Foster: Olá Alexia, tudo bom?
Alexia: Oi Foster, tudo bem e você?
Foster: Eu estou bem, eu estou bem, um pouco cansado então provavelmente meu português vai ser pior do que o normal. Que já está...
Alexia: Por que você tá cansado?
Foster: Sei lá, ainda é cedo. Acordei faz pouco.
Alexia: São meio dia aí, Foster!
Foster: Você não precisa falar isso. Nossos ouvintes, amor, pelo amor de deus.. Ta bom, Alexia. Deixa eu contar uma história. Alexia teve um dia ruim ontem, mas o pior dia da vida dela e eu somente estava recebendo notícias. Então Alexia por favor conta pra gente o que você fez ontem.
deixa eu contar uma história - let me tell a story
Alexia: Eu fui tomar vacina. Só de lembrar já tô nervosa de novo. Então vou começar a rir bastante durante o podcast. Só pra avisar.
Foster: Pode rir, pode chorar, é um espaço aberto aqui, é um espaço público, mas, assim, fica à vontade.
Alexia: Eu fui tomar vacina de febre amarela porque, foi ótimo, de febre amarela. Bom, yellow fever, né? Porque tá tendo um surto de febre amarela de novo no estado do Rio de Janeiro.
Foster: Um surto quer dizer que tem várias pessoas que estão com essa doença.
Alexia: Várias pessoas morreram. Muitos macacos também estão morrendo.
Foster: Caraca.
Alexia: É, e aí, enfim, antes era só pra parte mais rural do Rio, agora tá chegando pra cidade grande, por exemplo, já chegou em Teresópolis, em Petrópolis. Foi confirmado que semana passada que um macaco morreu por causa da febre amarela. Então daqui a pouquinho, pessoas vão começar a ter sintomas também. E antes que isso aconteça na grande cidade do Rio, eu já tomei a minha vacina.
Foster: Nossa então..
Alexia: Eu decidi.
Foster: Bom, primeiramente a situação no Rio está complicada, é uma tragédia, realmente. Mas...
Alexia: É, e é o mesmo mosquito da Zika e da dengue.
Foster: É o mosquito é um.. Cara, eu odeio mosquito.
Alexia: Eu não sei pra que existe, eu não sei, desculpa gente, não vem com esse negócio de cadeia alimentar porque dá pra você substituir o mosquito, a lagartixa consegue comer outras coisas, sabe? Então não sei pra que existe, mosquito e barata, não sei.
cadeia alimentar - the food chain
Foster: Só pra deixar bem claro que Alexia adora animais. Nossa. Bom, Alexia, você odeia, mas odeia mesmo, tomar vacina, não é?
Alexia: Vacina.
Foster: Vacina.
Alexia: Eu odeio qualquer coisa com agulha, eu odeio vacina, eu odeio tirar sangue, eu odeio qualquer coisa que vá furar meu corpo. Não faz sentido na medicina moderna, ter que tomar vacina com agulha, não faz, simplesmente não faz.
Foster: Bom, eu não sou médico, mas só pra explicar um pouco, a Alexia...
Alexia: Gente, eu posso ta falando a maior besteira do mundo, mas...
Foster: Eu acho que medicamente faz muito sentido, provavelmente.
Alexia: Esse é o meu pavor.
Esse é o meu pavor - That is my fear
Foster: Mas há duas semanas já, Alexia estava reclamando todos os dias tipo “ah amor vou tomar vacina, não quero, não quero, não quero mesmo”. E ontem você me falou que não lembra da situação então você realmente quase estava morrendo de medo.
Alexia: Não, era assim. Eu cheguei lá, é um posto de saúde né porque a vacina que a gente tá tomando que é oferecida pelo governo é uma vacina fracionada, ou seja, como não tem pra população inteira, eles fracionaram e ao invés da dose ser inteira que dura 10 anos, a dose que eu tomo é tomar cada 5 anos anos. Então é realmente só pro surto que tá acontecendo aqui no Rio. Se eu fosse pra Indonésia, por exemplo, que precisa ter a dose inteira, a Anvisa faz o, quer dizer, precisa da declaração da Anvisa que eu tomei a vacina, eu teria que tomar uma vacina de reforço dessa que eu tomei. Então é realmente só pra cá. Cheguei no posto, fui acompanhada pelo meu pai, óbvio.
Foster: Só pra explicar o posto é um posto de saúde que é tipo uma clínica né?
Alexia: É uma clínica pública.
Foster: É isso.
Alexia: Que normalmente só trata essas partes de imunização, de vacina, de exame de rotina pra bebês recém-nascidos.
Foster: É coisas mais simples, digamos.
Alexia: Só que nesse lugar que eu fui, eu fui numa UPA, a UPA que tem em vários lugares do Rio.
Foster: A UPA?
Alexia: Como é que é a sigla da UPA? Rio de Janeiro.. é Unidade... como é que é amor, você sabe?
Foster: Não, não faço ideia. Porque você está me fazendo essa pergunta?
Alexia: Ah é Unidade de Pronto Atendimento
Foster: Tá. UPA, isso, UPA, UPA.
Alexia: Então é Unidade de Pronto Atendimento. Então realmente você tem uma emergência você pode ir pra uma UPA mais próxima, você não precisa ir pra um hospital e de lá eles te encaminham pra um hospital. Eu cheguei lá achando que não ia ter ninguém, eu fiquei duas horas na fila. Duas. Eu cheguei as 10h40 e eu tomei a minha vacina 12h40, foi exatamente isso.
Foster: Então tinha muitas pessoas, isso tem a ver com o sistema de saúde no Brasil que é outro episódio. Mas vamos lá.
Alexia: Eu não queria parar nesse quesito agora. E o meu problema maior é esse processo, essa espera de duas horas. E você sabe que você vai tomar vacina e você tem que esperar por uma coisa que você não gosta e isso vai te deixando mais ansiosa, ansiosa, ansiosa e quando já tava quase a minha vez, chegaram 4 bebês. E aí eles começaram a revesar, aí entrava um bebê, fazia um exame de rotina e aí entrava um adulto. Bom, deixando bem claro que eu acho a coisa mais errada do mundo juntar bebê com adulto, né, porque a quantidade de germes é surreal, mas enfim. E aí quando eu cheguei lá dentro eu realmente comecei a tremer, minha mão começou a tremer e eu virei e falei “Gente eu sei que vocês escutam isso todos os dias, mas eu realmente não sei lidar com agulha” Eu não sei lidar com nenhum tipo de agulha, eu não posso ver. E a mulher não acreditou muito em mim, achou que eu tava fazendo drama. Totalmente drama aí ela me olhou, ficou me olhando assim e falou “Vem cá, pode vir pra cá, me dá seu braço esquerdo” tipo assim, super fria. E eu não tava ligando pra isso nesse momento porque eu tava muito mais preocupada com a agulha e o líquido que ia entrar dentro de mim do que com o humor dela sabe? E aí eu virei, aí meu pai tava do lado direito, eu peguei a mão dele, apoiei meu rosto assim no ombro dele e aí antes dela dar eu falei “para, para, para” dei um berro assim “para, para!” deixa eu relaxar um pouco mais, porque eu tava toda tensa e ela não ia conseguir pegar a pele do meu braço direito sabe, pra colocar. Aí fui me mexi, aí ela percebeu o quanto realmente eu tava nervosa. Ela escondeu a agulha de mim, ela viu isso porque eu comecei a procurar a agulha pra ver que que ia acontecer comigo. Gente é surreal, não sou eu nessas horas. Eu sempre falo isso pro Foster, no dia que ele tiver que me acompanhar pra alguma coisa que envolva agulha, ele vai ver a real namorada.
Foster: Tá a gente faz isso para.. Atravessar essa ponte no futuro.
Alexia: Ela escondeu, ela falou: "olha fica calma, respira", isso o meu pai me conta tá, porque essa parte que ela virou pra mim e falou fica calma, respira, tá tudo bem, não vai doer nada e tal, eu não lembro, foi aí que eu dei o apagão, não lembro mesmo, realmente não doeu nada, eu admito. Mas eu acho que o meu maior problema não é a dor, o meu problema é o processo.
Foster: Porque não dói, não dói muito. Eu não gosto de tomar vacina mas não é uma coisa que me deixa tão louco assim, tão ansioso, e sou uma pessoa ansiosa.
Alexia: Mas eu acho que depende da vacina, a antitetânica que eu tive que tomar, doeu pra cacete! Doeu muito!
Foster: Olha a linguagem!
Alexia: Desculpa, não, você já falou um palavrão aqui agora eu também posso falar.
Foster: Não falei não.
Alexia: Não hoje, no outro no ... [ inglês ]
Foster: É mas isso é o de frente... é...
Alexia: Mas enfim, antitetânica doeu muito, eu fiquei com meu braço dolorido 3 dias.
Foster: É, é uma coisa um pouco mais séria.
Alexia: É e aí eu saí da sala, aí as 60 pessoas que tavam esperando na fila, todo mundo “e aí doeu? Cê tá bem?” Porque elas acompanharam, todo mundo ficou 2 horas juntos lá. Então no final, a gente se abraçou, “olha, tudo de bom, bom mesmo, a paz”, ficou todo mundo dando beijinho de tchau.
Foster: Tão brasileiro.
Alexia: Nossa, a menina que tava na minha frente na fila ficou melhor amiga do meu pai, ela contou que tá indo pra Portugal, mais uma né, vai se mudar pra Portugal, tá doida pra sair daqui, aquelas coisas todas e o meu pai dando conselho pra ela, enfim, ficamos todos amigos.
Foster: Legal, legal, é enfim...
Alexia: Por isso que eu tenho medo de abelha.
Foster: É, tá. Você tem medo ou fobia, pode falar?
Alexia: Sim, eu tenho fobia de quase todos os tipos de abelha e de marimbondo. Porque eles tem ferrão.
Foster: Qualquer coisa com agulha.
Alexia: Exatamente, eles tem o ferrão.
Foster: Você tem medo ou fobia de mais alguma coisa que eu não sei, que eu preciso saber?
Alexia: Não, aí vem os medos normais, por exemplo, medo de jacaré, medo de cobra, mas até aí tudo bem né?
Foster: Tá bom, então Alexia, eu acho que a gente pode deixar aí por hoje, o que você acha?
Alexia: Ah sim, porque eu já tô ficando nervosa só de ter lembrado.
Foster: Então Alexia até a próxima!
Alexia: Ta bom, até a próxima amor!
Foster: Próxima. Então até a próxima e boa sorte!
Alexia: Obrigada, tchau!
Foster: Tchau!