Foster: Oi Alexia, tudo bom?
Alexia: Oi Foster. Tudo, e você?
Foster: Tô ótimo, obrigado. Então Alexia, hoje eu queria falar sobre Bonito.
Alexia: Sim. Bonito, que é um município no Mato Gr... Ih, deixa eu recomeçar. Bonito, que é um município do Mato Grosso do Sul e fica na região Centro-Oeste.
Foster: Tá, então você está falando sobre uma cidade, né? Você não está falando sobre mim.
Alexia: Como assim?
Foster: Porque eu sou muito bonito.
Alexia: Ah, que piada horrorosa. Meu Deus do céu.
Foster: Pode começar de novo.
Alexia: Muito obrigada. Bonito é um município brasileiro de Mato Grosso do Sul, que é um dos estados mais importantes do Brasil, que fica na região Centro-Oeste, né?
Foster: Um dos estados mais importantes do Brasil, é debátivel, né.
Alexia: Não, não é debatível porque é onde tem a maioria das fazendas.
Foster: É, mas eu estou falando do ponto de vista, da perspectiva de uma turista do ponto de vista turística né, porque não é o Rio de Janeiro, não é São Paulo, fica bem no centro do Brasil, né?
Alexia: É, então, fica quase na fronteira com o Paraguai e a Bolívia, então se alguém olhar no mapa, no Google maps, vai entender exatamente onde que é. E assim, tem o estado de Mato Grosso e tem o Mato Grosso do Sul, né, que é pequenininho, que fica perto do Paraná, enfim. Tá, as pessoas podem ver isso no mapa, né.
Foster: Então Alexia, queria começar falando que eu sempre, eu sempre vi fotos de Bonito, e realmente é o lugar mais bonito do mundo. Tem rios claros, tem golfinhos, tem coisas incríveis. Então realmente...
Alexia: Golfinhos não tem.
Foster: Golfinhos não tem? É peixes? Peixes super legais, desculpa, desculpa golfinhos. ]
Alexia: Deixa eu explicar um pouco sobre Bonito. Golfinhos tem em Manaus, o Boto Cor-de-Rosa, tá tudo lá pra cima, não tá pra cá não.
Foster: É, a coisa que eu estava assistindo, Blue Planet com meu pai ontem a noite, e tinha golfinhos, então eu estou meio viciado com os golfinhos hoje em dia.
Alexia: Bom, deixa eu contar um pouquinho. Na verdade, essa parte do Mato Grosso do Sul, né, principalmente a parte de Bonito, era uma grande fazenda. Então essa parte do Brasil é conhecida como grandes fazendas de gado, tanto de corte quanto de leite, e também de cana de-açúcar, se não me engano. E ali foi quando teve uma grande, é, foi bem importante durante a guerra do Paraguai, que eu não vou entrar em detalhes nesse momento, mas obviamente Paraguai perdeu e ficou no Brasil.
Foster: Obviamente. Outro episódio, outro episódio Alexia.
Alexia: E, enfim, já falei que fica no Centro-Oeste do Brasil, e, enfim, e a rocha predominante, que eu acho isso muito legal, calcário, então tem grandes fazendas de calcário lá também.
Foster: Tá, pera aí, pera aí. Rocha e calcário, são duas palavras que não conheço.
Alexia: Não, não. Rocha é como se fosse pedra. Então, a pedra predominante de Bonito é o calcário. Só que a gente não fala pedra, é rocha, porque são grandes pedras, entendeu?
Foster: E calcário, é o que?
Alexia: Calcário é um tipo de rocha. É uma rocha... To lendo aqui agora, né, pra conseguir explicar pra você. É quando tem 30% de carbonato de cálcio. São aquelas rochas enormes tipo, cinzas.
Foster: Tá, e se...
Alexia: Outro fato engraçado e importante, que é bom explicar porque aí você consegue entender como é que Bonito se formou, e quando você olhar as fotos você também vai entender, é, ali já foi um mar.
Foster: Sim.
Alexia: Já foi considerado Mar de Corumbá.
Foster: Pode me explicar um pouco sobre, sei lá, ruta turística que tem lá, que...
Alexia: Rota.
Foster: Rota. A rota turística se um gringo está indo pro Brasil e quer sair do Rio, do São Paulo, e quer uma experiência mais com a natureza, um pouco mais autêntica, eles vão pro Bonito. O que eles vão fazer? O que eles vão achar?
Alexia: É, em 2009 Bonito foi considerado um dos lugares mais bonitos, literalmente, do Brasil. Então...
Foster: É difícil falar sobre Bonito sem falar a palavra “bonito”.
Alexia: É muito difícil. Então, muitas pessoas começaram a ir pra lá e descobrirem essa região, né, do Mato Grosso do Sul. Quando eu fui, eu fui faz bastante tempo já.
Foster: Alexia, posso te parar rapidamente ? I Just wanna our listeners to hear, when Alexia says Mato Grosso do Sul, she says “Su, su ” and the “L” is completely silently, that is a problem that I have a lot, because originally I am Spanish or first I learned spanish , before Portuguese, and I always want to say “Sul, Sul” but it is just “Su”, right?
Alexia: Aham, Sul.
Foster: Perfect. Ok. Pode continuar, desculpa.
Alexia: E eu acho que foi, sei lá, quatro anos atrás, alguma coisa assim, o Verão Grande pólo de Ecoturismo, e virou melhor destino do mundo pra se fazer o Ecoturismo, né, então, muita, muita, muita gente de todos os lugares do mundo começou, começaram, começou a ir pra esse lugar. Só que assim, o acesso a Bonito não é tão fácil, você tem que ir pro aeroporto de Campo Grande, que é a capital, né, de Mato Grosso do Sul.
Foster: Está um pouco afastado do resto do país, né.
Alexia: E de lá você tem que pegar um carro, uma van, um ônibus, qualquer coisa, pra chegar em Bonito, que demora mais ou menos quatro horas.
Foster: Sim. Então não é uma viagem pra turista normal, somente querendo beber caipirinhas em Ipanema.
Alexia: Não. Não, não. Até porque tudo que é atrativo lá envolve natureza, envolve aventura. Então você tem cachoeira, gruta, caverna. Você tem muito, muito, muito jacaré. Você tem muita cobra, muita Seriema, que é um animal muito engraçado que tem esse nome porque “seria uma ema” então é uma Seriema.
Foster: Que que é? Não entendi.
Alexia: Desculpa, porque eu to lendo o nome. Seriema é um tipo de animal...
Foster: Mas é um peixe, é um animal?
Alexia: ...que eles tem que “seria uma ema”. Não, é um animal, é um animal. É tipo, não é um cachorro, nem um cavalo, é seriema, depois as pessoas podem procurar que que é. E é local, é de lá.
Foster: Boa sua explicação, amor. Não é um cavalo, nem cachorro. Tá, o que que é? É uma vaca?
Alexia: Não, é uma ave.
Foster: Ah, é uma ave. Tá bom.
Alexia: Sim! É uma ave.
Foster: Tá. Então você chega lá, e o que pode fazer?
Alexia: Você pode... Bom, com certeza você vai ter que fechar com uma agência de turismo pra conseguir fazer os passeios, você não pode fazer sem um guia supervisionando, porque tudo lá é uma reserva ambiental. Então, tem lugares que você pode entrar na água e tem lugares que você não pode nem tocar, nem chegar perto. E o que que eu fiz lá quando fui, eu fiz rapel.
Foster: Aham, rapel, rappeling...
Alexia: ...e normalmente todos esses lugares são dentros de fazenda.
Foster: Você fez rapel?
Alexia: Eu fiz, de 45 metros.
Foster: Você faria isso hoje em dia?
Alexia: Sim!
Foster: Ótimo. Então a gente vai fazer um dia.
Alexia: Eu adoro, eu acho muito legal. E aí também tem rios que você consegue fazer flutuação, ou pegar bote e bóia e fazer o boiacross.
Foster: Sim, mas com as fotos que eu já vi, são os rios mais lindos do mundo, né?
Alexia: Sim. É, o principal rio de lá se chama Rio da Prata, e aí pra você conseguir nadar, quer dizer, flutuar, pelo Rio da Prata, porque você não precisa se mexer, porque a correnteza é tão forte que ele te leva, você precisa ir pra uma fazenda, né, perto do Rio da Prata, e aí você vai botar aquela, aquela roupa impermeável que te deixa quentinha pra ir pro, pra nadar. E você vê aqueles peixes tipo te tocando, te olhando. Só que, além dos peixes, tem aquela cobra que é debaixo da água. Então, você...
Foster: É uma cobra ou é um, como que é, um gula?
Alexia: Não, é uma cobra, não sei o que que você ta falando, mas é cobra, cobra mesmo.
Foster: Tá. Eu estava pensando tipo num "electric eel".
Alexia: Não, não, não. É uma cobra, cobra de verdade. Que ela vai pra debaixo da água, fica escondida e Nhac! te ataca. E aí normalmente os seus guias...
Foster: Como é o barulho que a cobra faz mesmo?
Alexia: Nhac.
Foster: Tá bom.
Alexia: Então provavelmente os seus guias vão estar preparados para te protegerem, então não estranhe se ele estiver com algum tipo de arma, pra enfim, pra te proteger. E aí o que que aconteceu comigo, eu tive hipotermia na hora do Rio da Prata, e eu tava acompanhada da minha mãe.
Foster: Você teve o que?
Alexia: Hipotermia.
Foster: Sério?
Alexia: Aham.
Foster: Mas você estava morrendo de frio mesmo?
Alexia: Sim. O meu lábio ficou roxo, eu comecei a ficar muito branca e tiveram que me tirar do rio.
Foster: Caramba. É um problema que você tem muito hoje em dia, que a gente está tentando vender o Brasil como um país maravilhoso que é, e você sempre está falando da morte, do crime, você está morrendo.
Alexia: Não, não. Esse foi o único problema que eu tive, porque como eu fui, é, não pequena, eu tinha 11 anos quando eu fui, as roupas não cabiam em mim, ficavam muito largas. Então entrava muita água dentro da minha roupa, e a água é muito fria, então eu tive hipotermia. Bom, aí tiveram que me tirar do Rio da Prata e, junto com a minha mãe, obvio, que ela tava comigo, e a gente teve que esperar. Só que assim, a espera era no meio da mata, né, eles deixaram a gente numa ponte que um outro guia vinha buscar a gente pra andar com a gente. Só que na hora que eu tava esperando, o guia que tirou a gente da água, virou e falou “Olha, fiquem aqui e coloquem as pernas pra cima, não deixem as pernas pra baixo, porque a queixada por vir e ver vocês”.
Foster: Que que é uma queixada?
Alexia: Ele é um tipo de porco, assim, mas porco tudo bem, porco tá tudo certo, e ele “Não não, não é um porco normal, ele...”.
Foster: Ele é um wild boar tipo de porco que te mata, né?
Alexia: Sim, ele vai no seu calcanhar, ele bate com o queixo no seu calcanhar, te derruba, e aí te mata.
Foster: Caraca.
Alexia: E também, enfim, é o pantanal. A gente tava no meio do pantanal, a gente tem que ir na hora que você topa fazer um passeio desse você tem que...
Foster: Mas, você não morreu? Só pra deixar bem claro, você está aqui comigo.
Alexia: Não, não sofri nada. Vi onça perto de mim, vi cobra perto de mim, a queixada eu não vi, mas vi também cachorro do mato, que tem muito, muito, que são aqueles cachorros super perigosos, né.
Foster: Sim, sim.
Alexia: Mas assim, gente, sinceramente é um lugar incrível. Você pode fazer cavalgada também, dentro das fazendas.
Foster: Sim, você me falou várias vezes que é o lugar mais lindo que você já foi.
Alexia: É, e aí deixa eu só contar mais duas coisas, eu prometo que vou ser rápida. Não, três coisas.
Foster: Tá, exatamente.
Alexia: A outra coisa que tem um lugar que se chama Gruta das Araras, que é uma gruta enorme com um lago lá embaixo que ninguém pode descer, ninguém consegue descer, e que moram dois jacarés lá. E a gruta tem árvores envolta, que onde mora quase todas as araras de Bonito. Então quando você vai visitar, o guia, não solta um barulho, mas faz algum sinal, e aí as araras começam a voar em torno de você. São mais de duas mil araras voando em torno de você.
Foster: Arara é um ave nacional, né?
Alexia: É a ave nacional.
Foster: A ave nacional, ah.
Alexia: A segunda coisa que você pode fazer é rafting.
Foster: Rafting, que em inglês seria rafting!
Alexia: Sim, mas a gente tá falando de português.
Foster: Uma palavra que os brasileiros roubaram da gente, rafting.
Alexia: E é muito legal, porque você vai naqueles botes com quinze pessoas. E o guia sempre vai te assustar falando “Ha a gente vai descer uma cachoeira agora de nove metros” daí você já fica morrendo de medo, né, achando “Meu Deus, esse barco vai virar, o bote vai virar, o que que vai acontecer?” Só que aí quando você desce, é nove metros de largura, e não de altura. É muito divertido. Sim, eu morri de medo. E a terceira e última coisa, prometo, é o lugar que onde eu comi o melhor peixe da minha vida. Porque tudo lá é dos peixes locais mesmo.
Foster: É, fresquinho.
Alexia: E, e assim, não é um lugar barato de ir. Cada passeio custa em torno de, tipo de 85 reais a 200 reais cada passeio, então se você for fazer cinco passeios se prepare pra gastar uma boa grana.
Foster: É, mas a gente tá falando sobre real né, não de dólar, então não é uma coisa ridícula para o que você está recebendo, né?
Alexia: É, enfim. E você vai estar ajudando a comunidade local que vive disso, né, eles realmente só vivem disso.
Foster: Exatamente.
Alexia: Enfim, você pode ficar em hostel ou num hotel cinco estrelas, que assim, é uma reserva natural que eles fizeram lá, mas acho muito mais legal ficar em hostel e aproveitar a cidade, do que ficar dentro de um hotel cinco estrelas que você quase não sai de lá.
Foster: Então Alexia, eu acho que você deixou alguns de nossos ouvintes sem nenhuma vontade para ir pra Bonito, porque parece muito perigoso, mas...
Alexia: Não, eles vão ter vontade quando eles olharem as fotos. Porque não adianta eu falar “Ha é uma das águas mais lindas que eu já vi na minha vida” Ok, eles vão falar “Já vi uma água maravilhosa em Cancun”. Não gente. Olhem as fotos, entendam o que que a gente ta falando.
Foster: Exatamente. Então Alexia, mais uma história, mais alguma coisa sobre Bonito? Mais alguma história de morte?
Alexia: Para com isso!
Foster: Talvez num episódio futuramente a gente vai falar mais sobre Alexia quase morrendo com queixadas na floresta.
Alexia: Seriema.
Foster: Tá bom Alexia, mais alguma coisa?
Alexia: Não, tudo certo.
Foster: Tá bom então, até já já.
Alexia: Até já. Tchau!
Foster: Tchau!