Listen on:
Alexia: Oi, gente. Oi, Foster. Tudo bom por aí?
Foster: Oi, tudo bem por aqui. Você, como você está?
Alexia: Tô bem, tô bem. Na minha última semana em Portugal, já estou em depressão. Não quero voltar para o Rio, que está 40ºC e já é pré-Carnaval.
Foster: É. Que depressão...! Você precisa ir para o Rio…!
Alexia: Depressão.
Foster: 40ºC… Depressão. 40ºC, sol, praia.
Alexia: Não! Eu não posso ir à praia. Tá muito sol, muito quente, as pessoas estão suando muito, Eu não quero ir embora, amor.
Foster: Sim, sim. Cada um tem seus maluquices.
Alexia: Suas maluquices.
Foster: Seus, não?
Alexia: Suas.
Foster: Suas maluquices. Bom, Alexia, você está em Portugal e está perfeito porque a gente vai falar sobre Portugal hoje, né?
Alexia: Sim, vamos falar sobre a nossa experiência como Trusted House Sitters em Portugal.
Foster: Então, me explica: onde a gente estava, o que é que a gente estava fazendo? Me dá, tipo, uma breve história.
Alexia: Nós estávamos em... Bom, nós estávamos em Rosário que é uma aldeia em Portugal, que fica na região do Alentejo, que é a região central de Portugal. E nós estávamos no Monte que é como se fosse uma mini fazenda. Fazenda de oliveiras, ou seja, a que faz o azeite, com 10 cachorros.
Foster: Sim. Posso fazer um comentário rapidinho?
Alexia: Pode.
Foster: Bom… No português de Portugal tem vários nomes, muitas palavras, para a mesma coisa. Então, a gente estava numa aldeia, que é uma cidade pequena, mas também tem vila, também tem cidade. Então, se você está visitando Portugal, vale a pena aprender essas palavras, essas diferenças. Mas eu acho que no Brasil é muito mais simples ficar com tipo, cidade, cidade grande, capital.
Alexia: É, porque por exemplo se você chamar uma vila de aldeia, quem é da vila vai ficar muito bravo, porque você está diminuindo o lugar onde eles moram. Então, é a mesma coisa se você chamar uma cidade de vila e assim vai. Mas também não é nada tão grave, porque eles sabem que você não é de lá, então, o máximo que você vai ter é uma grande explicação sobre isso tudo.
Foster: É, mas a maioria dos nossos ouvintes quer aprender o português do Brasil, então a gente vai falar do jeito Brasileiro, né?
Alexia: Sim!
Foster: A gente estava numa fazenda no Alentejo, que é uma região no central de Portugal.
Alexia: Na região central de Portugal com 10 cachorros!
Foster: Com 10 cachorros!
Alexia: Sim! Era para tudo dar errado, ter dado errado, mas não deu. Nós tivemos umas grandes lições de vida, um grande amadurecimento, um grande crescimento pessoal também, tudo em dois meses.
Foster: Tá, Alexia. Pensando bem agora, quando você falou que a gente estava, bom, basicamente numa fazenda em Portugal com 10 cachorros… O que é que a gente está pensando? Somos malucos ou o que?
Alexia: A gente precisava de uma desculpa para ir para Portugal. E sim, somos malucos.
Foster: Sim, basicamente, o pensamento, pelo menos o meu pensamento foi que Alexia queria visitar a terrinha dela, né? Que a Alexia é portuguesa também. Eu queria visitar Portugal e Espanha. E a gente ama cachorros. Então está tudo certo, nem pensei duas vezes. Tipo, ‘Ah! É uma fazenda, são 10 cachorros...’.
Alexia: Não, mas eu acho que a questão dos 10 cachorros, a gente sabia desde o princípio, né? Eram 10 cachorros adultos que a gente teria de tomar conta, mas que tirando a parte da comida, de fazer o passeio com todos, etc… Eles não demandam tanta atenção, os adultos. Só que chegando lá era uma outra história.
desde o princípio - from the beginning
Foster: Tá. Antes de isso, você quer falar sobre os cachorros?
Alexia: Eu vou chorar.
Foster: Tá, eu falo. Tinha 10 cachorros, 8 eram ...
Alexia: Bulldogs Francês. Frenchies!
Foster: Bulldogs Francês e 2 Irish Wolfhounds. Que são aqueles enormes.
Alexia: São tão lindos! Tão lindos e tão mais fáceis de lidar do que os Bulldogs.
Foster: São enormes, tipo 70kgs.
Alexia: Não, mas eu acho que era nem questão de peso, não. Eles são altos, muito grandes e correm muito porque são galgos, né? Então simplesmente são os cachorros mais rápidos do mundos. Literalmente…
Foster: É, são cavalos, né?
Alexia: São potros. São os filhotes dos cavalos, então, são potros. É o tamanho de um potro.
Foster: É, e com os Bulldogs Francês a gente tinha uma filhote de dois meses…
Alexia: Sim.
Foster: Que nem tinha nome. A gente chamava de Puppy, que estava crescendo muito...
Alexia: Que aliás, é um ótimo nome, né?
Foster: Sim, Puppy é um bom nome para um puppy.
Alexia: É.
Foster: E mais?
Alexia: Bom... E para explicar. A dona da casa cria Bulldogs e começou a criar Irish Wolfhounds. Então, nós na verdade estávamos tomando conta de um canil.
Foster: Sim, basicamente é uma casa que é um canil.
Alexia: É isso, é um canil. Então, todas as cadelas estavam, foram criadas lá e foram compradas, ou coisa parecida, para a criação de Bulldogs. Então cada vez que tem a ninhada (quando a mãe tem os filhotes é ninhada), a dona revende os cachorros, certo? Então, é isso…
Foster: Sim, que já é uma coisa complicada, porque a gente não sabia disso, antes.
Alexia: A gente não sabia como é que era feito. Na verdade, eu sempre falei para você que eu nunca gostava e você sempre falava ‘Ah, mas às vezes é um exagero porque é como qualquer outra profissão e etc, etc.’. E aí, quando a gente percebeu como é que era, literalmente, eu definitivamente eu não gosto mais, não consigo lidar com essa ideia.
Foster: Da criação dos cachorros?
Alexia: É. Pelos menos do jeito que foi feito lá, que a gente vai explicar daqui a pouco.
Foster: Basicamente eu fiquei com raiva porque eu pensava que era uma casa em Portugal com uma mulher maluca que amava cachorros, só. Não sabia que aquilo era…
fiquei com raiva - I was angry, I got mad
Alexia: Ela não em momento algum falou que aquilo era canil.
Foster: Não, não, nem um pouco. Então, você quer falar sobre a casa, o lugar?
Alexia: Sim, o lugar é maravilhoso. É uma casa muito gostosa, que dá de frente para o Alqueva, né?
Foster: Alqueva, que é um lago artificial.
Alexia: O maior lago fluvial da Europa.
Foster: Sim. Que é tão lindo, tão lindo!
Alexia: É lindo! E você via cegonhas na sua frente, ou pastor com ovelhas passando ao lado da propriedade. Assim, um lugar simplesmente fantástico com um dos pôr-do-sóis mais bonitos que eu já vi na minha vida. Em relação à natureza, em estar ali, eu não tinha que reclamar.**
Foster: Sim, e só para deixar claro, cegonha é ‘stork’.
Alexia: Isso.
Foster: Porque é uma palavra que eu não sabia e foi a primeira vez, eu acho, na minha vida que eu vi uma cegonha, tipo, na vida real.
Alexia: Epa, na minha também. E subindo aqui para o norte, amor, tem muita cegonha, muita, muita, muita, você vê muita.
Foster: É. Portugal tem muita cegonha. Quem sabia?
Alexia: Bom… E a gente chegou na casa, super cansados e com muita informação porque a dona tinha que fazer o hand over, a entrega da casa para gente. E a gente começou a perceber que não era só cuidar da casa e as coisas simples da casa. Primeiro, que ela nunca tinha falado para gente que a electricidade era por painel solar.
Foster: Sim!
Alexia: Então, isso já é uma grande confusão... Porque se a gente ligasse o microondas, a casa inteira perdia a electricidade. Se a gente ligasse a máquina de lavar, a gente ficava sem luz. E assim ia…
Foster: Era um jogo, tipo, pensando ‘Nossa, se eu faço isso, a luz vai cair, não?’.
Alexia: É.
Foster: Foi uma coisa delicada, digamos.
Alexia: Sim, e uma das outras coisas principais, era a água. Que a gente descobriu também na casa, que a gente tinha de ligar o gerador para o mesmo tempo regar as plantas, né, e a grama do terreno, encher a caixa da água para gente tomar banho ou lavar a louça e etc… Isso não foi falado em momento algum. Então, todo o nosso trabalho que a gente imaginava gastar com os cachorros, porque isso realmente foi a única coisa combinada, foi por água abaixo, porque a gente teve que demandar muito mais do nosso tempo tomando conta da casa nas outras coisas que não foram combinadas, mais os cachorros, mais o nosso trabalho, sobre, sob um sol de 40ºC, 47ºC. Então era muito complicado.
Foster: Sim. Só para desabafar um pouco, porque eu já estou ficando com raiva. Eu tinha que fazer tanta coisa… Eu não sou muito bom nessas coisas de casa, de… eu tinha que ligar um gerador que é difícil. Eu tinha que ver se a água estava saindo de um lugar, não sabia como funciona. Eu tinha que regar todas essas plantas, todas as árvores, todas as oliveiras, etc. E demorou basicamente, pelo menos, uma hora pela manhã e uma hora a cada noite.
Alexia: Sim. Isso porque nós somos legais. Porque o que acontece com os Trusted House Sitters é: se existe alguma coisa que não foi pré-combinada entre você e o proprietário, você não pode, não deve fazer. Então, a gente poderia ter ligado a água para a caixa da água, sempre. E a gente lig… regava as plantas, e regava tudo, porque realmente nós somos pessoas bacanas, ou tontas, ou bobas, né? Mas de qualquer forma…
Foster: É, é, mais uma coisa somente porque a gente já está reclamando, a gente falou para ela várias vezes, que a gente trabalha com internet. A gente precisa do Skype, a gente precisa fazer video calls e ela falou ‘Não, funciona perfeitamente’. A internet não funcionou para nada. A internet foi uma merda.
Alexia: Não. O Ken percebeu isso, o Ken pode certamente contar esse episódio, ele percebeu isso quando a gente estava lá. O Ryan também, o Nick também. Todos eles que escutam a gente. Viram que a internet era um horror, só funcionava quando eu tava no 4G do meu celular, do lado de fora, em cima do muro, né? Praticamente.
Foster: Então, resumindo. Acho que a gente aprendeu muito sobre nós mesmos.
Alexia: É, na verdade, o que a gente quer passar com esse episódio por mais que a gente esteja desabafando no ouvido de vocês é: se vocês estão interessados em fazer house sitting ou coisa parecida, ou se vocês tiverem essa oportunidade em algum momento, deixem tudo muito claro. Até mandem e-mail, às vezes no final, para deixar tudo claro do que são suas responsabilidades e o que não são. Claro que emergências acontecem, por exemplo, uma das cadelas ficou com a pata ruim. Não é? Ela não conseguia andar direito, a Reggie. A gente foi levar ela no veterinário e trouxe. Isso não tá no esquema, mas é uma obrigação que você tem, é uma responsabilidade que você tem. Então, esse tipo de coisa é super ok. Agora…
Foster: É, mas com isso está tranquilo. Mas, para levar um cachorro para Espanha para um show?
Alexia: É isso que quero falar. Agora, você servir de motorista para a cachorrinha que precisava de participar de uma exposição e ficar esperando o cara uma hora dentro do carro, não tá no seu esquema. Então, esse tipo de coisa, a gente precisa de aprender a ser mais assertivo, né, na nossa vida… Então, eu saí dessa casa aprendendo a ser mais assertiva.
Foster: É, e também como lidar com situações difíceis, juntos.
Alexia: Sim! Nós crescemos muito como parceiros de trabalho e também de vida, né?
Foster: Sim, sim. Então, no próximo episódio a gente vai falar sobre nosso house sitting na Espanha que foi muito mais tranquilo, muito mais fácil, muito mais divertido. A gente finalmente está aprendendo como fazer esse negócio. E, acho que é isso.
Alexia: Sim, então vejo vocês no próximo episódio.
Foster: Tchau!
Alexia:
Tchau!