Foster: Olá Alexia! Tudo bom?
Alexia: Olá Foster! Tudo, e você?
Foster: O jeito que você falou o meu nome não é normal não.
Alexia: Não, eu falei com o sotaque completamente paulista.
Foster: Então...
Alexia e Foster: Foster, Foister!
Foster: Foxter é o jeito carioca!
Alexia: Carioca. É assim, bom, eu acho que muita gente já sabe disso né, o meu som do S é o X. Então eu sempre vou falar mexmo ao invés de mesmo, eu sempre vou falar Foxter ao invés de Foster, e assim vai.
Foster: Sim. É a gente vai fazer um episódio inteiro sobre sotaques, mas agora eu queria falar sobre outra coisa, tá bom?
Alexia: Claro!
Foster: Eu queria falar sobre uma curiosidade minha mas eu acho que é uma curiosidade que a maioria das pessoas do mundo pensam, quando eles pensam sobre o Brasil e o brasileiro. Pode ser?
Alexia: Claro!
Foster: É que vocês são muito, muito físicos. Vocês sempre estão se tocando, beijando, dando abraço. É tipo uma falta de, sei lá, meu espaço privado. Me explica, por quê?
Alexia: Eu acho que a gente gosta muito de ser íntimos né e a gente não acha que o beijo, o abraço, e querer saber tudo da vida do outro, não é uma falta de respeito, não é uma invasão de privacidade é porque a gente é muito curioso sobre o outro. Então isso acontece com todos os brasileiros e também com pessoas de fora, e a gente fica amigo dos outros em menos de cinco segundos, é exatamente isso que acontece.
Foster: É realmente não é uma coisa que me irrita uma coisa que eu amo, mas eu admito, quando eu cheguei no Brasil pela primeira vez, eu fiquei um pouco assustado. Tipo “nossa, todo mundo está ... me tocando, me beijando, do nada”. É, é esquisito.
Alexia: É esquisito. Depois de ter passado uns três meses nos Estados Unidos, né, eu sempre falo isso porque foi realmente a minha primeira experiência internacional de maior tempo. Tudo bem que três meses entre aspas não é nada, mas já deu pra ver tudo, muita coisa. É, eu sinto falta de alguém chegar pra você e falar “Pô, o que que você é? O que que você faz?” e aí toca, e dá aquele abraço “adorei te conhecer, borá se ligar”. Nunca se liga, mas assim, é um carinho muito imediato e que faz aquela noite, aquele dia, aquele almoço que for, ser uma coisa muito mais calorosa, sabe? Uma coisa muito mais intima, muito mais legal que você sai daquele lugar falando “poxa conheci uma pessoa hoje” que é isso que a gente gosta de fazer, a gente gosta de conhecer. Nada superficial.
Foster: Não, é, acho muito lindo. É uma coisa que eu tenho muita saudade agora, porque por exemplo, quando eu vejo meus amigos que eu vi no dia anterior, eles ainda me deram abraços, tipo “poh cara, quanto tempo, dá um abração”. Isso é, eles estão mostrando um tipo de amor né, acho muito lindo.
Alexia: É, o Zack quando veio pra cá e ele conheceu a Marina, lembra? A Marina virou amiga dele em dois segundos, foi uma coisa muito instantânea, e eles nunca tinham se visto, nunca tinham se falado, nada, nada. E a Marina ficava falando em inglês com ele, sacaneando perguntando
tudo, mesmo o Zack sem saber falar português. Então realmente, isso é uma coisa muito também do brasileiro, que a gente se esforça pra falar a língua do outro quando o outro não sabe, pra deixar o outro muito a vontade. Pra ele se sentir parte de nós.
Foster: Sim, sim. Que pode ser difícil pro gringo que está tentando aprender português, porque todo brasileiro quer falar inglês. Mas a minha recomendação é aprender o suficiente antes de ir pro Brasil, daí todo mundo vai falar português com você, mas é outro episódio também. *inaudível* Abraço é uma coisa, tocando é outra coisa, mas a coisa mais interessante e importante pra mim são os beijos.
Alexia: Sim.
Foster: Pode me explicar, por que no Rio dá dois beijos?
Alexia: São dois beijinhos, um em cada bochecha.
Foster: Um em cada bochecha. Mas tem lugares que é um beijo, tem lugares que é três...
Alexia: São três!
Foster: É muito confuso. Então, isso...
Alexia: Sim, em São Paulo é só um beijo na bochecha...
Foster: De qual bochecha?
Alexia: Normalmente quando você cumprimenta a pessoa já é automático, né, você vai com a bochecha direita direto na bochecha esquerda, não, direita, direita dele. Por que você me perguntou isso?
Foster: Não sei. Porque tem, porque não sei como funciona as regras.
Alexia: Claro que você sabe, quando você vai abraçar alguém é a mesma coisa. Você vai dar um beijo na bochecha da pessoa né, não é beijo literalmente estalado na bochecha, mas você da a bochecha pra dar beijinho.
Foster: Sim, é um pouco mais natural!
Alexia: Todo mundo sabe como que é.
Foster: Sim, mas...
Alexia: Aqui no Rio, quando você não conhece uma pessoa,você normalmente dá dois beijinhos na bochecha, ou dá a mão pra apertar, né, ou se você realmente conhece, é amigo, etc, você vai abraça e dá só um beijo.
Foster: Tá bom, é muito complicado. Mas para simplificar um pouco, no Rio normalmente são dois beijos, né, um em cada bochecha. Em São Paulo, um beijo. E... que mais? Minas Gerais?
Alexia: Em Minas um. Em algum lugar do Nordeste são três.
Foster: Sim, e no Sul também, né?
Alexia: Acho que é só um, no Sul.
Foster: Sabe qual lugar?
Alexia: Não, não sei. Porque quando eu chego pra cumprimentar em algum outro lugar do país, eu sempre pergunto pra primeira pessoa “Aqui se cumprimenta como? Com um ou dois beijinhos?” e a pessoa sempre fala “Com um, com dois”, é isso.
Foster: É, é uma boa frase pra decorar. Mas enfim, se você está visitando o Rio, são dois. E visitando São Paulo, Minas, que provavelmente são os lugares mais famosos para visitar, dois beijos no Rio, um São Paulo, um em Minas, e em alguns lugares do Brasil que não ainda sabemos exatamente são três.
Alexia: Não sei mesmo. Pera aí, três beijinhos Brasil, vamos ver o que que fala aqui.
Não sei mesmo - I really have no idea
Foster: Aham, vamos pesquisar.
Alexia: Aqui ó, mapa do beijinho no Brasil, tem até um mapa. É muito legal descobrir isso. Pera aí gente, vamos lá. Ó, vamos lá, Rio de Janeiro, Espírito Santo, quer dizer, a maioria do Brasil tirando Minas Gerais, que são três beijinhos, eu não sabia, ninguém se cumprimenta com três beijinhos em Minas. Ó, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas e Sergipe são três beijinhos. Um beijinho em São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são, é um, e o resto são dois.
Foster: Tá, então quando você fica na dúvida, a gente pode colocar no mapa, é, colocar o mapa nos beijinhos, mas quando você está com dúvida de quantos beijos você deve dar, são dois, homens.
Alexia: Exatamente, exatamente. Muito legal, acabei, adorei ver esse mapa do beijinho.
Foster: Bom, legal. Alexia, mais alguma coisa sobre, é , se beijando, se tocando, alguma coisa assim?
Alexia: Não, eu só acho que as pessoas não devem se assustar com brasileiro. A gente é realmente muito intrometido digamos assim, mas de uma forma boa. É uma intromissão que quer o bem dos outros e não, é, enfim...
Foster: Sim, mais curiosidades!
Alexia: ...não é alguma forma de falta de respeito. Exatamente, uma curiosidade.
Foster: É, legal. É o brasileiro é muito legal, pode beijar eles, dar abraço, qualquer coisa.
Alexia: Sim, a CNN fez até uma, uma, uma pesquisa...
Foster: Pode falar um episódio inteiro sobre isso, para...
Alexia: Ah! Tá bom!
Foster: Acabou por hoje gente!
Alexia: Tá bom, tchau gente!
Foster: Tchau!