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Alexia: Oi, oi, pessoal. Bem-vindos a mais um episódio aqui do Carioca Connection. Eu sou a Alexia, sua cohost e tentativa de professora de português somehow. E eu to aqui com o nosso Foster.
Foster: Como assim, tentativa de professora de português?
Alexia: Porque o português é uma língua tão rica e com tantas coisas, e com tantas gírias, e com tantas formas de falar que, às vezes, até eu fico perdida com aquilo que eu tenho que ensinar.
Foster: Entendi. Eu gostei da forma que você explicou isso agora, porque todo mundo fala, tipo, “Nossa, como você aprendeu português? Português é uma língua tão difícil.” Eu acho que está errado, não é uma língua tão difícil, mas é uma língua rica.
Alexia: Sim, com muitas variantes, com muitas formas de falar a mesma coisa.
Foster: Pois é.
Alexia: Então eu amo português, amo minha língua, mas é uma língua tricky.
Foster: É complicado, mas todas as línguas do mundo são. E aliás, meu nome é Foster, eu sou americano, tentando aprender, melhorar o meu português. E Alexia, vamos falar sobre o que hoje?
Alexia: Hoje, na verdade, você vai falar mais do que eu sobre um lugar que fica entre Rio e São Paulo, em Angra dos Reis, que se chama Ilha Grande.
Foster: Ilha Grande.
Alexia: Isso. Então ‘ilha’ é ‘island,’ ‘grande’ é ‘big.’ Então Big Island, Ilha Grande.
Foster: Que podemos começar por lá, Ilha Grande. A primeira coisa… Primeiramente, não é muito grande não. Só tem… Eu acho que tem menos de 5 mil habitantes. Então, geograficamente, eu considero grande, mas é uma ilha pequena.
Alexia: Mas você não acha que, para uma ilha, ter 5 mil habitantes está de bom tamanho?
Foster: É de bom tamanho, mas não é grande. O nome pode complicar as coisas um pouco. Mas também, Alexia, eu queria falar sobre a pronúncia dessa ilha porque, pelo menos pra mim, é difícil. Então vamos lá com a primeira palavra, ‘ilha.’
Alexia: Por que você acha difícil?
Foster: Porque ‘ilha,’ primeiramente, tem o som do LH que pode ser muito difícil para os falantes não nativos da língua portuguesa. E também a palavra ‘grande,’ pode ser mais difícil do que imagina.
Alexia: Bom, ‘grande,’ eu com meu sotaque carioca, o ‘de’ no final, é ‘grande, grande.’ Mas sem esse sotaque seria ‘grande,’ certo?
Foster: Então algumas pessoas do nordeste talvez vão falar ‘grande.’ Mas eu acho que o mais difícil, sobretudo, são as pessoas que já aprenderam em espanhol e eles têm a tendência de falar ‘grande.’ Mas o ‘grande’ tem aquele som nasal no meio.
som nasal - nasal sound
Alexia: O ‘gra’ é diferente do espanhol, o final..
Foster: É, não é ‘gran,’ é ‘gran.’
Alexia: O final tá perfeito.
Foster: Grande.
Alexia: É, mas o começo é ‘gran.’ Eu tô tentando alguma palavra em inglês pra poder…
Foster: Não, ‘grand’...
Alexia: Grandma. Tô tentando...
Foster: Não, é um som que realmente não existe em inglês. Eu acho que não existe, mas para finalizar esse ponto, não é ‘grande,’ é ‘grande.’
Alexia: Grande.
Foster: Tá? Vogais nasais.
Alexia: Sim.
Foster: Também ‘ilha.’ Fala, Alexia.
Alexia: Ilha.
Foster: Ilha.
Alexia: Ilha.
Foster: Essa palavra sempre me dá problemas.
Alexia: Mas você fala perfeitamente, acho que tá na sua cabeça a antecipação de, “Meu Deus, tem um LH, será que eu vou errar?” E não, ‘ilha.’
Foster: Hoje em dia, depois de falar português por quase 6 anos, eu posso mais ou menos acertar a palavra a maioria das vezes. Isso não quer dizer que não é difícil, porque é muito difícil. Enfim, Ilha Grande.
Alexia: Ilha Grande.
Foster: Perfeito. Eu queria falar sobre Ilha Grande, porque é um lugar super bonito, eu só fui lá uma vez.
Alexia: Eu nunca fui.
Foster: Que eu acho ridículo.
Alexia: Eu acho muito estranho eu também nunca ter ido, vou ser muito sincera.
Foster: Mas gente, é uma ilha e quando você está imaginando, tipo, o Brasil tropical com as melhores praias do mundo, Ilha Grande é isso, é isso mesmo. É muito muito bonito. Tem um pouco de tudo, tem montanha, tem trilhas, tem praias super bonitas.
Alexia: Tem uma que é super famosa, né? Que é a Praia de Lopes Mendes.
Foster: Sim, a Praia de Lopes Mendes, eu acho que sempre fica, tipo, nas 10 melhores praias do mundo.
Alexia: Eu não sei disso também não, mas eu sei que o pessoal que eu conheço gostava de ir pra Praia de Lopes Mendes pra acampar e era onde tinha tipo uns eventos naturebas, com um pessoal hippie.
Foster: Naturebas?
Alexia: Natureba.
Foster: O que é isso?
Alexia: All about nature…
Foster: Tem a ver com natureza.
Alexia: Vegetarianos, veganos e tal. Não necessariamente, mas é o pessoal mais ligado à natureza. Assim, eu sou ligada à natureza, mas eles são extremamente ligados.
Foster: Entendi.
Alexia: É como se fosse, assim, um Woodstock na praia.
Foster: Bom, quando eu fui em 2015, eu acho, não tinha nada disso.
Alexia: 2015 você me conheceu.
Foster: Então antes disso, em 2013-14. Nossa, não lembro, somos velhos. Mas eu lembro que a Praia de Lopes Mendes estava lá na lista, então eu falei, “Eu preciso visitar.” Mas, na verdade, todas as praias são super lindas.
Alexia: E pra você chegar, você precisa pegar um barco, né? É tipo um ferry ou é um barquinho de pescador mesmo?
Foster: Não, foi um barco não de pescador, mas tipo, um ski boat. Não foi a coisa mais segura do mundo, mas eu senti confortável, digamos.
Alexia: E lá na praia, por exemplo, pra vocês dormirem lá, como é que é? Tem hotel? Tem pousada?
Foster: Tem.
Alexia: Casa de pescador?
Foster: Tem uma vila, digamos, uma aldeia que, se não me engano, se chama Vila de Abraão.
Alexia: Abraão.
Foster: Abraão. Que é uma cidadezinha que tem coisas, tem hotel, tem pousada. Mas, para te dar uma ideia, eu fui lá durante a semana e ao mesmo tempo eu estava trabalhando para uma empresa e não falei pro meu chefe que eu ia viajar, porque meu plano era trabalhar de lá. E quando eu cheguei lá, toda a luz da cidade inteira…
Alexia: Acaba às 9 da noite, uma coisa assim.
Foster: Não, acabou, tipo, não tinha eletricidade por, sei lá, 24 horas. Então eu tinha que admitir pro meu chefe quando eu voltei, tipo, “Desculpa, eu estava em Ilha Grande.” Mas ele foi um chefe super legal. Ele falou, “Ah, Ilha Grande é muito bonita mesmo.”
Alexia: É porque essa região de Angra, de Paraty, ela preza muito pela natureza, né? Então tem lugares ali que tudo, a ilha ou então a cidade inteira, eles desligam as luzes a partir das 9h da noite, eu pensei que tinha sido a mesma coisa. Mas na verdade não, provavelmente caiu a luz, acabou a eletricidade, acabou a luz pela quantidade de pessoas na ilha, pelo super uso da eletricidade em si.
Foster: Sim, pode ser. Não sei porque caiu a luz, mas é uma boa mistura entre… É uma ilha meio selvagem, mas ao mesmo tempo tem coisas, tem vários restaurantes, sempre tem pessoas lá. Tem os habitantes da ilha e também tem turistas. Então é uma boa combinação de… É uma experiência autêntica, mas também não é totalmente na natureza maluca assim.
Alexia: Sim, sim. Agora, a ilha em si tem muita história pra contar.
Foster: Tem muita história que eu não sei se eu posso contar corretamente, mas eu acho, tipo, no século 18, o governo mandou todas as pessoas com lepra...
Alexia: Uhun.
Foster: É assim que fala?
Alexia: Sim.
Foster: Leprosy. Mandaram todas as pessoas doentes pra ilha, pra não…
Alexia: Contaminarem os outros.
Foster: É, que eu acho… Bom, obviamente é problemático.
Alexia: Imagina hoje em dia com o Covid. É só você botar a mesma coisa pra hoje em dia, mandar todo mundo pra uma ilha, que estiver contaminado.
Foster: Não fala isso. Talvez o Bolsonaro vai escutar e vai mandar todo mundo pra lá. Mas depois disso virou uma cadeia, uma prisão. Mas tipo, o máximo de segurança no país inteiro.
Alexia: Tipo Alcatraz.
Foster: Exatamente, exatamente. E como se chama a comanda vermelha?
Alexia: Comando Vermelho.
Foster: Comando Vermelho que é o gangue mais perigoso do Rio de Janeiro. Todos eles foram...
Alexia: A gente não fala ‘gangue,’ a gente fala ‘facção criminosa.’
Foster: Facção criminosa é a palavra que eu…
Alexia: Gangue é outra história. Você está lá em Nova Iorque, no meio do Brooklyn e assim vai. Isso em 1900 e sei lá quando, mas...
Foster: É, então… Como se chama? Uma facção.
Alexia: Facção criminosa.
Foster: Facção criminosa. Quase todos eles foram mandados pra lá. Alguns escaparam. É uma história maluca e se vocês quiserem aprender mais sobre essa história, eu recomendo um livro que se chama Dancing with the Devil in the City of God, que o livro é incrível, eu estava dizendo para você outro dia que eu preciso ler de novo. Se não me engano, tem vários capítulos só sobre essa história, e está em inglês também.
Alexia: Sim, sim. É, eu tenho que ir pra Ilha Grande, eu nunca fui. Eu tenho amigos que são completamente apaixonados pela Ilha Grande, que iam muito, que todo verão iam pra lá pra acampar, pra ficarem por lá e etc. Mas eu sempre fui uma menina mais de Paraty, que fica ali do lado, então…
Foster: É. Paraty é um pouco mais turístico, um pouco mais fácil de viajar.
Alexia: É.
Foster: Mas os dois, Paraty e Ilha Grande, se não me engano, ano passado… Não, 2019, eles foram nominados a ser um UNESCO World Heritage site.
Alexia: Patrimônio da UNESCO.
Foster: Exatamente.
Alexia: Né? É isso.
Foster: Sim. Então…
Alexia: Aliás, o Porto é, eu acho.
Foster: É, então talvez hoje em dia é uma coisa um pouco mais comum, um pouco mais banal. Mas enfim, super vale a pena visitar Ilha Grande. Alexia, mais uma pergunta sobre?
Alexia: Não, não…
Foster: Você vai visitar?
Alexia: Eu estava pensando, tipo, lepra passou por lá, depois uma prisão de segurança máxima. Como é que está a prisão hoje em dia? Onde é que essas pessoas com lepra ficaram? Ficaram num hospital que depois virou prisão? Eu tô curiosa pra ler mais sobre, entendeu? Então quando a gente terminar aqui, eu vou entrar no Google e vou ler mais.
Foster: É. Provavelmente teria sido bom fazer isso antes do episódio.
Alexia: Eu to deixando a curiosidade no ar.
Foster: Ótimo. Então, se você não tiver mais uma pergunta, eu acho que é um bom lugar pra gente parar hoje. E até o próximo episódio.
Alexia: Tchau.
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