Foster: Olá, olá! Olá Alexia!
Alexia: Oi Foster, tudo bem com você hoje?
Foster: Tudo ótimo. O domingo é um dia de descanso tudo ótimo. E você?
Alexia: Também. Domingo é um dia de descanso, mas mesmo assim acordei às 8 da manhã.
Foster: Sim, e estamos gravando podcast. Então, realmente é dia do trabalho, como sempre.
Alexia: Dia de trabalho.
Foster: E de feira!
If you want to learn more about feiras (or feirinhas) check out S01:E15.
Alexia: Sim, como sempre!
Foster: Bom, Alexia, hoje eu tenho um tema interessante, pelo menos interessante para mim, que eu queria... Gente, tá, ela parou. Se você não está seguindo...
Alexia: Você sabe que a gente quase não consegue escutar, né, só você. Eu consegui escutar pela primeira vez hoje.
Foster: Tá, eu acho que todo mundo vai entender o que aconteceu agora, mas não posso usar o nome da minha namorada enquanto a gente ta gravando, enfim. Minha namorada, eu tenho um tema curioso para mim, tá?
Alexia: Tá!
Foster: Bom, é o seguinte. Eu acho, da minha perspectiva que a maioria dos brasileiros moram com os pais até muito mais tarde do que os americanos.
Alexia: Sim.
Foster: Que que você acha? Você concorda?
Alexia: Claro! Super concordo.
super concordo - I couldn't agree more
Foster: Bom, por exemplo, você, a maioria dos nossos amigos ainda moram com os pais. O meu roommate antigo, meu ex roommate, sei lá, é, ele está morando com o pai e ele tem 36 anos, sei lá.
Alexia: Não, mas coitado do Pablo. Bom, se ele escutar a gente agora ele já sabe, né. Ele teve que voltar a morar com o pai porque a casa dele ta em obras.
Foster: É, mas a primeira vez que eu conheci ele, ele estava morando ... Aliás, o pai dele estava morando com o filho dele. Mas, pro americano, eu acho que pra qualquer gringo, é uma coisa super, super, diferente.
Alexia: Eu acho que na verdade a maior diferença começa quando vocês vão pra faculdade. Aqui, na maioria das vezes, principalmente quem mora em cidade grande, a gente não precisa sair do nosso estado pra ir pra uma faculdade, né. Então, tudo acontece por aqui. Então, vocês não, vocês saem de casa logo depois do colégio, é quase, é uma questão cultural é praticamente obrigatório.
Foster: Obrigatório não, mas acontece muito que com 18 você saí já de casa, e você vai pra outro estado, outra cidade, pra estudar. É.
Alexia: Sim.
Foster: Tem razão.
Alexia: E aí, aqui não. Aqui a gente fica na casa dos pais e, enfim, ainda tem muita gente que segue uma tradição, principalmente mulheres e as meninas só saem de casa pra ir morar com o noivo, né, ou com o marido direto, mas não é questão de machismo ou feminismo não. É sinceramente porque tudo é muito caro aqui. Então pra você alugar um apartamento aqui você tem que estar ganhando muito bem. Muito bem.
Foster: Temos duas coisas aí. Eu concordo que se você está estudando no Rio não faz muito sentido alugar um apartamento, que o aluguel no Rio hoje em dia é ridículo de tão caro. Faz muito sentido isso. Mas por exemplo, alguém que não é do Rio, por exemplo, alguém que está vindo a estudar no Rio, é comum isso?
Alexia: Sim, é comum. É comum principalmente pessoal do interior.
Foster: Sim. Eles vão morar onde?
Alexia: Ou eles moram em, não albergue, mas em dormitórios que por exemplo a UFRJ eu sei que ela tem algumas casas espalhadas pelo Rio, que oferecem dormitório da própria faculdade. Mas são os próprios alunos que organizam. Ou alugam quarto dentro de uma casa, dentro de um apartamento, e se viram. Então, na verdade você vai gastar pra isso.
Foster: Tá, isso faz sentido perfeitamente pra mim. Eu entendo a questão econômica, mas também eu tenho amigos que ganham muito dinheiro, que eles podem alugar um apartamento tranquilamente, mas eles ainda moram com os pais deles...
Alexia: Quem?
Foster: ...ou se não moram no mesmo prédio, sei lá. É, por exemplo, a mãe do Rodrigo. Rodrigo, ele ainda mora no mesmo prédio da mãe dele.
Alexia: Sim. Isso eu até acho meio estranho eu não acho isso muito legal não. Não, mas olha, eu tenho poucos amigos que tão com apartamento, por exemplo, o Renan, nosso amigo, ele tem um apartamento aqui pertinho da gente, e ele prefere alugar pro Airbnb e voltar a morar com os pais do que ficar no apartamento.
Foster: Mas, é tão diferente. Porque pra mim, morar na casa dos meus pais é quase como eu estou voltando pra minha infância. E no Brasil, parece que é, ainda que você está morando com seus pais, você ainda pode fazer coisa, tipo sei lá, você pode beber na casa, você pode fazer mais, comparado com o meu caso.
Alexia: Sim, porque... É, porque no senso comum é assim, tudo bem que o apartamento é dos pais, são os pais que pagam pelas contas etc. Mas também ao mesmo tempo é minha casa, eu moro lá, eu tenho um quarto lá, é a minha vida. Então, sim, eu posso sair e voltar a hora que eu quiser. Eu não sou assim tá gente, eu tô falando em geral. Posso sair, voltar a hora que quiser, posso chamar amigos pra dentro de casa, fazer uma social, todo mundo bebe, só sai de lá às 5 horas da manhã. É super normal. Mas ao mesmo tempo, só entra dentro da minha casa ou da casa dos meus pais, quem realmente for muito, muito amigo.
Foster: Sim, sim! Interessante. Mas por exemplo, se você tivesse mais dinheiro agora pra pagar um apartamento no Rio, você moraria sozinha?
Alexia: Não!
Foster: Por que?
Alexia: Bom, no meu caso, porque eu mal fico no Rio mais. Então eu provavelmente alugaria um apartamento de dois quartos.
Foster: É, mas você não quer um pouco mais de liberdade, tipo...?
Alexia: Ah não, se eu tivesse que, lógico, vamos supor que eu esteja morando numa cidade a qual eu ficaria, né, entre aspas pro resto da minha vida, com certeza alugaria um apartamento pra mim e o meu pai ficaria em outro, com certeza.
Foster: E você acha que a maioria dos brasileiros concorda com isso?
Alexia: Eu acho que se todo mundo tivesse a mesma oportunidade, sim. Mas isso só começaria a partir dos 25, 27 anos.
Foster: Sim. Até mais, porque eu tenho muitos, muitos alunos, amigos, que tem 30 anos, mais, e eles ainda estão morando com os pais deles, e é uma coisa super normal culturalmente.
Alexia: Eu tenho, eu conheço um casal que ele tem acho que 35, 36 anos, e ela é bem mais nova, ela tem vinte e, deixa eu pensar, 27, por aí. E eles já namoram a quase 7 anos. Ele é um médico, eu acho que ele é neurologista se eu não me engano, e ganha super bem, super bem, comprou um apartamento em algum lugar do Rio que eu não sei dizer qual. E ele continua morando com os pais, com quase 40 anos, e tem a namorada a mais de 7 anos, e eles não vão morar junto por enquanto. Nenhum vai sair da casa dos pais. Eu acho isso muito doido.
Foster: Eu também. Mas ...
Alexia: E você tá doido pra saber quem são.
Foster: É, a gente não vai dar mais nomes aqui. É, mas se você está morando com seus pais com sei lá, quarenta anos aqui nos Estados Unidos, é porque você tem algum problema. Tipo, todo mundo vai te olhar tipo, “o que aconteceu com ele? Ele está desempregado? Ele doença mental?” sei lá.
Alexia: É, mas eu concordo que eu acho que, a partir da faculdade as pessoas, quer dizer, os jovens, deveriam começar a pensar na sua independência geral, sabe, total. Lógico que depende de cada país, depende de cada situação, depende de tudo. Mas se a pessoa tiver uma situação boa, eu super dou a chance, porque é a forma mais legal de amadurecer e realmente se descobrir, saber o que que você quer, enfim, essas coisas.
Foster: Sim, eu concordo. Super concordo, mas também é sempre bom ficar com a família também. Porque é a coisa mais importante da vida.
Alexia: Com certeza.
Foster: Bom, acho que a gente falou tudo que a gente precisa falar sobre o assunto, né?
Alexia: Sim, acho que sim. Então, resumindo, assim, o brasileiro só sai de casa no segundo tempo, no último minuto. Mas eu acho que também é uma coisa muito cultural e também da situação atual econômica do Brasil. Então, é isso.
Foster: É isso gente. Então, Alexia, até amanhã.
Alexia: Até amanhã.
Foster: Tchau!
Alexia: Tchau!