Listen on:
Alexia: Oi, oi, pessoal. Bem-vindos a mais um episĂłdio aqui do Carioca Connection. Estamos muito felizes em ter vocĂȘs por aqui de novo, nĂ© Foster?
Foster: Sim, claro que estamos. Tudo bem, gente?
Alexia: Tudo bem comigo. Eu acho que estĂĄ tudo bem com vocĂȘ.
Foster: TĂĄ tudo.
Alexia: Ătimo. E hoje a gente vai falar sobre uma coisa que eu imagino que muitos de vocĂȘs tem medo.
Foster: Tem medo de que?
Alexia: Medo do palco.
Foster: Medo do palco.
Alexia: EntĂŁo vamos aos poucos. âPalcoâ Ă© âstageâ, nĂ©?
Foster: Sim.
Alexia: SĂł que a gente nĂŁo estĂĄ falando necessariamente sĂł sobre o palco em si. A gente estĂĄ falando sobre medo de fazer uma apresentação para muitas pessoas. Medo de se apresentar em pĂșblico, independentemente do que seja.
Foster: Uhun. Tem uma forma mais fĂĄcil de falar âse apresentar em pĂșblicoâ?
Alexia: NĂŁo.
Foster: NĂŁo? Ă isso? Public speaking.
Alexia: Eu acho que sim. Ă, sim.
Foster: TĂĄ. EntĂŁo pode ser qualquer coisa, nĂŁo precisa ser uma performance num palco com um pĂșblico enorme.
Alexia: NĂŁo. Pode ser para duas pessoas ou para mil pessoas, aquilo que realmente te faz ficar ansioso ao falar em pĂșblico.
Foster: Sim. AtĂ© pode ser a ansiedade que vocĂȘ sente antes de fazer uma aula de portuguĂȘs, por exemplo.
Alexia: Sim, sim, com certeza. E a nossa ideia de fazer esse episĂłdio de hoje sobre esse assunto especĂfico Ă© porque ontem eu, especificamente, e o Foster um pouco tambĂ©m, nĂłs gravamos com uma colega de profissĂŁo para o nosso outro podcast que Ă© o InglĂȘs Nu e Cru RĂĄdio. EntĂŁo acho que vocĂȘs jĂĄ sabem um pouquinho disso aqui. NĂłs temos tanto o Carioca Connection quanto o InglĂȘs Nu e Cru RĂĄdio. O InglĂȘs Nu e Cru RĂĄdio ensina inglĂȘs para os brasileiros e o Carioca Connection vocĂȘs jĂĄ sabem o que Ă©.
Foster: Sim, Ă© basicamente a mesma coisa, mas ao contrĂĄrio.
Alexia: Sim.
Foster: Que a gente estĂĄ falando em inglĂȘsâŠ
Alexia: NĂŁo âao contrĂĄrioâ, o oposto.
Foster: O oposto, exatamente. E a gente estĂĄ ensinando inglĂȘs para brasileiros.
Alexia: Sim. SĂł que nĂłs convidamos entĂŁo a Carina para fazer parte do nosso e ela convidou a gente para fazer parte do dela.
Foster: Quem Ă© Carina?
Alexia: Carina Fragozo que Ă© do English in Brazil.
Foster: Que Ă©?
Alexia: Como assim?
Foster: Que Ă© uma canalâŠ
Alexia: âĂ um canal.â
Foster: Ă um canal de YouTube super famoso.
Alexia: Exato.
Foster: E tem milhÔes de seguidores. Então quer dizer, pra gente, foi uma coisa importante.
Alexia: Sim, sim. E por mais que a gente estivesse falando com uma colega de profissĂŁo sobre assuntos que a gente sabe falar, tem opiniĂ”es formadas sobre, gosta de discutir com outras pessoas sobre, eu tive muita vergonha, eu fiquei com muito nervoso, porque ela estava gravando em vĂdeo, e eu pensei assim, âGente, eu vou aparecer para 1 milhĂŁo de pessoas.â
Foster: Ă, sĂł para explicar, a gente estava gravando um podcast com ela, ela participou do nosso podcast, mas tambĂ©m, ela convidou a gente para participar do podcast dela, que tambĂ©m Ă© com vĂdeo e existe no YouTube.
Alexia: Sim.
Foster: EntĂŁo milhares de pessoas iam ver a genteâŠ
Alexia: VĂŁo ver a gente.
Foster: VĂŁo ver a gente, nossas caras de nervoso.
Alexia: Sim. EntĂŁo dĂĄ pra ver, vai dar pra ver visivelmente como eu estava nervosa nos primeiros 5 ou 10 minutos, e depois eu me soltei. Enfim, entĂŁo a gente teve a ideia de falar um pouco sobre o medo do palco, o medo de falar em pĂșblico e algumas tĂĄticas ou estratĂ©gias de melhorar isso, porque eu imagino que isso aconteça tambĂ©m como acontece comigo quando vocĂȘ estĂĄ se apresentando a primeira vez para alguĂ©m em portuguĂȘs, inglĂȘs, uma segunda lĂngua, e vocĂȘ nĂŁo sabe muito bem como fazer.
Foster: Ă, seria Ăłtimo. EntĂŁo pode explicar um pouco, Alexia, qual Ă© sua ideia. Por exemplo, ontem, vocĂȘ fez alguma coisa antes da entrevista para preparar?
Alexia: Não, infelizmente não. Foi aà meu erro. Então, só um pouco de background. Os meus queridos pais, eles resolveram, quando eu era mais jovem, me colocar em aulas de teatro, porque eu jå dançava, né? Jå fazia balé, jazz e etc. Então a parte da dança, eu jå sabia de letra, era muito fåcil para mim.
Foster: Uhun, paradinha. Sabia de letra?
Alexia: De cĂłr e salteado.
Foster: VocĂȘ pode explicar essas trĂȘs frases, por favor?
Alexia: Duas, na verdade. Sabia âde letraâ e âde cĂłr e salteado.â
Foster: De cĂłr e salteado?
Alexia: âDe cĂłr e salteadoâ is âby heart.â When you know something by heart. De cĂłr.
Foster: Sim.
Alexia: E âsalteadoâ Ă© quando vocĂȘ consegue pular as coisas, saltear. EntĂŁo quando vocĂȘ fala, âEu isso de cĂłr e salteadoâ ou seja, there is no way that I wonât know how to do that.
Foster: Entendi. NĂŁo, eu jĂĄ sabia âde cĂłrâ, e a gente estĂĄ falando sobre decorar algo ou memorizar.
Alexia: Isso.
Foster: EntĂŁo eu sei âde cĂłr.â
Alexia: âDe corâ sĂŁo duas palavras. EntĂŁo âde.â
Foster: De.
Alexia: CĂłr. C-Ă-R. De cĂłr.
Foster: âCĂłrâ tem acento?
Alexia: Nesse caso, sim. CĂłr.
Foster: Ă?
Alexia: NĂŁo Ă© âcor.â Entendeu? âCorâ Ă© uma coisa, entĂŁo a cor verde, a cor branca, a cor vermelha. E âsaber de cĂłrâ Ă© outra.
Foster: Nossa Senhora! Eu sempre pensava que era um pouco esquisito, porque eu estava pensandoâŠ
Alexia: âEu sempre pensei.â
Foster: Eu sempre pensei que foi esquisito?
Alexia: âQue era.â
Foster: Eu sempre pensei que era esquisito porque, na minha cabeça, a tradução era, âI know something by heart.â Mas em portuguĂȘs, âI know something by colorâ. Mas aparentemente nĂŁo tem nada a ver.
Alexia: NĂŁo. Eu sei, alguma coisa âde corâ nĂŁo existe, Ă© âde cĂłr.â
Foster: De cĂłr.
Alexia: Isso. De cĂłr e salteado.
Foster: Bom, eu aprendi algo hoje.
Alexia: Sim. EntĂŁoâŠ
Foster: E tambĂ©m, desculpa, âde letraâ Ă© a mesma coisa?
Alexia: Quando vocĂȘ decora uma coisa, Ă© mais ou menos nesse sentido.
Foster: Entendi.
Alexia: Entendeu? E tambĂ©m tem âgol de letra.â Enfim, aĂ eu vou entrar⊠AĂ Ă© muita coisa para falar, mas eu acho que as pessoas jĂĄ entenderam. EntĂŁo os meus queridos pais me colocaram numa aula de teatro, no teatro Tablado no Rio de Janeiro, que tinha pĂłs horĂĄrio de colĂ©gio, etc. A gente podia fazer isso durante a tarde.
Foster: Tablado?
Alexia: Ă.
Foster: Quer dizer o quĂȘ?
Alexia: Um tablado Ă© um mini palco.
Foster: Ah, entendi.
Alexia: Mas Ă© o nome dessa escola de teatro.
Foster: TĂĄ bom.
Alexia: Enfim. E foi um desastre.
Foster: Por que?
Alexia: Porque eu não gostava de falar na frente das pessoas. Eu não conseguia decorar texto e, ao mesmo tempo, mostrar as minhas expressÔes, e eu achava aquilo tudo fake, porque eu tinha que forçar certas emoçÔes as quais eu não concordava com o texto.
Foster: VocĂȘ era uma criança tĂmida?
Alexia: Para palco, falar no palco, sim. Agora, me colocava na coxia para falar com as outras pessoas, no side do palco, sabe?
coxia - green room
Foster: Uhun.
Alexia: Que Ă© uma coxia, eu era super de boa. Agora, meio do palco, nĂŁo existia isso para mim.
Foster: Entendi.
Alexia: E aà era a apresentação de final de ano, o professor me deu um papel, uma personagem, que não tinha fala nenhuma. Então ou eu dançava que, enfim, tudo bem. Ou eu era só como se fosse uma figurante, um extra que não falava nada.
Foster: Personagem muda.
Alexia: Ă, eu nĂŁo falava nada mesmo, entĂŁo eu me dei super bem, super de boa.
Foster: E um jeito de evitar o medo de falar em pĂșblico Ă© nĂŁo falar mesmo.
Alexia: Sim. AĂ, nĂŁo satisfeitos com isso, na faculdade tinha uma aula extra de improvisação. EntĂŁo a gente fazia aulas de improvisação. E tambĂ©m foi outro desastre, porque eu nĂŁo sei fazer coisas sob pressĂŁo, de jeito nenhum.
Foster: VocĂȘ quer explicar um pouco mais sobre as suas dificuldades de, por exemplo, na hora, se vocĂȘ precisa responder algo rĂĄpido, a Alexia congela.
Alexia: Eu congelo. E eu posso saber a resposta, eu sei exatamente sobre aquilo que estĂĄ acontecendo, mas me dĂĄ um branco.
Foster: Ă.
Alexia: Não existe pra mim. Então aula de improvisação, era eu rindo das outras pessoas que eram muito boas.
Foster: Uhun.
Alexia: E na minha hora, eu olhava para a cara do professor e falava, âEu nĂŁo quero, eu nĂŁo consigo.â Eu realmente ficava paralisada, sabe?
Foster: VocĂȘ estĂĄ falando sobre aulas de comĂ©dia, nĂ©?
Alexia: Improvisação.
Foster: Ă, mas improv.
Alexia: Não necessariamente pode ser comédia.
Foster: Ă, pode ser sĂ©ria tambĂ©m.
Alexia: Sim.
Foster: TĂĄ.
Alexia: EntĂŁo foi isso assim, minhas duas tentativas de melhorar com public speech, digamos assim, com falar com o pĂșblico.
Foster: Uhun.
Alexia: Mas nada disso adiantou, eu continuei com muita vergonha, muita insegurança de falar com as pessoas em pĂșblico numa apresentação. Eu nĂŁo tenho problema em falar com as pessoas em eventos sociais, mas se me colocar como a Ășnica no meio de todo mundoâŠ
Foster: Uhun.
Alexia: Aà eu tenho um problema. Eu não gosto de ser o centro das atençÔes.
Foster: Eu entendi. Existe uma palavra em portuguĂȘs para spotlight?
Alexia: Centro das atençÔes.
Foster: Ă isso?
Alexia: EntĂŁo, colocar uma luz sĂł para vocĂȘ, como se fosse na delegacia, aĂ vem aquela luzâŠ
Foster: Exatamente.
Alexia: Na verdade, Ă© isso, Ă© ser o centro das atençÔes. Ă quando a luz sĂł estĂĄ em cima de vocĂȘ.
Foster: Bom. Obrigado por compartilhar todas essas histĂłrias.
Alexia: Na hora de cantar parabĂ©ns Ă© um horror tambĂ©m, todo mundo fica me olhando e eu fico âĂȘĂȘĂȘ...â
Foster: Eu tambĂ©m nĂŁo gosto disso, nada disso. Bom, eu acho que a gente deixou bem claro que nĂŁo somos profissionais em falar em pĂșblico, que temos muito medo do palco, mas eu acho que, no prĂłximo episĂłdio, a gente pode tentar dar umas dicas, indicaçÔes, coisas pequenas que nossos ouvintes podem fazer para melhorar a situação, tĂĄ bom?
Alexia: Com certeza.
Foster: Ătimo. Muito obrigado, Alexia. E atĂ© a prĂłxima.
Alexia: Tchau.