Listen on:
Foster: Olá, olá! Oi, Alexia! Tudo bem?
Alexia: Olá, Foster! Tudo e com você?
Foster: Tudo ótimo! Eu estou morrendo de calor…
Alexia: É e antes da gente começar, quero pedir desculpas pelo nosso sumiço mas vocês vão entender o porque daqui a pouco.
Foster: Exatamente. A gente não gravou episódios na semana passada mas com razão. Toda a razão do mundo. Então, Alexia, me diga: onde estamos?
Alexia: Nós estamos no Alentejo, região central de Portugal.
Foster: Sim. E, por que? E o que estamos fazendo aqui?
Alexia: Nós estamos fazendo Trusted HouseSitters, então neste momento, nesta casa, além de nós dois tem mais onze cachorros.
Foster: Sim. Eu acho que a gente já mencionou algumas vezes, mas o Trusted HouseSitters é uma plataforma para House Sitting, Dog Sitting. Mas no caso a gente tá cuidando de onze cachorros.
Alexia: Sim.
Foster: É uma loucura.
Alexia: Além de onze cachorros, uma pequena fazenda que nós temos que regar todos os dias, cuidar da bomba de água, cuidar de tudo…
Foster: É, pequena fazenda nada! É uma fazenda enorme!
Alexia: E a nossa vista é… Qual é o nome?
Foster: Do lago?
Alexia: É.
Foster: É… O nome do lago é Alqueva.
Alexia: É. É o Lago Alqueva.
Alqueva Lake is the largest artificial reservoir in Europe. You can learn more and check out tons of pictures on our Instagram :)
Foster: Alqueva.
Alexia: E é lindo. A gente…
Foster: E é o maior lago artificial da Europa.
Alexia: Sim. Depois vocês podem dar um Google.
Foster: Sim. Mas, não é somente que a gente está aqui para cuidar de cachorros. Mas, também, tem a ver com a sua história não é, Alexia?
Alexia: Sim. Eu também sou portuguesa. Eu acho que eu já falei sobre isso aqui… Eu tenho dupla nacionalidade, eu sou luso-brasileira.**
luso-brasileira. A dual citizen of Brazil and another Portuguese speaking country.
Foster: Tá. Eu acho que a maioria dos ouvintes não vão entender exatamente o que é um luso-brasileiro…
Alexia: A maioria dos brasileiros não vai entender.
A maioria dos brasileiros não vai entender. Most Brazilians won’t understand. “Vai” is singular because we are referring to “the majority.”
Foster: Ah, porque é “a maioria”. Desculpa. É mas explica: como que é você é uma cidadã brasileira e portuguesa, ao mesmo tempo?
Alexia: Eu nasci no Brasil, né, então, automaticamente eu sou brasileira. Mas, o meu avô era português, de uma cidade ao norte do Porto aqui, obviamente, em Portugal. E por causa disso minha mãe tinha nacionalidade e eu também. Então eu sou portuguesa desde os dois anos de idade. Eu nasci, esperei um ano só sendo brasileira e logo depois eu virei portuguesa.
Logo depois. Shortly thereafter.
Foster: Então você é brasileira e portuguesa. Mas, me explica, essa é a sua primeira vez aqui no Portugal?
Alexia: É a minha primeira vez…
Foster: Em Portugal.
Alexia: … em Portugal. Sim. É a minha primeira vez, é… É muito estranho. Não sei porque eu esperei tanto tempo para vir mas, cá estou.
Foster: Eu também não. Eu acho muito estranho porque é a minha quarta vez aqui em Portugal mas, é a primeira vez que estou aqui como um falante da língua portuguesa. Então é bem diferente para mim.
Alexia: Sim. E também você morava em Madrid, né? Brasil-Portugal é uma longa viagem e muito mais cara do que já estando aqui em Madrid.
Foster: Sim, sim. É… Então, eu tenho uma pergunta, Alexia. Tem alguma tradução para a palavra homecoming? Porque me dá o sentido que você está voltando para uma casa… Você nem sabia que era casa… Como que você explicaria isso em português?
Alexia: Eu não sei.
Foster: Não tem que ser uma tradução perfeita mas, como você explicaria a experiência que você está tendo agora?
Alexia: Bom, eu explicaria que: ao mesmo tempo que eu sou deste país, né, que eu sou portuguesa, eu no sou. Então eu tô conhecendo um lugar que por lei é meu também.
Foster: Sim. Por lei é meu.
Alexia: Culturalmente também, de certa forma, já que eu fui criada pela parte da minha família bastante…
Foster: Sim, sim.
Alexia: … com o português de Portugal, com a cultura de Portugal. Mas, ao mesmo tempo, eu não sou daqui. Então é muito estranho!
Foster: “Eu não sou daqui… Eu não não tenho amor! Eu sou da Bahia...”
Alexia: “De São Salvador!”
Foster: No caso seria Portugal. Mas, me fala Alexia: quais são as suas primeiras impressões?
Alexia: Primeiro que eu tinha esquecido da comida, né? Eu lembrava muito bem da doceria portuguesa. Ou seja: todas as sobremesas, doces…
Foster: Pastel de Nata.
Alexia: … Ovos Nevados, Toucinho do Céu, enfim…
Foster: Sim.
Alexia: E a segunda coisa que eu esqueci muito e que é a pura verdade é que os portugueses são muito mão fechada.
Foster: É. Bom, a gente somente tem experiência com uma família agora mas parece que…
Alexia: É uma coisa cultural e tudo bem! Não tem problema.
Não tem problema. No problem. No worries.
Foster: É. Tudo bem.
Alexia: Não, não. Eu não tô reclamando eu só tô falando que português é mão de vaca. É uma forma que eles aprenderam a viver desde sempre.
Foster: Mão de vaca?
Alexia: Mão fechada.
Foster: Você falou mão de vaca também?
Alexia: Sim.
Foster: Pode falar?
Alexia: Pode.
Foster: É um jeito mais pejorativo?
Alexia: Sim.
Foster: Tá. Me explica o que quer dizer mão fechada.
Alexia: Eles têm um absurdo cuidado com o dinheiro. Ou seja: não vão gastar com nada. Mas, é um pensamento português, por exemplo: nós temos aqui um carro, né, pra viajar. E estamos muito perto da Espanha, realmente quarenta minutos.
Foster: Da fronteira espanhola.
Alexia: Exatamente. Eles nos levaram para a fronteira espanhola, numa cidade chamada Badajoz - alô pessoal de Badajoz, não sei se tem alguém aqui - só para colocar gasolina no carro porque lá é muito mais barato. Mas aí eu fiquei pensando: a ida e a volta de Badajoz já não compensa mais.
Foster: É, realmente fazendo os cálculos não compensa.
Alexia: Não, não compensa. Então, é uma forma que eles pensam que eles tão fazendo um ótimo negócio só que não tão.
Foster: É.
Alexia: Só que eles são muito assim… Indo atrás do melhor preço… Indo atrás do melhor valor… Indo atrás do melhor… E não vão gastar, não vão. Eles não vão gastar.
Foster: E… Você acha que o brasileiro não é assim?
Alexia: Não. Eu acho que o brasileiro, claro, quer os melhores negócios mas não vai atravessar a fronteira e voltar quarenta minutos só pra pôr gasolina.
Foster: É. Se a gente vai…
Alexia: Pelo menos eu acho isso.
Foster: ...se vamos fazer estereótipos e generalizações…?
Alexia: Generalizações.
Foster: Nossa! Sim! Isso! Eu acho que o brasileiro, falando no geral, não é…
Alexia: Em geral não, comparado com aqui não.
Foster: É, não é mão fechada mas também não é muito bom em coisas financeiras.
Alexia: Não! Então, aqui provavelmente eles são melhores do que nós.
Foster: Imagino. Imagino que sim.
Alexia: E por enquanto é isso. Eu acho que a gente pode explicar no próximo episódio a nossa chegada, um pouco mais sobre o português de Portugal, como é que você está se virando com isso.
Foster: Sim, é uma coisa que eu quero falar muito é sobre as diferenças entre o português é... De Portugal e o português do Brasil.
Alexia: Sim.
Foster: São bem diferentes.
Alexia: Português Europeu e o português da América do Sul.
Foster: Eu estou sofrendo pra caramba!
Alexia: Então é isso, gente! Desculpa pelo sumiço mas estamos de volta, estamos vivos, estamos em Portugal e… Cá estamos! Do jeito que eles falam.
Foster: Acá estamos…
Alexia: Não é “acá” é “cá”.
Foster: Cá estamos.
Alexia: Isso!
Foster: Muito bem! Então até a próxima, Alexia!
Alexia: Tchau!
Foster: Tchau, tchau!