Listen on:
Foster: Preparado?!
Alexia: Preparada!
Foster: Então, meu nome é Foster.
Alexia: Eu sou a Alexia. Bem-vindo de novo!
Foster: Os nomes não mudaram! E hoje a gente vai falar sobre os Jogos Olimpícos.
Alexia: Sobre as Olimpíadas aqui no Rio de Janeiro.
Foster: Olimpíadas, essa é uma palavra que é difícil para caramba para mim.
Alexia: The Olympics. Olimpíada. Eu acho muito parecido.
Foster: Não, Olimpíadas. Tipo, o estresse fica no...
Alexia: O acento agudo fica no Olimpíadas.
Foster: Olimpíadas.
Alexia: Isso.
Foster: Isso, exatamente. Então, fala, estão chegando, né?
Alexia: Sim, está chegando. E o clima é ansioso aqui.
Foster: Bom, o clima no Brasil hoje em dia é ansioso por milhões de razões, mas as Olimpíadas é uma delas.
Alexia: É, bom, eu pessoalmente, como fui contra a Copa, sou contra as Olimpíadas também.
Foster: Contra quer dizer o quê?
Alexia: Fazer nesse momento em que a gente está. A gente tem exemplo de cidades que não quiseram nem participar do sorteio e nem nada. Porque acham necessário investir em outros setores. Por exemplo, saúde, educação, os setores básicos de cada país.
Foster: Eu concordo. Mas, não se acha que, sei lá, toda a publicidade e investimento estrangeiro vai de alguma forma...?
Alexia: Não, como todo mundo está falando, Olimpíadas e Paralimpíadas (a gente não pode esquecer, que é tão importante quanto as Olimpíadas) vão acontecer por três meses, né, no total aqui.
Foster: Somente no Rio desta vez, né?
Alexia: Sim.
Foster: A Copa do Mundo foi...
Alexia: No Brasil inteiro.
Foster: No Brasil inteiro.
Alexia: Nós somos a cidade olímpica, literalmente.
cidade olímpica. The Olympic City.
Foster: Então, realmente vai...?
Alexia: Vai. Por três meses a cidade vai ficar bem conturbada no bom sentido, cheia de gente, as provas acontecendo. Eu gosto muito, muito, muito... amo vôlei, mas gosto muito de ginástica olímpica também.
Foster: Eu também.
Alexia: Eu acho o máximo! O que o corpo é capaz de fazer, né?
Foster: É. O meu corpo não faz isso, né?
Alexia: O atletismo também eu acho surreal.
Foster: É, também é uma coisa legal para mim porque eu jogo golfe, pela primeira vez em mais do que 100 anos que vai ter golfe nas Olimpíadas.
Alexia: Verdade! Verdade. Ahh, que legal!
Foster: É, mas eu estava lendo sobre o... eles estão construindo agora, eu acho que não acabou.
Alexia: Ainda não está pronto, com certeza, nada está pronto, gente!
Foster: Mas, um campo de golfe e, para fazer isso, eles tinham que... está bem...
Alexia: É lá para perto da Barra e Recreio.
Foster: Mas, tinha que construir o campo de golfe em cima de umas lagoas.
Alexia: Sim.
Foster: E uma população de jacarés...
Alexia: Sim.
Foster: Estava totalmente 'relocalizada'. Então, tem jacarés aparecendo em casas e coisa assim. Que loucura!
Alexia: É. O que eu posso falar sobre isso?
Foster: Que dá medo!
Alexia: Tudo pelas Olimpíadas, né? Mas, bom, então eu acho que por quatro meses o Rio vai ficar em êxtase. Vai ser realmente a cidade olímpica, mas depois disso vai ficar tudo morto. Porque se você pensar: que grande evento que o Rio vai ter futuramente? Não tem. Tem nada marcado!
Foster: Uhum.
Alexia: Então, o Governo do Rio quis muito se basear em Barcelona, que é uma cidade que é no porto, que ficou linda depois de todas as obras que fizeram e o Governo foi inteligente para saber reutilizar depois. Mas, a gente não tem nenhum plano para isso. Não existe nenhuma estratégia.
Foster: É, eu acho que o problema que o brasileiro tem que - e desculpa por falar isso -, mas eu acho o brasileiro não pensa muito no futuro, né?
Alexia: Não, a gente vive para o presente. É literalmente isso.
Foster: Exatamente.
Alexia: Isso e um futuro presente, digamos. 'Ah, daqui a seis meses', ok. Mas, daqui a dois anos, três anos, dez anos, ninguém pensa.
Foster: Daqui a amanhã, né?
Alexia: É. Mas, é engraçado porque eu trabalho também como produtora de filme. E vários fornecedores meus, por exemplo, o meu fornecedor de transporte vive me perguntando: "Alexia, como vai ser em agosto? A gente vai trabalhar ou as gravações vão parar, como é que vai ser?". Porque tem muita gente querendo pegar van, transporte, etc., para levar o pessoal, assistir às provas e tal. Mas, eu conversando pessoalmente com ele, ele falou: "Eu não vou deixar de atender vocês por uma coisa que é passageira". Porque as Olimpíadas é uma coisa passageira.
Foster: É, exatamente.
Alexia: Então, o pessoal está meio que com esse sentimento.
Foster: É, mas ao mesmo tempo eu acho que dá muita oportunidade para os cariocas, né, para ganhar um dinheiro rápido, tipo alugar um apartamento no Airbnb, ficar com um amigo...
Alexia: Nesse sentido, vai ser maravilhoso. Sim, quem tem apartamento para alugar, esse tipo de serviço. Mas, se você imaginar, você viu a quantidade de hotel que foi construído só para as Olimpíadas?
Foster: Não.
Alexia: Foram mais de 100 e tantos hotéis além do que a gente já tem.
Foster: É.
Alexia: Para dar suporte. Depois disso, não tem público para visitar. Não tem. Então, enfim...
Foster: Você acha que vai dar certo, que vai ter um desastre?
Alexia: Não, eu acho... ah, como assim desastre?
Foster: Bom, a gente está gravando este podcast dois dias depois de a Avenida 'Neyemar' caiu.
Alexia: Niemeyer.
Foster: Niemeyer. 'Neyemar?!'. Pode explicar isso?
Alexia: E existe uma avenida aqui no bairro do Leblon, é uma avenida que liga o bairro do Leblon ao bairro São Conrado pela praia. Só que tem que subir um morrinho, enfim, é um lugar lindo para passar.
Foster: Passar e correr.
Alexia: Eu prefiro ir para São Conrado pela Avenida Niemeyer do que pelo outro lugar que é um túnel. Porque pelo menos eu vejo o mar, tenho vista, acho muito bonito. E aí ao lado de onde passam os carros, foi construída uma ciclovia. Era uma ciclovia linda, maravilhosa, na beira da praia, incrível!
Foster: Ciclovia quer dizer tipo um bikepath onde a gente pode correr, passear, andar de bicicleta, skate.
Alexia: Sim, tudo para o lazer. Isso no Rio funciona muito. Como nós adoramos fazer exercício ao ar livre, é mais uma opção.
Foster: Uhum.
Alexia: Bom, aí foi feita essa ciclovia. Mas, bom, sem entrar no mérito de que mais uma vez vocês estão me escutando reclamar daqui, foram gastos 45 milhões de reais nessa ciclovia, o qual a empresa contratada para fazer era a mesma empresa que fiscalizava as obras. Então a própria empresa fiscalizava ela mesma. E a ciclovia simplesmente desabou por causa de uma ressaca de mar.
Foster: Desabou quer dizer caiu, né?
Alexia: Sim, caiu. Bom, aí tem algumas perguntas a serem feitas: se é feita uma ciclovia do lado do mar, em frente ao mar, ou que seja, perto do mar, você tem que estar preparado para qualquer tipo de onda, qualquer tipo de ressaca, qualquer tipo de variante do mar, do oceano.
Foster: É.
Alexia: Veio uma onda grande, ok.
Foster: Grande, mas normal.
Alexia: Mas, normal de uma ressaca no Rio. E simplesmente desabou, três pessoas morreram.
Foster: Foram três?
Alexia: Ainda estão desaparecidas duas pessoas que acham que caíram, a gente não tem certeza, o pessoal não tem certeza se existe essas outras duas pessoas ou não. Então, num feriado, quinta-feira, a pessoa sai para andar e caminhar e simplesmente morre por falta de estudo, por falta de entendimento. Eu nem sei falar porque é tão chocante para mim isso tudo.
Foster: Tragédia.
Alexia: Bom, eu vi uma entrevista muito legal que uma pessoa postou no Facebook que uma ciclovia de algum lugar do mundo... não, mentira! Há muito tempo atrás, existia aqui no Rio um píer em Ipanema. E esse píer foi feito para ajudar na construção do esgoto que saía dos prédios para desabar lá em alto mar. Sim, é um absurdo, mas existiu isso. E o engenheiro que fez isso, ele deu uma entrevista falando: "Gente, é uma estrutura que tem que aguentar qualquer tipo de onda".
Foster: Tipo, um furacão.
Alexia: E eles deram uma expressão que, se não me engano, é onda centenária. É aquela onda que você só lê em livro que acontece, a estrutura tem que seguir isso.
Foster: Não, que acontece uma vez a cada cem anos, né?
Alexia: É, exatamente. E nada disso foi seguido. Então eles construíram uma ciclovia que degradava em pouquíssimo tempo por causa do mar e foi aberta e inaugurada agora em janeiro, ou seja, em três meses já aconteceu isso.
Foster: Então, a minha pergunta seria: "Você acha que mais coisas assim vão acontecer durante as Olimpíadas?"
Alexia: Sim, eu acho. Acho sim até porque essa empresa está fazendo outras obras para as Olimpíadas.
Foster: Mas, você acha que o gringo precisa se preocupar com a segurança da infra-estrutura aqui no Rio?
Alexia: Eu acho. Eu sinceramente acho. Por exemplo, o Engenhão, que é o nosso estádio aqui do... que é até do Botafogo, né, do time de futebol do Botafogo, ele foi interditado porque tinha risco de um teto desabar.
Foster: Uhum.
Alexia: Então eu acho sim que tem que tomar cuidado, mas também não acho que o pessoal tem que pisar na rua achando que alguma tragédia vá acontecer. Infelizmente, tragédias acontecem. Mas, todo cuidado é pouco.
Foster: Mas, enfim, isso não quer dizer que você não deve ir para o Rio, mas tenha cuidado e seja inteligente.
Alexia: É. Bom, eu acho que se acontecer alguma tragédia durante algum jogo ou coisa parecida durante as Olimpíadas, o Rio vai levar um choque mundial. Então eu acho que eles não vão deixar isso acontecer. Eu espero.
Foster: Enfim, a gente vai ver.
Alexia: Eu vou assistir da TV! Porque eu também não consegui comprar nada. Eu adoraria ter ido assistir ao vôlei, mas não vou conseguir.
Foster: Então mais alguma coisa?
Alexia: Não. Mais alguma pergunta?
Foster: Não, só isso.
Alexia: Tá bom.
Foster: Então a gente vai ver...
Alexia: O que acontece!
Foster: Exatamente.
Alexia: E vamos torcer pelos nossos atletas. E é isso.
Foster: Então, até a próxima, gente!
Alexia: Tchaaau!
Foster: Tchau, tchau.