Listen on:
Marco Antonio: Se agarrando ao cargo de tudo quanto é maneira, o partido dela é o PT, também, e uma pressão enorme de quase todos os outros partidos e de boa parte da população brasileira, de um 'Basta!', um 'Chega!' e a gente tem toda essa...
Basta! Enough!
Alexia: É, porque o PT, que é o partido da Dilma, o Partido dos Trabalhadores, está no poder há 13 anos, né?
Marco Antonio: É.
Foster: Há 13 anos?
Alexia: Há 13 anos.
Foster: Então, agora a gente está chegando para hoje em dia, né? Mais recentemente.
Alexia: É. Bom, teve o Lula que foi um presidente super famoso mundialmente, foi super conhecido. E logo depois do Lula...
Foster: Todo mundo conhece o Lula.
Alexia: Ele fez dois mandatos, né? Foram dois mandatos de Lula, ou seja, oito anos de Lula. Aí depois veio Dilma...
Marco Antonio: Que depois se reelegeu.
Alexia: Aí agora, outra reeleição da Dilma. E antes do PT, tivemos o Fernando Henrique Cardoso, que...
Marco Antonio: É. Foram vários presidentes. Mas...
Alexia: O que eu quero falar é o seguinte: o Fernando Henrique Cardoso é o oposto do PT. Ele é literalmente o oposto.
Marco Antonio: Ele é um socialista, ele é um sociólogo de esquerda, mas ele não tem nada a ver com a esquerda do PT. Aliás, o PT na minha opinião também tem pouca coisa a ver com a esquerda. O PT quer mesmo o poder. E montou um esquema de pegar dinheiro da Petrobrás e das grandes empreiteiras para se perpetuar no poder comprando voto, comprando todo mundo, e agora os escândalos estão surgindo cada vez mais fortes. São inegáveis. E estão em cheque agora as duas figuras máximas do PT, que é o Lula (ex-presidente e o mentor e inventor da Dilma) e a própria Dilma, que tá sofrendo...
Alexia: Que é a fantoche do Lula!
Marco Antonio: É. Está sofrendo um processo de impeachment. A gente quer ver no que vai dar e eu faço votos que seja muito rápido qualquer coisa que vai dar porque o Brasil está parado completamente. E a gente entrou num buraco muito difícil de sair. Tem gente que fala que vai levar cinco anos, tem gente que fala que vai levar uma década, tem gente que fala que com muita sorte a gente consegue em três ou quatro anos reorganizar o país de novo.
A gente entrou num buraco muito difícil de sair. We got into a hole that is hard to get out of.
Foster: Então, deixa eu perguntar algumas coisinhas que parecem importantes para mim. A primeira coisa que eu acho que o gringo não percebe e nem percebia é que a democracia brasileira é muito jovem, relativamente. Então, isso é uma coisa difícil, né?
Alexia: É.
Foster: Falando nisso, você acha que o Brasil tem um governo democrático hoje em dia?
Alexia: Não.
Foster: Você considera o Brasil uma democracia?
Alexia: Eu não considero.
Marco Antonio: Olha, as instituições, os três poderes funcionam. Porém, de uma maneira imperfeita. Mas, eles funcionam: o Judiciário, o Legislativo e o Executivo. Agora...
Alexia: Pai, funcionar, funciona. Mas, eles seguem as próprias leis, e não a...
Marco Antonio: Não, digo, eles existem, eles não foram derrubados. Agora, cada uma dessas entidades nossas, elas trabalham para si mesmas. Ou seja, é o poder pelo poder e a lei é boa quando dá o poder, e quando não dá o poder, a gente muda a lei e vai fazendo de tudo para se agarrar no poder.
Alexia: Eu parto do princípio do voto, por exemplo, o voto deveria ser democrático. Cada um tem o seu direito de voto, vai lá na maquininha - que aqui é o sistema eletrônico -, você aperta a tecla Enter e pronto, acabou! Está lá o seu voto. Eles conseguem manipular até isso! Ou seja, não é um país democrático, eles fazem o que eles querem.
Marco Antonio: Sim, existe a força do dinheiro na eleição. A maior parte do povo brasileiro sequer ler jornal, não é informado.
Alexia: O que eu sinto é que, por exemplo, não o Sudeste, né, mas o interior do Brasil, a parte mais pobre e miserável, ainda vive em época de coronelismo, né? Existe o principal da cidade pequena - eu estou falando do Sertão, eu estou falando do interior do interior mesmo - que chega e fala para um cara que tem cinco filhos, que não tem o que comer ou vive de plantação ou coisa parecida: "Toma, aqui tem 200 reais para você ir e votar em tal pessoa".
Marco Antonio: Tem. Isso daí chama "coronel". Mas, o coronel está sendo substituído rapidamente pela propaganda maciça na televisão e os programas sociais do governo, que são meritórios e devem ser feitos, como por exemplo o Bolsa Família, que dá um dinheiro para um pessoal miserável mesmo, que está precisando dessa ajuda, é utilizado com fins eleitorais. Por exemplo, o Bolsa Família é distribuído nas cidades que a Alexia acabou de falar, nesses grotões, cidades bem pequenas, pelo prefeito. Então o prefeito tem a população na mão. Come na mão.
Alexia: Mas, tem a população na mão, mas eu acho que não só pela TV. Porque nesses lugares miseráveis, TV não existe. Eles não têm nem sinal. Eles têm a panfletagem, tem boca-a-boca, tem isso tudo.
Marco Antonio: Não, digo, Alexia, claro! Mas a televisão penetra nessas cidades, mesmo uma televisãozinha, duas, dez... sempre tem. E tem também o rádio, tem a força política. Então, por exemplo, na última eleição, quando a Dilma foi reeleita, o marketing do partido do PT fez uma campanha de difamação total no Nordeste dizendo que se a Dilma perdesse, eles iriam acabar, quem tomasse o poder iria acabar com o Bolsa Família, o que era uma grossa mentira.
Alexia: Explica o que é o Bolsa Família.
Marco Antonio: O Bolsa Família é um programa assistencial criado pelo Fernando Henrique.
Alexia: Ou seja, antes do Governo Lula e Dilma.
Marco Antonio: Que o PT se apropriou e ajuda com um pouco de dinheiro as famílias, desde que elas coloquem os filhos no colégio, ou seja, é um fator de ajuda.
Foster: É quanto dinheiro? É tipo 600 reais?
Marco Antonio: Menos, menos. É pouquinho, mas pega a população miserável mesmo. Então um pouquinho para essa população faz diferença. É diferença às vezes entre a pessoa comer ou não. Agora, o que se lamenta é que isso seja usado como um celeiro de votos e também de corrupção. Tem gente que não precisa daquele direitinho e...
Alexia: E usa.
Marco Antonio: O sobrinho do prefeito participa, etc. Enfim, um assunto chato esse - estou vendo agora que eu estou falando, que é muito complicado, muito triste, muito...
Alexia: Mas, é a realidade do Brasil, né?
Marco Antonio: Mas, é a realidade. O que se pode esperar é que - nós somos 200 milhões de habitantes, temos oito milhões e meio de quilômetros quadrados, é um país bem grande, é um país do tamanho dos Estados Unidos - é que um país desse tamanho consiga ser maior que os seus políticos. Se vocês quiserem me eleger, por favor, cartas para a redação! Aceito o apoio de vocês. Mas, realmente a situação é desanimadora. A gente fica aqui tirando os radicais de esquerda e direita, o resto da população está com o saco muito cheio desse negócio de política e político. Ninguém acredita em mais nada. Aliás, essa uma tendência mundial, né? Os Estados Unidos também sofrem disso, a Europa mais ainda e no Brasil, mais ainda. Porque aqui o negócio é feito escancarado às claras e o roubo é total, geral e nada funciona. Nada vem para o povo do dinheiro do imposto que ele paga. E ele paga muito imposto, a carga tributária aqui é de 38% mais ou menos, que para o brasileiro é muito. E é isso aí! O que a gente pode fazer a não ser esperar dias melhores?