Transcript
Alexia: Oi, pessoal e bem-vindos a mais um episódio do Carioca Connection. O episódio de hoje é muito especial. Hoje nós estamos comemorando oito anos de Carioca Connection, oito anos de gravações, de episódios, de conversas, de aprendizado, de ensino e de muita bobagem também. São oito anos que a gente tem trazido pra vocês o nosso melhor, assim espero. E também eu e Foster temos muito o que agradecer ao Carioca Connection porque também trouxe muitas coisas importantes para nossas vidas, não é mesmo Foster?
Foster: Olá Alexia, tudo bem? É mesmo!
Alexia: Só uma observação, o Foster está sentado de lado hoje que não estou acostumada a gravar assim. Normalmente eu sento ou na sua frente ou do lado direito e agora ele tá do lado esquerdo. Eu estou super desacostumada com isso.
Foster: Bom, eu estou meio deitado no sofá porque minhas costas estão doendo e também hoje a gente está comemorando, amor. Não tem regras.
Alexia: A gente nunca teve muita regra, né?
Foster: Sim, podemos falar sobre isso. Mas, antes de começar, como você está se sentindo depois de gravar oito anos de Carioca Connection?
Alexia: Eu me sinto muito bem, muito feliz em fazer isso, em continuar fazendo isso, mas ao mesmo tempo a gente está velho. Oito anos. É muito surreal isso.
Foster: É, quando começamos a gente tinha vinte e seis anos. Acabei de fazer trinta e cinco, amor.
Alexia: Eu sei, você é muito mais velho do que eu nesse momento, eu só faço trinta e cinco mês que vem, ainda falta muito tempo, então o Foster é The Old Man agora.
Foster: Bom, pra comemorar oito anos de Carioca Connection, minha ideia, Alexia, é mais ou menos falar sobre algumas das coisas mais importantes ou impactantes que a gente aprendeu. Na minha cabeça, foi tipo oito coisas que a gente aprendeu depois de gravar oito anos de podcast. Você gosta da ideia?
Alexia: Sim, já estamos fazendo isso. Eu acho que a primeira coisa que o Carioca Connection me ensinou e que ficou marcado assim na minha vida, é simplesmente o que é podcast.
Foster: Pode falar um pouco mais sobre isso?
Alexia: Quando a gente começou o Carioca Connection eu não fazia ideia do que era podcast. Eu tinha acabado de começar meu relacionamento com o Foster também e eu queria impressionar ele, sabe? Aquele momento tipo lua de mel do relacionamento e você quer impressionar a pessoa.
Foster: Que ainda estamos dentro daquela época, sim, sim.
Alexia: Mas eu não sabia o que era podcast, eu não fazia ideia do que era isso direito assim. Eu vivia no mundo do YouTube, né?
Foster: E olhem só, é ironia. Hoje em dia quase todo mundo está escutando os podcasts no YouTube mesmo.
Alexia: É, e eu sinceramente nunca achei que outras pessoas iam estar escutando a gente. Essa é a grande questão.
Foster: Eu também, eu também.
Alexia: Então na verdade, as primeiras temporadas pra quem escutou e pra quem está escutando a gente até hoje, são dois jovens se conhecendo e formalizando o relacionamento deles ali com a desculpa de que o Foster já estava melhorando o português dele. Era tipo isso.
Foster: Sim, é mais ou menos isso. Mas, bom, Alexia, hoje em dia você acha que foi uma boa decisão criar um podcast sem saber o que era?
Alexia: Claro que sim.
Foster: E agora, você sabe o que é podcast?
Alexia: Eu sei o que é podcast, eu acho que muita gente confunde o que é podcast hoje em dia ainda.
Foster: Hoje em dia eu não sei se eu... Eu estou escutando podcast há quinze anos, mas hoje em dia podcast pode ser tanta coisa com vídeos, série de televisão...
Alexia: E também, eu fico muito confusa porque todo mundo é podcast hoje em dia, todo mundo tem podcast, é como se fosse a necessidade dos millennials, sabe, de ter podcast.
Foster: Sim, mas a gente fazia antes de virar moda.
Alexia: Antes de virar moda.
Foster: Como que fala?
Alexia: A gente fez isso antes de virar moda.
Foster: A gente fez isso antes de virar moda. Meu Deus. Então Alexia, a primeira coisa que você aprendeu, depois de oito anos gravando este podcast.
Alexia: Não depois de oito anos, ao longo dos oito anos, né?
Foster: Então, uma coisa que eu aprendi, que eu queria falar sobre, Alexia. Isso é mais sobre a gente, mas também eu acho que é relevante falando sobre o português também. Nunca vai ter um momento, pelo menos... deixa eu explicar, que o meu português, nunca vai chegar o dia que eu vou falar, "acabei, está legal, o meu português, a minha jornada com o português, acabou". É tipo, não, não sei, não vai acabar.
Alexia: Isso é uma evolução, né? A gente evolui. Eu com o meu inglês, Foster com português, sempre tem algo a ser melhorado, a ser aprendido, a ser moldado, adaptado.
Foster: Sim, não eu concordo. Uma coisa que eu queria falar sobre também, eu acho que é uma coisa importante que eu aprendi sobre línguas e aprender coisas novas. Existe uma diferença grande entre estudar e realmente aprender muito normalmente no começo, e manter. Então por exemplo com o meu português, se, sei lá, eu vou escolher um episódio de 2018, o meu português foi bem diferente, mas eu já falava português. Tipo hoje em dia meu português ainda está muito mal, mas é mais ou menos porque, como a Alexia falou, tipo o meu mundo e a minha vida com o português é limitada, tipo ainda tem muitas portas pra abrir.
Alexia: Sim, concordo plenamente. Uma coisa que eu aprendi durante os oito anos de Carioca Connection é que não vai ter episódio no qual o Foster fala que o português dele está bom.
Foster: Não, tipo está bom. Mas não é uma evolução tipo, na primeira temporada falava muito mal e depois pouco melhor e depois pouco melhor. Não, é claro, é mais ou menos tipo, se a gente está no Brasil por quatro meses, o meu português melhora muito em pouco tempo, mas às vezes quando estamos nos Estados Unidos falando menos português, meu português tipo não vai dois passos pra trás.
Alexia: Sim, eu entendo perfeitamente porque eu passo a mesma coisa com o inglês.
Foster: Sim, eu acho que é mais ou menos o mesmo relacionamento.
Alexia: Mas eu admito que o meu inglês está muito melhor do que estava há oito anos atrás.
Foster: Sim, com certeza. O seu português é a mesma coisa, amor.
Alexia: Mas gente, vai ter um dia em algum episódio que eu vou conseguir com que ele assuma que o português dele está melhor, está muito bom. Eu chego lá, talvez com dez anos de Carioca Connection.
Foster: Mas eu acho que é uma coisa importante também, uma coisa que aprendi com o Carioca Connection. O único jeito, a única forma de aprender é fazer erros, é falar muita besteira. As coisas que eu já falei aqui no podcast que a gente publicou, eu já falei tanta besteira, eu cometi tantos erros.
Alexia: Eu cometi.
Foster: Está vendo? Mas a diferença entre, "está bom, eu vou sentar e estudar português" é a imagem que a maior parte das pessoas tem de estudar uma língua, mas é muito mais, mas na verdade tem muito mais a ver com isso que a gente está fazendo agora. A gente está numa conversa, eu estou tentando falar e expressar coisas, mas é muito difícil ainda pra mim. Então eu vou cometer erros, vou aprender e assim vai.
Alexia: Sim, concordo. É se colocar com a cara pra bater, né? Tipo, entendeu?
Foster: Sim, as mãos na marra. Pode falar tipo aprender português na marra.
Alexia: Aprender na marra. Eu acho que uma coisa que também eu aprendi, e isso foi depois que a gente criou o Carioca Connection Club e a gente teve mais interação e tem tido mais interação com as pessoas que escutam a gente e que aprendem com a gente. Eu não sei se você vai concordar com isso.
Foster: Duvido.
Alexia: Mas, a maior parte das pessoas que estão ou no ou escutando o Carioca Connection é porque amam o Brasil, seja lá por qual motivo, família, namorado, etc. Mas não necessariamente a língua.
Foster: Sim, acho que é uma coisa que eu aprendi que é a cultura e as razões porque você está aprendendo português são muito mais importantes do que a ideia de aprender uma língua, tipo no final das contas, afinal, no final.
Alexia: Está certo, é no final das contas.
Foster: Aprendi português do Brasil só porque eu estava no Brasil e eu te conheci.
Alexia: Foi antes disso, mas tudo bem.
Foster: Não, mas por exemplo, eu aprendi espanhol. E hoje em dia eu não falo mais espanhol. A única razão porque eu mantenho o Brasil e o português na minha vida é porque eu amo essas pessoas e a cultura e a música e os lugares. A língua só faz parte disso.
Alexia: É, eu não sei, eu acho que talvez eu tenha comparado a minha experiência com o inglês, que é completamente diferente, porque o inglês desde o princípio foi, "você precisa aprender inglês para conseguir ser uma melhor profissional, ter novas oportunidades de vida, o mundo vai se abrir pra você porque o resto do mundo inteiro fala inglês". E não porque eu simplesmente me apaixonei pela Inglaterra, pelos Estados Unidos, pela Austrália, não foi isso que aconteceu.
Foster: Sim, depende muito da pessoa. Claro. Sim. Óbvio. Óbvio. Mas o que você falou é verdade que, bom, por exemplo, todos os nossos alunos são as pessoas mais interessantes do mundo. A maior parte dos nossos alunos falam inglês nativamente, que é uma língua materna. Então, um falante nativo de inglês que aprendeu o português do Brasil e está interessado em interagir com outras pessoas fazendo isso, é uma pessoa bem particular.
Alexia: Sim, é bem fora da regra, né? Foge à regra total.
Foster: Todos nossos alunos são mais interessantes, mais inteligentes, mais fascinantes, isso me mata.
Alexia: Não, eu me coloco lá com eles, eu hein? Eu sou igualzinha a eles.
Foster: Faz sentido. A pessoa menos inteligente, né? Eu acho. Eu acho interessantíssimo, eu estou num grupo de pessoas maravilhoso e eu me coloco português mesmo. Quais são os maiores erros que você acha que nossos alunos normalmente fazem ao aprender português?
Alexia: Durante o aprendizado?
Foster: Isso, sim. Eu posso começar, se quiser.
Alexia: Sim.
Foster: É super interessante porque quando alguém entra em contato com a gente é tão fácil perceber tipo "ah essa pessoa vai aprender português" ou "já fala português e vai manter português", "ah essa pessoa não", porque tem muito a ver com a situação, se elas têm a motivação, por que elas estão aprendendo português? Então o erro muito grande é não realmente examinar e pensar profundamente sobre por que eu estou investindo tanto tempo em recursos e energia em aprender uma língua e uma cultura toda totalmente diferente do que a minha.
Alexia: Eu concordo e eu acho que também, à primeira vista assim o português, a língua portuguesa, assusta muito né com todas as regras, as formas de escrever, as formas de falar, os diferentes sotaques. E isso faz com que a pessoa fique um pouco perdida mesmo. Então eu acho que, quando a gente fala com os nossos alunos durante as live classes ou com os meus alunos particulares, às vezes eles me perguntam assim, "ah isso é pretérito do imperfeito que não sei o quê", né? Eu assim "eu não faço ideia. Eu não faço a mais vaga ideia qual é isso, eu não estou aqui pra te ensinar gramática, eu estou aqui pra te ajudar a falar português".
Foster: E também só escutando podcast, assistindo vídeos, qualquer coisa que você goste de fazer na sua língua materna, você precisa colocar cultura brasileira na sua vida, na prática.
Alexia: Tem, tem sim e, o Brasil é um país muito rico né, de tudo, e é muito cheio de tudo. Então é muito bonito ver isso e eu fico muito feliz que cada vez mais pessoas querem aprender mais sobre o Brasil, sobre o português e é isso, vamos continuar a espalhar isso por aí. Então eu queria agradecer muito quem nos acompanha desde o princípio, quem começou a nos acompanhar agora, quem começou a nos acompanhar há pouco tempo. Vocês são muito importantes pra nós e nós aprendemos muito com vocês cada vez mais e estamos muito felizes em poder fazer parte da vida de vocês e vice-versa.
Foster: Sim, muito obrigado pessoal, estamos emocionados por estarmos fazendo oito anos de idade. E nos falamos no próximo episódio.
Alexia: Tchau!
Useful vocabulary, expressions, etc…
Oi oi pessoal - Hi everyone
Bem-vindos a mais um episódio - Welcome to another episode
Muito especial - Very special
Estamos comemorando oito anos - We're celebrating eight years
Trazido para vocês o nosso melhor - Brought our best to you
Muita bobagem também - A lot of silly stuff too
Muito o que agradecer - Much to be grateful for
Muitas coisas importantes para nossas vidas - Many important things for our lives
Tudo bem? - How are you?
Só uma observação - Just a side note
Super desacostumada - Really not used to it
Estou meio deitado no sofá - I'm sort of lying on the couch
Minhas costas estão doendo - My back is hurting
Não tem regras - There are no rules
Nunca teve muita regra - Never had many rules
Podemos falar sobre isso - We can talk about that
Como você está se sentindo? - How are you feeling?
Eu me sinto muito feliz - I feel very happy
Ao mesmo tempo a gente está velho - At the same time, we're old
Eu acabei de fazer trinta e cinco - I just turned thirty-five
Você é muito mais velho do que eu - You're much older than me
Mês que vem - Next month
Faz sentido? - Does that make sense?
A primeira coisa que me ensinou - The first thing it taught me
Ficou marcado na minha vida - It made a mark in my life
Não fazia ideia do que era um podcast - I had no idea what a podcast was
Acabado de começar meu relacionamento - Just started my relationship
Impressioná-lo, sabe? - Impress him, you know?
Desde aquela época - Since that time
O mundo do YouTube - The YouTube world
Uma situação completamente diferente - A completely different situation
Olha só a ironia - Look at the irony
Entrar nesse assunto - Get into that topic
O que ela está dizendo é verdade - What she's saying is true
Na missão de conhecer o Foster - On a mission to get to know Foster
Formalizando o relacionamento deles - Formalizing their relationship
Com a desculpa de que - With the excuse that
Melhorando o português dele - Improving his Portuguese
Dois jovens se conhecendo - Two young people getting to know each other
Eu sei o que é podcast - I know what a podcast is
Confunde o que é podcast - Mixes up what a podcast is
Primeiras temporadas - Early seasons
É tipo isso - It's kind of like that
Que ainda estamos vivendo - That we're still living
Foi uma boa decisão? - Was it a good decision?
Antes de virar moda - Before it became trendy
Chegar lá - Get there / Arrive there
A cara pra bater - Putting oneself out there
Aprender na marra - Learning the hard way
Eu estava melhorando - I was improving
Sempre tem algo a ser melhorado - There's always something to improve
Umas tiradas engraçadas - Funny remarks/expressions
Resolver voltar para os anos noventa - Decided to go back to the 90s
Eu entendo perfeitamente - I completely understand
Dois passos pra trás - Two steps back
Uma evolução constante - A constant evolution
Isso assusta muito - This scares a lot
É uma coisa mais corporal - It's more of a physical thing
Aprender com muita prática - Learn with a lot of practice
Tem que se expor à comunidade - You have to expose yourself to the community
Se colocar com a cara pra bater - To put oneself out there
Sotaques diferentes - Different accents
Formas de falar - Ways of speaking
Aprendi ao longo dos anos - I learned over the years
Parece que nunca vamos saber tudo - It seems we'll never know everything
Saber o que estamos fazendo - Know what we're doing
Assustar um pouco - To be a little scary
Muito surreal - Very surreal
É mais sobre a gente - It's more about us
É só uma coisa corporal - It's just a physical thing
É uma experiência mais física - It's a more physical experience
Apoio de vocês é muito importante - Your support is very important