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Alexia: Olá, ola, pessoal, e bom dia a mais um episódio do Carioca Connection. O meu nome é Alexia e eu estou aqui supe bem acompanhada pelo Foster.
Foster: Oi, gente! Oi, Alexia! Tudo bem?
Alexia: Tudo bem. E com você?
Foster: Tá tudo ótimo.
Alexia: Então, vamos direto ao ponto?
vamos direto ao ponto? let's get straight to the point?
Foster: Vamos direto ao ponto. Alexia, hoje é o episódio de você. Que quer dizer que você prepara o tema.
Alexia: Então, a forma correta de ter falado isso é, "Hoje é um episódio que você vai liderar.”
a forma correta de ter falado isso — the correct way to have said that (is)…
Foster: Exatamente. Eu sabia que falei errado, mas… obrigado pela correção.
obrigado pela correção. thanks for the correction.
Alexia: De nada. Bom, direto ao ponto, minha gente. Pra quem tá com fome, eu peço desculpas, mas o episódio de hoje vai ser sobre a origem do pastel de feira.
Pra quem tá com fome, eu peço desculpas. Whoever is hungry, I apologize…
Foster: Pastel de feira!
Alexia: Primeiro de tudo, eu gostaria de explicar o que é o pastel de feira. O pastel de feira é uma massa frita, grande, do tamanho da sua mão até às vezes um pouco maior.
Primeiro de tudo — first of all
eu gostaria de explicar o que é o pastel de feira — I would like to explain what "pastel de feira” is…
massa frita — fried dough
Foster: É um dia de normalmente maior.
Alexia: É, normalmente maior que você compra em feira no Brasil.
Foster: Feira da rua.
feirinha da rua — street market
Note: if you are unfamiliar with the Brazilian feirinhas, we recorded an episode about feirinhas way back in episode one:
Alexia: Exatamente, nas feirinhas da rua. E tem às vezes uma ou duas barracas de pastel de feira que você compra o seu pastel com caldo de cana ou com uma bebida super gelada e é uma delícia para começar o seu dia.
barraca — stand, tent (at a market, fair, etc)
Foster: Sim, caldo de cana. Tinha esquecido. Eu não gosto muito, não.
caldo de cana — sugarcane juice
Alexia: Eu acho muito doce demais, eu acho. Enfim, então isso é um pastel de feira. A diferença é no tamanho e a experiência. Você pode fazer pastel em casa, obviamente, é uma delícia. Mas comer um pastelzinho de feira não tem nada igual nesse mundo.
Foster: Sim, eu diria que é uma das suas comidas preferidas no mundo.
é uma das suas comidas preferidas no mundo. It's one of your favorite foods in the world.
Alexia: E encontramos um lugar aqui no Porto que entrega. Eu tô muito feliz. São brasileiros que abriram a lojinha aqui e fazem pastel de feira pra entrega. É o olho da cara, mas tudo bem. Bom, então, minha gente, é a origem do pastel de feira. Eu, quando fui procurar sobre esse episódio, né, e tentar descobrir um pouco mais sobre a história do pastel de feira, eu não fazia ideia que tinha vindo pelos japoneses. A discussão sobre a lógica por trás dos japoneses…
encontramos um lugar aqui no Porto que entrega. We found a place here in Porto (Portugal) that delivers…
É o olho da cara. It's really expensive.
eu não fazia ideia — I had no idea
Foster: Eu também não, mas pensando bem faz sentido.
Alexia: Eu não sei se faz muito sentido não, amor. É assim...
Foster: Não, só porque pra mim, na minha cabeça, os japoneses é uma cultura culinária.
uma cultura culinária. a culinary culture.
Alexia: Assim como os italianos, assim como os portugueses.
Foster: Sim, cozinham muito bem. Então, não me surpreende muito.
Alexia: Pra mim me surpreendeu muito, na verdade. Então, os japoneses, fugidos da guerra, da segunda guerra mundial, né, foram para o Brasil, e aí começa a explicar um pouquinho sobre a imigração japonesa para o Brasil, foi por causa disso, e mais ou menos em 1940 teve um grande, grande movimento de japoneses indo para o Brasil.
fugidos da guerra…fleeing the war
Foster: Sim.
Alexia: E claro...
Foster: Se não me engano, principalmente para São Paulo.
Se não me engano…if I'm not mistaken.
Alexia: Sim. E, claro, que os japoneses, né, chegavam num país completamente diferente do deles, com uma língua completamente diferente da deles.
Foster: Um pouco, né?
note: for those who have trouble detecting Foster's sarcasm, he is being sarcastic here 😉
Alexia: Sim. Tudo era diferente. E com uma mão na frente e outra atrás. Significa que sem dinheiro, sem nada, não tinham como se sustentar, porque conseguir qualquer tipo de emprego era muito difícil, se você não sabe a língua, muito diferente dos italianos que já estavam em São Paulo. Italianos e brasileiros, pelo bem e pelo mal, a língua, né, tá ali, dá pra entender um outro. Japoneses e brasileiros, não.
E com uma mão na frente e outra atrás. (The Japonese) arrived with nothing to their name, no resources…
Foster: Realmente é uma verdadeira história de imigrante. Exatamente.
é uma verdadeira história de imigrante. it's a true immigrant story.
Alexia: E a ideia do pastel veio do rolinho à primavera. Como é que o nome disso em inglês?
Foster: I believe we say a “spring roll.” Mesma coisa.
Alexia: Exatamente. Então, rolinho, primavera, veio dessa ideia. E quando eles chegaram no Brasil, eles fritavam a massa com saquê.
Foster: Saquê, a bebida...Como que explica? A gente não bebe.
A gente não bebe. We don't drink (alcohol)
Alexia: É a bebida tradicional do Japão, né? Como se fosse a cachaça brasileira.
Foster: É, eu queria falar que é uma bebida alcoólica.
Alexia: É, exatamente. E o saquê, a bebida... era utilizado para fritar o pastel e dar a crocância do pastel.
dar a crocância do pastel. To add some crunchiness to the pastel.
Foster: Crocante. Exato.
Alexia: Mas isso é uma palavra muito boa, dar a crocância, ou seja, tornar o pastel ou qualquer coisa que é frita crocante.
crocante — crunchy
Foster: Sim, é uma frase muito bonita que eu acho... Bom, eu não consigo imaginar uma situação que eu vou falar dar a crocância, mas eu posso tentar usar no meu dia a dia.
Alexia: Não sei se os portugueses vão entender, mas enfim.
Foster: É assim que aprende.
É assim que aprende. That's how you learn…
Alexia: Bom, e aí do saquê, adaptaram para o uso da cachaça, óbvio, porque a cachaça tinha em qualquer canto no Brasil, enquanto o saquê era muito difícil de se encontrar e etc. Então, os japoneses começaram a mostrar para os brasileiros um tipo de lanche, um tipo de comida diferente e os brasileiros adotaram o pastel dessa forma. E aos poucos foram abrindo pastelarias ao redor do Brasil, de tão famoso que ficou, e a primeira pastelaria foi aberta no Paraná em 1962, ou seja, 22 anos depois que os japoneses chegaram no Brasil.
porque a cachaça tinha em qualquer canto no Brasil — because cachaça was widely available everywhere in Brazil.
Foster: Sim.
Alexia: Então demorou um pouquinho, mas foi.
Então demorou um pouquinho…so it took a while (to catch on)
Foster: Não, mas relativamente é rápido. Só uma pergunta, uma dúvida, Alexia. Pode falar a palavra pastelaria?
Alexia: Pastelaria.
Foster: Pastelaria. Isso quer dizer um lugar que só serve pastel?
Alexia: No Brasil, sim.
Foster: No Brasil, sim. Porque aqui em Portugal, pastelaria tem muita coisa.
Alexia: Sim. Pastelaria e confeitaria aqui em Portugal são duas coisas diferentes. Pastelaria normalmente é para coisas salgadas. É tipo pastel, coxinha, croquete, são tipo lanchinhos.
Foster: Então, no Brasil, numa pastelaria, você não vai encontrar doces.
Alexia: Não. Você vai encontrar pastel doce.
Foster: Sim, isso sim.
Alexia: Mas é só pastel. É uma pastelaria vem de pastel. Então, ao longo do tempo, os pastéis começaram a receber diferentes tipos de recheios. Então tem o normal, que é o queijo, o queijo e presunto. E aí começou o sabor pizza, que é literalmente uma pizza, que é uma delícia.
ao longo do tempo — over time
recheio — filling
E aí começaram os doces. Você tem goiabada, você tem goiabada com requeijão, você tem de brigadeiro, você tem de coco. É, tem tudo. Então, qualquer coisa que você consiga fazer como recheio, o pastel tá ali te esperando. Mas, o muito engraçado é que um dos meus preferidos, dependendo de como é que tá a sua fome, etc., é o pastel de vento.
goiabada — guave paste
requeijão — a type of creamy cheese
brigadeiro — a delicious chocolate dessert ball (Alexia's favorite)
dependendo de como é que tá a sua fome — depending on how hungry you are
Foster: Dependendo de quê? Desculpa.
Alexia: De como tá a sua fome.
Foster: Entendi. Pastel de vento? O que que é isso?
Alexia: Não tem recheio, é só massa.
Foster: Ah, é só massa.
Alexia: Sim.
Foster: Pastel de vento.
Alexia: Pastel de vento.
Pastel de vento. A pastel without any filling or stuff inside. Only fried dough.
Foster: Não tem nada dentro.
Alexia: Nada dentro. Nadica dentro. E uma das últimas curiosidades, Foster, eu vou ter que ler, senão não vou conseguir falar direito.
uma das últimas curiosidades — one of the last interesting things…
Foster: Tá bom.
Alexia: A origem da palavra pastel vem do italiano, pastello, que se refere ao material usado para a massa, que é uma pasta. E também existe o pastel italiano, que se chama fogazza. Não é focaccia, focaccia.
Foster: Entendi.
Alexia: É isso, gente. Então, muito obrigada, japoneses, por terem trazido essa iguaria para o Brasil. Agradecemos muito. Continua sendo uma das nossas comidas preferidas. Eu adoro um pastelzinho feito em casa com arroz, feijão. Hum, é muito bom.
iguaria — delicacy
Foster: Adorei a aula de história, Alexia. E minha última pergunta seria qual é seu pastel preferido? Quer dizer, qual recheio?
Adorei a aula de história, Alexia. I loved the history lesson, Alexia!
(Note — this is one of several "history episodes”inspired by this amazing Tiktoker/Instagrammer that Alexia follows called "Tá Ná História”)
Alexia: Bom, de salgado, eu gosto muito do pizza.
Foster: Sim, muito bom.
Alexia: Que é o napolitano pizza. É... o doce aí que pega. Doce de leite.
É... o doce aí que pega. (To say a sweet flavour)…that's a little more difficult.
Foster: Ótimo.
Alexia: Pastel de doce de leite, muito bom.
Foster: Muito obrigado, gente! Alexia, mais alguma coisa sobre pastel?
Alexia: Não!
Foster: Então, até o próximo episódio! Tchau!