Foster: Olá, olá Alexia! Tudo bom?
Alexia: Oi! Tudo, e você?
Foster: Tudo ótimo. Obrigado. Então Alexia, hoje é domingo. Quer dizer, hoje é o dia...
Alexia: De feijoada! De comer muito, de comer só o almoço tarde e não jantar.
Foster: Dia de comer muito e dormir por dois dias.
Alexia: Sim, exatamente.
Foster: Tá, então, hoje estamos falando sobre feijoada, que basicamente é o prato nacional do Brasil, né?
Alexia: Sim. Sabe que que eu tava lendo agora pouco, para a gente se preparar pro podcast, que a gente sempre faz isso, né. A primeira menção sobre feijoada, onde é que surgiu, e eu não sabia disso, foi 1833 no Recife, você acredita?
Foster: Caraca! Então faz um tempão, é um prato antigo.
Alexia: Sim, exatamente.
Foster: Sim. Então, Alexia, pode explicar pra gente, eu imagino que a maioria dos nossos ouvintes já tinha escutado a palavra feijoada, mas talvez eles não sabem exatamente o que que é. Então, o que que é a feijoada?
Alexia: Tá. A feijoada, explicando bem simples, é de uma forma bem simples, é feijão preto sempre, com arroz branco, também sempre, farofa, couve refogada, laranja fatiada e os acompanhamentos de carne de porco e de boi, sempre, sempre, sempre é isso.
Foster: Sim.
Alexia: Existe uma diferença, por exemplo, em Minas, quando você vai comer feijão na refeição normal do dia a dia, o feijão deles vai ser o feijão carioca, que é um feijão marrom, que eles chamam de feijão carioca. E aqui no Rio, quando você vai comer feijão no dia a dia, é o feijão preto, a gente não come o feijão carioca. Só que nas feijoadas, sempre, sempre, sempre vai ser feijão preto.
Foster: Sim, sim. Então, feijão preto, basicamente... Ah, deixa eu explicar um pouco em inglês, pra deixar bem claro que feijoada is this crazy black bean stew with everything in it, and all types of meat and crazy things and it comes with rice, some orange slices, farofa and anything else I am missing?
Alexia: Hmm, pera aí, você falou couve, farofa, arroz ...
Foster: Ah, couve também, que é tipo collards.
Alexia: É, couve refogada.
Foster: Então, é muita, muita coisa. É uma bomba, realmente, né?
Alexia: Ah, eu amo, eu amo.
Foster: O costume, a costume.
Alexia: O costume.
Foster: O costume no Brasil é comer feijoada principalmente nos domingos, talvez nos sábados também, mas no domingo porque depois de comer uma feijoada, o dia acabou, né? Porque você vai dormir, simplesmente. É tão simples assim você vai dormir por horas, você vai suar, e é um pratão.
Alexia: É, a gente fala, é que é o prato mais democrático que existe, porque ricos e pobres comem a mesma coisa, e amam. Então é o prato de todas as casas do brasileiro.
Foster: Sim, e da minha perspectiva, bom, do que eu entendo, a feijoada foi criada através da pobreza, né, que eles foram usando as parte menos, não querer dizer rica, mas as partes menos normais dos animais.
Alexia: Que quase ninguém quer.
Foster: É. Então foi um prato que foi criado através dos escravos, né, principalmente, daí se virou um prato nacional. Que quase sempre acontece, ah, as melhores comidas de um país são as comidas mais velhas, com mais história, acho eu.
Alexia: É, antigamente tinha mais coisas na feijoada, tinha tipo, cabeça de porco, tripa, mocotó, hoje em dia...
Foster: Mocotó, quer explicar o que que é mocotó?
Alexia: Eu não sei se eu consigo,você consegue?
Foster: Mocotó é ... agora não, mas é, tipo, é uma geléia da pé de um animal, que não lembro. Mas é gostoso.
Alexia: É, é tipo um porco, é tipo um porco dessalgado, e aí faz tipo, eu não sei explicar o que é mocotó direito. Eu não gosto de mocotó, porque é com as patas do porco, sem o casco.
Foster: Sim, sim. Mas...
Alexia: Não faz muito o meu tipo.
Foster: Mas Alexia, você tem recomendações, tipo, como, quando, onde, comer feijoada?
Alexia: Como, quando e onde, quando você quiser.
Foster: É, quando você quiser, normalmente no domingo ou num dia que você não tem muito pra fazer. Porque se você está, sei lá, visitando o Rio, visitando São Paulo, você tem o dia cheio de coisas pra fazer, provavelmente não é o melhor dia pra comer feijoada.
Não, na verdade a feijoada, se vocês tiverem a oportunidade, melhor coisa é comer feijoada caseira. Então, por exemplo, de alguma família brasileira que vocês conheçam que te convidem, né, que te convida pra passar o domingo na casa, provavelmente vai ter feijoada no domingo. É normal.
Foster: É, você precisa de uma avó, né?
Alexia: É, exatamente. E tem um lugar em Ipanema, aqui no Rio, que tem a melhor feijoada da cidade, mas é caro. Então, o que eu acho que é o melhor lugar pra se fazer, a melhor coisa pra se fazer, é quando vocês tiverem vindo pro Rio, procurar um restaurante um pouco mais simples, porque é o onde vai ter a melhor comida caseira, e não ir nos restaurantes mais chiques pra comer as feijoadas, porque sempre vai ser uma coisa, tipo, mais chique e não vai ser a feijoada direito do Rio de Janeiro como é servida normalmente.
Foster: Qual o nome do lugar que você está falando?
Alexia: Pois é, eu não sei. É perto da General Osório.
Foster: É Casa da Feijoada.
Alexia: É isso mesmo, Casa da Feijoada? Eu queria falar isso mas eu não achava que era. É lá, lá é o melhor lugar.
Foster: Sim. Nunca fui lá, mas eu vi um cardápio, e é tipo feijoada que custa duzentos reais. E normalmente você vai pagar vinte reais, sei lá.
Alexia: É, só que a feijoada que eles servem, uma feijoada da pra cinco pessoas. Então você paga os duzentos reais, só que é pra cinco pessoas, então acaba sendo ok. Mas é isso que eu to falando, o melhor lugar é o você procurar um restaurante mais simples que sirva feijoada normalmente, que vai ser a melhor feijoada caseira.
Foster: Normalmente um boteco tem feijoada no domingo, e feijoada quase sempre da pra compartilhar, né?
Alexia: Com certeza! Sempre dá, sempre dá. A minha feijoada, do jeito que eu gosto, é feijão, arroz, paio...
Foster: O que que é o paio?
Alexia: Paio é um tipo de lingüiça, só que é uma lingüiça um pouco diferente porque veio de Portugal, então é um tipo de cozido a portuguesa, digamos assim, sabe, então tem um gosto diferente.Então é paio, carne seca,arroz, feijão, farofa de banana, eu não gosto tanto da farofa de ovo com a feijoada, eu gosto da farofa de banana...
Foster: É, a gente pode gravar outro episódio somente sobre a farofa.
Alexia: A farofa de banana, couve e a laranja. Eu gosto disso, desse jeito. Nossa, tá me dando uma fome.
Foster: É, também. Nossa, é domingo também.
Alexia: E claro, não esquecer da pimenta.
Foster: Da pimenta também. Pimenta no Brasil é hot sauce, mas é pimenta com vinagre, mas é tipo, é it is a vinager hot sauce that is very hot, então usa com cuidado.
Alexia: É, eu tenho uma aqui em casa que a Gagaia fez, né, depois eu falo quem é a Gagaia um dia pra vocês, e ela já tem mais de cinco anos, e fica guardada na geladeira, nunca saiu da geladeira. E é uma das pimentas mais fortes que eu já provei, só que é muito boa.
Foster: Sim, mas quase todos os americanos eu acho, hoje em dia, adoram pimenta. Pimenta americana, tipo hot sauce, mas todos os meus amigos gringos, eles vão pro Brasil, e quando eles chegam lá é tipo “Ah, pimenta, eu quero muito” e até meus amigos que adoram pimenta, eles falam que “Nossa senhora, não foi o que eu estava esperando” é muito, muito picante.
Alexia: É muito diferente. Bom, então, pra finalizar o que que é a feijoada. É um prato da culinária de quem veio de Portugal, ou seja Brasil, Angola, Moçambique e Macal. Então normalmente nesses lugares você vai encontrar feijoada, só que cada país adaptou a feijoada de uma forma diferente, então a feijoada brasileira é desse jeito que a gente acabou de contar pra vocês.
Foster: E se você vai visitar o Brasil e se você sai do Brasil sem comer feijoada.
Alexia: Você não visitou o Brasil.
Foster: É. Você é um gringo mau.
Alexia: Bad Gringo!
Foster: Bad Gringo. Do not be a bad gringo. E feijoada, I think that is a good place to start, do not you, Alexia?
Alexia: Sim. E deixa eu fazer uma coisa. Eu estou muito feliz de conhecer algumas pessoas que andam escutando a gente.
Foster: Sim
Alexia: É, te contei né? Então, a Petra, que com certeza vai escutar esse episódio, um beijo enorme, a Alejandra também, que é da Califórnia, e o Dudley que mora na Flórida e é o Jamaicano mais gente boa que eu já falei na minha vida.
Foster: Sim, sim. A gente tem muitos ouvintes que estão entrando em contato com a gente, então se você tiver perguntas, dúvidas, temas para episódios, por favor manda uma mensagem pra gente.
Alexia: Manda email, porque as dúvidas de vocês podem se tornar episódios, que a gente pode contar mais sobre. Então é sempre bom escutar de vocês o que que vocês querem saber. Porque as vezes a gente fica inventando coisa pra falar, e na verdade vocês já tem assuntos predestinados.
Foster: Predeterminados.
Alexia: Isso. E enfim, é isso.
Foster: É isso, vocês têm perguntas, a gente tem respostas.
Alexia: E se a gente não souber a resposta imediatamente, a gente procura, e fica sabendo.
Foster: Exatamente! Então, Alexia...
Alexia: Então é isso.
Foster: Bom domingo!
Alexia: Sim. Um beijo, tchau!
Foster: Tchau!