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Alexia: Olá, olá pessoal, bem-vindos a mais um episódio aqui do Carioca Connection. Estamos falando diretamente de Porto, Portugal, num calor. Tá tudo bem? Meu nome é Alexia e eu tô aqui com o Foster.
Tô — Estou (short version)
Foster: Oi, gente, tudo bem? Alexia, tudo bem?
Alexia: Tudo, e com você?
Foster: Além do calor, é muito engraçado, gente, porque a Alexia escreveu uma lista de assuntos com expressões que ela queria falar sobre hoje e uma das expressões, eu não conheço, mas é o quinto dos infernos.
além do calor — apart from the heat, aside from the heat
engraçado — funny, interesting
Alexia: Isso, será que tem a ver com inferno mesmo? O que é quinto? Estão aí nossas especulações, nossas dúvidas, e vamos falar sobre tudo isso aqui no Carioca Connection.
especulações — speculations, guesses
Foster: É, mas eu não conheço essa frase e agora parece que eu estou no quinto do inferno. Não sei o que é, mas está muito quente aqui.
Alexia: Bom, para explicar a expressão quinto dos infernos, mas, primeiro eu gostaria de explicar o que é o quinto, tá? Porque eu acho que faz sentido. O quinto, na época do Brasil Colônia e da coroa portuguesa, as pessoas, os fazendeiros, os mineradores populares e tal, tinham que pagar um quinto para a coroa portuguesa. O que é o quinto? É uma taxa, é um imposto que era cobrado do Brasil Colônia. Sim.
primeiro eu gostaria de explicar o que é — first I would like to explain what…something is
eu acho que faz sentido — I think that makes sense
coroa portuguesa — Portuguese crown (royal family)
os mineradores — miners
taxa, impostos — taxes, fees
Foster: Um quinto seria 20%.
um quinto — a fifth (20%)
Alexia: Exatamente.
Foster: Um quarto seria 25%, por exemplo. Exato. Então, um terço seria 33.33%.
quarto - fouth (25%)
terço — a third (33.33%)
Alexia: O que você falar, eu concordo.
Foster: Sim. Então, não tem nada a ver com quinta, por exemplo?
não tem nada a ver com — It has nothing to do with…
Alexia: Não. Quinta é uma fazenda. É.
Foster: Quinta é uma fazenda com casa grande, essas coisas. Mas quinto se refere a...
Alexia: Porcentagem. Exatamente. Então, por exemplo, eu lembro do meu avô falar que a minha família aqui, em Portugal, precisava pagar uma taxa para a igreja. Também tinha isso. Você pagava uma taxa para a igreja, que normalmente era o quinto. Você precisava pagar um quinto. E assim vai. Então, é mais ou menos nesse sentido. E agora um pouquinho de história. Na época do Brasil Colônia, lá no século XVIII, o Brasil tinha um grande uso dos mineradores. Você fazia minérios e escavações para achar ouro, para achar minério e aquilo ser vendido.
E assim vai — and that’s the way it is
E agora um pouquinho de história — now, a little bit of history
na época — in that period, time
século XVIII — 18th century
escavações — excavations
Foster: Minério? É.
Alexia: Eu acho que é o Minas Gerais, minério, onde estavam as minas de ouro.
Minério — minerals
Foster: E como se chama a pessoa?
Alexia: Minerador.
Foster: Minerador. Interessante, porque eu teria falado mineiro só.
Alexia: Sim, mas mineiro é quem nasceu em Minas Gerais.
Minero — a person from Minas Gerais
Foster: Sim, sim, agora eu estou percebendo.
Alexia: E, nessa época do Brasil Colônia, a coroa portuguesa tinha uma dívida muito grande com a Inglaterra.
Foster: Então, Portugal tinha uma dívida muito grande com a Inglaterra.
uma dívida — debt
Alexia: Exato. Brasil Colônia respondia Portugal, obviamente. Então, tudo que era produzido, achado, feito no Brasil Colônia era da coroa portuguesa. Então os mineradores precisavam pagar um quinto, 20% daquilo que eles faziam, para coroa portuguesa. Certo? Certo. Então, lá no interior do Brasil, onde ficavam as mineradoras, onde ficavam essas escavações todas, era um lugar muito afastado. Era muito remoto, né?
afastado — distant, far away
Era muito remoto, né? It was a very remote place, right?
Foster: Afastado quer dizer longe.
Alexia: Longe de tudo.
Foster: No meio de nada.
Alexia: No meio do nada.
Foster: No meio do nada.
No meio do nada. In the middle of nowhere.
Alexia: Exatamente. Então era mais ou menos isso. Quando os mineradores pagavam um quinto, essas casas pegavam esse valor, transformavam em dinheiro, em ouro, etc., vinham os navios, buscavam e traziam para cá, para Portugal, e aí Portugal fazia o que fosse com esse dinheiro, com esse ouro. Que é uma questão até hoje, os brasileiros ficam se perguntando, cadê o ouro que era nosso, que tá aqui em Portugal, Portugal roubou o ouro do Brasil, até hoje tem essa história e eu tô nem aí pra esse ouro, já foi muito tempo. É uma coisa, parece que o brasileiro parou no tempo, agora em 2023 querem saber do ouro, enfim.
E aí, você mandar alguém para os quintos significava enviar essa pessoa para o Brasil remoto, muitas vezes como sendo uma punição. Então, por exemplo, você vai lá para o quinto dos infernos, ou seja, você vai lá para o meio do nada no Brasil, que é o inferno, é um calor, você vai trabalhar em mineradora, você não vai ter outra vida e etc. Então, é isso, porque Brasil ou Portugal se referia ao Brasil remoto, ao Brasil countryside, digamos assim, como o inferno. Até.
Foster: Então, eu posso tentar ver se eu entendi tudo?
posso tentar — Can I try to see if I understood everything?
Alexia: Sim.
Foster: Eu estou gostando muito dessas aulinhas de história com expressões, porque tudo é novo. Para mim, é muito difícil.
aulinhas de história — little history lessons
é muito difícil — it's very difficult
Alexia: Tudo é novo.
Foster: Eu sabia. Tudo é novo para mim e é difícil para eu entender. Então, no século, sei lá, 18, o Portugal tinha muita dívida com a Inglaterra. E por isso, o Portugal mandou que os brasileiros, sobretudo os mineradores...
sei lá — I don't know, roughly speaking
sobretudo — especially, above all
Alexia: Não os brasileiros, porque eram portugueses na época lá.
eram portugueses na época — were Portuguese at that time
Foster: Sim, sim.
Alexia: Então, quem morasse no Brasil.
Foster: Isso. As pessoas morando no Brasil na época...
Alexia: No Brasil colônia. É.
Foster: Mineradores tinham que pagar um imposto de 20%, que é um quinto. E daí surgiu a expressão, vai pro quinto dos infernos.
E daí surgiu — And then it came about
vai pro quinto dos infernos — go to the fifth of hells (idiomatic expression meaning 'go to hell')
Alexia: Isso.
Foster: Que é basicamente tipo, vai pro inferno, vai lá pro Brasil que está quente e é um inferno.
basicamente tipo — basically like
que está quente — that is hot
Alexia: Exato.
Foster: Tá.
Alexia: Tá? Agora...
Foster: E como é que eu uso essa frase?
Alexia: Isso que eu vou aqui ler alguns exemplos que eu trouxe para o episódio de hoje.
Isso que eu vou aqui ler — This is what I'm going to read here
exemplos — examples
episódio de hoje — today's episode
Foster: Tá bom.
Alexia: Então, por exemplo, vou te contar, hein? Enfrentar essa fila do banco é uma verdadeira viagem ao quinto dos infernos.
vou te contar — I'm going to tell you
Enfrentar essa fila — To face this line
é uma verdadeira viagem — it's a real journey
Foster: Então, isso quer dizer que é uma fila muito grande e é muito chato, é basicamente isso.
Alexia: Exato. Então, olha, outra. Quando o carro quebrou, naquela estrada, no meio do nada, tudo deserto, a gente estava literalmente no quinto dos infernos, ou seja, não tinha nada e a gente estava com o carro quebrado, a gente estava completamente perdido. Tá.
estrada — highway, road
Foster: Então, neste caso, basicamente, quer dizer no meio do nada, tá? E como que você usaria hoje em dia, por exemplo? Mas você falaria para alguém, tipo, ah, vai para os quintos do inferno.
no meio do nada — in the middle of nowhere
Alexia: Vai para o quinto dos infernos.
Foster: Vai para o quinto dos infernos.
Alexia: Exato.
Foster: Você falaria isso para alguém?
Alexia: Para de me encher o saco, vai lá pro quinto dos infernos, longe daqui.
Para de me encher o saco — stop annoying with me, you’re getting on my nervous
Foster: Então basicamente é... tipo... Go to hell. Get out of here.
Alexia: É, so bothering me.
Foster: Mas é muito forte?
Alexia: Não, assim, você tá mandando alguém pra ir pro inferno. Aí se você considera isso forte ou não, eu não sei.
Foster: Eu não sou muito religioso, mas parece que é.
Eu não sou muito religioso — I’m not very religious
Alexia: Tem pessoas que adorariam ir para o inferno, mas eu não sei.
Foster: Parece pesado. Mas é uma expressão normal que você pode falar?\
Mas é uma expressão normal que você pode falar? Is it normal to say this expression?
Alexia: Sim.
Foster: E é comum?
Alexia: É comum. É super comum. Tá.
Foster: Você diria que a gente agora está no quinto dos infernos?
Alexia: Não.
Foster: Porque parece que sim, tá muito calor.
Alexia: Mas não é em relação a ser calor ou ser frio, é em relação a...
em relação a — in relation to…
Foster: É o sofrimento.
Alexia: Vai longe, pra longe de mim. É isso, gente, mais uma historinha sobre de como surgiu a expressão. A gente tem que lembrar que não necessariamente essa expressão faz sentido ou não, de como é que foi criada. Talvez a história não faça tanto sentido assim.
Foster: É, normalmente é assim. É uma lenda.
uma lenda — a legend, a myth
Alexia: É uma lenda, é uma história que tem por trás. O fato é que realmente a coroa portuguesa roubou o ouro do Brasil. Tem tudo isso. Então, é, por exemplo, boa lembrança, quando a gente passou os três meses lá no Alentejo.
é uma história que tem por trás — there is a story behind it, a backstory
Foster: No Alentejo, é no...
Alexia: Aquilo era o quinto dos infernos.
Foster: Interior do...
Alexia: Interior.
Foster: É, aqui em Portugal, mas estava tão quente, tanto calor, que a gente estava literalmente morrendo de calor, e também estava no meio do nada.
Alexia: Aquilo é o Quinto dos Infernos.
Foster: Tá.
Alexia: Tá? Então é isso, gente. O próximo episódio vai ser Foster contando uma história. Então eu estou animada por isso. E o nosso cão acabou de acordar com muito calor. E até o próximo episódio, Foster.
Foster: Muito obrigado, Alexia. E até o próximo. Tchau!