Listen on:
Alexia: Oi Foster.
Foster: Oi Alexia.
Alexia: Tudo bem?
Foster: Tudo ótimo.
Alexia: Feliz quinta-feira, bem vindo de volta.
Foster: Feliz quinta-feira, a gente está de volta. Então amor, vamos lá, onde a gente estava, o que que a gente estava fazendo, vamos acabar com isso logo.
Alexia: Bom, estávamos nos Estados Unidos, então viemos pra cá e esse “cá” significa Porto, Portugal.
Foster: Quer dizer que a gente está no Porto, em Portugal.
Alexia: Em Portugal. Exatamente.
Foster: Que é muito complicado, aliás.
Alexia: Por que?
Foster: Porque com alguns países em português são masculinos ou femininos, mas Portugal é só “em Portugal.”
Alexia: Sim.
Foster: Mas no Brasil.
Alexia: Exatamente.
Foster: Por que?
Alexia: Menor ideia, no país de Portugal, em Portugal. No país Brasil. Eu não sei.
Foster: Mas a gente no Porto, em Portugal, é difícil pra caramba.
Alexia: A gente tá na cidade do Porto, em Portugal.
Foster: Caraca. Bom, sejam bem vindos ao Carioca Connection de novo.
Alexia: Sim.
Foster: We’re back, a gente está de volta com... A gente passou por algumas coisas difíceis coisas pessoais. A gente tomou um brake.
Alexia: Sim.
Foster: Um descanso. E a gente está de volta.
Alexia: A gente não tomou, a gente não bebeu nada, né? A gente tirou...
Foster: Um descanso?
Alexia: Um descanso.
Foster: Caraca.
Alexia: A gente tirou um brake, se você quiser adaptar isso pro português.
Foster: Você fala “um brake,” né?
Alexia: Sim, eu acho que você tá confundindo com espanhol, “tomar.”
Foster: Não, eu sei, eu sei, mas eu estou falando tomar um descanso há 5 anos já.
Alexia: Não, não, não, não. Tirar um descanso.
Foster: Tá bom.
Alexia: Bom, então estamos nessa cidade maravilhosa que é Porto e voltamos fresquinhos com assuntos pra vocês. E o primeiro assunto que nós gostaríamos de falar, que acabou de acontecer né, foi nesse sábado se eu não me engano.
Foster: Uhun.
Alexia: É que o João Gilberto, o considerado inventor da Bossa Nova, morreu.
Foster: É, que é uma notícia muito triste porque eu amei ele, eu ainda amo ele, aliás, a música dele Desafinado foi a primeira música brasileira que eu ouvi na minha vida. Então ele ainda tem um lugar muito muito especial no meu coração.
Alexia: Hmm. Sim. O João Gilberto, ele…
Foster: Era uma pessoa conhecida.
Alexia: Como nosso presidente Bolsonaro falou pro mundo inteiro.
Foster: Você quer contar essa história só pra deixar claro?
Alexia: Não, é, enfim. O João Gilberto, ele morreu, né, no sábado e obviamente o presidente da nação, né, do Brasil deveria ter soltado uma nota, né, falando sobre o João Gilberto, porque não foi qualquer pessoa, foi uma das pessoas mais importantes pra música brasileira mesmo.
Foster: Uhun.
Alexia: E ele falou assim, “João Gilberto era uma pessoa conhecida,” e nada mais que isso, mas…
Foster: Que é verdade, aliás. É uma pessoa muito conhecida.
Alexia: É, mas eu acho que ele nunca colocou João Gilberto pra trocar, ou ele nunca soube as músicas que o João Gilberto fez, enfim, eu não quero entrar nesse mérito agora, porque a gente tá falando sobre coisa não boa, mas coisa importante, e Bolsonaro não é importante nesse momento.
Foster: Sim, então, me conta Alexia, quem foi o João Gilberto pra você, eu sei que ele é “O Pai da Bossa Nova” mas na história do Brasil a música brasileira, que que ele fez?
Alexia: Bom, João Gilberto foi o pioneiro da Bossa Nova no Brasil, foi ele que começou os primeiros arranjos da Bossa Nova, e ele fazia parte do grupo Vinicius de Moraes, Toquinho, Tom Jobim, Caetano, Gilberto Gil e etc. Então foi um dos grupos mais importantes né, pro nascimento da música brasileira de hoje em dia, principalmente a Bossa Nova, e o João Gilberto simplesmente era conhecido como gênio do violão e dos arranjos.
Foster: Sim, ele é. Eu toco violão, não sou músico profissional, mas na verdade as coisas que ele toca é sensacional. Ele é incrível, era um gênio.
Alexia: Isso que eu ia te corrigir.
Foster: Sim.
Alexia: Tudo no passado agora.
Foster: Sim, mas ainda...
Alexia: Sim, a música dele é inesquecível e pra sempre.
Foster: É.
Alexia: Bom, e ele também era conhecido como uma figura excêntrica.
Foster: É, ele não foi um cara “normal”, ele foi meio esquisito.
Alexia: É, ele tem várias histórias super engraçadas que definem muito a personalidade dele, principalmente agora nos últimos anos de vida dele que ele ficou cada vez mais recluso.
Foster: Sim, recluso quer dizer fechado do mundo exterior, né?
Alexia: Exatamente, na casa dele e enfim, era uma confusão pra ele e pros filhos dele. Bom, e existe uma história que eu acho muito engraçada, que um dia no auge da carreira dele, ele ligou pra uma pessoa que fazia afinação de violão, guitarra, enfim.
Foster: Uhun.
Alexia: E aí ele ligou pra essa pessoa que eu sinceramente não sei o nome e falou, “oi fulano, aqui é o João.”
Foster: Sim, só um minuto “fulano” e “fulana” quer dizer, você está contando uma história e você não sabe qual é o nome correto.
contando uma história - telling a story
Alexia: Uhun.
Foster: Então “fulano” é qualquer pessoa.
Alexia: Isso.
Foster: Ta bom, continue por favor.
Alexia: E aí, “oi fulano, aqui é o João” e aí essa pessoa atendeu o telefone e falou “João?” Porque João é um nome absurdamente comum no Brasil.
Foster: É, imagina John.
Alexia: É a coisa mais normal do mundo, só que ele meio que falou “oi João, tudo bem?” Aí o João Gilberto respondeu, “tudo, olha, alguém… Uma outra pessoa me passou o seu telefone e eu queria saber se você poderia cuidar do meu violão.” Aí essa pessoa já escutou um pouco mais a voz né, e a voz do João Gilberto era super reconhecida depois de um tempo.
Foster: Sim.
Alexia: Você conseguiria reconhecer quem era o João Gilberto.
Foster: Facilmente.
Alexia: Muito.
Foster: Ele não tem uma voz normal.
Alexia: Não, é só o falar o mais baixo possível em um tom de voz só, é isso.
Foster: É, mas até pros músicos, falando em geral né, ele não tem uma voz musical, ele sempre está quase sussurrando.
Alexia: É exatamente.
Foster: É.
Alexia: E aí essa pessoa dos violões virou e falou “claro, João Gilberto, com o maior prazer. Você marca de vir aqui em casa e a gente faz,” aí ele explicou “olha, você sabe como é que eu sou, eu não saio muito de casa, eu não gosto e tal” aí essa pessoa “ok, então eu vou pra sua casa,” aí ele falou “mas você sabe como é que eu sou também, eu não gosto muito de receber pessoas em casa e tal, vou fazer o seguinte, vou deixar meu violão na portaria.” Aí essa pessoa do violão virou e falou “mas João, como é que eu vou afinar esse violão sem você testar e etc, a gente precisa ver como é que você toca,” aí ele virou e falou “ah fulano, eu já toco do mesmo jeito há 50 anos, você sabe muito bem como é que eu toco, não precisa testar nada, tá tudo certo.”
Foster: É, pareceu uma pessoa muito muito particular, digamos.
Alexia: É, essa não é minha história preferida. A segunda, que eu juro que vai ser rápido.
Foster: É, eu sei qual é.
Alexia: Com a Elba ramalho
Foster: Ela quem?
Alexia: É uma cantora...
Foster: Sim.
Alexia: Brasileira, super reconhecida. Um dia...
Foster: Fala o nome dela.
Alexia: Elba Ramalho.
Foster: Sim, só que você falou muito rápido.
Alexia: Elba Ramalho. Um dia ele ligou pra Elba e falou “oi Elba, é, você faz um favor pra mim?”
Foster: Eu amo esse nome “Elba.” Oi Elba, oi Elba.
Alexia: “Você faz um favor pra mim?” Ela “claro João, o que que você quer?” “Você compra um baralho pra mim e trás aqui em casa” aí a Elba falou.
Foster: Pode parar e explicar a palavra “baralho”?
Alexia: Cards.
Foster: Deck of cards?
Alexia: Uhun. Baralho.
Foster: Mas nossa, uma palavra tão difícil e tão parecida com a palavra “caralho.”
Alexia: Sim.
Foster: Baralho. Deck of cards.
Alexia: Mas se você pensar “deck of cards” é muito maior e muito mais difícil de lembrar do que “baralho.”
Foster: Tá bom, pode continuar meu amor.
Alexia: E a Elba falou “João, desce aí em qualquer bar se vende baralho” que antigamente era muito normal os bares venderem baralhos, porque…
Foster: Hoje em dia não é.
Alexia: É, hoje em dia venderiam iPhone, smartphone, mas antigamente eram baralhos.
Foster: Num bar?
Alexia: Que é como as pessoas se entretiam, entendeu? Quando você sentava no bar, você jogava cartas com seus amigos.
Foster: Bom, eu sei que você está mentindo agora, mas pode continuar.
Alexia: Não.
Foster: To brincando.
Alexia: Ah tá. E aí ele falou “Ah Elba, você sabe como é que eu sou, não gosto muito de sair de casa.” Aí a Elba saiu da casa dele, foi num bar… Não, saiu da casa dela, desculpa, foi num bar, comprou o baralho e foi pra casa do João. E aí tocou a campainha, interfonou, bateu na porta, nada do João abrir. Aí ela começou a se enfurecer, ficou 1 hora na porta dele tentando fazer com que ele abrisse, ele não abriu e ele tava lá dentro. E aí, ela desistiu e botou uma carta de cada vez por baixo da porta dele pra ele pegar do outro lado. Então esse era o João Gilberto pros mais íntimos.
Foster: Sim, pros mais íntimos ele foi um cara esquisito, um pouco estranho, diferente, mas pro resto do mundo foi um gênio e, Amor, a gente pode falar no próximo episódio sobre uma música dele?
Alexia: Sim, só fala próximo de novo.
Foster: Próximo.
Alexia: Agora sim, não é “próximo,” é “próximo.”
Foster: Eu sei, e depois a gente pode fazer um episódio sobre o “x” em português.
Alexia: Ótimo.
Foster: Que é muito complicado.
Alexia: Então pessoal, estamos de volta. Bem vindos de volta também, espero que vocês tenham gostado. E vão lá escutar João Gilberto, porque vocês vão adorar.
Foster: Sim, isso, até próximo.
Alexia: Até já já.