Listen on:
Foster: Alô, alô! Oi, Alexia! Tudo bem?
Alexia: Oi, Foster! Tudo e você?
Foster: Como você está? Onde você está? Me conta.
Alexia: Eu estou em Portugal, em Viana do Castelo, é… Hoje é um dia muito bonitinho de sol mas amanhã já estou preparada para um frio de 12 (doze) graus, o que pra mim é muito frio.
Foster: 12 graus, é, que não é tão frio mas pra Alexia que é friorenta…
Alexia: E com vento!
Foster: E com vento, também. É, muito sofrimento. Tadinho! Enfim, Alexia, eu queria…
Alexia: Calma! E você? Onde você tá?
Foster: Ah! Eu tô em casa. Na casa dos meus pais na Caralina do Sul.
Alexia: Falou errado de novo.
Foster: Caraca! Carolina.
Alexia: Isso.
Foster: É tipo a música do Seu Jorge: “Carolina, Carolina, Carolina…”, né?
Alexia: É.
Foster: Não é “Carolina, Carolina, Ca…” é… “Burguesinha, burguesinha, burguesinha…”
Alexia: Não! “Carolina é uma menina muito linda de se ver…”
Foster: Enfim! Eu estou bem. Estou tranquilo aqui em casa.
Alexia: Tabom. E a gente vai falar sobre o que hoje?
Foster: Uma coisa que sempre me dava muita ansiedade no Brasil. Sabe o que que é?
Alexia: O que? Tem várias coisas.
Foster: É uma coisa light, não é uma coisa muito séria mas, o supermercado.
Alexia: Mas por que que te dá ansiedade?
Foster: Porque é difícil. É diferente, tem muita coisa acontecendo, tem várias coisas que não entendo, então…
Alexia: É, é a mesma coisa comigo nos Estados Unidos só que a diferença é que eu adoro. Eu adoro olhar, pesquisar, entender como é que é mas, por exemplo, se você for comprar, sei lá, um tomate. Existem trilhões de tipos de tomates que você não conhece.
Foster: Nos Estados Unidos?
Alexia: Então você não sabe o que escolher. É!
Foster: É. A mesma coisa pra mim no Brasil com banana.
Alexia: É. Mas a banana é fácil!
Foster: Não!
Alexia: É!
Foster: Banana aí você tem milhares, nos Estados Unidos tem uma banana só.
Alexia: Não, olha. No Brasil você tem: Banana da Prata que é a maior e mais dura. A Banana D’Água que é a grande só que a mais molenga, digamos assim, é mais gostosa de comer. Tem a banana…
Foster: A mais molenga?
Alexia: Molenga.
Foster: Que que é molenga?
Alexia: Mole.
Foster: Ah! Mas molenga quer dizer um pouco mais…
Alexia: Mole.
Foster: É. Mais gostosa também?
Alexia: Não. É mais molenga, é mais mole. Você pode falar isso pra qualquer coisa. A calça é mais molenga, sei lá! A banana…
Foster: Seria mais o soft, né?
Alexia: É.
Foster: Ah, legal.
Alexia: Aí tem a Banana Nanica que é a pequenininha, que eu amo. E tem outras também. Mas essas são as principais.
Foster: Viu, gente? Que não é tão simples, não. Bom, primeira coisa Alexia, eu entro no supermercado e sempre está lotado.
Alexia: Normal.
Foster: Normal. Bom, nos Estados Unidos você tem um supermercado enorme que cada corredor tem muito espaço para andar. No Brasil, não. É, tem muitas pessoas, né?
Alexia: No Brasil sempre tá cheio e normalmente no supermercado que você vai, Foster, é sempre o mais lotado. Que normalmente é o supermercado do bairro, né, então todo mundo vai pra lá pra fazer aquelas comprinhas que não fez na compra de mês. Então sempre vai tá lotado.
Foster: É, não necessariamente. Às vezes eu vou pro… Como se chama? A Zona Sul?
Alexia: O Zona Sul é o mercado do bairro.
Mercado do bairro. A neighborhood market. I would disagree with Alexia that “Zona Sul” is a neighborhood market as it is a huge national chain, but I digress...
Foster: Ah! Mas também tem, ah… Tinha outro supermercado ao lado da minha casa que não lembro o nome mas não era tipo uma franquia.
Alexia: Aí é mercadinho.
Foster: Foi mais local. É mas foi um mercadinho bem mercado mesmo.
Alexia: É, ó! Dos grandes tem o Zona Sul e o Pão de Açúcar - que são os dois mais caros com as melhores opções também.
Foster: E o Hortifruti.
Alexia: É e o Hortifruti que é só… Praticamente só pra legumes, pra hortifruti mesmo, né?
Foster: Sim.
Alexia: Pra parte de legumes, vegetais, etc e etc. Aí, o mais barato de todos normalmente são: Guanabara e o Mundial. E aí tem os normais que é: Carrefour, o Walmart que aí depende do dia que você for, quando tem promoção de carne, de peixe, essas coisas. E tem o Prezunic.
Foster: Tem o Walmart?
Alexia: Tem. Só um na Barra.**
Foster: É.
Alexia: Eu nunca entrei pra você ter uma noção e olha que eu adoro o Walmart.
Foster: Bom, isso é… Esse é outro assunto. Mas, enfim! Os mais populares eu diria: Zona Sur, é…
Alexia: Zona Sul, Amor!
Foster: Zona Sul! É uma palavra que eu nunca vou consertar. Zona Sul, Pão de Açúcar, Mundial e Guanabara.
Alexia: Prezunic, também.**
Foster: E Prezunic, tá. E qualquer um deles você vai entrar e vai ficar lotado de pessoas meio gritando, correndo, todo mundo está, sei lá, ansioso e me dá muita ansiedade, entendeu?
Alexia: Eu entendo. Eu entendo perfeitamente porque toda vez que eu vou ao supermercado é… Sempre demora muito mais do que o normal por causa das filas. Mas, como eu já conheço o supermercado ao lado da minha casa, eu não tenho a ansiedade que você tem de não achar as coisas, de não saber onde é que tão e etc, então, eu consigo me virar melhor. E outra: eu adoro ir, também. Eu não me importo.
Foster: É, eu não sou muito fã, não. E olha, gente, é quase quatro (4) anos estudando português com um relacionamento com o Brasil… E ainda estou sofrendo com uma coisa tão simples como o supermercado.
eu não sou muito fã, não. I’m not a big fan. This is a good example of Brazilian Portuguese putting a negative at the beginning and end of a phrase just to add extra emphasis.
Alexia: Mas não é pela falta de noção do nome das coisas é simplesmente por não conhecer os produtos.
Foster: Não, também é.
Alexia: Amor…
Foster: Não, deixa eu te dar um exemplo. É, uma coisa que é muito difícil para mim é pedir o negócio de carne e queijo. Presunto e queijo. Também pão, às vezes.**
Alexia: Salaminho, peito de peru…
Foster: É tem uma palavra pra descrever esse grupo de embutidos, né, alguma coisa assim?
Alexia: Frios! A parte dos frios.
Foster: Ah, frios.
Alexia: Isso.
Foster: Ah, embutidos é espanhol. Então você vai pra parte dos frios, com presuto, queijo, etc. E normalmente tem o homem, talvez uma mulher lá e eles tipo te olham e eles falam: “Fala! O que você quer?”. E eu não sei o que responder! Que que eu falo?
Alexia: Você fala quantas gramas de cada coisa. Por exemplo: comprar duzentas gramas (200g) de presunto, cem gramas de peito de peru (100g), trezentas gramas (300g) de queijo prato ou mussarela, e assim vai.
Foster: Outra coisa complicada. Eu não sei nem um pouco quanto que é duzentas gramas de presunto, sei lá.
Alexia: Você vê pela quantidade… Ele corta na sua frente, né? Então ele vai colocar naquele papelzinho na sua frente. Você vê pela quantidade. Então normalmente você faz um sanduíche, sei lá, com duas fatias de presunto. Então você vê quantas fatias vêm em duzentas gramas. Eu sempre peço trezentos porque eu sei que isso acaba em quatro dias.
Foster: Tá, então, trezentos de presunto, qualquer carne assim, seria…
Alexia: Quatro, três dias… Dependendo da quantidade que você come, né?
Foster: É. Seria uma quantidade normal.
Alexia: Sim, sim.
Foster: Tá, e com queijo?
Alexia: Também! É, eu sempre peço entre duzentas e trezentas. E peço pra cortar bem fininho que você também tem essa opção. Ah, me vê, sei lá, duzentas gramas de salaminho bem fino. Quer dizer que a pessoa vai cortar bem fininho pra você.
Foster: Ah, não tenho o luxo de pedir “ah também eu quero um queijinho mineiro bem fininho, por favor?”.
Alexia: Não, não tem essa opção, normalmente… O Queijo Minas vai tá alí na frente já cortado, você não tem essa opção. Mas, o queijo mussarela e o queijo prato, você tem. Você pode cortar fino. Um dia eu faço um tour com você, Amor.
Foster: Sim, por favor. É…
Alexia: E o que é legal disso, desculpa, é que é tudo muito fresco.
Foster: É, é tudo muito fresco mesmo. Bom, Alexia, última coisa: no momento de pagar, você tem verduras, vegetais, essas coisas, frutas, às vezes você precisa pesar, às vezes não… Como funciona esse negócio do peso?
Alexia: Eu nunca peso! Olha, eu, eu… Tem alguns supermercados realmente que te obrigam a pesar e outros não. Eu nunca peso porque eu nunca sei qual que é e qual não é. Então eu boto dentro daquele plasticozinho ou dentro, direto, do meu carrinho porque eu tô economizando no plástico, chego no caixa e a caixa sempre vai ter o número de referência, ela pesa alí na sua frente e já te dá o valor.
Foster: Sim. Mas eles vão ficar um pouco chateados com você?
Alexia: Ah, às vezes sim mas eu fico olhando pra cara dela ou dele e falo “olha, desculpa, não sabia”, paciência e pronto, cabô! Não tem que ficar… Eles têm dois problemas: ficar chateado e desficar. Então paciência.
Foster: E, mais uma coisinha, você precisa levar sacola ou eles têm sacola de graça lá?
Alexia: Eles têm sacola de graça, infelizmente, é, o que eu indico é que vocês reutilizem as sacolas de plástico as quais eles já deram, né? Eu em casa tenho o meu carrinho de compras. Eu coloco tudo dentro do carrinho e só uso plástico se realmente for necessário. Então por exemplo: alguma coisa estourou, sabe? Aí eu coloco o plástico. Senão, não entra mais plástico lá em casa, eu consegui tirar isso.**
Foster: Sim, é uma coisa bem típica que você vê muito no… Pelo menos no Rio, são as mulheres um pouco mais velhinhas…
Alexia: Com os carrinhos de feira.
Foster: Com os carrinhos…
Alexia: Feira!
Foster: De feira, é! Isso é você.
Alexia: Sou eu! Adoro! Assumo completamente.
Foster: Bom, Alexia, obrigado e eu acho que quando eu voltar pro Brasil eu acho que posso fazer sozinho.
Alexia: Eu duvido… Mas tudo bem
Foster: Pelo menos tentar! Tá, vamos ver.
Alexia: Tabom! Então eu espero que vocês tenham gostado.
Foster: Tabom. É só isso, gente, até a próxima!
Alexia: Tchau!