Listen on:
Alexia: Oi Foster.
Foster: Oi Alexia, tudo bem?
Alexia: Tudo e com você?
Foster: Na verdade não, não está tudo bem não.
Alexia: Por quê?
Foster: Porque eu estou com muita muita dor de cabeça e também é um sábado e a gente está basicamente no sótão?
Alexia: Não, no porão. Sótão é em cima e porão e embaixo.
Foster: A gente está no porão de nosso coworking, num sábado, eu estou com dor de cabeça, então um pouco irritado, mas eu estou muito feliz de estar aqui com você gravando podcast.
Alexia: Ah que bom, então é um mixed feelings.
Foster: É, como é que você fala isso em português?
Alexia: Aii, é…
Foster: Combinação de...
Alexia: Uma mistura de emoções.
Foster: Ta bom. Então Alexia, a gente vai falar sobre o que hoje?
Alexia: Nos vamos falar sobre Fernando de Noronha.
Foster: Uhun.
Alexia: Que parece o nome de uma pessoa, mas na verdade não é.
Foster: É, me lembra muito do Fernando Pessoa.
Alexia: Sim, mas é muito diferente uma coisa da outra.
Foster: Não tem nada a ver.
Alexia: Não, a gente vai falar sobre Fernando de Noronha que é um arquipélago brasileiro do Estado de Pernambuco.
Foster: Amor, a gente pode começar com o nome da ilha? Porque é muito difícil pra mim, não sei porquê. Pode falar pra mim?
Alexia: Fernando de.
Foster: Fernando, essa parte é facil.
Alexia: De.
Foster: De.
Alexia: Noronha.
Foster: Noronha.
Alexia: Perfeito.
Foster: Ta bom assim?
Alexia: Tá ótimo.
Foster: Então fala rápido.
Alexia: Fernando de Noronha.
Foster: Nossa Senhora, Fernando de Noronha.
Alexia: Você praticamente não fala o “Fernando”, entendeu? É Fernando de Noronha.”
Foster: Fernandi…
Alexia: É. É você fala tipo como se fosse “Fernão de Noronha,” entendeu? “Fernão de Noronha.” “Fernando de Noronha.”
Foster: Tá eu vou tentar com um ritmo normal. Fernando de Noronha.
Alexia: Perfeito.
Foster: Noronha. “Noronha” é uma palavra difícil.
Alexia: Noronha. É.
Foster: Tá bom.
Alexia: Normalmente os meus alunos tem mais dificuldade com “lh” do que com “nh.”
Foster: Não, eu acho que essa palavra aqui é difícil porque você tem o “noro, noro,” que às vezes o “r” é difícil pra qualquer falante que é a língua nativa é inglês né, e também você tem o “nh.”
falante - speaker
Alexia: Sim.
Foster: Tudo junto e é muito complicado.
Alexia: Mas você tá ótimo. Noronha.
Foster: Noronha.
Alexia: A Perfeito.
Foster: Então, vamo lá com o episódio.
Alexia: Bom, como eu disse, é um arquipélago brasileiro no Estado de Pernambuco. Você entende quando eu falo que que é arquipélago?
Foster: Sim, a gente tem a mesma palavra em inglês. É igual.
Alexia: Como é que se fala em inglês?
Foster: Archipelago.
Alexia: Ah ta bom. Então é um conjunto de ilhas.
Foster: Sim, várias ilhas.
Alexia: É.
Foster: Numa área, né?
Alexia: Numa área só. E no caso de Fernando de Noronha, tem 21 ilhas.
Foster: 21?
Alexia: 21 ilhas.
Foster: Meu Deus do céu.
Alexia: Ilhotas e rochedos de origem vulcânica. Ilhotas, eu descobri o que que era quando eu tava fazendo essa pesquisa, porque gente, eu aprendi tanto tanto tanto tanto pra falar pra vocês, eu não sabia nada sobre Fernando de Noronha, e eu tô abismada com tudo que eu descobri.
Foster: Tá, duas coisas. Primeiramente, “abismada” é uma palavra que você usa muito e na verdade nunca entendo exatamente o que você quer falar.
Alexia: Chocada.
Foster: Ah, tá bom. Uh, é bom saber. E ilhota, a primeira vez que você falou isso, eu entendi “idiota” então cuidado aí gente.
Alexia: Ilhota são ilhas de dimensão reduzida ou um rochedo no meio do mar. Eu peguei essa descrição, né, da internet. Então na verdade é o seguinte, são pequenas ilhas ou rochedos no mar. É isso.
Foster: É faz sentido, tipo “filhota” né?
Alexia: Sabia que você ia falar isso.
Foster: Seu pai te chama de filhota, é tipo filha, mas um pouco mais fofo, mais... Sei lá.
Alexia: Bom e dessas 21 ilhas desse arquipélago todo, só existe um centro comercial que é a Vila dos Remédios. Lá fica os postos de saúde, ficam os postos de saúde, as escolas, delegacias, e a única emissora de TV que se chama TV Golfinho. Eu achei tão fofo.
Foster: TV Golfinho, e só pra dar uma…
Alexia: “Você assistiu hoje na Globo aquilo?” Tudo bem. “Você assistiu na TV Golfinho hoje?”
Foster: É, mas uma breve clarificação, “golfinho” não tem nada a ver com “golfe,” o esporte, golfinho é um peixe, que realmente não é peixe.
Alexia: Não é peixe. É um mamífero.
Foster: É, mamífero. Eu falei peixe porque não lembrei a palavra mamífero.
Alexia: Como é que se fala golfinho em inglês?
Foster: “Dolphin.”
Alexia: É isso
Foster: Ou “porpoise”, dependendo do mamífero.
Alexia: Então, é isso. Então nas 21 ilhas, só existe um centro comercial onde você consegue fazer compras, onde você precisa ir ao médico, não existe hospital na ilha, então são só postos de saúde.
Foster: É serio?
Alexia: É sério. Não existe hospital.
Foster: Mas caraca, tem tantos turistas.
Alexia: É, só posto de saúde.
Foster: E que que vai acontecer se um golfinho ataca?
Alexia: É mais fácil um tubarão atacar, a gente vai chegar nessa parte.
Foster: Eu sei, eu estou brincando, mas nossa, eles precisam de, sei lá, um helicóptero, alguma coisa assim.
Alexia: Eles… É, então, vamo lá.
Foster: Eu estou adiantando, desculpe.
Alexia: Vamos entrar na história de Fernando de Noronha, ta? Porque não tem como a gente falar da ilha sem contar sobre a história que, pra mim, foi uma das melhores histórias do Brasil. Eu gostei bastante.
Foster: Tá bom. Então, Alexia, me conta. A história da ilha Fernando de Noronha.
Alexia: Começa por aí, não é uma ilha, é um arquipélago.
Foster: Eu sei amor, eu só queria falar todas essas palavras tão difíceis com dor de cabeça. Me conta, fala, fala, fala, eu não posso falar mais.
Alexia: Vamo lá. O arquipélago foi avistado pela primeira vez entre 1500 e 1502 e a sua descoberta foi feita pela expedição do explorador Fernão de Loronha. Você entendeu da onde vem o nome Fernando de Noronha agora?
Foster: Entendi, mas não entendi porque eles mudaram só um pouco né.
Alexia: Eu acho que, eu não cheguei nessa parte de, assim, porque se não ia ficar...
Foster: Da história, da série.
Alexia: É um episódio, é vários episódios, só seria isso até o final da temporada, mas ele, o Fernão era um judeu português que foi convertido ao catolicismo, então ele era chamado de cristão novo naquela época. E ele é um dos primeiros grandes exploradores de pau-brasil nas terras recém descobertas né, então….
Foster: Você quer explicar o que que é pau-brasil?
Alexia: É uma… é um símbolo, tipo, do que que o Brasil foi mais explorado naquela época, é uma árvore super importante.
Foster: É uma árvore, é isso que eu queria dizer porque eu sempre…
Alexia: Né, porque tanta história por trás de pau-brasil que eu não sei que que você quis dizer nesse momento.
Foster: É, mas eu acho que a maioria dos nossos ouvintes já sabem que pau também pode ter outro significado.
Alexia: Sim, pode ter um significado mais vulgar né? Mais chulo.
Foster: Mais biológico.
Alexia: É, anatômico. Anatômico? É assim que se fala de anatomia? É, acho que é.
Foster: É.
Alexia: Não sei, enfim.
Foster: Você tá perguntando isso pra mim??
Alexia: Mas a primeira pessoa que descreve sobre o arquipélago e conta sobre o arquipélago foi Américo Vespúcio, que…
Foster: Ah é?
Alexia: É.
Foster: Ah, mas é nosso cara.
Alexia: Que na época era um mercador, navegador, geógrafo, cosmógrafo italiano. E também explorador de oceanos ao serviço do reino de Portugal e de Espanha. Ele viajou pelo novo mundo escrevendo sobre essas novas terras, então por isso que esse homem foi pra vários lugares e ele que descreve tudo para o reino de Portugal e de Espanha na época.
Foster: Mas caraca, ele tá… Eu imagino que os Estados Unidos da América vem do Vespuccio, nossa.
Alexia: Vespúcio.
Foster: Eu falo Vespuccio. Vespuccio. Mas esse cara estava super ocupado, nossa.
Alexia: Sim, sim.
Foster: Enfim.
Alexia: Bom, e aí durante os séculos 16 e 18.
Foster: É, eu preciso dizer que números e a Alexia não são os melhores amigos.
Alexia: Não, nem um pouco. Então entre os séculos 16 e 18 o arquipélago sofreu constantes invasões de ingleses, franceses e holandeses, então ficou uma guerra infinita durante dois séculos pra dizer de quem era quem, tá?
Foster: É, naquela época que os ingleses, é, a gente já sabe a história né?
Alexia: Já. Bom, em 1700, em setembro de 1700, ou seja, 200 anos depois de que ela foi descoberta, de que escreveram sobre o arquipélago pela primeira vez, se tornou finalmente uma dependência do Estado de Pernambuco, então é uma terra acoplada ao Brasil oficialmente.
Foster: Tá, o que quer dizer a palavra que você usou agora…
Alexia: Acoplada?
Foster: Acoplada?
Alexia: É.
Foster: Nunca ouvi essa palavra na minha vida, que quer dizer isso?
Alexia: Talvez eu esteja, talvez eu esteja tendo um vocabulário um pouco mais afinado estando agora aqui em Portugal, eu não sei o que que tá acontecendo.
Foster: Não, eu acho que não tem a ver com isso, eu acho que você realmente fez uma pesquisa e...
Alexia: Mas não tá escrito acoplado aqui, você pode ver.
Foster: Então me explica, que quer dizer?
Alexia: Quando você acopla uma coisa na outra, você junta uma coisa na outra.
Foster: Ah, tipo, acoplação?
Alexia: Uhn??
Foster: Não, pode ser, a gente tá…
Alexia: Acoplar.
Foster: Ah tá, é que a gente tem uma palavra bem parecida em inglês que tem a ver com sexo. Gente, não sei onde minha mente está hoje, desculpa. Pau-Brasil.
Alexia: Bom, então se tornou dependência de Pernambuco e virou oficialmente uma parte do Estado de Pernambuco, mas logo depois, em 1736, foi de novo invadida pelos franceses, porque eles não desistiam das nossas terras naquela época, e ficou sendo chamada um pouco, é, ficou sendo chamada durante o ano de 1736 até 1737 de Île Dauphine, então realmente os franceses foram lá, colocaram a bandeira da França, mudaram o nome, e começaram a chamar de Île Dauphine, que é Ilha dos Golfinhos, “dauphine” é “golfinho”.
Foster: É, eu estava imaginando né.
Alexia: É, exatamente. E aí só em 1937 uma nova expedição de portugueses, brasileiros, índios, o que fosse naquela época, expulsou os franceses finalmente de lá.
Foster: Tá bom, parabéns.
Alexia: Alguma pergunta até agora? Ou não, tudo certo.
Foster: Amor, eu tenho tantas perguntas porque é muita história, já tem francês, já tem golfinhos, pode continuar com a história e daí depois disso eu acho que eu vou querer saber um pouco sobre a ilha hoje em dia.
Alexia: Sim.
Foster: No episódio que vem.
Alexia: Sim. Então vamo lá, depois que os brasileiros… é, os brasileiros retomaram, os portugueses retomaram né, porque a gente ainda tá em 1700 e alguma coisa.
Foster: Ahhhh isso difícil pra Alexia, quem é brasileiro e português ao mesmo tempo.
Alexia: Sim, então em 1739, o arquipélago virou uma prisão de ciganos naquela época. Existiam muitos ciganos chegando e foi usada como uma prisão dos ciganos, só cigano ia pra lá.
Foster: Ai meu Deus. Desculpa que eu estou rindo gente, mas prisão de ciganos, só essa noção, não faz sentido na minha mente.
Alexia: Sim, mais de 100 anos depois, 1844, era usada como prisão dos Farroupilhas. Os Farroupilhas, a gente pode até gravar um episódio sobre isso que eu acho interessante, eu retomei minhas aulas de história né, do colégio, lendo sobre isso. A Revolução Farroupilha foi quando os republicanos lutaram contra o governo imperial do Brasil. Foi um marco muito importante pro Brasil naquela época né, que se chama Revolução Farroupilha.
Foster: Nossa.
Alexia: E todos os Farroupilhas que eram capturados naquela época iam pra essa prisão no Arquipélago Fernando de Noronha.
Foster: Nossa, essa episódio está cheio de palavras difíceis. “Farroupilhas.”
Alexia: Farroupilhas. Você estudou isso, estudando no Brasil na época?
Foster: Não, eu nunca ouvi falar sobre, nem essa revolução, nem essa palavra.
Alexia: Bom, a gente pode gravar um episódio sobre isso que eu acho interessante.
Foster: Eu gostaria.
Alexia: Bom, em 1890 mudou. Esquece os Farroupilhas, agora era uma prisão dos capoeiristas. Você sabe porque que os capoeiristas eram considerados maus naquela época?
Foster: Pessoa que praticam capoeira?
Alexia: Exatamente.
Foster: Porque, bom eu estou chutando aqui, mas imagino e do pouco que eu conheço da capoeira... Basicamente era uma luta escondida né?
Alexia: Na época dos escravos, né, os africanos trouxeram a capoeira junto com eles e eles lutavam, dançavam capoeira porque envolvia música, na época, na escravidão, mas depois de muito tempo, começaram a se tornar grandes grupos e muito perigosos de capoeiristas, principalmente na capital do Brasil que era o Rio de Janeiro naquela época.
Foster: Já?
Alexia: É, sim.
Foster: Não foi Salvador?
Alexia: Não.
Foster: Tá bom.
Alexia: E aí se tornou praticamente uma máfia, as pessoas realmente lutavam e usavam a capoeira de forma ruim. Claro que eu to falando sobre uma época muito longe de agora, eu não sou historiadora, e eu não sei falar muito sobre isso, mas a capoeira se tornou um assunto muito ruim, uma coisa muito ruim que era proibida por lei, quem lutasse capoeira ia pra prisão.
Foster: Nossa gente, que loucura. Mas eu preciso admitir que eu fiz uma aula de capoeira e basicamente foi uma máfia e eles estavam tentando me matar.
Alexia: Bom, passado muito tempo, muito muito tempo, em 1938 a União, ou seja, o Brasil, né, o Governo Brasileiro pediu para que o arquipélago se tornasse um presídio político federal contra os extremistas, porque já era a pré-ditadura, né, tava começando a ter muita gente contra o governo, muita gente contra o que tava acontecendo naquela época. Já tava começando a ter casos extremos, segundo o que eu li, é... De até, eles usavam a palavra “terroristas” né, que tavam tacando o terror na cidade.
Foster: É, já?
Alexia: Uhun.
Alexia: Caraca. Bom, Alexia posso te parar rapidinho?
Alexia: Pode.
Foster: Eu acho que já vai ser muita muita informação pros ouvintes, pra absorver todas essas informaçõe né? Eu acho bom se a gente divide.
Alexia: Tá bom.
Foster: O episódio.
Alexia: Eu acho ótimo.
Foster: No episódio que vem a gente pode continuar com a história dessa ilha que é maluca aparentemente e também falar um pouco sobre Fernando de Noron...
Alexia: Fernando de Noronha hoje em dia.
Foster: O Foster vai dormir um pouco, ele vai acordar e a gente vai voltar com outro episódio.
Alexia: Bom, então até o próximo episódio, depois vão acompanhando, vão anotando aí as datas pra você fazerem os dados históricos desse...
Foster: Ou pega os worksheets.
Alexia: Ou isso, que é muito importante
Foster: Muito mais fácil.
Alexia: Tchau
Foster: Tchau tchau.