Listen on:
Alexia: Oi, oi, pessoal. Bem-vindos a mais um episódio aqui do Carioca Connection. Eu sou a Alexia e eu estou aqui com o nosso Foster. Oi, Foster.
Foster: Oi, Alexia. Tudo bem?
Alexia: Tudo e você?
Foster: Tudo ótimo.
Alexia: Então, como é que está o dia de hoje?
Foster: O dia de hoje é mais um dia bom.
Alexia: É mais um dia bom?
Foster: Eu estou tentando ser mais otimista.
Alexia: Uhun.
Foster: Porque o mundo está em chamas. Eu posso falar isso?
Alexia: Pode.
Foster: Com a pandemia, com a política. Então, também eu sou uma pessoa cínica…
Alexia: E com vulcão também, né? Que explodiu, ficou ativo nas Ilhas Canárias também.
Foster: Não estou vendo…
Alexia: Chamas?
Foster: Muitas notícias.
Alexia: Não. Já acabou. Mas de qualquer forma, o mundo estava em chamas mesmo.
Foster: Ah, você está fazendo a ligação com chamas e o fogo do vulcão...
Alexia: Exato.
Foster: Na Espanha. Uau. Então, como você está, Alexia?
Alexia: Eu tô bem. É um dia lindo aqui em Portugal, diretamente do Porto, cidade o Porto, tudo muito bem.
Foster: Ótimo. Então hoje vamos continuar nossa conversa sobre o blackout que aconteceu, se não me engano, no dia 6 de outubro.
Alexia: Sim. Segunda-feira.
Foster: E a gente já gravou um episódio inteiro sobre isso. Então, se você está escutando pela primeira vez, talvez faça sentido começar com o último episódio.
Alexia: Com certeza, sim.
Foster: Tá.
Alexia: Eu to pensando, não foi dia 6.
Foster: Acho que foi.
Alexia: Foi?
Foster: Uhun.
Alexia: Hoje é dia 8, hoje é sexta. Então…
Foster: No dia 3, talvez.
Alexia: É.
Foster: Eu não lembro. Mas enfim, Alexia, eu queria falar com um pouco mais... Um pouco mais profundo sobre o assunto, porque...
Alexia: “Eu queria falar de uma forma mais profunda.” Ou, “Eu queria ir no assunto de uma forma mais ampla.” Ou então uma coisa assim.
Foster: Tá bom. Eu ia falar, “eu queria falar com um pouco mais profundidade,” mas daí eu achei que isso é um pouco demais.
Ficaria mais natural o Foster ter dito "eu queria falar com um pouco mais de profundidade."
Alexia: Não, tá certo.
Foster: Tá bem. Enfim, eu queria falar mais sobre o assunto, porque eu acho interessante e a nossa dependência nessas tecnologias é assustador.
Alexia: É assustadora, sim.
Foster: É assustadora.
Alexia: Sim. Só um side note aqui, um comentário. De todas as pessoas que eu conheço, a única que não ficou nem um pouco preocupada foi o Foster. Quando teve o blackout das redes sociais, assim, super tranquilo, de boa, a vida continuou, porque ele é uma das únicas pessoas que eu realmente conheço que não entra no Instagram, não entra no Facebook e só usa o WhatsApp por causa de mim. É isso.
Foster: Não, hoje em dia eu uso o WhatsApp bastante, porque quando eu estou aqui em Portugal, e a maioria da minha família e meus amigos estão nos Estados Unidos, o WhatsApp ajuda. Mas sim, foi um dia mais ou menos normal pra mim.
Alexia: Sim. Eu acho que, em geral, todos nós somos muito dependentes das redes sociais, né? E não foi uma coisa divertida de ter ficado 6 horas sem ter acesso aos seus principais canais de comunicação.
Foster: É. Mas no caso, a gente está falando sobre uma empresa só, que é o Facebook, que também tem o WhatsApp e o Instagram, e o Messenger.
Alexia: Sim.
Foster: Então, para mim, daí fica complicado que, sei lá, isso parece muito poder nas mãos de um homem só.
poder - power
Alexia: Sim.
Foster: No caso, o Mark Zuckerberg, que ainda é um menino.
Alexia: E é muito engraçado, porque, na primeira hora que caiu, tudo quieto no meu celular. Na segunda hora, a quantidade de gente que começou a entrar no Telegram e eu comecei a receber mensagem dizendo, “Fulano acabou de entrar no Telegram, agora vocês já podem mandar mensagem um pro outro.” Foi surreal, foram assim, umas quinze pessoas entrando no Telegram. E…
Foster: Pode explicar quem é ‘fulano’?
Alexia: ‘Fulano’ é John Doe.
Foster: John Doe. E ‘fulana’ seria Jane Doe.
Alexia: Yeah.
Foster: É uma pessoa desconhecida.
Alexia: É um anônimo, exato. Então assim, muita gente começou a entrar no Telegram, porque, vamos explicar por trás disso tudo… A maior parte dos meus amigos, dos brasileiros não tem iPhone. Tem um smartphone, mas não tem um iPhone.
Foster: É Android.
Alexia: Exato, tem um Android. Então eles não tem nem a opção de ter iMessage, né? Então eles precisavam arranjar uma outra forma de se comunicar sem ser pelo Whatsapp. Hoje em dia, o WhatsApp é muito usado nas empresas, em tudo, né? A forma como você consegue falar com as pessoas diretamente, resolver os problemas na hora.
Foster: Uhun.
Alexia: Então assim, era um dia normal de trabalho, segunda-feira e ninguém conseguia se comunicar.
Foster: É. O WhatsApp, hoje em dia, é usado como suporte para os clientes.
Alexia: A gente faz isso.
Foster: É. Como é que fala isso?
Alexia: Atendimento ao cliente.
Foster: Atendimento ao cliente.
Alexia: Atendimento ao cliente.
Foster: Atendimento ao cliente.
Alexia: Isso. Isso.
Foster: Sim. Mas Alexia, me explica, porque foi um dia mais ou menos normal pra mim, mas eu sei, no Brasil, foi uma loucura.
Alexia: Foi um caos.
Foster: E explica um pouco melhor, com um pouco mais detalhe porquê.
Alexia: Bom, eu acho que a gente já falou aqui no Carioca Connection a importância das redes sociais para um brasileiro, né? Então você pega essa importância que é, ver o que as outras pessoas estão fazendo no dia a dia, ver o que os seus ídolos, os atores que você mais gosta, os artistas que você mais gosta, os influencers que você mais gosta estão fazendo, estão dando de dica, estão fazendo lives. Ou então, estão vendendo um produto que você quer muito, e você tira isso tudo da pessoa, esse acesso aos outros por 6 horas, é uma coisa muito muito surreal, não é confortável.
Foster: É. Mas eu acho, para mim, pessoalmente, é a parte tipo que eu estava meio rindo. Tipo, “Ah, não pode ficar 6 horas sem ver um influencer, um live no Instagram.”
Alexia: Sim. Mas é muito mais a parte de se sentir parte de uma comunidade, né? De você saber que você pertence a algum lugar. Não estou dizendo que isso seja bom ou mau, mas é como as pessoas se sentem. Eu continuei super tranquila, porque eu tinha meu Tik Tok, que eu amo o Tik Tok. Para mim, se o Tik Tok acabar, aí eu vou sofrer. Instagram já não ligo muito, mas o Tik Tok é a melhor coisa do mundo pra mim.
Foster: Mas eu acho que, o que você falou sobre a importância da comunidade, o brasileiro adora os grupos, WhatsApp Groups, Facebook Groups.
Alexia: Eu amo meus grupos no Facebook. Eu sou a tia dos grupos de Facebook total. Eu só entro no Facebook para ver memórias e para ver meus grupos, é literalmente isso.
Foster: É. Então tem comunidades enormes que dependem desses grupos. E se isso cair…
Alexia: Adeus.
Foster: Adeus.
Alexia: É. Então, é muito difícil, porque assim, eu não concordo com várias coisas que são feitas na internet, ditas na internet, postadas na internet, mas a gente não pode negar que é uma forma de conexão com o resto do mundo.
Foster: É.
Alexia: Então assim, por exemplo, o seu artista preferido, o Chris… O Christian. O Chris também, mas o Christian.
Foster: Uhun.
Alexia: Se ele estivesse fazendo uma live naquele dia e você tivesse se organizado para assistir a live, aquela expectativa, sabe? De ver ele tocando e com as suas músicas preferidas e etc.
Foster: Eu teria ficado chateado, sim.
Alexia: É isso. Agora você bota isso pra um grau muito maior de quem realmente necessita das redes sociais.
Foster: É, eu entendo isso. Mas para mim, eu acho importante pensar na diferença entre a internet e o Facebook só. Porque vamos imaginar que o Facebook e todas as empresas embaixo do Facebook, WhatsApp, Instagram ou Messenger, amanhã todas elas vão sumir. Tem outras opções, não tem?
Alexia: Tem, como as pessoas entraram no Telegram em dois segundos, todo mundo se adapta. Mas eu acho que, o que as pessoas não vão se adaptar, é se não existisse nenhuma dessas opções.
Foster: É.
Alexia: É uma necessidade real e mundial de existir essa conexão pelas redes sociais, independente do nome. Então a gente já teve lá atrás o ICQ, o MSN, o Orkut, aí veio o Facebook.
Foster: Orkut.
Alexia: É.
Foster: Você quer explicar um pouco o que é?
Alexia: A gente já falou sobre isso, não foi?
Foster: Sim. Mas eu sempre me esqueço.
Alexia: O Orkut foi a primeira rede social tipo Facebook, que você tinha os seus amigos, você fazia parte de comunidades também. A comunidade do Orkut, e você podia deixar testimonials para as outras pessoas. Então quem ganhava um testimonial era assim, “Oh, o Foster escreveu um testimonial para a Alexia, meu Deus.” Sabe? Era assim.
Foster: Bom Alexia, eu posso te fazer uma pergunta? E é uma pergunta que eu não tenho uma resposta. Na verdade, eu não pensei muito sobre o assunto. Mas eu sei que tem muitas pessoas que acreditam que o Facebook deve ser dividido em várias empresas para evitar uma… monolopia?
Alexia: Um monopólio.
Foster: Monopólio. Nossa Senhora! Você entendeu o que eu queria dizer?
Alexia: Quando você fala Facebook, você está falando a empresa, né? Você não está falando da rede social Facebook só.
Foster: Não, a empresa que inclui o WhatsApp, o Instagram, Messenger e provavelmente um monte de outros que a gente não sabe.
Alexia: O que eu vejo é o seguinte, eu gosto de concorrência. Eu acho que quem tem concorrência é obrigado a criar produtos melhores e cada vez de maior qualidade. Se não existisse concorrência, seria a mesma coisa sempre. Você não é desafiado a fazer mais nada. Então, por exemplo, Tik Tok entrou e tá desafiando completamente o Instagram. Mas assim, total. E passou o YouTube já também.
Foster: O Tik Tok passou o YouTube?
Alexia: Passou o Youtube?
Foster: O Tik Tok é chinês, não é?
Alexia: É, né?
Foster: É. Acho que é.
Alexia: Então, passou o YouTube no sentido de quanto tempo as pessoas ficam assistindo Tik Tok. Passou o YouTube, para você ter uma noção.
Foster: Nossa.
Alexia: Então assim, o Instagram já levou uma sacudida muito forte do Tik Tok. Não existe hoje em dia pessoas que não tem Tik Tok, que não tem Instagram normalmente, sabe? Todo mundo tem os dois. Não, é sério.
Foster: Existe algumas, né?
Alexia: Eu sei, você é um exemplo.
Foster: Eu, no caso.
Alexia: Mas então, eu concordo, eu acho que tinha que decidir, eu acho que tinha que desfazer esse monopólio mas, ao mesmo tempo, eu gosto muito dessas pessoas que vêm e falam, “Olha, eu posso ser melhor do que vocês três juntos. Eu consigo ter mais coisas do que vocês três juntos.”
Foster: Mas você falou “desfazer o monopólio.”
Alexia: Isso.
Foster: É a frase que eu estava procurando. To break up a monopoly.
Alexia: Isso.
Foster: Que obviamente é um assunto super complicado, que tem a ver com lei, e política e…
Alexia: E também tem isso, né? A empresa é americana, e é uma empresa que lidera mundialmente. Eles…
Foster: Quase a metade do mundo está usando.
Alexia: O que eles conhecem sobre os nigerianos, por exemplo, que usam essas redes sociais muito bem? O que eles conhecem sobre os alemães? O que eles conhecem sobre…? Então assim, eu imagino que muita coisa por trás com os governos de cada país também aconteça. Eles conhecem a partir das parcerias que eles têm para entrar em cada país, né? Tem lugares nos quais essas redes sociais são proibidas de entrar.
Foster: É.
Alexia: Coréia do Norte, por exemplo.
Foster: É. Para mim é difícil de imaginar um mundo sem Facebook.
Alexia: E tem gente que vive assim.
Foster: Mas também, é difícil imaginar um futuro com um Facebook que não tem muitos problemas sempre.
Alexia: É. Eu não sei, a Dark Web é muito dark. Então assim... E a gente tem que tomar muito cuidado com o que a gente posta, com o que a gente lê. A gente tem que ter um filtro muito bom pra tudo e para todos. Não acreditar naquilo de uma vez que está na sua frente. Então, para você ser usuário de rede social, principalmente de um monopólio, você tem que realmente entender o que está nas entrelinhas daquilo. O que significa isso.
Foster: É. Talvez ler um livro de vez em quando seria bom.
Alexia: Sim. Tá bom, Kindle user que tem um Mac e um iPhone.
Foster: É, eu sou contra o Facebook, mas Apple, Amazon…
Alexia: Tá tudo bem.
Foster: Tá tudo bem. É, eu sei que eu sou hipócrita.
Alexia: Não, mas isso só mostra como a gente tem poucas opções de explorar.
Foster: Poucas, mas ao mesmo tempo a gente tem o mundo ao nosso alcance.
Alexia: Sim. É isso.
Foster: Nossa, que filosófico. Eu acho que é um bom lugar para parar hoje.
Alexia: Bom, a gente está no país dos desbravadores, né? Eles descobriram o mundo, então…
Foster: Portugal?
Alexia: Exato.
Foster: Debatível.
Alexia: Não, não é, nem um pouco. Enfim, isso fica pra outro episódio.
Foster: É muito debatível…
Alexia: Vou trazer a Virgínia aqui...
Foster: Tem outro episódio que a gente pode gravar sobre isso depois de estudar muito.
Alexia: Sim.
Foster: Bom, mais alguma coisa, Alexia?
Alexia: Não.
Foster: Então até o próximo episódio.
Alexia: Tchau.