Alexia: Oi gente! Tudo bem? Obrigada por vocês estarem aqui escutando a gente mais uma vez, e hoje eu vou ler um poema de Carlos Drummond de Andrade, que é um dos meus preferidos escritores, brasileiro, todos vocês deveriam ler, entender mais sobre ele, até posso falar mais sobre ele no próximo episódio. Mas, agora eu vou ler “A Bruxa” que é um dos poemas… Que fala sobre a cidade do Rio de Janeiro e espero que vocês gostem. Então vamos lá!
"Nesta cidade do Rio
De dois milhões de habitantes
Estou sozinho no quarto
Estou sozinho na América.
Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
Anunciou vida a meu lado.
Certo não é vida humana,
Mas é vida. E sinto a Bruxa
Presa na zona de luz.
De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
Desses calados, distantes,
Que lêem verso de Horácio
Mas secretamente influem
Na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
E a essa hora tardia
Como procurar amigo?
E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
Que entrasse nesse minuto,
Recebesse esse carinho
Salvasse do aniquilamento
Um minuto e um carinho loucos
Que tenho para oferecer.
Em dois milhões de habitantes
Quantas mulheres prováveis
Interrogam-se no espelho
Medindo o tempo perdido
Até que venha a manhã
Trazer leite, jornal, calma.
Porém a essa hora vazia
Como descobrir mulher?
Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
Conheço vozes de bichos,
Sei os beijos mais violentos,
Viajei, briguei, aprendi
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras
Mas se tento comunicar-me,
O que há é apenas a noite
E uma espantosa solidão
Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
Querendo romper a noite
Não é simplesmente a Bruxa.
É antes a confidência
Exalando-se de um homem."
Então foi isso! Esse foi o poema de Carlos Drummond de Andrade. Ele é mineiro e morreu no Rio de Janeiro completamente apaixonado. E espero que vocês tenham gostado.
Foster: Eu gostei muito, Alexia! Brigado!
Alexia: E até a próxima!
Foster: Até já, já!
Alexia & Foster Tchau!