Listen on:
João Marcos: Não, claro. Panamá nunca foi pra uma Copa. Primeira vez que o Panamá entra numa Copa. A Tunísia não ia há 40 anos, porra. Então é como se... Eles foram pra aquele jogo lá... E ainda tiveram a sorte na chave do último jogo ser contra a Bélgica. Nem no primeiro, nem no segundo. Ou seja, eles foram pro jogo de comadre no último jogo.
Alexia: É. Jogo de comadre, é muito boa essa expressão também, João. Eu tô adorando isso porque, tem coisas que é óbvio que eu sei, as descrições eu sei falar, mas são coisas que eu não falo no dia a dia e você fala muito.
no dia a dia - day-to-day
João Marcos: Eu falo muito em gíria. Isso é uma observação que já me fizeram já na minha vida.
Alexia: Quantas vezes? Várias. Várias vezes.
João Marcos: Mas jogo de comadre, é basicamente... tipo, acho que tem uma expressão em inglês similar, não tem? Tipo, Old Maiden’s game. É como se fosse duas senhoras que combinam um jogo... Aquela coisa assim. Imagina duas senhorinhas num final de tarde, jogando cartas, jogando um baralho, mas nenhuma quer ganhar, é só pra passar um tempo e se divertir. Sabe?
Alexia: É tipo isso. É uma pelada.
João Marcos: É quando você joga algo por diversão, mas sem ligar pro resultado, basicamente.
Alexia: É, é isso. É exatamente isso. É muito jogo de comadre.
João Marcos: Tem que se pegar explicando expressões que você usa na tua vida inteira.
Tem que se pegar explicando expressões que você usa na tua vida inteira. It’s hard to explain expressions that you’ve used your entire life.
Alexia: Não, mas isso é um trabalho que a gente faz em todo episódio. E aí, às vezes eu tô... Às vezes não, quando eu estou fazendo as transcrições dos episódios, eu vejo 1) O quanto às vezes eu falo enrolado. O quanto às vezes eu falo coisa errada, tipo, mania de linguagem e expressões também, que eu sempre falo. Então eu fico assim, gente, eu preciso mudar, eu preciso meio que evoluir.
João Marcos: É perigoso você ouvir falar de fato. Eu fiz umas gravações lá pro programa também. Tinha meu áudio assim, quando eu ouvia eu ficava assim, eu ficava assim, tipo, cacete cara.
Alexia: Aliás, as pessoas conseguem assistir os programas ou não?
João Marcos: Olha, talvez no exterior não, porque o tamanho da dificuldade quando eu falei pra você assistir, né? Acho que como é um programa que foi no SporTV, Globosat, tem o tal do problema do GloboPlay no exterior. Eu não sei quem tem acesso aí a pacotes no exterior da GloboSat, Globo, de repente consegue ver. Se chama Zona Mista o programa.
Alexia: Zona Mista.
João Marcos: Ele vai tá um pouco datado, porque enfim, ele foi feito muito em cima do que aconteceu no dia na Copa.
Alexia: Mas é bom, porque é pra vocabulário. E assim, se as pessoas realmente quiserem muito assistir, baixa um VPN brasileiro que aí consegue.
João Marcos: É. Verdade.
Alexia: Eu sou horrível com VPN. Eu tenho que admitir isso, mas as pessoas são boas. Então... Mas olha só, se você tivesse que pensar numa final ideal, tirando o Brasil, quem que você gostaria de ter visto na final?
João Marcos: Cara, no fundo a Alemanha. A Alemanha tem uma boa Seleção, é um bom time. Eu gostei de ver por questões, assim óh, por questões passionais sem lógica, Portugal, porque o meu pai é português. Eu tenho uma ligação forte com Portugal. Inclusive eu achei que Portugal fosse ficar em terceiro. Eu botei no meu bolão.**
Alexia: Gente, eu chorei tanto quando Portugal saiu. Chorei tanto. Tava torcendo tanto por aquele time.
João Marcos: O Uruguai cagou sangue ali, eu fiquei puto.
Alexia: Eu também.
João Marcos: Teve um momento que eu até torci, porque pelo... como o chaveamento ficou esquisito, dum lado da chave estavam todos os times que já foram campeões mundiais e no outro tipo assim, tirando Inglaterra que não ia pra final desde 66, e a Suécia em 58, você tinha grandes chances de ter um finalista inédito, como teve, que foi a Croácia. Teve um dado momento eu torci na verdade por uma final inédita de novo. Que a gente viu isso a última vez em 2010.
Alexia: Que foi quem?
João Marcos: Holanda e Espanha na final.
Alexia: Verdade. Não... é.
João Marcos: Foi a final. A Holanda sempre também entregava na semifinal. Foi a primeira vez em muitos anos que teve uma final inédita, vamos dizer assim.
Alexia: Que na verdade é o zebra da competição ou não? É a zebra... Porque é…
João Marcos: A Croácia foi uma espécie de zebra sim, sim. Uma zebra por exemplo, um clássico caso de zebra, pra se quiser explicar, de vocabulário foi a Espanha perder nos pênaltis pra Rússia.
pra se quiser explicar - if you want an explanation...
Alexia: Foi, foi uma zebra. Exatamente.
João Marcos: Quem quiser aprender a expressão é uma coisa exótica e fora do comum. Tal como uma zebra é um cavalo pintado esquisito e fora do comum, a zebra é um resultado que, na lógica, não faz sentido no futebol. Quando você espera uma coisa, tipo, todo mundo acha que o Brasil vai ganhar, sei lá, do Marrocos e Brasil toma de 4 a 0 do Marrocos. Isso é uma zebra.
Alexia: É. Exatamente. É, eu gostaria muito que Portugal tivesse chegado na final. Eu realmente achava que esse ano ia um pouquinho mais pra frente, mas o próprio Cristiano Ronaldo já tinha dado uma entrevista que Portugal tem jogadores bons mas não tem time. né? Não é uma coisa concisa.
João Marcos: É, o coletivo deles não é muito forte, realmente. Portugal tem um problema também que perdeu a Eurocopa e aí os jogadores, tipo tem um jogador do meio campo bom, o Renato Sanches que jogava, era titular, aí foi vendido do Benfica pro Bayern de Munique. E aí não jogou no Bayern de Munique e aí enfim, aí isso só atrasa o desenvolvimento do jogador. E tem uns caras que eu não suporto. Tipo, João Mário no meio campo, que eu não entendo essa merda, comecei a ver a camisa 10 de Portugal, me dá um ódio desse cara. Mas enfim.
Alexia: Um dia a hora vai chegar. Eu não sei se o Cristiano Ronaldo vai conseguir ser campeão do mundo, né? Porque ele já tem todos os outros títulos menos esse.
João Marcos: Eu acho que ainda joga a próxima Copa, sabia?
Alexia: Ele joga. Ele joga.
João Marcos: Ele estritamente é um monstro. Se ficar se cuidando ainda ele tá com 33 agora. Ele consegue jogar, nem que seja vindo do banco, ou sendo um centroavante paradão lá, com 37, porque assim, Portugal não revela tantos jogadores assim a ponto de ter uma renovação desse ponto.
ele tá com 33 agora. He is 33 right now. Like all rules, there are exceptions. Sometimes we can use the structure “estar com” to talk about someone’s age.
Alexia: É igual o Iniesta da Espanha. Ele tem total condição. Olha eu tentando dar uma de comentarista aqui.
João Marcos: Mas acho que Iniesta não volta não. Ele vai até sair do Barcelona.
Alexia: Não. Ele já anunciou que ele não volta, isso eu vi aqui, mas o Cristiano Ronaldo…
João Marcos: O Messi, o Messi acho que não volta.
Alexia: Não gente. O Messi. O que que é aquilo? O que que foi aquilo?
João Marcos: É, mas o Messi é uma parada que eu fiz uma piada, lá na redação. Até queria usar num programa, acabei não usando. Mas é aquela coisa assim: Se você nasce no Rio de Janeiro mas você foi criado a vida inteira em Bertioga? Você é paulista ou carioca?
Alexia: Paulista. É o caso do meu pai. Nasceu em Minas e foi pra São Paulo.
João Marcos: É espanhol. Ele é catalão, cara ele passou os anos de desenvolvimento dele. Acho que, porra, desde que ele não tem 12 ou 13 anos que não mora na Argentina, cara. Cara tá com 30 e tantos anos agora.
Alexia: Mas assim, João, você não acha que ele, pessoalmente, poderia virar literalmente espanhol e jogar pela Espanha e não jogar mais pela Argentina?
João Marcos: Não. Agora não. Pela regra da FIFA você não pode. Você antes você defender profissionalmente uma Seleção... Se ele tivesse jogado só amistosos... e tal, acho que nem isso, agora mudou isso também. Se não me engano.
Alexia: Ah é?
João Marcos: É, não. Você não pode ficar de troca troca de Seleção assim dessa forma, não.
Alexia: Não, não, não troca troca. Mas a partir do momento que ele sabia que ia começar a jogar pela Argentina…
João Marcos: Ah não. Veio o convite. Quando ele era novo tentaram naturalizar ele, inclusive ele não quis, foi uma decisão dele, pessoal dele de jogar pela Argentina.
Alexia: Então agora, meu amigo, pega consequência. Porque... Já era.
João Marcos: Ah não, já era. O Higuain também, o centroavante argentino. Ele nasceu na França, foi criado na França. Ele recebeu o convite na época, o treinador francês, esqueci quem era... Acho que era aquele Reymond... Era um cara mal humorado pra cacete.
Alexia: Ah, eu morria de medo dele. Eu sei quem é.
João Marcos: O que foi pra final em 2006. Ele chegou a ir lá com a camisa da França pro Higuain ele agradeceu, mas foi um não, obrigado. Então não são... Não é só ele não. Mas…
Alexia: O Messi, alguém tinha que ter avisado pra ele que, tipo assim, querido, se mexe um pouco mais. Só isso que você precisa fazer. O resto já sabia que não ia chegar.
João Marcos: Eu acho assim, tudo bem, esperava mais dele, mas cara, ele não se escondeu do jogo não, sabe? Ele jogou, chamava jogo, ele chamava porrada. Só que porra, é complicado. Você levanta a cabeça, tu dá um passe pro lado e é Banega. É Enzo Perez assim. Isso também complica. Era Cristiano Ronaldo dava um passo e era João Mário, a bola num pé, também... Desculpa falar assim, mas é foda também. O cara ali na Copa. Aí o Dybala tá o banco aí porra, o Di Maria também não jogou nada. Aí complica, sabe? Quando precisou, apertou, ele fez lá o golaço contra a Nigéria.
Alexia: Contra a Nigéria, é.
João Marcos: E hoje gols dele lá contra a França naquele 4 a 3 lá, saíram do pé dele. Entendeu? Aquele jogo da França na verdade é um 4 a 3 enganoso. Porque a França dominou o jogo.
Alexia: Dominou. E em falar nisso, aquele menino de 19 anos... Que eu não sei falar o nome dele. Mappe.
João Marcos: Mbappé. Você não falou... O M é tipo, mudo. Hm-Bappé.
Alexia: Hm-Bappé, tá ótimo. Adorei. Achei ele o máximo. Queria ele pro Brasil. Tudo o que a gente precisava. Joga muito.
João Marcos: Eu tinha visto poucos jogos dele pelo PSG. Mas do que eu tinha visto, eu tinha gostado. Mas…
Alexia: E ele joga com o Neymar.
João Marcos: Joga, joga. Então, ele fez parte das transações mais esquisitas do futebol. Que foi que o PSG quando contratou o Neymar, não negociou com o Barcelona, né. Eles viraram e falaram ‘quanto é sua cláusula rescisória?’ Aí lá, 200 e tantos milhões, eles passaram um cheque e toma. Só que hoje em dia a FIFA tem todo um Fair Play financeiro. Você não pode terminar, enfim, com os teus livros, né, com o teu balanço no final do ano, tantos por cento negativo. E se acontecer isso? Desculpa de mau ou bem. Chelsea, City, todos os clubes que tem um mecenas por trás, bancando deviam dinheiro pra cacete. E o cara tirava o dinheiro da conta do próprio bolso, aí pronto.
Salvava as contas do clube e vida que segue. Só que enfim, começou a surgir uma reclamação, qual o sentido dos outros times, que não fazem isso. Manchester United tem um dono que é um americano inclusive. Eu acho que é da família Glazer. Que é o dono do Tampa Bay Buccaneers. É dono de outras coisas esportivas.
É... Só que eles lidam com o Manchester como uma empresa. O Manchester lucra por si só e de suas próprias operações. Ele não põe dinheiro a mais, não põe nada. Mas os outros clubes não. Enfim, desses caras aí que bancam. Só que agora tem a regra do Fair Play financeiro de que, basicamente, o cara não pode gastar uma fortuna dessa e passar impune. Tanto que o PSG recebeu agora a sentença do julgamento do Fair Play financeiro deles, que é, eles vão ter que vender 80 milhões, 80 ou 70, agora não lembro, em jogadores.
Aí isso aí assim, se eles conseguirem vender um Di Maria só por 80, ótimo. Mas senão, vão ter de vender uns três, quatro. Tanto que na época eles venderam o Matuidi, que é titular do meio campo da França, que foi pro Juventus, porque pra poder ter espaço financeiro pro Neymar vir. E aí o que que fizeram? Como eles já tinham gastado essa verba pro Neymar e não podiam, no fundo, passar outro cheque e trazer o Mbappé, que já era destaque pelo Monaco, eles fizeram um acordo de comadre com o Monaco em que eles viraram pro Monaco e falaram assim ‘Toma aqui óh’ sei lá, esqueci o valor também. 10 milhões de euros por um empréstimo dele por uma temporada. E aí quando você faz esse contrato, cê põe uma porrada de cláusula, né? Geralmente assim, ‘ah, se o cara fez tantos gols no ano, eu te pago mais 5 milhões de euros a mais’, ‘se ele foi campeão eu te dou tanto’, ‘se jogou tantos jogos como titular...’
Alexia: E assim vai indo.
João Marcos: É, aí nego botou uma cláusula assim ‘ah, se ele jogar 10 jogos como titular o PSG é obrigatoriamente... É compulsório que a gente tem que comprar ele’, entendeu? E ele jogou, daí logo de cara. Então assim, o PSG já vai pagar e um valor já pré acordado. Então assim, o PSG vai pagar nele 100 e tantos milhões, já tá definido isso, entendeu? E é a única contratação deles pra esse período vai ser ele. A não ser que eles vendam mais gente.
Alexia: É muito louco. É muito louco. Bom, João, já temos acho que dois episódios. Se não vai ser um muito longo aqui. É... eu vou deixar bem claro que é um episódio para avançados em português ou não vai dar certo. O pessoal vai escutar e falar Alexia e Foster ficaram loucos, mas foi ótimo te receber no Carioca Connection. E eu tenho uma última pergunta.
não vai dar certo. it won’t work out well.
João Marcos: Quando quiser de novo, eu tô aí pra falar.
Alexia: Pode deixar. Última pergunta. Se você tivesse que dar uma dica, do tipo saindo do lugar comum, visitar o Cristo, Parque Laje... O que que as pessoas tem que fazer no Rio?
João Marcos: No Rio? Olha, tá aí uma coisa que eu não tô preparado pra essa pergunta. Agora você me pegou.
eu não tô preparado pra essa pergunta. I’m not prepared for that question.
Alexia: Olha, o meu, a minha dica é ir visitar Paraty.
João Marcos: A Pedra do Sal. O samba ali.
Alexia: Pronto. Pedra do Sal. Escutar um bom samba, Segunda-feira, toda segunda-feira. Então, quem quiser e estiver vindo.
João Marcos: É o lugar que nasceu o samba mesmo. É ali que é o lugar onde tiveram as primeiras rodas de samba, onde o samba se formou.
Alexia: Exatamente. E esse é um outro episódio que a gente ainda vai gravar, sobre a Pedra do Sal. É uma boa lembrança, também que é um lugar que eu nunca fui, que eu preciso ir um dia.
João Marcos: Já fui tem anos. Preciso voltar lá, na verdade.
Alexia: Pois é, e enfim, eu queria te agradecer, muito obrigada.
João Marcos: Obrigado você aí. Gostei da experiência. Participar de um.
Alexia: Podcast é muito legal. Então é isso, gente. Então vejo vocês no próximo episódio e tchau.
João Marcos: Beijos, tchau, tchau gente.