Transcript
Alexia: Oi oi pessoal e bem-vindos a mais um episódio aqui do Carioca Connection, Olimpíadas 2024.
Foster: Edição Olimpíadas. Olá Alexia, bom dia, boa tarde, boa noite.
Alexia: Bom dia, Foster, tudo bem?
Foster: Está tudo bem. Literalmente é bom dia pra gente, mas não sei se nossos ouvintes estão escutando durante a tarde, à noite... Bom dia, boa tarde, boa noite.
Alexia: Bom pessoal, bem-vindos a mais um episódio aqui do Carioca Connection. Estamos fazendo uma minissérie sobre o evento mais importante do ano, as Olimpíadas Paris 2024. E hoje temos um assunto muito especial.
Foster: Sim, aliás, o que é minissérie? Porque por mais umas duas semanas, a vida da Alexia e também as nossas vidas são Olimpíadas.
Alexia: Sim. E falando nisso, vi um meme muito engraçado de uma pessoa em frente ao espelho, e aí com a legenda: "Metade do meu dia eu falo sobre as Olimpíadas", e embaixo, a mesma pessoa no mesmo espelho, com a legenda: "A outra metade eu espero que as pessoas falem comigo sobre as Olimpíadas". Sou eu, eu só tenho esse assunto.
Foster: E a outra metade você está assistindo às Olimpíadas. Então, enfim, me conta, Alexia, sobre qual área, qual perspectiva das Olimpíadas você quer trazer pra gente hoje?
Alexia: Eu acho que a gente pode falar exatamente sobre isso: a torcida brasileira. E como nós, como país, como nação, nos envolvemos quando tem brasileiro lá, lutando pelo nosso país e por eles mesmos, claro.
Foster: É impressionante. Uma das coisas que eu amo sobre as Olimpíadas é que realmente me lembra e mostra que o Brasil é um país tão especial, é um povo tão único, que realmente eu amo. Nos primeiros episódios que a gente gravou, se não me engano foi o segundo, falamos que o Brasil e o brasileiro são únicos, vocês são diferentes.
Alexia: Sim, eu acho que tem muito por trás disso. Acho que o brasileiro tem muito a síndrome do vira-lata, né? Achamos que qualquer outro país é muito melhor que o nosso, e qualquer coisa que os outros países fazem é muito melhor. Então, quando vemos nossos atletas lá, que têm zero incentivo do governo, das escolas, ou qualquer coisa parecida, fazendo o que fazem, e chegando em último, em décimo, em quarto, em primeiro, segundo ou terceiro, é surreal. Porque ser atleta no Brasil não vale a pena, você não fica rico, você não tem incentivo a não ser que seja o melhor dos melhores.
Foster: Somente estou pensando nisso agora, mas é quase como se as Olimpíadas fossem uma prova contra a síndrome do vira-lata, mostrando que o Brasil não é um país inferior.
Alexia: Exato. E hoje em dia, com as redes sociais e a facilidade de assistir coisas pelo YouTube, é muito mais fácil o acesso do povo para assistir. Mesmo que você não tenha os canais específicos, como o SportTV, hoje em dia você consegue assistir às Olimpíadas pelo YouTube. Isso faz com que muito mais pessoas vejam tiro ao alvo, por exemplo. Outro dia, meu pai estava assistindo luta greco-romana. Não paramos para assistir isso, mas se tiver brasileiro durante as Olimpíadas, vou estar lá, vou estudar as regras, vou entender o que é, e vou torcer até dizer chega!
Foster: A minha impressão, pelo menos, é que o país inteiro para. Todo mundo está assistindo, todo mundo está participando desse evento, é quase comum não?
Alexia: E uma coisa que eu estava até falando com as minhas amigas... o Foster, obviamente, mora comigo e me vê fazendo isso, mas quando tem ginástica artística, vôlei, futebol, a gente para pra assistir e ficamos todas no WhatsApp comentando sobre o jogo ou sobre a prova que os brasileiros estão fazendo. E a gente estava até falando: pô, quando tem Copa do Mundo masculina de futebol e o Brasil está jogando, é feriado no Brasil. Ninguém trabalha, ninguém vai para a escola nem nada. Por que não é a mesma coisa durante as Olimpíadas? Por que não existe isso?
Foster: É uma boa pergunta. Talvez uma coisa que você possa tentar mudar no futuro.
Alexia: Eu acho que já está mudando porque o futebol masculino está indo de mal a pior. Acho que na próxima Copa do Mundo vou me esconder debaixo da cama pra não ver o que o Brasil está fazendo, porque é um desespero. E só daqui a dez anos teremos uma seleção brasileira de volta. E também, as Olimpíadas fizeram esse efeito nas pessoas. O Brasil, como nação, começou a admitir que não é mais o país do futebol e começou a dar muito mais valor para outros esportes.
Foster: Acho que é muito legal. E o Brasil é diferente, o brasileiro é diferente. Você pode assistir a qualquer esporte e vai ter um monte de brasileiro gritando lá. Sempre penso: nossa, se fosse qualquer outro país do mundo, seria estranho, mas quando é o Brasil, é tão legal!
Alexia: Somos tão loucos que, durante as Olimpíadas do Rio, estava tendo uma luta de judô, de grego contra egípcio, e lá estava o juiz, que era brasileiro. Então a torcida começou a torcer pelo juiz, nem pelos lutadores!
Foster: Você me mostrou o vídeo, que é muito engraçado. A torcida inteira torcendo para o juiz, nem para os jogadores!
Alexia: É uma loucura. E agora meu TikTok está inteiro de Olimpíadas. Apareceu um americano que está em Paris agora, ele se gravou falando: “Gente, acabei de sair do campeonato de skate, não tenho certeza, e ele falando assim: caraca, torcida brasileira não tem igual no mundo.” Eles têm uma força, têm cantos e batidas, gritam, e você nem consegue escutar o que está acontecendo.
Foster: Sim, é basicamente isso. E você gosta disso?
Alexia: Amo, porque estou participando nisso. Eu estou vendo isso na nossa casa todos os dias.
Foster: Mas você acha que isso pode ser chocante para alguém que está visitando o Brasil pela primeira vez?
Alexia: Sim, é muito alto, é complicado ver pessoas torcendo e nós xingamos, desejamos que o outro caia (não se machuque, mas que escorregue). É engraçado ver o pessoal passando manteiga na TV falando: “escorrega, escorrega”. Não acho que seja legal, mas é assim. E nós aprendemos a torcer com a cultura do futebol. A cultura do futebol é ir ao estádio, torcer mesmo. Só que quando você leva isso, por exemplo, para o tênis de mesa, que é um esporte super específico e que as pessoas estão super concentradas, é uma loucura.
Foster: Lembro que a primeira vez que visitei o Rio e realmente morei no Brasil, pensei: nossa, elas estão falando tão alto, tanto barulho sempre, mas hoje em dia, quando escuto brasileiro falando, até gritando, é como música para mim. Porque o Brasil é diferente.
Alexia: E acho que estamos com esse sentimento de que tirou em décimo lugar, é ouro para a gente. Tirou em último lugar, é ouro. Só de estar lá, é ouro. Então, torcemos muito pelos nossos, mas muito mesmo. O Caio Bonfim, da marcha atlética, deu uma entrevista maravilhosa falando que quem o ajudou a chegar lá foi o patrocínio do pai dele. Ele teve que pedir pelo amor de Deus por tênis novo para vir para Paris porque os patrocinadores não queriam dar.
Foster: Entendi.
Alexia: Para eles, a marcha atlética não faz sentido. Agora ele chegou em segundo lugar, lindíssimo. Deu essa entrevista e agora todo mundo está na marcha atlética. Estamos lá torcendo por ele, e ontem de novo, em equipe, chegaram em sexto lugar. Maravilhoso. Isso mostra que quanto mais pessoas assistirem, conhecerem os esportes diferentes, talvez agora com as redes sociais e diferentes canais de streaming, tenhamos uma pequena mudança na parte de incentivos aos atletas. O nosso incentivo como torcida, a gente sempre vai dar
. Agora, falta o incentivo do governo, das escolas, e das próprias marcas.
Foster: Então, os jogos ainda não acabaram. Quais são suas expectativas para as próximas semanas?
Alexia: Ah, eu acho que as pessoas vão começar a ver que tem muito esporte além do futebol, que não precisam ver o vôlei feminino só na final. Agora, as pessoas estão vendo as provas eliminatórias, a natação, enfim. Acho que as redes sociais e o YouTube têm ajudado muito nisso.
Foster: Com certeza. Vamos ver. Vou fazer minha parte para torcer também.
Alexia: Sim, temos que torcer, seja na ginástica, na natação, onde for. Bom, é isso, pessoal. Espero que vocês tenham gostado. Contem pra gente como estão acompanhando as Olimpíadas, o que estão achando dos brasileiros. Vocês podem enviar uma mensagem no Instagram ou por e-mail. Estaremos de volta no próximo episódio. Tchau!
Foster: Tchau tchau, pessoal. Até a próxima.
Useful vocabulary & expressions
Oi oi pessoal e bem-vindos - Hi hi everyone and welcome
Estamos fazendo uma minissérie - We are doing a miniseries
A gente só tem esse assunto - We only have this topic
Me conta, Alexia - Tell me, Alexia
A torcida brasileira - The Brazilian crowd
Como nação, nos envolvemos - As a nation, we get involved
É impressionante - It's impressive
O brasileiro tem muito a síndrome do vira-lata - Brazilians really have the underdog syndrome
Chegando em primeiro, segundo ou terceiro - Finishing first, second, or third
Não vale a pena - It's not worth it
É quase como se... - It’s almost as if...
O Brasil não é um país inferior - Brazil is not an inferior country
Muito mais fácil o acesso - Much easier access
A outra metade eu espero... - The other half I wait...
Para de mal a pior - Going from bad to worse
Estamos lá torcendo por ele - We are there cheering for him
O país inteiro para - The whole country stops
Eu acho que é muito legal - I think it’s really cool
Não paramos para assistir isso - We don't stop to watch that
Com as redes sociais - With social media
O juiz era brasileiro - The referee was Brazilian
Agora ele chegou em segundo lugar - Now he finished in second place
As pessoas vão começar a ver - People will start to see
A minha impressão é que... - My impression is that...
É como música para mim - It's like music to me
Você gosta disso? - Do you like that?
Você acha que isso pode ser chocante? - Do you think this might be shocking?
Estaremos de volta no próximo episódio - We'll be back in the next episode
Espero que vocês tenham gostado - I hope you enjoyed it
Tchau tchau, pessoal - Bye bye, everyone