Foster: Olá Alexia! Como está?
Alexia: Oi Foster, eu to bem e você?
Foster: Eu estou muito bem! Um pouco cansado porque é domingo cedo, mas assim é a vida de um podcaster, né.
Alexia: Sim. E eu to com uma feirinha aqui do lado de fora, então não estranhem o barulho que tem, mas enfim.
Foster: Sim, sim. Bom, o Rio é uma cidade bem barulhenta, né?
Alexia: É bem movimentada, ainda mais aqui em Copacabana, onde eu moro. Ah, só pra deixar bem claro, eu to no Rio e o Foster tá nos Estados Unidos, in South Carolina agora.
Foster: Sim. Pros ouvintes que estavam seguindo a gente faz um tempo, vocês provavelmente já sabem que estamos viajando juntos, mas hoje é o primeiro dia de podcast, de home office, podcaster, remote podcaster, como que fala isso?
Alexia: Podcaster a distância.
Foster: Podcaster a distância. Sim, relacionamento a distância. Podcast a distância. Assim que funciona.
Alexia: E hoje a gente vai falar sobre o Cae, né, Caetano Veloso.
Foster: Cae. Caetano Veloso, um cantor. Cantor? Cantante?
Alexia: Não. Um músico, produtor, arranjador, escritor, tudo que você pode imaginar é o Caetano.
Foster: É, ele faz tudo. Tem uma palavra no português pras pessoas que fazem tudo, tudo. Alexia
Artista?
Foster: É, mas to falando tipo, um generalista. Não existe essa palavra, né?
Alexia: Não. To tentando imaginar o que que poderia ser, mas não. Ele, enfim, ele é, eu considero ele, ele é compositor, bom ele é tudo.
Foster: É, ele é uma pessoa que faz tudo. Ele escreve, ele é compositor, músico, cantor...
Alexia: Intérprete.
Foster: Exatamente. Então Alexia, pode...
Alexia: E..
Foster: E, mais alguma coisa?
Alexia: Não, nada. Fala.
Foster: Tá. Pode me contar um pouco de quem é Caetano, quem é essa pessoa?
Alexia: Bom, Caetano é um dos principais artistas né, do Brasil, ele é Baiano, ele nasceu na Bahia, e, enfim. Ele foi muito importante principalmente na época do regime militar, porque ele era um dos artistas que lutava contra, né, a ditadura militar no Brasil.
Foster: E pode pensar, desculpa. Pode pensar sobre a música dele nessa época como música de revolução, meio tipo Bob Dylan, né.
Alexia: Sim, é meio que um Bob Dylan. Ele até foi comparado, né, com o Bob Dylan, Bob Marley, John Lennon e o Paul McCartney, como uma das figuras mais importantes da música popular brasileira.
Foster: É, pense nisso, pode comparar Caetano com Bob Dylan, Bob Marley, quem mais?
Alexia: John Lennon e Paul McCartney.
Foster: Então, ele está em boa companhia, né?
Alexia: Sim. Ele tem 75 anos, e, enfim, os gêneros que ele gosta mais de cantar, tocar e representar é o tropicalismo que a gente já já explica pra vocês, a MPB que é a Música Popular Brasileira, e aí tem uma coisa que ele gosta de denominar, que é o Rock psicodélico, o Folk rock e a Bossa nova, obviamente. E uma coisa importante, a irmã mais nova dela é a Maria Betânia, que é uma das minhas artistas preferidas também do Brasil, então é uma família de pessoas assim, com um talento incrível.
Foster: Incrível. E, é também, pra mim também Caetano é um artista que não pode, né, colocar num gênero só, ele é muito eclético.
Alexia: Sim. Ele é super eclético, e enfim, como eu tinha falado, ele é, as pessoas podem até não gostar da música do Caetano, mas reconhecem o Caetano como uma das principais figuras do Brasil. Então, então é isso.
Foster: Realmente, pode falar com qualquer brasileiro do mundo, e falar o nome Caetano, e é tipo falando sobre Elvis, tão famoso assim. Realmente.
Alexia: É, e enfim, e aí em 69 mais ou menos, só pra explicar um pouquinho mais, ele foi preso pelo regime militar, e aí foi exilado político em Londres...
Foster: E ele foi exilado com Gilberto Gil, também, que é outro artista que eu amo.
Alexia: Sim. O Gilberto e o Caetano são melhores amigos. Eu até fui na última turnê dos dois, lembra disso?
Foster: Sim, eu tenho muita inveja, não quero falar sobre isso agora não.
Alexia: E é isso assim, falando muito pouco sobre Caetano, porque se não a gente vai passar aqui uma hora conversando sobre a história dele. E Foster, você consegue explicar que que é o tropicalismo?
Foster: Tropicalismo basicamente foi um movimento artístico, que tem a ver com música, arte...
Alexia: Movimento cultural e artístico.
Foster: Sim, que se chama tropicalismo, movimento tropicalista.
Alexia: Tropicália.
Foster: Sim, tropicália. Foi nos anos 60, se não me engano.
Alexia: É, foi 67 mais especificamente.
Foster: É, e basicamente o Brasil estava em dictadorship controle de um ditador, né, na Ditadura Militar, e tinha vários artistas lutando contra isso, através da música e da cultura.
Alexia: Como Chico Buarque, Gilberto Gil, João Gilberto...
Foster: Sim, sim. Então, os americanos, vocês podem pensar, é bem parecido com o movimento dos anos 60 nos Estados Unidos, tipo, a arte e a cultura estava contra o Governo e as coisas que estava, que estavam acontecendo politicamente, eles estavam utilizando o arte – A arte ou o arte?
Alexia: A arte.
Foster: A arte?
Alexia: A arte.
Foster: Caraca. Mas utilizando a arte como instrumento pra, não sei, lutar um pouco contra essa ideia de ditadura, e lutar pra uma coisa mais liberal, mais progressista.
Alexia: Sim.
Foster: Fiz bem?
Alexia: Fez muito bem.
Foster: Sou um bom aluno da música brasileira.
Alexia: Sim, é verdade. E o Caetano até hoje, eu gosto muito dele, muito, muito. Eu discordo em certos posicionamentos políticos dele hoje em dia, mas nada do que me impeça de escutar e apreciar a música, porque eu acho que isso é o que ele faz de melhor. E é muito engraçado, vou contar aqui uma, uma curiosidade, porque quando eu trabalhava no Porta dos Fundos, a gente gravou com Caetano um dia, né?
Foster: Sim, eu ia falar isso.
Alexia: É, e o Caetano, ele é super, super, super difícil de marcar um horário, porque ele tem insônia. Ele literalmente não dorme durante a noite e acorda só as 4 horas da tarde. Não, mas ele é um caso sério, assim, é um caso muito, muito sério. E ele vai no mesmo psiquiatra desde novinho, e o mesmo psiquiatra fica no mesmo lugar, no bairro do Leblon, e é muito engraçado...
Foster: Só pra explicar, o bairro do Leblon é o bairro mais chique e mais caro do Rio de Janeiro.
Alexia: Sim, e aí a gente tinha que montar nossa gravação de acordo com o horário dele de acordar e o horário dele de ir ao psiquiatra, porque ele vai todos os dias, menos na quarta-feira, que é quando ele usa pra fazer as criações dele, mas enfim, a história é assim. E aí a gente dependia do psiquiatra de desmarcar com o Caetano, que é uma coisa normal entre eles, o psiquiatra desmarca encima da hora e aí o Caetano fica livre e aí ele poderia gravar com a gente. Então, vocês imaginam a situação.
Foster: Pode explicar um pouco sobre porquê vocês estavam...o vídeo que vocês gravaram, porque é muito engraçado.
Alexia: É, porque, bom eu acho que isso existe em qualquer lugar né, os tablóides, digamos assim, brasileiros.
Foster: Vocês falam tablóides? Nossa Senhora.
Alexia: Falamos, mas falamos de sacanagem mas é só os lugares de fofoca, né, do Brasil principalmente tem um que se chama Ego, eles tiram fotos e eles falam sobre o que que as celebridades estão falando. Então Por exemplo, Chico Buarque, que é um outro artista muito amigo do Caetano também, que eu sou apaixonada, saiu um dia de um lugar, de um restaurante, na verdade de uma cafeteria, com um pão embaixo do braço. E aí a notícia era “Caetano no Le.. Chico Buarque no Leblon. Chico comprou pães e vai ao encontro de seu carro no Leblon”. E isso acontece direto, e aí a gente convidou o Caetano pra fazer esse vídeo com a gente, porque...
Foster: Tá falando do Caetano, né? Não o Chico.
Alexia: Não, a gente convidou o Caetano pra fazer esse vídeo com a gente, de tantas notícias que eles saiam, e a principal delas, qual foi a dele mesmo? Caetano Veloso Leblon né, pera aí. É, então, em março de 2016 saiu uma notícia que assim, que é uma, tá entre as 10 manchetes mais inúteis do mundo que é “Caetano estaciona carro no Leblon nesta quinta-feira” e aí a gente fez um vídeo sobre isso com o Caetano, porque foi a coisa mais engraçada do mundo. Aí tem uma foto dele em pé, de camisa branca com tênis e falando “Caetano se prepara para atravessar a rua no Leblon”.
Foster: Sim, o vídeo é muito engraçado. A gente vai colocar um link, e sempre falamos isso, mas agora a gente realmente vai colocar o link.
Alexia: Não, e eu to vendo agora, é “Caetano olha pro fotógrafo enquanto atravessa a rua no Leblon” aí a última foto é “Caetano espera no estacionamento carioca nesta quinta- feira”.
Foster: Bom, agora que a gente sabe quem é Caetano, você tem uma música, ou algumas músicas prediletas dele?
Alexia: Eu tenho. A minha preferida é “Não enche”
Foster: “Não enche”, encher quer dizer to fill, né, mas também pode ser, tem uma frase em português que quer dizer “encher seu saco” e é tipo, é to annoy somebody.
Alexia: E essa música “não enche” eu amo, eu canto aos berros, porque é uma das mais gostosas que eu já escutei, e é muito engraçado porque é ele reclamando sobre uma mulher,enfim, vocês podem achar um pouco, como é que se diz, qual o nome disso? Tipo, muito agressivo, mas não é. É mais uma reclamação, e principalmente sobre a ditadura, ele fala sobre a mulher sendo a ditadura, por isso.
Foster: Sim, sim.
Alexia: Qual é a sua?
Foster: A minha é bem difícil. Provavelmente a mais famosa, que todo mundo já conhece é o “leozinho”.
Alexia: Leãozinho.
Foster: Leãozinho, que não é minha predileta, mas eu gosto. Mas eu acho que...
Alexia: Eu acho que a mais famosa, que todo mundo conhece, é “Tieta”.
Foster: Tieta, é, também. Outra música que eu amo é “Menino do rio”, não tenho 100% de certeza que ele escreveu, mas ele foi o cara que fez a música popular.
Alexia: É, não, ele que escreveu sim.
Foster: Tá, ótimo, ótimo.
Alexia: Sim, e tem uma versão linda com Caetano Veloso e Maria Gadu. A Maria Gadu é ótima também pra vocês conhecerem.
Foster: Sim, amo ela também. A gente deve fazer um episódio sobre ela também. Bom, você tem mais músicas?
Alexia: Ah, tenho, tenho. Tem “Sozinho”, “Odara”, “Marinheiro Só” .... que é ótima, “Reconvexo”, “Vaca Profana”, gente, qualquer música que vocês queiram escutar, por favor, com a letra junto, porque é ótimo. Tem aquela “Soy loco por ti America, soy loco por ti Amore”
Foster: Sim, ele realmente é um poeta e compositor e autor, então é uma combinação da arte, né? Não é somente “há é uma música bonita” mas é uma música que conta uma história e é impressionante o Caetano.
Alexia: Sim, bom, vale muito a pena vocês escutarem e lerem um pouco mais sobre a história do Caetano, entenderem a participação importantíssima dele na vida do Brasil, na história brasileira. É um cara que já tem 75 anos e, então assim, ele participou de quase todos os, as problematizações brasileiras, as questões políticas e históricas.
Foster: Ele sempre está aí.
Alexia: É, ele sempre está aí. Ele, e ele é uma pessoa muito legal. Os filhos dele estudavam no colégio ao lado do meu, e eles são super amigos, amigos meus também, e todos os três filhos tem uma banda hoje em dia com Caetano, o que é muito legal, e eles tocam junto com Caetano.
Foster: Qual o nome da banda?
Alexia: Ai, deixa eu ver. Só diz que é Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso, não tem uma banda especifica.
Foster: Tá.
Alexia: Falam só sobre os filhos, Caetano e os Filhos.
Foster: Ótimo. Então Alexia, eu acho que a gente pode passar o dia inteiro falando sobre Caetano, mas você tem alguma coisa pra finalizar? Alguma coisa que você queira adicionar?
Alexia: Não, não tenho nada. E tu tem?
Foster: Ótimo. Escuta, vai no Youtube, vai no Spotify, coloca Caetano Veloso e você vai agradecer a gente pra sempre.
Alexia: Isso. Tá bom, um bom domingo pra vocês. Quer dizer, não sei se vocês vão escutar isso no Domingo, mas bom dia.
Foster: Sim, exatamente. Bom, Alexia, até a próxima.
Alexia: Até, beijo!
Foster: Tchau!