros.
Alexia: Dos vaqueiros! Vaqueiro é quem toma conta da vaca. Mas enfim, dar nome aos bois é tipo “ok, vamos sentar aqui e dar nome aos bois”. Quem que fez tal coisa? Quem quebrou o prato da cozinha? Aí alguém fala: “Ah, fui eu”. Dar nome aos bois.
Foster: Entendi. É uma frase que eu não conhecia.
Alexia: Eu não sei por que eu tirei isso do baú nesse momento.
Foster: Nossa, você tirou do baú? Sim. Fala normal, Alexia.
Alexia: Eu entrei na expressão! Eu estou aqui para isso. Bom…
Foster: A Alexia ultimamente está passando muito tempo no TikTok. Então, ela está aprendendo muita coisa da geração Z.
Alexia: Isso é da geração dos meus pais! A Z nem sabe do que se trata!
Foster: Tá bom, enfim. A gente vai falar sobre ansiedade: o que é, por que é importante, e um pouco sobre as nossas experiências com ansiedade.
Alexia: Sim. Maio foi o mês da saúde mental, se eu não me engano.
Foster: Sim, mas para mim é todo mês.
Alexia: Sim, e eu acho muito importante nós sempre falarmos sobre isso, sermos muito abertos sobre isso, porque muitas vezes as pessoas nem sabem que têm [ansiedade], não conseguem relacionar uma coisa à outra, acham que “é assim mesmo, é o normal da vida.”
Foster: É um assunto complicado porque todo mundo tem ansiedade.
Alexia: Sim.
Foster: E a ansiedade pode ser uma coisa boa – é algo que aconteceu na nossa evolução humana, falei certo?
Alexia: Sim.
Foster: Um pouquinho de ansiedade é bom. Senão, o que faria você fugir de um tigre que está atacando?
Alexia: Exato.
Foster: Tipo, pensando em cem mil anos atrás, é bom estar alerta. Mas quando a ansiedade realmente te atrapalha, te impede de viver uma vida normal, entre aspas, daí é uma situação mais complicada.
Alexia: E eu acho muito importante alertar e falar sobre isso porque às vezes ainda é tabu em alguns países. Por exemplo, nem todos os países vão falar abertamente sobre saúde mental. Ainda é uma coisa de “ah, não vamos falar sobre isso porque não é meu problema”, ou se é meu problema, “não quero abrir isso para os outros”. Aí vira um ciclo vicioso. Dependendo da cultura, é algo que pode ou não ser discutido.
Foster: Sim, mas acho que em qualquer cultura do mundo ainda é um pouco tabu.
Alexia: Sim, mas, por exemplo, na minha bolha do Rio de Janeiro, falamos sobre isso abertamente, sem o menor problema. Falamos que vamos ao psicólogo, ao psiquiatra, o que falei com a minha psicóloga, o que deixei de falar, etc. Então, acho que depende muito também do círculo social em que você está inserido e se as pessoas são abertas ou não para receber esse tipo de informação.
Foster: Sim, depende de muitas coisas: seus amigos, sua idade, sua geração, se você é homem ou mulher…
Alexia: Sim. A gente não fala “se você é masculino ou feminino”.
Foster: Você é masculino? Isso soou um pouco estranho. Mas enfim, o que é a ansiedade para você, Alexia?
Alexia: Ansiedade, para mim, pessoalmente, porque para cada pessoa pode ser diferente, é a falta de controle sobre o que pode acontecer.
Foster: Sim, para mim também.
Alexia: Só que, aí depende, né? Às vezes as pessoas ficam presas no passado, esquecem de viver o presente. E às vezes as pessoas ficam pensando muito no futuro e esquecem de viver o presente.
Foster: Sim, eu já ouvi essa ideia que a depressão tem mais a ver com o passado – você fica preso no passado – e a ansiedade tem mais a ver com o futuro, sem esperança.
Alexia: Eu acho que depende.
Foster: É, talvez seja isso.
Alexia: Para mim, é essa falta de controle sobre o que pode acontecer no futuro. E isso me dá muito medo, muita ansiedade, muita frustração, que às vezes eu fico estagnada e apática.
Foster: Apática?
Alexia: Sim, apática. Acho que traduzi do inglês.
Foster: Apática? Apatética?
Alexia: Sim, sem muita reação. Sem muito interesse. E é algo que tenho vivenciado muito agora na minha terapia, que está trabalhando muito sobre isso comigo. Esse momento de autoconhecimento, de entender minhas ações antigas e como vou agir no futuro, me faz ficar muito introspectiva, pensando nas minhas ações e reações. Às vezes, eu esqueço de viver. Esqueço de ter os meus interesses, esqueço de fazer outras coisas.
Foster: Sim, bem-vinda ao meu mundo – vivendo na cabeça sempre. E é difícil também porque depressão e ansiedade são primos, né? São amigos. Muitas vezes, um não vem sem o outro, ou vice-versa. Eu, pessoalmente, clinicamente tenho os dois. Já tive vários diagnósticos médicos para isso.
Alexia: Diagnósticos, sim.
Foster: É difícil entender, tipo, estou um pouco triste, estou deprimido ou é só um pouco de ansiedade?
Alexia: Eu também acho importante falar sobre esse caminho do autoconhecimento. Eu e o Foster fazemos terapia, né? Individualmente. O Foster há mais tempo do que eu. Eu já fiz terapia há muito tempo, parei, e voltei agora. Nós fazemos com pessoas diferentes e abordagens diferentes. A minha terapeuta é de família e relacionamentos. A do Foster é…
Foster: Existencial.
Alexia: Então o que ele faz é um pouco diferente. E eu acho que é um caminho muito solitário.
Foster: Por quê?
Alexia: Porque, se você parar para pensar, você tem a terapia, fala sobre suas questões, conversa com a pessoa que está te ajudando, mas depois você fica dentro de si, pensando sobre aquilo.
Foster: Sim, na minha terapia a gente fala muito sobre integração – o que você quer compartilhar com o mundo, o que você quer integrar na sua vida diária. Então, pode ser solitário, eu te entendo, mas é um processo longo.
Alexia: Sim, não estou dizendo que é ruim, só que é solitário.
Foster: Sim. Enfim, acho que a mensagem de hoje é que ansiedade é uma coisa super normal.
Alexia: Muito mais comum do que se pensa.
Foster: Sim. E terapia sempre é uma boa opção.
Alexia: Com certeza.
Foster: Em um futuro episódio, podemos falar sobre vocabulário e talvez alguns recursos.
Alexia: Sim, vai ser ótimo.
Foster: Que tal?
Alexia: Com certeza!
Foster: Muito obrigado, Alexia. Agora estou mais tranquilo, sem ansiedade.
Alexia: Estamos bem?
Foster: Sim. Até o próximo.
Alexia: Tchau!
Useful vocabulary, expressions, etc..
dar nome aos bois – to name names / to assign blame
tirar do baú – to bring something from the past / to bring something back
feliz e contente – happy and content
sem o menor problema – without the slightest problem
não sei se vamos ter alguns latidos – I don’t know if we’ll have some barking
dar nome aos bois – to clarify who did what
é tema que todo mundo pode entender – it’s a topic everyone can understand
bolha do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro bubble
acham que é assim mesmo – they think that’s just how it is
um pouquinho de ansiedade é bom – a little bit of anxiety is good
prender no passado – to get stuck in the past
futuro sem esperança – future without hope
ansiedade pode ser uma coisa boa – anxiety can be a good thing
isso ainda é tabu em alguns países – this is still taboo in some countries
não sei que mais falar – I don’t know what else to say
a ansiedade realmente te atrapalha – anxiety really gets in your way
pessoas ficam presas no passado – people get stuck in the past
falta de controle do que pode acontecer – lack of control over what might happen
quando a ansiedade te impede de viver uma vida normal – when anxiety prevents you from living a normal life
eu faço terapia há mais tempo do que ela – I’ve been doing therapy longer than she has
terapia é sempre uma boa opção – therapy is always a good option
ver a terapia como um primeiro passo – to see therapy as a first step
diagnóstico médico – medical diagnosis
a minha terapeuta é de família e relacionamentos – my therapist focuses on family and relationships
pensando muito no futuro e esquecendo de viver o presente – thinking too much about the future and forgetting to live in the present
convivendo com ansiedade diariamente – living with anxiety daily
a ansiedade pode ser boa, em doses pequenas – anxiety can be good, in small doses
processo de autoconhecimento – process of self-awareness
psicólogo ou psiquiatra – psychologist or psychiatrist
eu acho que depende muito do ciclo social – I think it depends a lot on your social circle
geração anterior – previous generation
sem muito interesse – without much interest
é complicado, mas todo mundo tem ansiedade – it’s complicated, but everyone has anxiety
autoconhecimento e entendimento – self-awareness and understanding
viver uma vida normal – living a normal life