Listen on:
Alexia: Oi gente, tudo bem? Bom, no episódio de hoje a gente tem um convidado super especial, meu amigo de infância, João Marcos Rodrigues que está aqui comigo aqui hoje. Oi João.
João Marcos: Tudo bem? Boa tarde, boa noite, bom dia. Não sei que hora vão estar ouvindo isso, então fica aqui meu cumprimento independente da hora.
Alexia: Exatamente. E eu acho que é a sua primeira vez gravando um podcast.
João Marcos: É minha primeira vez. Eu sou um ouvinte ávido de podcast. Recentemente até, não era algo muito comum na minha vida. Mas de um tempo pra cá um amigo meu me mostrou um podcast de basquete, eu comecei a ouvir e hoje em dia eu, enfim, malhando, no carro, indo trabalhar, tal, basicamente é o que eu ouço. Até parei de ouvir música, na verdade, fico ouvindo mais podcast.
Alexia: É engraçado isso.
João Marcos: Pra quem tá ouvindo, porque eu falo meio enrolado, eu falo meio rápido às vezes, então tô fazendo um esforço consciente, de tentar falar o máximo pausado possível, o máximo que eu puder de compreensão. Enfim.
Alexia: Pra vocês terem uma ideia, eu às vezes tenho dificuldade de entender o João. Então assim, não é um problema só de vocês, mas é um problema meu também.
João Marcos: Vocês me entenderem, vocês podem vir ao Rio de Janeiro, que vocês vão entender qualquer carioca falando, porque meu sotaque é o sotaque estereótipo do carioca. Eu fui descobrir isso depois... Então.
Alexia: S im. Somos cariocas, é isso mesmo. Então vocês vão ouvir muito ‘sh’, muito ‘porrrrque’ e assim vamos nós. Bom, o assunto de hoje é um assunto que o João ficou trabalhando por um mês, todos os dias, quase o dia inteira praticamente, que é a Copa do Mundo. Copa do Mundo acabou de terminar, para a alegria de uns e para a tristeza de outros. Então, se tivermos franceses nos escutando, parabéns pelo título. Mas estamos tristes, né João. A gente tá triste.
João Marcos: Olha, sinceramente. Eu sou um pouco mais... É, pessimista eu já fui mais, mas eu sou mais pragmático, mais realista. Eu não tinha tanta expectativa. Eu não tava assim, eu achei que o Brasil fosse ir bem na competição, mas eu sinceramente, não tava com todo esse ufanismo de que o Brasil ia ganhar. É, ufanismo quer dizer entusiasmo, enfim.
realista - realist
Alexia: É…
João Marcos: Assim, eu trabalhei na Copa, não sou jornalista. Me formei jornalista, mas não sou jornalista, nunca exerci a profissão…
Eu trabalho como roteirista, na verdade. Roteirista de comédia, fui fazer esse programa que a gente, enfim, que era com o SporTV, um canal de esporte aqui, grande no Brasil, fazendo um conteúdo cômico sobre a Copa.
A gente vinha, o programa era 10:30 da noite, então depois que vinha toda aquela porrada de programa de mesa redonda, de análise, de números, aquela coisa que você vê a estatística 700 vezes, entrava a gente pra contar a mesma coisa que o pessoal vinha falando seis horas antes, só que de forma engraçada. Então a gente tinha uma liberdade muito maior pra falar das, tipo assim, de uma certa forma, a gente podia fazer o que a gente quisesse, vendo o conteúdo da Copa. E, mas foi legal porque eu fui, basicamente pago pra assistir a Copa inteira.
Alexia: Coisa que você ama. Coisa que você ama.
João Marcos: É. Não, foi maravilhoso. Um dia lá, meu chefe, sacaneou um dos roteiristas, que o cara tava no telefone e falou: ‘Ôh, meu filho, presta atenção no jogo, porra. Cê tá sendo pago pra isso.’ Então foi bem... Foi bem loucura. Mas loucura, porque era domingo a domingo, né. Teve um sábado que foi jogo 7 da manhã aqui no horário do Brasil e eram quatro jogos. E tinha que caber isso num programa de meia hora, que ainda tinha convidado ainda, tinha loucura. Mas voltando a falar do futebol, assim... Aqui no Brasil, particularmente, as pessoas no Brasil tavam assim, achando que a Seleção podia ir bem, mas era uma coisa diferente do que a gente viu em, sei lá, em 2014 ou 2010, assim, que tinha certeza que ia ganhar.
foi maravilhoso - it was great. It was wonderful.
Alexia: É engraçado que, dessa vez, eu fiquei mais triste com o resultado da Copa, quer dizer, desse ano, do que da outra vez, porque da outra vez, eu, pelo menos, não tinha a menor confiança no time, achava todo mundo muito novinho e tava com aquela euforia de tipo, ‘vamos ganhar em casa, a Copa tá no Brasil’. Eu não esperava. Dessa vez, eu esperava. Então eu acho que o meu sentimento é o oposto do seu.
João Marcos: Eu não sei, sinceramente, eu achava o time de 2014 uma merda. Vamos ser sinceros assim... Eu achava aquele time muito ruim. Muito ruim mesmo, assim. Eu não entendia como que nego achava que Brasil ia ganhar aquela Copa quando você viu uma... Agora, fazendo uma retrospectiva, é fácil falar, mas assim, eu realmente achava a Alemanha a melhor Seleção. Mas nem que iam dar um 7 a 1 na gente, também não. Não vou cagar essa regra. Mas é…
Alexia: Peraí. ‘Eu não vou cagar essa regra’ é uma expressão muito boa. Eu acho que eu nunca falei no podcast. ‘Cagar regra’ significa tipo assim, prever alguma coisa e tá certo daquilo e... né?
João Marcos: É porque cagar regra não necessariamente, você... É só você falar coisa com ênfase e com segurança, como se você estivesse certo, embora essa informação você já falando pode soar completamente errado. Então cagar você pode assim, por exemplo...
Alexia: Por exemplo, ‘Ah, carioca é muito feliz’, sei lá, qualquer coisa assim. Eu tô cagando a regra de que carioca é muito feliz, mas não necessariamente é, porque eu não conheço.
João Marcos: É falar assim, ‘Ah, porque se todo mundo sabe que 35% da população dos franceses são canhotos’. E você fala ‘O quê?’ Hã? Quem disse? Isso é cagar uma regra. E você fala, ‘Não, claro que é’. Isso é cagar regra.
Alexia: E canhoto é escrever com a mão esquerda, tá gente? Muito vocabulário novo hoje. Tô gostando.
João Marcos: Mas eu com a esquerda, perdi o fio da meada. Desculpa. É, ah, sobre a Seleção de 2014.
Alexia: Isso.
João Marcos: Eu não achava ela incrível. Pelo contrário, achava bem merda, na verdade. Mas assim, ela foi, chegou, ufa Brasil festa, fui empurrando lá... É que a gente quase perdeu pro Chile, teve bola no travessão do chileno…
Alexia: Eu não esqueço daquilo nunca, foi o pior jogo da minha vida.
João Marcos: É, aí a gente pegou uma Colômbia, que eu acho que já tava sem o James Rodríguez, também né? Tudo bem, a gente perdeu, mas assim, acho que cada um seja melhor jogador deles e sentiu, a verdade é essa. E aí, meu amigo, quando pegou um time sério, só tomou nada. Então tudo bem que 7 a 1 ninguém esperava um 7 a 1. Não. Não tava nem no Brasil.
James Rodríguez - Colombian football star
E aí, meu amigo - And there, my friend.
Alexia: Não, não esperava. Cara, meu pai. Meu pai que na época... Bom, meu pai tem 73 anos hoje, então, nos 69 anos dele da vida, ele nunca tinha visto uma coisa assim. Ele olhava pra minha cara e falava ‘Eu nunca vi isso na minha vida’.
Eu nunca vi isso na minha vida. I’ve never seen anything like this.
João Marcos: Ninguém viu, cara. Nem que você trouxesse... uma galera, na máquina do tempo, de 1950, que quando o Brasil foi o último grande golpe nacional, que o Brasil perdeu a Copa do Mundo em casa, de novo, pro Uruguai, de virada…
Alexia: Maracanazo.
João Marcos: É, mas foi 2 a 1, sabe. Foi uma coisa assim, foi um baque e tal, mas a Seleção nem era campeã daquela época, era a primeira Seleção que nego achava que podia ganhar um título. Então assim…
Alexia: E essa Seleção vou acha melhor?
João Marcos: Desse ano? Olha, melhor que de 2014. Mas dizer que ela era... Cara, eu não sei, eu não compartilho tanto desse otimismo. Tanto que assim, no meu bolão lá, de galera do escritório…
Alexia: Vamos parar. Que que é bolão?
Vamos parar. Wait a minute. Let’s stop here.
João Marcos: Bolão é quando você... É tipo uma aposta em grupo.
Alexia: Isso.
João Marcos: Você faz uma aposta comum. Eu não sei se nos Estados Unidos ou nos outros países é tão comum quanto é aqui no Brasil. Mas, em geral, nossas competições você... Tem uma série de regras. Cada um muda. Hoje em dia tem até os online, que foi o que a gente fez no escritório. Mas você, basicamente, você põe cada rodada quem você acha que vai ganhar e de quanto. Aí se você acerta quem ganhou, você ganha X pontos, que ganhou no placar, você ganha dois X, mas se você errar... Esse que eu joguei era diferente. Esse eu jogava assim, dar um exemplo. Se eu botasse que dava 2 a 0 Alemanha contra a Coreia do Sul e foi o oposto, eu perdia ponto na verdade.
Alexia: Sim, entendi. Então depende de cada um. Mas assim, resumindo, o bolão é um guessing game. É isso.
João Marcos: Quem vai ganhar e quem vai ser o... se for um Campeonato Brasileiro, quem vai ser rebaixado, no caso a Copa do Mundo tinha ‘Qual vai será pior Seleção?’, que eu acertei. Foi no chute, que eu acertei. Que eu botei que ia ser o Panamá e foi o Panamá.
foi no chute, que eu acertei - I just guessed and got it right.
Alexia: Coitado do Panamá.
João Marcos: Por um gol, por um gol. Se a porra do Panamá faz a porra de um outro gol, virava a Arábia Saudita e eu me fodia. Eu falei, cara. Eu torci pro Panamá, coitado do Panamá. Eu torci pro Panamá se foder.
Alexia: Coitado. Não, é sacanagem isso. Isso é muita sacanagem. Mas assim, é engraçado porque quando eu... Eu vou ser muito sincera. Eu não sou uma pessoa que acompanha o futebol. Eu sou o oposto disso. Eu gosto de acompanhar os grandes eventos. Eu adoro Olimpíadas, adoro Copa do Mundo, eu realmente torço, fico nervosa, passo mal e fico doente ao final dessas competições. Então, assim, quando eu via um time que, muitos deles jogam juntos no PSG, que é o Paris San German e que já tá um pouquinho mais maduro do que tava há quatro anos atrás e com o técnico, o Tite, que era melhor que o nosso outro, eu falei ‘Ok, acho que a gente tem chance de, pelo menos, ser o terceiro lugar. Sabe, tipo, chegar até lá’.**
João Marcos: É porque eu acho que vocês esquecem de colocar as coisas em perspectiva. O nosso outro era o Dunga, que já tinha sido uma merda lá em 2010. Por alguma razão, assim, é aqui a gente vai entrar em coisas que são maiores que a Copa do Mundo, mas é um problema estrutural, na verdade, do Brasil, de CBF, em que os dois últimos presidentes foram presos, o outro agora é um coronel que não quer, vamos agora usar uma expressão nova, que não quer porra nenhuma fora do Brasil, o cara não sabe o que tá acontecendo, faz um voto na FIFA contra o acordo que nego tinha feito. O assessor dele dá uma copada num torcedor dele, não sei se você viu isso aí, deu uma copada num torcedor que foi reclamar com ele na Rússia.
Alexia: Não vi.
João Marcos: É , pois é. Foi um professor brasileiro, foi tirar satisfação com o cara.
Alexia: Fala devagar.
João Marcos: O torcedor brasileiro acho que viu o cara, reconheceu e foi tirar satisfação com dele, aquela coisa de Brasil, de “Ah, filho da puta, ladrão’. O assessor do cara foi, do presidente da CBF, o coronel Nunes, se não me engano o nome. E deu uma copada na cara do torcedor brasileiro.
Alexia: Copada você quer dizer, literalmente, jogaram um copo?
João Marcos: Um copo, e como fazem em boate, em briga de boate. Pegou um copo e quebrou na cara do torcedor.**
Alexia: Gente, eu não soube disso. Então na verdade, eu acho que tá tudo interligado. Tá tudo interligado.
João Marcos: Sim, cara... A partir de um momento que assim, olha. Pra mim tinha uma série de coisas no time que eu achava errado. Por exemplo: Renato Augusto é um bom jogador? É, tem uma carreira boa?
É, mas ele joga na China. Assim. Cara. O Brasil... Dar minha opinião sincera, Seleção Brasileira não é lugar pra atleta que joga na China, entendeu? Nada a respeito com o cara, o cara quis ganhar dinheiro lá, quis fazer a vida dele lá, meu irmão. Não vou entrar em juízo de valor se ele fez certo ou errado.**
Agora, a gente não é a Seleção do, com todo respeito, do Senegal, que fez uma bela campanha. Mas a gente não é a Seleção o Senegal. A gente tem uma porrada de jogador. Não precisa chamar Renato Augusto machucado da China. Aí você tem dois caras do Chatan Donetsk, da Ucrânia. Que já foi um time muito bom, era uma potência do futebol ucraniano, foi à final de Liga Europa e tudo. Só que o Chatan hoje em dia, o time fica em Donbass, na região leste da Ucrânia. Que é a região justamente mais afetada pela Guerra Civil. O time treina e mora em Kiev hoje em dia, porque a região foi tomada pelos separatistas lá, tem toda a questão com a Rússia. O estádio foi destruído, o centro de treinamento dos cara foi destruído. Aí quer dizer, tipo convoca os dois caras, o Fred e o Taison... Que que você tem ouvido falar deles, sabe?
hoje em dia - nowadays
Alexia: Eu nunca tinha escutado falar deles, na vida.
Eu nunca tinha escutado falar deles, na vida. I’ve never heard of them in my life.
João Marcos: Não, eles eram bons quando saíram do Brasil. Mas estão sumidos do cenário internacional. Tipo assim, agora o Fred foi vendido pro Manchester United. Beleza, vamos ver, vai ver o cara joga pra cacete. Aí daqui há seis meses você vai ouvir eu falando e vai falar ‘Bom, um idiota falando’.
Alexia: É.
João Marcos: Não quer dizer nada. O cara desse fez uma Copa do Mundo maravilhosa em 2002 e nunca mais foi nada depois. Então assim, às vezes isso não quer dizer nada.
Alexia: Agora sabe de quem eu morria de medo, durante os jogos? O Alisson, o nosso goleiro.
João Marcos: O Alisson é uma invenção. Eu não sei da onde, quem inventou que esse goleiro sabe agarrar. Eu não vi esse goleiro defender uma porra de uma bola.
Alexia: A garrar é ‘to catch a ball’. Então, né?
João Marcos: Defender uma bola. É. No Brasil a gente diz goleiro, quando a gente fala de alguém que é do futebol. E o termo goleiro, a defesa é agarrar. O Alisson não pega a bola, cara. O cara foi vendido agora por... O Liverpool contratou ele agora, hoje, não, acho que foi ontem que fechou a contratação. 60 milhões de euros ou libras. Agora não me lembro qual moeda. Cara, os caras compraram ele porque não agarra. Toda bola assim. O Brasil mal teve chute a gol, mas os chutes que foram a gol, ele aceitou.
Agora não me lembro - I can’t remember right now
Alexia: É , mas é. Foi isso que aconteceu mesmo.
Foi isso que aconteceu mesmo. That’s exactly what happened.
João Marcos: Courtois, da Bélgica, no jogo Brasil e Bélgica, as duas, três bolas que o Brasil meteu no gol o Courtois pegou a bola. E o chute do Neymar, inclusive, lá no ângulo tal, quando rolou o Courtois pegou.
Alexia: Agora, a Bélgica foi uma boa surpresa, né? Assim, em relação aos jogos.
uma boa surpresa - a nice surprise, a big surprise
João Marcos: Não.
Alexia: Não?
João Marcos: Que nem eu ficar zoando aqui, a jovem geração belga. Mas já se fala da Bélgica desde a última Copa. Eles são um time que vem com uns caras assim, todo principal de grande time europeu tem um belga no elenco, hoje em dia. O Hazard já foi craque do campeonato inglês e levou o Chelsea a conquistar um título. O Lukaku é o centroavante principal do United.**
Alexia: O Lukaku é aquele enorme? O grandão?
João Marcos: É, aquele enorme. O centroavante. Isso.
Alexia: Que aliás, ele fala sete línguas. Ele é um geniozinho das línguas.**
João Marcos: É , ele fala português, e tal, até deu uma entrevista bem interessante na Copa, falando sobre essa questão de filho de imigrante e tal, não sei o quê, porque ele falou que quando ele joga bem ele é um belga, quando joga mal ele é um belga filho de africano. Mas enfim, isso é outro assunto.
Alexia: N ão, m as é engraçado isso porque eu tava escutando isso Trevor Noah ontem. Eu adoro o Trevor Noah, adoro. Acho ele muito, muito incrível e é um sotaque inglês que eu compreendo perfeitamente, sem precisar nunca de legenda. Nada, nada. Então eu gosto muito dele e ele tava falando exatamente isso sobre a África que ganhou a Copa do Mundo e não foi a França. Então assim, é uma questão muito complicada, a gente não precisa falar sobre isso, delicada, mas é... É um assunto.
João Marcos: Não, a gente debateu isso na nossa redação, porque inclusive o nosso diretor do programa é um dos maiores jornalistas esportivos do Brasil aqui, é o Sidney Garambone. Ele é um cara com quatro livros publicados, é... Mais de 40 anos de jornalismo, então a gente falou muito desse assunto. Mas enfim, é, a gente trata disso em outro ponto. Outro dia se você quiser. Só voltando pro ponto inicial da questão a Bélgica, na minha opinião não foi surpresa. Surpresa foi a Inglaterra.
Alexia: Foi, não foi?! Eu tenho um aluno, oi Ryan. Que é, enfim, ele é britânico, ele é do País de Gales, na verdade, mas óbvio que tava... quer dizer, não é óbvio, mas ele estava torcendo pela Inglaterra é... durante toda a competição e ele falou assim no começo da Copa: ‘Com certeza o Brasil vai chegar até a final, fica tranquila. A Inglaterra que vai morrer no meio do caminho.’ E não, foi completamente o oposto. E foi uma surpresa.
João Marcos: É, porque a Inglaterra tem a velha questão que é, a Inglaterra desde 66 não ganha nada, né. Ganhou lá, aquele título que é extremamente esquisito, né, a bola não entrou. Enfim. Aí depois disso acho que a Inglaterra, se eu não tô enganado, posso estar completamente equivocado, mas acho que ela nunca nem chegou numa final da Eurocopa e só tinha chegado na semifinal da Copa de 90, da geração do Gascoigne, Liniker e tal. Eles foram semifinalistas e ficaram em quarto lugar.
posso estar completamente equivocado - I could be totally wrong.
É... Tanto que eles se igualaram, eram a segunda melhor campanha. Desde então nunca conseguiu nada. Viviam sendo eliminados nas quartas ou oitavas, sempre pênaltis, sempre ou aquele jogo como o Brasil de 2002. E assim, a última geração inglesa aí do final dos anos 90 e início dos anos 2000, que eram o David Beckham, o Steven Gerrard, Frank Lampard, esses caras todos. Michael Owen durante um tempo. Tinha uma expectativa muito grande desses caras, pela imprensa inglesa. Eu particularmente leio bastante a imprensa inglesa. Leio The Guardian, esses jornais, essas coisas. Geralmente a imprensa inglesa ficava num frenesi em torno da Seleção. ‘Ah, agora vai’, sabe. ‘This time it’s coming home’.
Alexia: Aham, ‘It’s coming home.’
João Marcos: É, só que assim, nunca ia. Só na verdade, se fodiam. Verdade seja dita. E da forma mais dramática e pior possível. Uma coisa bem inglesa. E só que esse ano o time era novo e não tinha expectativa em torno dos caras, isso foi engraçado. A imprensa inglesa tava meio que assim, ‘O que vier é lucro’. Aí estava num grupo, relativamente um grupo que atirou na Bélgica. O grupo deles era uma tetinha. Era um dos grupos mais fácil da Copa do Mundo.**
Alexia: O nosso era horrível. O nosso era muito difícil, comparado.