Alexia: Oi!
Foster: Oi!
Alexia: Tudo bem?
Foster: Tudo! É a Alexia falando?
Alexia: É a Alexia falando.
Foster: É o Foster aqui. Fala aí, Alexia! Beleza?
Alexia: Hoje a gente vai falar sobre o que?
Foster: A gente vai falar sobre duas coisas, que são parecidas. Primeiramente, o serviço no Brasil. Eu estou falando o serviço nos restaurantes comparado com o serviço nos Estados Unidos, e também o negócio da gorjeta que é complicado.
Alexia: Sim. Bom, eu imagino que as pessoas que acompanham a gente desde sempre já tenham escutado, me escutado reclamar sobre o serviço no Rio, né.
Foster: Sim. E só pra eu explicar, é bem diferente mesmo. É uma coisa que...
Alexia: Então começa, que que é de tão diferente?
Foster: Bom, a minha experiência com os serviços nos restaurantes no Brasil, sobretudo no Rio.
Alexia: Deixa eu te parar. Fala experiência.
Foster: Experiência.
Alexia: Não. Você ta falando experiência. Experiência, do jeito que eu falo, carioca fala, ou experiência.
Foster: Experiência, experiência.
Alexia: Isso.
Foster: Experiência.
Alexia: Mas tá muito forçado.
Foster: Experiência.
Alexia: Quase lá. Experiência.
Foster: Experiência. Agora estou falando italiano. A minha experiência... Então, da minha perspectiva, é uma coisa que ainda não descobri como fazer no Brasil. Sério gente, quando eu entro num restaurante no Rio, para salvar minha vida, eu não posso chamar o garçom, de jeito nenhum. Eu estou com minhas mãos tipo “Oi, oi! Oi moço, eu estou aqui”. Só que num shopping só, “Por favor, alguém me atende”, é impossível, impossível.
Alexia: E quando você tá comigo?
Foster: Quando eu estou com a Alexia, tipo, acontece rápido e automaticamente tem um moço do nosso lado. Tipo, aparece do nada.
Alexia: Mas não, é verdade. Isso que o Foster falou é, parece que os garçons no Rio, eles tem um imã em relação ao bar, né. Porque eles ficam lá no bar conversando e esquecem de atender as mesas. Então pra você, quando você entra no restaurante tá tudo certo, tem uma pessoa te acompanhando, te senta, e fala “O garçom já vem”, esse primeiro garçom “já vem”, ele realmente vem. Ele aparece, pega os seus primeiros pedidos, e some. Some, volta depois de meia hora com as bebidas erradas aí você tem que voltar.
Foster: É, ela está com raiva.
Alexia: É... E assim, parece que eles estão fazendo tudo de mau gosto, sabe. Ao invés de todo mundo tá muito feliz que tem um emprego, não. Tá todo mundo infeliz que está trabalhando.
Foster: Não, eu sempre sinto como eu fiz alguma coisa errada. Tipo, é o pior dia da vida dele, e foi eu que fiz.
Alexia: Se você for em restaurante que você não tenha garçons amigos, esquece. Vai ser desse jeito. Se você for em restaurante que o garçom já te conhece por algum motivo, o tratamento é completamente diferente, porque ele te vê como amigo.
Foster: Sim.
Alexia: Então ele tá feliz em te ver. Então ele vai te tratar da melhor forma. Por isso que todo brasileiro, principalmente carioca, fala que o melhor amigo sempre deve ser o garçom.
Foster: Exatamente. Obviamente tem bons garçons e tem bom serviço no Rio.
Alexia: Claro. Claro, a gente tá falando em geral.
Foster: Em geral sobre o Rio, 99% do serviço aqui é uma merda.
Alexia: É, mas aí lembra quando seu pai foi no CT Boucherie que é um dos melhores restaurantes aqui do Rio, foi quando ele me conheceu. A gente sentou, foi super bem servido, e aí no final um cara foi derrubou vinho tinto na camisa branca do seu pai, vieram dez garçons ao mesmo tempo ajudar ele. Então realmente, depende.
Foster: Sim, mas é bem diferente no restaurante chique, assim, a gente está falando mais sobre restaurante normal, né, de preço normal. Barzinho, boteco, etc.
Alexia: O meu conselho, é que a primeira vinda do garçom você não tem já como escolher os pratos, mas na segunda você já pode escolher a entrada, o prato principal, a sobremesa e já deixa tudo certo.
Foster: Exatamente.
Alexia: E aí ele vai trazendo aos poucos, que não tem problema.
Foster: Sim, eu concordo.
Alexia: E não pergunta qual é o prato que eles indicam porque aqui infelizmente os restaurantes não fazem o treinamento o qual eles deveriam ter, que é que todos os funcionários devem provar cada tipo de prato, pra eles poderem opinar. Então eles não vão saber te responder se a lagosta é melhor que o camarão, entendeu? Eles não conseguem, porque eles nunca provaram. Então, se não for em restaurante chique, desiste.
Foster: Sim. De novo, depende do restaurante, mas falando no geral, é assim. Mas Alexia, eu acho que isso tem a ver muito com o negócio da gorjeta, né, que aqui nos Estados Unidos os garçons estão trabalhando pra dinheiro, e daí eles tem a iniciativa para... de tratar super bem, né.
Alexia: Sim. Bom, aqui a gorjeta funciona da seguinte maneira: normalmente é 10% da nota, né, que a gente deixa.
Foster: Além da nota quer dizer o que?
Alexia: Além do valor total da sua conta no restaurante.
Foster: Sim. Mas é obrigado, né?
Alexia: É obrigatório.
Foster: Obrigatório?
Alexia: Na verdade assim, você pode, se o garçom te tratou super mal, te xingou ou fez alguma coisa que você realmente não gostou, você não precisa deixar. Mas assim, você tem que chamar o gerente e falar o porquê você não está deixando. Do contrário você deixa. Então você pode pagar em dinheiro, no cartão, débito, com a conta junto com a gorjeta, que o restaurante repassa para os garçons depois. Só que assim, aqui existe uma lei que começou de um ano pra cá, o valor das gorjetas total, 33% deve ser retirado do garçom.
Foster: E vai pra onde?
Alexia: Pro Governo. Não fica nem pro restaurante.
Foster: Tá, então...
Alexia: Então assim, o garçom acaba não ganhando nada das gorjetas. Nada.
Foster: É, imagino que isso não vai ajudar o serviço no Brasil.
Alexia: Não. Não vai ajudar. Então, o que que os garçons andam fazendo. Eles pedem pra você dar a gorjeta por fora. Então, você paga a conta e você dá em dinheiro pro garçom. Porque dessa forma vai pra caixinha dos garçons no restaurante, e no final da semana todo mundo divide essa caixinha. Se for na conta do cartão de crédito, eles nunca vão ver. Nunca, nunca, nunca, nunca.
Foster: Sim. Então, pro gringo que está visitando o Rio ou qualquer outra cidade no Brasil, o que você recomenda? Deixar gorjeta ou não, somente os 10%?
Alexia: Não. Eu recomendo pagar a conta, perguntar se pode pagar a conta e deixar os 10% direto pro garçom em dinheiro. E aí, e se o restaurante falar “Pode, ótimo.” faz isso e aí confia na boa vontade do gerente do restaurante, ou se não puder você paga a conta inteira e depois eles dividem. Na verdade não tem muito o que escapar, não tem muito o que fazer. E se você realmente quiser dar gorjeta pro garçom, você olha no olho dele e fala “Isso é pra você” e bota no bolso dele. Realmente, coloca a mão dentro do bolso.
Foster: É, mas não é uma coisa super normal no Brasil. Somente se o serviço é excelente.
Alexia: É, eu pago sempre 10%. Meu pai foi dono de restaurante por mais de 30 anos, então eu sempre fui acostumada a tratar muito bem os garçons, a lidar muito bem com o serviço. Restaurante é uma coisa que eu realmente entendo o funcionamento, e sei também que tem muita gente lá trabalhando por necessidade, tem gente lá que segue uma carreira né, que saiu de cumin, que é o ajudante do garçom, pra garçom, pra virar metre, pra virar gerente. Então ainda é uma profissão muito, muito, muito respeitada.
Foster: É, em alguns lugares.
Alexia: É, pois é. Deveria ser mais.
Foster: É, eu concordo. Mas, enfim, é só isso né Alexia? É um pouco mais simples, você não precisa pensar “ha é 20%, 15%” fazendo um cálculo na sua cabeça.
Alexia: Ha é, normalmente a gente mostra a nota com o valor, com a gorjeta. E tem alguns restaurantes mais chiques que pedem até 15% da gorjeta, mas aí vai de cada um, vai do que que você acha que deve pagar.
Foster: Perfeito, ótimo!
Alexia: É isso.
Foster: Brigado Alexia, mais alguma coisa?
Alexia: Não, acho que não.
Foster: Então até a próxima gente.
Alexia: Até a próxima. Tchau!
Foster: Tchau, tchau!