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Alexia: Olá pessoal, bem vindo à mais um episódio do Carioca Connection. Hoje a gente vai conversar com a Christina Lorimer, ela é americana e que fala português fluentemente, então achei que seria uma ótima convidada pra bater um papo comigo sobre a vida dela, como é que ela começou com a essa vida de professora de inglês que ela faz hoje em dia. Enfim, espero que vocês gostem, eu não vou falar muito pra não dar muito spoiler. Então, let’s go with the episode.
Alexia: Agora, um assunto que eu acho que interessa nós duas muito, a dança. A dança, eu vi um vídeo seu, eu não sei com quem agora, eu esqueci, mas enfim, que você falou que a dança te ajudou muito no processo de aprendizado de língua.
Christina: Hmmm.
Alexia: No meu caso, ajudou no seguinte, por exemplo, eu dancei Balé desde 2 anos de idade, parei já há um tempo porque não dá pra fazer tudo nessa vida né, não tem como.
Christina: Não dá.
Alexia: Infelizmente, mas a dança ela me ajudou no sentido de fazer um roteiro né, porque você tinha que fazer coreografia pra se apresentar.
Christina: Sim.
Alexia: E então você entrega o produto final pras pessoas na apresentação. Comigo eu sempre faço um roteiro quando eu tenho uma experiência nova, em inglês.
Christina: Claro.
Alexia: Então, isso me ajudou muito muito muito principalmente quando eu fui conhecer os pais do Foster pela primeira vez.
Christina: É.
Alexia: Quando eu tenho que conhecer algum amigo dele que é muito importante pra ele, então sempre falo assim, “como é que eu me vejo nessa situação?”
Christina: É, a coreografia principalmente né, que eu trabalhei com coreografia desde 12 anos de idade até que basicamente que terminei o highschool, porque eu tava fazendo coreografia para teatro musical e também para os diferentes coros lá no nosso highschool porque minha mãe era direto do coral. Enfim, a coisa com coreografia é o seguinte, eu não anotava coisas da coreografia, eu não era uma dessas pessoas que… Às vezes eu desenhava bastante coisas né, as formações e tal dos grupos, mas eu não anotava passos, nada assim, tava tudo dentro da minha cabeça. Então desde muito pequena eu treinei a visualização e até hoje é uma das coisas que eu acho mais importante quando você tá aprendendo um novo idioma, porque você precisa poder visualizar você naquela situação e sim, treinar os passos. Que uma conversação, uma conversa tem passos, é uma dança, o que a gente está fazendo aqui é uma dança, eu tenho que escutar você, tem um ritmo que a gente tá levando aqui, então é muito musical, língua é muito musical, né?
Alexia: Exatamente.
Christina: Aí é essa coisa de visualização e a preparação igual que você falou, eu falo certinho para todos os meus alunos fazer a mesma coisa que em tudo Alexia, mas as pessoas querem falar inglês como uma coisa, querem que seja muito natural, muito automático, eles acham que se você tem que ser esforçar é porque você tá** burro, ou porque você não consegue, eu falei “meu Deus do céu.”
Alexia: É o oposto.
Christina: É o oposto, eu to falando português há uns 5, 6 anos e eu ainda pesquiso coisas o dia todo, eu olho exemplos o dia todo, eu faço roteiro também para coisa difícil quando é uma nova conversa, né? Ou sobretudo uma conversa que é muito importante para novas situações
Alexia: Sim.
Christina: Então, você tem que fazer isso, você tem que preparar. Eu li uma coisa uma vez, ah eu sei, era um podcast de Tim Ferris, que ele tava fazendo acho que com James Fox.
Alexia: Uhun.
Christina: Eu acho que foi esse, mas enfim. Aí eles estavam conversando sobre stand-up, não, não era James Fox, era outro, mas enfim, tava conversando sobre stand-up e ele tava conversando com alguém, um ator que falou como que ele prepara para** tipo uns 8 dias, prepara por muito tempo antes de fazer um podcast. E isso são duas histórias separadas, um que tem a ver com stand-up, outro que tem a ver com esse cara. O podcast de Tim Ferris era com, eu acho que Martin Short que é um comediante também, que ele antes de uma entrevista, ele prepara um monte, mas um monte, 8 dias seguidos, o dia todo, ele prepara para as entrevistas, e ele é super mega famoso ainda, mas porque ele sabe que esse é um momento importante que tem que preparar e está na língua dele né, na língua nativa. E também tem situações de stand-up, onde que eles treina** os jokes deles…
Alexia: Uhun.
Christina: As piadas, um milhão** vezes para medir a reação do** audiência né?
Alexia: Exatamente.
Christina: Para entender a reação das pessoas e do público. E todo mundo acha que eles vão para o palco, conta uma piada e é muito engraçada pela primeira vez, meu Deus do céu, essa piada tá treinada há 2 anos, 3 anos. É uma coisa que precisa fazer roteiro, precisa treinar, precisa medir a reação do outro para ver se a pessoa entendeu o nosso caso, para ver se a pessoa entendeu, o que que entendeu, o que** palavras que você tem que mudar, que ordem das palavras que deve trocar, será que você consegue inserir uma gíria para que seja mais natural?
Alexia: Sim.
Christina: Mas é trabalhoso, e todo mundo...
Alexia: É muito.
Christina: E todo mundo quer que seja uma coisa muito orgânico**, eu falo, “entende que não vai ser assim, às vezes não por muito tempo.”
Alexia: E eu vejo a necessidade do imediatismo, em tudo. Então assim, é igual quando a gente tá fazendo Instagram né, você quer ter likes, você quer ter comentários e tal, não sei o que, é a mesma coisa com a língua, não.
Christina: É.
Alexia: A língua é um processo. É uma coisa que você vai, gera.
Christina: É, a gente é um reflexo da cultura né?
Alexia: Sim.
Christina: E da cultura que a gente tá vivendo hoje em dia é muito assim. Onde eu vejo isso mais Alexia, na verdade, é na cultura de Youtube né, que as pessoas acham que tipo assim... E às vezes até seja possível para algumas pessoas, mas pela** maioria, precisa de um processo, precisa de um foundation, uma base, precisa de alguma coisa organizada. O luto** hoje em dia não é mais informações, é como que você vai organizar, gerenciar todas as informações.
Alexia: Sim.
Christina: Porque a gente não precisa de mais informação, entendeu?
Alexia: Já tem muito, em todos os lugares.
Christina: As pessoas vão lá pro Youtube faz um binge watching né, de um canal, fica a noite acordada toda e pensam que aprendeu alguma coisa, mas não aprendeu nada.
Alexia: Não.
Christina: Aprendeu nada, porque não processou essas informações, não fez uma reflexão sobre, não colocava** em prática, não tá juntando as diferentes pieces né desse quebra cabeças, então é uma coisa muito doida, as pessoas tá** consumindo muitas informações, mas do jeito errado.
Alexia: E não consegue focar, e não consegue melhorar, não consegue se motivar, não consegue nada porque tem tudo ao mesmo tempo.
Christina: É, e esse aí realmente é o grande luto** hoje em dia. Isso como professora, isso que acho que é meu trabalho principal. Claro, eu crio material didático, eu tenho o maior prazer em fazer isso, obviamente você precisa de alguma coisa para estudar, mas eu não considero o maior** parte do meu trabalho como uma criadora de conteúdo né? Porque todo mundo pode achar um monte de conteúdo hoje em dia, a maior parte é ruim, muito não é de alta qualidade, muitas informações é** erradas, então tem que ter muito cuidado, mas o que as pessoas tá** realmente precisando é um “coach”, é o que eu faço de language coaching também, as pessoas tá** precisando** ajuda com o comportamento né, essa rotina de estudar e como desenvolver esses hábitos que realmente vai levar pessoa a ter um foco né, e ter um pouco de paciência com esse processo para que o processo também seja gostoso.
Alexia: Sim, sim eu acho isso tudo. Agora, hoje em dia, o que que você considera sua maior dificuldade com português, que que você tá lutando contra?
Christina: Hmmm, boa pergunta. Boa pergunta. Eu acho que…
Alexia: Porque eu por exemplo, em inglês.
Christina: Uhun.
Alexia: Eu tenho muita dificuldade, por exemplo com a palavra “something.”
Christina: Hmm.
Alexia: Eu tenho muita dificuldade com essa palavra porque junta dois sons muito difíceis.
Christina: Sim.
Alexia: Né, pra quem fala português, então eu sempre luto com essa palavra e normalmente com esses sons, quando eles estão juntos.
Christina: Sim.
Alexia: Em português você tem alguma coisa?
Christina: Claro, o português tipo, o maior desafio e sempre vai ficar** é gênero né?
Alexia: Uhun.
Christina: Que muitas vezes, ou e você pode ver as vezes meu Instagram Stories, aí eu falo uma palavra e eu troco e eu volto, e eu troco, e eu volto, e eu troco. Tipo, aí eu percebi quando eu comecei gravar vídeo, eu comecei perceber essas coisas mais, por isso que eu comecei falar para meus alunos pra sempre gravar vídeos deles falando em inglês, porque você começa a perceber mais seus erros, e meus erros são muito óbvios para mim né, é principalmente gênero e preposição.
Alexia: Ahh.
Christina: Acho que preposições são terríveis em qualquer idioma né.
Alexia: Insuportáveis.
Christina: É uma das coisas mais difíceis, mas hoje em dia, além da coisa de gênero, porque sempre vai ser um luto** para mim toda vez que eu tenho uma nova palavra e que, claro que tem algumas regrinhas, tem algumas** padrões mas não tantos né?
Alexia: Não.
Christina: Às vezes também você não dá. Eu sempre dou exemplo que por anos eu falava “a chá,” chá” eu falava que era feminina, “a chá” ou “uma chá” né e “o cor .“ Para mim isso são dois exemplos muito claros que não dá para ver que um é masculino que o outro é feminino, não dá.
Alexia: Não.
Christina: Não dá para entender que essas palavras…
Alexia: Igual problema né, “um problema”, não é “uma problema.”
Christina: Mas até daí você tem esse pattern de “ema” né, “o poema, o problema.” Então, mas tem algumas coisas que você pode seguir, mas tem um monte de palavra que não, então gênero sempre vai ser um desafio e sim, pode ser meu maior desafio hoje. E as preposições, a maneira que você junta as palavras, mas eu vou te falar onde que eu mais peço ajuda, porque eu crio muito conteúdo em português e eu tenho uma arma secreta, tenho alguém que trabalha comigo, que se eu to com pressa ele traduz as coisas para mim, e se não to com pressa ele revisa o português que eu escrevi e o conteúdo que criei em português. E o problema principal que eu tenho hoje em dia já que meu português é bem fluente né, é maneiras mais criativas, mais idiomáticas, mais... Eu não gosto quando as pessoas falam “naturais,” porque o que é natural, né? Mais variadas, maneiras mais variadas de dizer a mesma coisa. Por exemplo, meu curso online, eu apresento no começo de cada aula, eu tenho que fazer uma apresentação, mas eu não quero falar o tempo todo “olá, tudo ótimo com você”?
Tipo assim, eu quero variar.
Alexia: Fica uma coisa muito robótica, fica uma coisa muito robótica.
Christina: Eu quero variar, como é que eu vario isso? É aí que eu peço muito ajuda, eu falo assim, esses são os 3 pontos que eu quero falar no começo de cada aula, os 3 no fechamento de cada aula, isso me ajuda a dar uma variada né?
Alexia: Sim.
Christina: E aí a pessoa vem e me ajuda às vezes com expressões idiomáticas, ou algumas gíria ou simplesmente um jeito diferente de dizer a mesma coisa. Isso eu diria, fora das coisas muito típicas que é gênero e proposições, eu diria que esse é meu maior desafio hoje em dia.
Alexia: É, eu também acho que muda muito de região para região, por exemplo, tem expressões só do Rio, expressões só de São Paulo, expressão só do sul.
Christina: É.
Alexia: E aí tem muita coisa pra aprender, até eu.
Christina: É.
Alexia: Às vezes.
Christina: É muito engraçado, muda de acordo de** região, mas muda de acordo também de** cultura e subcultura. Por isso que eu amo línguas, por isso que eu amo aprender e ensinar línguas, porque é muito rica, sabe? Essa aprendizagem é muito rica, tem muito nuance, muita coisa envolvida.
Alexia: Tem, tem. Principalmente português que aí numa próxima vez quando você vier, também pro Carioca Connection, eu já vou estar em Portugal e a gente pode começar a fazer as diferenças maiores.
Christina: Muito legal.
Alexia: Entre Portugal e Brasil.
Christina: Sim.
Alexia: Mas, pra terminar esse episódio.
Christina: Claro.
Alexia: Se você que tiver que escolher um lugar, um lugar do Brasil pras pessoas visitarem, pra onde você mandaria elas? Tirando por exemplo, Rio, BH, São Paulo, sabe?
Christina: Tá, eu tiro, eu tiro, eu tiro. O interior de Minas Gerais, realmente eu acho que no interior de Minas Gerais é muito underestimated, as pessoas não sabem sobre essa região e quando eu morava em São José do Rio Preto, eu fui pra algum lugar, não é Divinópolis, é Delfinópolis.
Alexia: Uhun.
Christina: Então Delfinópolis no interior de Minas Gerais tem uns** 500 cachoeiras.
Alexia: Deve ser lindo.
Christina: A comida é maravilhosa, as pessoas são muito receptivas, para mim é um sonho. Posso falar outro?
Alexia: Eu sempre falo, pode...
Christina: Porque eu acabei de lembrar outro.
Alexia: Pode, fala.
Christina: Praia do Sono no** Paraty.
Alexia: Amo, a gente gravou um episódio inteiro sobre praia do sono já aqui no Carioca Connection.
Christina: Então...
Alexia: Acho que tem dois episódios sobre, é assim o meu lugar preferido.
Christina: Fui lá pra New Year's Eve e foi uma experiência incrível.
Alexia: Não, Praia do Sono em Paraty realmente é um dos melhores lugares da minha vida mesmo.
Christina: É.
Alexia: Mas agora falando sobre Minas Gerais, pra mim, tudo bem que minha família é mineira, eu conheço muitos mineiros e tal, mas pra mim é o melhor povo do Brasil. Eu amo os mineiros, muito, amo a comida mineira, amo os mineiros, amo a forma que eles falam, amo tudo.
Christina: Também.
Alexia: Tudo.
Christina: Também.
Alexia: Christina, muito obrigada por você ter vindo.
Christina: De nada, magina! Muito obrigada, eu que agradeço.
Alexia: Bom a gente vai botar todas as suas informações aqui no show notes, etc.
Christina: Ótimo, otimo.
Alexia: E enfim, e a gente vai se ver, vai se falar de novo.
Christina: Só queria falar pras pessoas que tá** escutando, para as pessoas que tá** aprendendo português, eu to super à disposição. Fico à disposição para poder ajudar com qualquer coisa, pode me escrever um email, pode me enviar um direct lá no Instagram que eu com o maior prazer, eu gosto de conversar também sobre isso, sabe? Então eu não sou somente uma professora de inglês, eu to aqui, eu to à disposição realmente pra ajudar a tirar as dúvidas das pessoas que também tá** aprendendo português.
Alexia: E eu acho que networking é tudo nessa vida, e também essa comunidade de aprendizado de línguas, porque eu gosto de falar que a gente faz parte de uma comunidade.
Christina: Sim.
Alexia: Independente se a pessoa tá aprendendo chinês, japonês, o que for.
Christina: Sim.
Alexia: A gente faz parte de uma comunidade, e quanto mais nós formos juntos, melhor né?
Christina: Melhor. Com certeza. Tá, brigada viu?
Alexia: Muito obrigada!
Christina: Ótimo dia pra vocês.
Alexia: Tchau.
Christina: Beijão , tchau!