Listen on:
Foster: Olá olá, oi pessoal, e seja bem vindo a mais um episódio do Carioca Connection. Oi Alexia, tudo bem?
Alexia: Olá! Tudo e com você?
Foster: Tudo.
Alexia: Voltamos!
Foster: Voltamos, há muito tempo, é a primeira vez há muito tempo que a gente gravou um episódio.
Alexia: Faz muito tempo que nós gravamos um episódio.
Foster: Sim, também pode falar "há muito tempo," né?
Alexia: Não. Assim, provavelmente deve tá correto com a gramática, quando você escreve a sentença inteira, mas "faz muito tempo." "Há muito que nós gravamos." "Faz muito tempo" fica mais legal.
Foster: Entendi, entendi. É muito mais comum, eu acho.
Alexia: Sim.
Foster: Bom, só pra vocês saberem, eu vou sofrer muito, e primeiramente Alexia, porque o sumiço? Onde a gente estava?
Alexia: Nós estávamos em Portugal, provavelmente vocês…
Foster: Há muito tempo.
Alexia: Acompanharam esse processo. Nós chegamos a apresentar o Felipe pra vocês, que é o nosso terceiro integrante.
Foster: Uhun.
Alexia: Da família, enfim. E aí tivemos que voltar aqui pros Estados Unidos, tivemos dois meses muito intensos de muita coisa acontecendo na nossa vida pessoal e profissional.
Foster: Sim, muitos casamentos. Todos os meus amigos.
Alexia: Não o nosso, exatamente.
Foster: É, mas enfim, a gente tá nos Estados Unidos agora, e isso quer dizer que eu, pessoalmente, eu estou falando muito inglês com a Alexia.
Alexia: Eu também to falando muito inglês.
Foster: É, eu acho que faz mais sentido, quando a gente está aqui, falar inglês, mas enfim. O meu português vai ficar um pouco complicado hoje.
Alexia: Você reparou que todo episódio do Carioca Connection você acha que o seu inglês está ruim, oh, o seu português está ruim.
Foster: Sim, eu acho bom só avisar o pessoal.
Alexia: Não tem problema, eles estão aqui pra aprender, junto com você.
Foster: Enfim, Alexia, hoje o episódio é sobre o que?
Alexia: Hoje nós vamos falar sobre um prato típico brasileiro, mais especificamente da Bahia.
Foster: Oba.
Alexia: Do nordeste brasileiro.
Foster: To curioso.
Alexia: E é o acarajé da Bahia.
Foster: Acarajé.
Alexia: Sim.
Foster: Pode falar essa palavra mais uma vez?
Alexia: Acarajé.
Foster: Acarajé.
Alexia: Da Bahia.
Foster: Da Bahia
Alexia: Sim, eu to falando que é acarajé da Bahia porque ontem, quando eu tava pesquisando pra fazer esse episódio, eu descobri que existem vários tipos de acarajé, e eu não sabia disso.
Foster: Entendi, não sabia, também não. Bom antes do que a gente começar, a pronúncia amor.
Alexia: Antes da gente começar.
Foster: Eu sabia, eu já te falei que eu vou sofrer. Enfim, antes… Como é que é?
Alexia: Da gente.
Foster: Antes da gente começar.
Alexia: Sim, é porque eu tô diminuindo né, seria "antes de a gente começar." "Antes da gente começar."
Foster: Sim, entendi. Antes da gente começar, uma palavra sobre a pronúncia "Acarajé."
Alexia: Que que tem?
Foster: Tá certo assim?
Alexia: Sim, tá certíssimo.
Foster: Então, se não me engano, o último som é uma vogal aberta né? "Acarajé."
Alexia: Sim, sim.
Foster: Então acho que a tendência dos gringos é falar "Acarajei."
Alexia: "Acarajei." Não, "acarajé."
Foster: "Jé."
Alexia: Você dá um sorriso quando fala o "jé."
Foster: É o mesmo som de "é" né, tipo "pois é."
Alexia: O mesmo som de "é," o mesmo som de "pois é," o mesmo som de "Jéssica."
Foster: Exatamente, então uma vogal aberta.
Alexia: Exatamente.
Foster: Tá, então me explica amor, que que é um acarajé da Bahia?
Alexia: O acarajé da Bahia é uma culinária afro-brasileira, isso significa que, como quase tudo do Brasil, esse prato especificamente foi trazido pelos escravos africanos que foram pro Brasil naquela época. Que foram levados para o Brasil naquela época.
Foster: É, pensando bem, eu não consigo pensar numa comida brasileira que não seria afro-brasileira né?
Alexia: Eu to pensando, é… Não sei, mas talvez… não sei, tudo nosso é tão misturado, então não sei.
Foster: Ah, enfim. Mas é uma comida afro-brasileira e como é que é, que que tem?
Alexia: É um prato típico da Bahia, então você vai encontrar acarajé bom mesmo lá na Bahia. Não que você não vai ver no Rio de Janeiro, em Minas, em São Paulo, mas assim...
Foster: Eu já comi acarajé bom pra caramba no Rio.
Alexia: Provavelmente feito por baianas.
Foster: Provavelmente.
Alexia: Que vendem na rua. Esse seria meu último ponto, mas enfim.
Foster: Tá.
Alexia: O que que tem no acarajé da Bahia? É como se fosse um bolinho feito de massa de feijão fradinho. Então, feijão né?
Foster: Uhun.
Alexia: Existe um tipo de feijão que é o feijão fradinho, que é aquele que é meio branquinho, não é nem o marrom escuro, é o mais branquinho dos marrons, é o feijão fradinho.
Foster: Tá, gente é uma coisa muito muito complicada no Brasil, todos os tipos de feijão. Tem feijão carioca, feijão fraudinho.
Alexia: Fradinho.
Foster: Fradinho.
Alexia: Isso.
Foster: Eu pensava que era "fraudinho."
Alexia: Não, "fradinho."
Foster: "Fraudinho" é um tipo de carne né?
Alexia: Fraudinha.
Foster: Fraudinha.
Alexia: Isso.
Foster: Meu Deus.
Alexia: Bom, então é um bolinho feito de massa de feijão fradinho com cebola e sal e é frito no azeite de dendê.
Foster: Dendê?
Alexia: Dendê.
Foster: Dendê. Você quer explicar pra gente o que que é dendê?
Alexia: Sim, o azeite de dendê também é uma coisa super típica nordestina que as pessoas falam que as pessoas no nordeste tem dendê, que são cobertos de dendê, porque é uma coisa muito muito típica deles. E é um azeite que é feito do fruto da palmeira né. Tem a palmeira que é a árvore.
Foster: Uhun.
Alexia: O fruto dela, eu não vou conseguir explicar como é que é feito esse azeite, mas esse azeite vem do fruto da palmeira.
Foster: Sim, eu acho que a gente entendeu, mas dendê, além do azeite, tem outro significado ou não?
Alexia: Não que eu lembre agora, a não ser esse significado de, é uma pessoa que tem dendê, entendeu? Que tem aquela coisa especial.
Foster: Ah tá, tem um jeito.
Alexia: É.
Foster: Tá bom.
Alexia: Enfim, e aí esse azeite é tipo um tipo de gordura que, quando consumida crua, é rica em vitamina A sendo excelente para a saúde dos olhos e beleza da pele. Ta aí a explicação porque que a pessoa é cheia de dendê, porque tem a pele linda, porque é muito bonita, etc.
Foster: Ah, agora entendi.
Alexia: Sim, tudo tem uma explicação nessa vida.
Foster: Não tudo, mas enfim.
Alexia: Bom, e aí vem as curiosidades que eu comecei a aprender ontem só na verdade e vou compartilhar com vocês. No continente africano, o acarajé é conhecido akara.
Foster: Akara?
Alexia: É.
Foster: Não sabia.
Alexia: Exatamente, e especificamente no norte da Nigéria é chamado de kosai. Em Gana, é conhecido como koose. Então, pra vocês verem como é que o acarajé realmente veio da África, a gente não sabe especificamente de qual dos lugares da África que o acarajé da Bahia teve a maior influência, porque aparentemente em todos os lugares Africanos existem.
Foster: É, mas dá pra ver que realmente é uma comida africana com raízes fortes do continente africano.
Alexia: Sim.
Foster: Amor, acarajé normalmente vem com camarão né?
Alexia: Sim, normalmente vem com camarão, mas… Ui, agora vai ser difícil de explicar isso tudo, porque o acarajé em si, ele pode ser cortado ao meio né, dividido ao meio, e recheado com camarão refogado e pimenta.
Foster: Refogado?
Alexia: É quando você refoga no fogo, é quando você… como é que eu vou explicar "refogar," gente? Fica pro próximo episódio, porque eu não sei explicar o que que é "refogar" agora.
Foster: Tá bom, pode deixar.
Alexia: E aí junto com o camarão refogado e a pimenta existe o Vatapá e o Caruru.
Foster: E você sabe o que que são essas coisas?
Alexia: Sim, então vamos lá. Vatapá também é um prato típico da culinária afro-brasileira.
Foster: Uhun, já ouvi falar eu acho.
Alexia: Você comeu isso, porque você se você comeu o real acarajé, tinha isso dentro.
Foster: Sim, já comi.
Alexia: E é o seguinte, o preparo é feito com pão molhado, literalmente pão molhado ou farinha, fubá, gengibre, pimenta malagueta, amendoim, cravo, castanha de cajú, leite desnatado, azeite de oliva, cebola, alho e tomate. Então o vatapá por si só já é um prato muito grande e muito pesado.
Foster: Meu deus, muita coisa.
Alexia: Muita coisa. E o caruru.
Foster: Caruru.
Alexia: Caruru.
Foster: Que palavra ridícula, gente.
Alexia: Amor!
Foster: Ridícula não, mas é divertida.
Alexia: Amor, você não pode falar que a palavra é ridícula porque você está menosprezando.
Foster: Não não não, eu não queria falar ridícula no sentido pejorativo, mais tipo ridícula "caruru."
Alexia: É engraçado.
Foster: "Caruru," é muito bom.
Alexia: Sim, já o caruru, ele é um cozido de quiabo.
Foster: Hmm, eu adoro adoro quiabo, é uma palavra que eu sempre penso sobre essa palavra. Pense gente, "quiabo" é uma palavra tão bonita. E em inglês, seria… você sabe?
Alexia: Okra.
Foster: Okra. Okra, quiabo. A língua portuguesa é tão bonita gente.
Alexia: Então vocês imaginem como se fosse um bolo já de feijão fradinho, cortado ao meio, tem o vatapá, tem o caruru e tem o camarão junto com pimenta. E não é pimenta "ah pimentinha," é pimenta realmente de verdade, é super apimentado esse prato.
Foster: Quer dizer que é picante.
Alexia: Picante, exatamente.
Foster: Então seria picante demais pra você, imagino
Alexia: Sim, eu não gosto de acarajé, eu não consigo comer acarajé.
Foster: É, você não gosta de coisas apimentadas
Alexia: Sim.
Foster: Mas, enfim, eu queria te perguntar uma pergunta sensível, digamos.
Alexia: Ahn?
Foster: Você come camarão com cabeça ou sem?
Alexia: Eu como sem. Não, eu como sem o rabo.
Foster: Sem o rabo, mas com a cabeça, os olhos, essas coisas?
Foster: Normalmente eu corto.
Alexia: Sim, eu só pergunto porque eu acho que toda vez que eu comi acarajé no Brasil, o camarão vem com cabeça, os olhos, todas as coisas que não é normal, pelo menos aqui nos Estados Unidos.
Foster: Não só no Brasil, em Portugal também vem com tudo né, e você tem que tirar, mas...
Foster: Tirar ou comer.
Alexia: Sim. Eu não gosto de comer com o rosto do peixe me olhando, nada, eu não gosto de olhar pra nada disso, mas sim. E principalmente em praia, quando você come camarão em praia, ele vem inteiro, e você tá comendo com a mão né, então como é que você vai cortar a parte? Você bota o corpo inteiro do camarão dentro da sua boca e só corta o rabo, normalmente é isso.
Foster: É, é uma coisa esquisita né, comendo um animal inteiro. Mas enfim, a Alexia não gosta de coisas picantes, eu adoro.
Alexia: Como é que foi a sua experiência comendo o acarajé da Bahia?
Foster: Adorei. Adorei, eu recomendo fortemente.
Alexia: Então, recomendação do Foster feita aqui.
Foster: Sim, aprovado aqui.
Alexia: Sim.
Foster: Com o meu carimbo.
Alexia: No Rio de Janeiro, eu sei que existe uma barraca de baianas que elas servem em Copacabana, na esquina da (rua) Nossa Senhora de Copacabana com a (rua) Siqueira Campos, então ali em frente à praça, pra quem tiver curiosidade, porque eu sei que elas são realmente baianas e foram criadas lá. E elas se vestem com roupas típicas de baiana, que são aqueles vestidos grandes, rodados, com saia rodada, normalmente brancas e com lenço na cabeça.
Foster: Nossa, uma indicação específica. Gente, é um podcast de graça.
Alexia: Sim.
Foster: Ótimo. Então vai lá, experimente o acarajé. Eu acho que vale a pena. E algo mais?
Alexia: Ou então vai direto pra Bahia, come acarajé, aí depois conta pra gente.
Foster: É melhor né?
Alexia: Vai pra Salvador. Então tá, é isso. Espero te ver novamente no próximo episódio.
Foster: Sim, feliz de estar de volta e até a próxima.
Alexia: Até a próxima. Tchau.
Foster: Tchau tchau.