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Alexia: OlĂĄ pessoal, bem vindo Ă mais um episĂłdio do Carioca Connection. Hoje a gente vai conversar com a Christina Lorimer, ela Ă© americana e que fala portuguĂȘs fluentemente, entĂŁo achei que seria uma Ăłtima convidada pra bater um papo comigo sobre a vida dela, como Ă© que ela começou com a essa vida de professora de inglĂȘs que ela faz hoje em dia. Enfim, espero que vocĂȘs gostem, eu nĂŁo vou falar muito pra nĂŁo dar muito spoiler. EntĂŁo, letâs go with the episode.
Alexia: Quem Ă© vocĂȘ? Quem Ă© Christina, nĂ©? Como Ă© que vocĂȘ começou a aprender portuguĂȘs, como Ă© que o portuguĂȘs entrou na sua vida, eu jĂĄ assisti um pouco dos seus vĂdeos e sei que muito vem do seu marido, claro.
marido - husband
Christina: NĂŁo.
Alexia: Então⊠Não? Me conta!
Christina: Ă, na verdade, isso Ă© muito engraçado, eu nĂŁo fico com raiva de vocĂȘ porque eu gosto muito de vocĂȘ, mas eu, sim eu fico com raiva que quando as pessoas, tipo assim, âah vocĂȘ fala portuguĂȘs,â eu âsimâ e as pessoas, âah Ă© porque seu marido Ă© brasileiro. Eu falo ânĂŁo meu bem, Ă© o seguinte, eu conheci o meu marido porque eu consegui falar em portuguĂȘs.â EntĂŁo Ă© tipo assim, obviamente desde, eu to casada, a gente tĂĄ junto hĂĄ uns 3 anos, casada para** dois anos. E melhora, e meu portuguĂȘs fica melhorando nĂ©, cada vez mais, porque a nossa primeira lĂngua, nossa lĂngua nativa que todo casal... Eu tava explicando isso para** Foster, minha teoria sobre isso, mas todo casal tambĂ©m tem uma lĂngua nativa deles, nĂ©?
Alexia: Sim.
Christina: E como a gente conheceu em portuguĂȘs, o** nossa lĂngua Ă© portuguĂȘs, nĂ©?
Alexia: E vocĂȘs se conheceram no Brasil ou aĂ?
Christina: A gente conheceu** no Brasil, mas o que aconteceu, eu jĂĄ falava portuguĂȘs quando eu conhecia** ele, e meu portuguĂȘs fica melhor cada vez mais, mas eu nĂŁo, por exemplo, eu nĂŁo aprendi portuguĂȘs para poder comunicar com ele, isso Ă© um⊠Todo mundo pensa isso. Eu, tudo bem, nĂ©?
Alexia: NĂŁo, mas Ă© a mesma coisa com o Foster, todo mundo acha que ele aprendeu portuguĂȘs por causa de mim. E nĂŁo! A gente se conheceu, ele jĂĄ sabia portuguĂȘs, entĂŁo...
Christina: EntĂŁo, Ă© exatamente isso. E Ă© muito engraçado porque eu falo ânĂŁo gente, se eu nĂŁo falasse portuguĂȘsâŠâ
Alexia: Jamais.
Christina: Porque nĂ©, porque ele nĂŁo tava nem pensando sobre aprender portuguĂȘs, ele nĂŁo tava nem aĂ para o inglĂȘs, digo inglĂȘs nĂ©. EntĂŁo eu jamais eu ia ter essa vida aqui nĂ©, jamais eu ia ter conhecido ele. Eu tinha que falar portuguĂȘs para isso acontecer. EntĂŁo, Ă© muito, Ă© muito** ironia quando as pessoas âahh vocĂȘ fala portuguĂȘs porque vocĂȘ⊠O seu marido Ă© brasileiroâ eu falo âahhh dĂĄ todo o crĂ©dito para o outro nĂ©?â
Alexia: Mas a mesma coisa acontece comigo tambĂ©m, nĂŁo sei se acontece com ele. Viram pra mim e falam, ânossa vocĂȘ fala inglĂȘs super bem, Ă© por causa do Foster?â Eu falei, ânĂŁo!â
Alexia: Aqui Ăł. NĂŁo...
Christina: Eu quero começar assim.
Alexia: NĂŁo, eu jĂĄ aprendi, eu faço inglĂȘs desde que eu tinha, sei lĂĄ, 5 anos de idade, sempre foi minha segunda lĂngua, entĂŁo assim, nĂŁo foi por causa dele.
Christina: Ă
Alexia: Com ele melhorou, claro, Ăłbvio.
Christina: Isso Ă© o que eu falo, eu falo Ăłbvio com ele melhorou bastante e mudou meu sotaque bastante, nĂ©? Porque onde eu realmente aprendi portuguĂȘs, melhorei bastante, muito, era** no interior de SĂŁo Paulo, entĂŁo meu sotaque era muito caipira, era tipo muito puxado, entendeu? E aĂ, depois de conhecer ele, ou na verdade depois de conhecer ele eu passei um tempinho, voltei para** Estados Unidos, mas, quando voltei pra** Brasil e a gente morou juntos, eu morei em BH, entĂŁo aĂ meu sotaque, minha gĂria, ficou bem mais mineiro, nĂ©?
Alexia: Sim.
Christina: AĂ meu sotaque hoje em dia eu nĂŁo sei, na verdade Ă© uma mistura de tudo, sotaque Ă© assim nĂ©, sotaque Ă© uma coisa doida, que ninguĂ©m... Tem muita confusĂŁo sobre o que que Ă©, mas sotaque muda, fica mudando, atĂ© na primeira lĂngua muda, Ă vezes...
Alexia: Muito.
Christina: VocĂȘ vai, vocĂȘ passa um tempo em outro paĂs, ou outra regiĂŁo que tem uma variedade ou um dialeto, sotaques diferentes e ele muda, vocĂȘ percebe quando vocĂȘ começa a falar igual que as pessoas lĂĄ.
Alexia: Ă, por exemplo, meu sotaque Ă© carioca, e muito carioca, Ă© carioca da gema mesmo.
Christina: VocĂȘ nasceu lĂĄ?
Alexia: Nasci lĂĄ, mas quando eu vou pra Minas, pro interior de Minas, que Ă© em Poços de Caldas, onde minha famĂlia inteira mora, se eu passar um mĂȘs lĂĄ, eu jĂĄ falo mais cantado, igual mineiro.
Christina: Exatamente. Oh, juro pra vocĂȘ, quando eu fui pro Rio, eu, a primeira vez eu fiquei um mĂȘs e tava sĂł nesse ano, era 2012, que eu fui pra* Brasil num Fulbright nĂ©? E eu fui lĂĄ, eu fiz uma meia maratona, eu fui pra um congresso, eu fiquei um tempinho lĂĄ e eu começava a falar isso com âmais.â E eu tipo, o que Ă© isso?
Alexia: TĂĄ saindo.
Christina: Ă, saiu! E foi muito bonitinho, o sotaque vai mudando nĂ©?
Alexia: Vai, vai, mas nĂŁo Ă© uma coisa que as pessoas devem se preocupar. Eu sempre falo isso pros meus alunos, eu acho que vocĂȘ tambĂ©m fala.
Christina: Falo.
Alexia: Sotaque Ă© a Ășltima coisa que vocĂȘ deve se preocupar. Fazer uma frase, formular uma frase Ă© mais importante. O sotaque vem depois, nĂŁo tem problema.
Christina: NĂŁo, Ă© uma coisa que eu tento fazer muito, com meus alunos Ă©, sem ser de uma maneira muito chata, tipo assim, se isso for possĂvel, mas Ă© definir os termos que a gente tĂĄ usando o tempo todo. EntĂŁo pra vocĂȘ o que significa falante nativo? E ninguĂ©m sabe como definir isso. Quem Ă© esse** pessoa, quem Ă© esse ideal que tĂĄ na sua cabeça? O que significa sotaque? Como isso Ă© diferente de pronĂșncia?
Alexia: Exatamente.
Christina: Rolou uma grande discussĂŁo no meu Instagram Stories alguns meses atrĂĄs sobre um post que alguĂ©m que fez, um brasileiro fez, eu nĂŁo sei, eu acho que na Ă©poca a gente nem sabia que um ou o outro existia nĂ©, mas tinha um brasileiro que postou alguma coisa sobre, com certeza vocĂȘ viu o post, porque viralizou, sobre como os americanos acham o sotaque brasileiro fofinho por causa desse som vocĂĄlico extra que Ă s vezes coloca lĂĄ no finalzinho, esse âiâ nĂ©?
Alexia: Uhun.
Christina: âHotdogi,â âiPadi.â
Alexia: âFacebooki.â
Christina: âFacebooki,â tudo isso. E ele falou que por causa disso os americanos acham o sotaque brasileiro muito fofo, entĂŁo agora, ele escreveu, agora que ele vai puxar mais e pisar mais nessa coisa. E eu tipo, tipo faceplant nĂ©? E eu ânĂŁo gente, nĂŁo, porque isso nĂŁo Ă© erro de pronĂșncia, pode impedir que as pessoas te entendam, a compreensĂŁo e tal.â E tinha pessoas falando que isso era preconceito linguĂstico, porque eu tava falando para nĂŁo fazer isso eu falei, âgente, a gente tem que entender a diferença entre sotaque e pronĂșncia.â Essa** Ă© um erro de pronĂșncia, porque vai impedir a compreensĂŁo, a pessoa nĂŁo vai te entender.
Alexia: Sim, exatamente.
Christina: E o Ășnico objetivo que vocĂȘ tem com aprender o inglĂȘs Ă© comunicar para que a pessoa te entenda, entendeu? Esse Ă© o seu Ășnico objetivo. Eu nĂŁo to falando sobre sotaque, mas puxar um erro nĂŁo Ă© uma variedade de um idioma, nĂ©? Esse aqui, no final das contas, Ă© um erro de pronĂșncia e esse** que a gente tem que focar, mas sotaque, todo mundo tem um sotaque, nĂ©? Ă muito doido!
Alexia: Ă, o que na verdade, o que eu sempre falo pro Foster, por exemplo, se eu tiver no Brasil e falar pra minha amiga, âMarina, entra aĂ no seu Facebook pra eu ver o seu Instagram.â NĂŁo, isso nĂŁo rola, porque Ă© uma forma que a gente abrasileirou tambĂ©m as palavras, entĂŁo...
Christina: Sim.
Alexia: Entre brasileiros falar Facebook, Instagram, Linkedin.
Christina: Eu faço a mesma coisa nos meus vĂdeos.
Alexia: Tudo certo.
Christina: Ou quando eu to falando sobre o Facebook eu vou falar assim.
Alexia: Ă.
Christina: Porque é minha responsabilidade isso que rolou lå nessa discussão também. Na verdade isso era outra discussão sobre code-switching. Nossa, eu amo Instagram Stories, é uma comunidade muito pequena, mas a gente tem discussÔes muito legais, sabe?
EntĂŁo rolou uma grande discussĂŁo tambĂ©m sobre code-switching. Eu falei assim, eu nĂŁo uso code-switching, que Ă© trocar entre inglĂȘs e portuguĂȘs nesse caso, com pessoas que nĂŁo entendem inglĂȘs, isso nĂŁo faz sentido, porque isso sou eu sendo muito arrogante e nĂŁo lendo a minha audiĂȘncia nĂ©? Eu tenho que saber quem que Ă© meu pĂșblico, com que eu to falando, entĂŁo nĂŁo vou falar com minha mĂŁe, eu vou inserir palavras em portuguĂȘs, tadinha, ela nĂŁo entende nada, nĂ©? E daĂ fica muito estressado**, minha avĂł, magina, nĂ©?
Mas aĂ com uma amiga que Ă© brasileira aqui tambĂ©m a gente Ă© 50%, 50 portuguĂȘs, 50 inglĂȘs, qualquer palavra que chega primeiro para minha mente que eu, que mais encaixa na situação.
Alexia: Ă.
Christina: E mais se expressa a emoção que eu to sentindo, mas eu nĂŁo posso fazer isso com todo mundo, entĂŁo se eu to falando com brasileiros e os brasileiros nĂŁo entendem inglĂȘs, eu nĂŁo vou simplesmente começar a falar um monte de coisa em inglĂȘs, nĂ©?
Alexia: Ă.
Christina: Ă no sentido geral.
Alexia: Sim.
Christina: Numa galera, eu to lĂĄ conversando com pessoas. E isso tambĂ©m aplica para esse aĂ, eu nĂŁo vou ficar lĂĄ insistindo, forçando a barra, falar âFacebook,â nĂŁo Ă© âFacebook,â nĂŁo gente, eu vou falar âah, vocĂȘ viu essa coisa lĂĄ no Face?â
Alexia: Ă, Ă© isso. Pronto e acabou. Eu acho que existe muito uma barreira, nĂ©, das pessoas em relação Ă isso, principalmente quem tĂĄ aprendendo portuguĂȘs. Ă difĂcil vocĂȘ realmente pensar e falar âFacebooki, Instagram, Linkedin.â âLinkedinâ pra mim Ă© o pior falar em inglĂȘs e Ă© o pior mudar isso em portuguĂȘs.
Christina: Ah Ă© dificil.
Alexia: Muito difĂcil pra mim.
Christina: Eu entendo. Ă âLinkedin,â Ă© bem diferente.
Alexia: Muito muito.
Christina: Linkedin. Porque tem muita consoante nĂ©? Tem um consonant cluster aĂ que Ă© âLinkedin.â
Alexia: Pois Ă©.
Christina: âLinkedin.â
Alexia: Muito difĂcil.
Christina: Esse Ă© dificil. Ă.
Alexia: Mas o Christina, vocĂȘ aprendeu espanhol antes do portuguĂȘs, nĂ©?
Christina: Aprendi.
Alexia: Te ajudou?
Christina: Espanhol Ă© a minha segunda lĂngua e portuguĂȘs Ă© a minha terceira lĂngua. Eu aprendi, comecei a aprender espanhol, tipo assim, e nessa coisa comum aqui nos Estados Unidos, de high school. TambĂ©m eu trabalhei, eu trabalhei dez anos no service industry, nĂ©, em restaurantes como bartender ou garçom e tal, entĂŁo eu tava sempre, sempre com muito espanhol. E eu cresci, e eu sou de** California, entendeu? EntĂŁo Ă© tipoâŠ
Alexia: Sim.
Christina: Ă Mexico.
Alexia: Com certeza.
Christina: Pronto, acabou. Ă, isso aĂ Ă© outra discussĂŁo polĂtica, mas deve ser de** MĂ©xico ainda, mas enfim. AĂ tambĂ©m eu fiz minha formação em espanhol, eu morei por um ano em** Espanha, depois que eu me formei, eu fui pra Costa Rica, eu morei um ano e meio em** Costa Rica, minha irmĂŁ morou em** Equador, eu fui lĂĄ visitei ela, Equador, Peru por dois meses, entĂŁo. AĂ eu voltei pra CalifĂłrnia e por 4 anos, quando eu tava fazendo meu mestrado, eu trabalhei em ONGs lĂĄ em SĂŁo Francisco que eram totalmente Spanish speaking, ou seja, eu entrei na porta e eu falei espanhol o dia todo. Eu fiz minhas reuniĂ”es de pessoal, meu staff meetings em espanhol, conversava com todos meus colegas em espanhol, entĂŁo eu tava muito, mas muito fluente em espanhol. Era uma coisa muito doida, tipo assim, eu nunca na minha vida, eu achei que nĂŁo ia ser fluente. Ă como a vida dĂĄ voltas nĂ©? Vira voltas.
Christina: AĂ o que aconteceu. Eu fui pela primeira vez para** Brasil em 2010 e isso era turismo. Eu fui pra Salvador da Bahia e realmente era porque eu tava precisando sair do paĂs, Ă© uma histĂłria que eu conto num outro episĂłdio nĂ©, que eu contei para o Foster, mas tava precisando viajar, eu jĂĄ tinha me apaixonado.
Alexia: Espairecer, tava precisando relaxar.
Christina: Ă, relaxar Ă© understatement, nĂ©? Se nĂŁo, eu nĂŁo ia terminar o meu mestrado, eu tava com muito burnout. E minha mĂŁe falou pra mim, ânĂŁo, vocĂȘ tĂĄ precisando viajar, vai lĂĄ.â Eu tinha economizado muito dinheiro porque tava sĂł estudando e tinha 3 empregos, nĂ©? Eu tava ralando, mas eu nĂŁo tava gastando nada de dinheiro, entĂŁo fui lĂĄ pra Salvador da Bahia. Eu fui lĂĄ para** dois meses e isso foi a minha primeira experiĂȘncia com a cultura brasileira e o povo brasileiro. AĂ comecei a soltar um pouquinho de portuguĂȘs, mas eu tava nessa Ă©poca, que eu tava trabalhando nas ONGs, tava** muito espanhol, entĂŁo. E eu fiz tambĂ©m, eu expliquei nesse episĂłdio com o Foster, nessa viagem eu fiz um sandwich nĂ©, eu fui pra Costa Rica, depois Brasil, depois Costa Rica, aĂ eu voltei. EntĂŁo eu tava falando em espanhol, com minha comunidade, minha famĂlia, com essa essĂȘncia aĂ nĂ©, e aĂ eu fui pra* Brasil eu acho que tipo assim, tava saindo sĂł espanhol, mas muitas vezes foi muito difĂcil para eu aprender.
Eu falava alguma coisa e eu tinha que perguntar Ă s pessoas, tipo, âisso era espanhol ou portuguĂȘs?â Que era muito parecido e eu nĂŁo sabia. AĂ quando eu voltei pra Costa Rica, eu tava jĂĄ falando espanhol com um sotaque puxando o portuguĂȘs, e as pessoas âo que aconteceu com vocĂȘ?â
Alexia: Portunhol.
Christina: Acharam, eles acharam, tipo, que eu tinha um stroke, sabe? Que tipo, âque que vocĂȘ tĂĄ falando, que isso? TĂĄ soando muito doido seu portuguĂȘs, seu espanholâ e eu âah!â mas enfim. Eu voltei para os Estados Unidos e nĂŁo pensei muito em espanhol, em portuguĂȘs mais, porque eu tinha que terminar o meu mestrado, voltar para minha vida normal de inglĂȘs e espanhol. Terminei o meu mestrado e continuei trabalhando em ONG, mas alguma coisa aconteceu lĂĄ com esse trabalho e na ĂĄrea, na verdade, no que eu tava trabalhando, que era dando aula de inglĂȘs, mas era uma coisa muito puxada por** justiça social, eu tava trabalhando numa ONG com imigrantes refugiados, latinos, que sofreram de violĂȘncia domĂ©stica, entĂŁo foi uma coisa que demandava muito de mim, muito, puxava muita energia emocional, e eu jĂĄ nĂŁo tava conseguindo mais. AĂ eu solicitei um Fulbright. AĂ eu ganhei a Fulbright, aĂ eu fui pra** Brasil. AĂ que realmente começava, e o meu ponto, como realmente quando eu comecei a aprender portuguĂȘs e falar em portuguĂȘs e entender a cultura brasileira, porque por mais que eu tava em Salvador da Bahia, isso, eu achei que todo o Brasil foi** desse jeitoâŠ
Alexia: NĂŁo!
Christina: Hoje que.. Aà eles me colocavam** no interior de São Paulo, né?
Alexia: Muito diferente.
Christina: São José do Rio Preto
Alexia: Ă muito diferente.
Christina: Muito diferente, entĂŁo que aĂ que eu realmente... Isso era em 2012. Que aĂ que eu realmente que eu falo que comecei a aprender espanhol e entender tudo nĂ©? Esse Ă© tipo, o começo da minha vida brasileira. E o espanhol sim, me ajudou, Ă© o que eu sempre falo para todo mundo, Ă© o seguinte, no começo o espanhol ajuda bastante, e depois ele atrapalha tudo. Porque me ajudou, eu nĂŁo sei de que maneira, me ajudou simplesmente porque eu jĂĄ tinha aprendido uma lĂngua, entĂŁo eu jĂĄ me conhecia como aprendiz nĂ©, de lĂnguas, jĂĄ entendi o que que eu precisava fazer para aprender mais, eu fazia um monte de erros, eu cometia um monte de erro, nĂ©? Quando eu aprendi espanhol, muita coisa lĂĄ em** Espanha e eu tava** muito jovem tambĂ©m.
Alexia: Uhun.
Christina: NĂ©, eu tinha uns 19 anos, eu tava tipo caindo em depressĂŁo lĂĄ na Espanha porque nĂŁo conseguia me comunicar, eu nĂŁo me preparava** para ir para a Espanha tipo assim, eu dei um jeito, eu tinha um jeitinho brasileiro antes que eu sabia** que que era isso nĂ©, eu dei um jeito para nĂŁo ter que tomar um requisito de uma aula que vocĂȘ tem que tomar antes de fazer esse study abroad.
Alexia: Ou seja vocĂȘ burlou o sistema pra conseguir.
burlou - to violate a law, to cheat
Christina: EntĂŁo, aĂ eu fui lĂĄ, mas foi um erro total nĂ©, porque eu cheguei lĂĄ sem nada de espanhol, sem poder comunicar com ninguĂ©m, e eu sou uma pessoa comunicativa, nĂ©? Vamos combinar isso, entĂŁo cheguei lĂĄ e eu nĂŁo conseguia fazer amizade, nĂŁo conseguia nada, e foi muito difĂcil aprender espanhol. Foi um luto** para mim, eu posso te dizer, foi muito, muito difĂcil, atĂ© que foi que a coisa que eu acho que foi a melhor coisa que eu jĂĄ fiz na minha vida, sem dĂșvidas nĂ©, porque ele me direcionou para um monte de coisa, eu sou uma pessoa diferente, eu acho que daquela Ă©poca, sobretudo, porque foi o final da minha adolescĂȘncia nĂ©.
Alexia: Sim, tem todo uma mudança de mentalidade, de maturidade de tudo.
Christina: Tudo diferente, eu acho que meu cérebro mudou, né?
Alexia: Sim.
Christina: Depois que eu fiquei bilĂngue, meu cĂ©rebro mudo de verdade, e abriu vĂĄrios mundos para mim. EntĂŁo foi a melhor coisa que eu fiz, e de fato, quando eu fui para a Espanha, eu nĂŁo fui** um major, eu nĂŁo tava fazendo, estudando espanhol, eu fui lĂĄ como... Com um major na** arte, eu tava estudando pintar e desenhar.
Alexia: Ummm.
Christina: E eu fui lĂĄ e eu tomei tantas disciplinas da lĂngua espanhola, e da literatura espanhola e linguĂstica aplicada e cultura e sei lĂĄ, que quando eu voltei para minha faculdade em** CalifĂłrnia, eu jĂĄ tinha terminado o major todo em um ano.
Alexia: IncrĂvel.
Christina: De tantas coisas que eu tomei. Porque** tanto interesse que eu tinha em realmente entender essa lĂngua, porque foi a coisa mais difĂcil que eu jĂĄ fiz. Eu nĂŁo tava uma pessoa acadĂȘmica, nĂŁo tava, eu nĂŁo era, nĂŁo era pessoa acadĂȘmica, entendeu? Eu nĂŁo lia, eu nĂŁo escrevia, eu, durante a minha vida toda, eu era performing arts, eu dançava, eu pintava, eu fazia teatro musical, mas como isso foi muito difĂcil para mim, eu realmente, em inglĂȘs a gente fala ranker down nĂ©, hit the books, I hit the books pela primeira vez, que realmente eu falei âopa, eu tenho que estudar pra fazer alguma coisa bem.â
Alexia: E esse foi o primeiro episĂłdio com a Christina Lorimer, eu espero que vocĂȘs tenham gostado. No prĂłximo episĂłdio nĂłs vamos ter ela de novo, pra continuar essa conversa. EntĂŁo, atĂ© o prĂłximo.