S08:E10 — An introduction to Fernando Pessoa
Richard Zenith, Author
Book Summary
Like Richard Ellmann’s James Joyce, Richard Zenith’s Pessoa immortalizes the life of one of the twentieth century’s greatest writers.
Nearly a century after his wrenching death, the Portuguese poet Fernando Pessoa (1888–1935) remains one of our most enigmatic writers. Believing he could do “more in dreams than Napoleon,” yet haunted by the specter of hereditary madness, Pessoa invented dozens of alter egos, or “heteronyms,” under whose names he wrote in Portuguese, English, and French. Unsurprisingly, this “most multifarious of writers” (Guardian) has long eluded a definitive biographer—but in renowned translator and Pessoa scholar Richard Zenith, he has met his match.
Relatively unknown in his lifetime, Pessoa was all but destined for literary oblivion when the arc of his afterlife bent, suddenly and improbably, toward greatness, with the discovery of some 25,000 unpublished papers left in a large, wooden trunk. Drawing on this vast archive of sources as well as on unpublished family letters, and skillfully setting the poet’s life against the nationalist currents of twentieth-century European history, Zenith at last reveals the true depths of Pessoa’s teeming imagination and literary genius.
Much as Nobel laureate José Saramago brought a single heteronym to life in The Year of the Death of Ricardo Reis, Zenith traces the backstories of virtually all of Pessoa’s imagined personalities, demonstrating how they were projections, spin-offs, or metamorphoses of Pessoa himself. A solitary man who had only one, ultimately platonic love affair, Pessoa used his and his heteronyms’ writings to explore questions of sexuality, to obsessively search after spiritual truth, and to try to chart a way forward for a benighted and politically agitated Portugal.
Although he preferred the world of his mind, Pessoa was nonetheless a man of the places he inhabited, including not only Lisbon but also turn-of-the-century Durban, South Africa, where he spent nine years as a child. Zenith re-creates the drama of Pessoa’s adolescence—when the first heteronyms emerged—and his bumbling attempts to survive as a translator and publisher. Zenith introduces us, too, to Pessoa’s bohemian circle of friends, and to Ophelia Quieroz, with whom he exchanged numerous love letters.
Pessoa reveals in equal force the poet’s unwavering commitment to defending homosexual writers whose books had been banned, as well as his courageous opposition to Salazar, the Portuguese dictator, toward the end of his life. In stunning, magisterial prose, Zenith contextualizes Pessoa’s posthumous literary achievements—especially his most renowned work, The Book of Disquiet.
A modern literary masterpiece, Pessoa, simultaneously immortalizes the life of a literary maestro and confirms the enduring power of Pessoa’s work to speak prophetically to the disconnectedness of our modern world.
Transcript
Marco Antonio: Olá, estou lendo uma biografia de Fernando Pessoa, a mais completa que eu li até hoje. Queria dividir com vocês o prólogo deste livro. Então vamos nós…
Quando o sempre esquivo Fernando Pessoa morreu, no outono de 1935, em Lisboa, Poucas pessoas em Portugal compreenderam que se tinha perdido um escritor extraordinário e ninguém teve a menor noção daquilo que o mundo iria ganhar.
Um dos mais valiosos e estranhos corpos de literatura produzidos no século XX.
Embora a pessoa vivesse para escrever e almejar-se alcançar como poetas, desde o vídeo, o Walter Whitman, a imortalidade, guardou essa ambição no armário juntamente com a maior parte de seu universo literário.
Em 1934, tinha publicado apenas um livro de sua poesia portuguesa, “Mensagem.” Com 44 poemas. A obra recebeu um dúbio prêmio do regime autocrático de Antônio Salazar, destinado a obras que denotassem um elevado sentido de exaltação nacionalista, e sobressaía no currículo do poeta na altura sua morte.
Alguns admiradores de Pessoa, outros poetas, sobretudo, ficaram perplexos com a publicação de “Mensagem.” Cuja visão mística da história e do destino de Portugal parecia surgir de nenhures.
Tinha publicado em revistas outros tipos muito diferentes de poemas, e mais da metade deles estava assinada por um dos três alter egos que haviam aparecido em 1914. Imediatamente antes da inclusão da Primeira Guerra Mundial.
O primeiro a emergir foi Alberto Caeiro, um homem iletrado, mas co inclinação para a filosofia, que vivia numa casa simples e branca no campo. Onde escrevia poemas em verso livre, proclamando que as coisas devem ser vistas pelo que são, sem interpretações.
Ricardo Reis, médico e classicista fervoroso, compõe odes de inspiração horaciana em que recomendavam a aceitação estoica daquilo que os deuses nos dessem.
Um terceiro feixe de força e sentimento assumiu a fórmula de Álvaro de Campos, elegante engenheiro naval, que viajava pelo mundo, se deixava encantar tão facilmente por rapazes como por mulheres, aspirava viver até o limite e e assinava poemas desenfreados que davam vazão às sensações exaltadas, mas traíam, simultaneamente, a consciência melancólica de que a vida, por mais intensamente que fosse vivida, nunca seria suficiente.
Campos, o mais desassossegado dos três alter egos, não podia ser contido na seção de poesia de revistas e jornais. Em entrevistas, artigos, manifestos e cartas ao diretor, fazia comentários políticos e culturais com um brio cáustico retirava especial prazer quando contrariava as opiniões logicamente expostas para o Fernando Pessoa, a custo de quem se divertia por causa da mania de julgar que as coisas te provam.
Apesar de ter uma personalidade assertiva, Campos reconhecia com deferência que Alberto Caeiro, o poeta sublemente sereno da Natureza, era seu mestre.
E o mesmo fazia Fernando Pessoa, que inventou o trio prodigioso, providenciando a cada um uma biografia. Psicologia individualizada, pontos de vistas políticos e religiosos e um estilo literário distintivo.
Demasiado diferente dele, para serem considerados simples pseudônimos, como se apenas tivessem sido mudados os nomes pessoas chamou-lhes heterônimos.
E numa tábua bibliográfica de obras suas publicadas em 1928, explicou a distinção conceitual.
A obra pseudônima é do autor em sua pessoa. Salvo no nome que acima. A heterônima é do autor fora de sua pessoa, é de uma individualidade completa fabricada por ele como seriam os dizeres de qualquer personagem, de qualquer drama seu.
Salvos amigos escritores, poucos foram os que se deram conta da extraordinária diversidade da poesia de pessoa publicada em português.
A maior parte da qual aparecer em revistas literárias com pequena tiragem. E nem sequer os amigos com uma ou duas exceções, tinham lido as plaquetes com poesia escrito em inglês.
Pessoa, que nasceu em Lisboa em 1888, mas que passara nove anos de sua infância e recebera grande parte de sua formação escolar na cidade sofre cama de Dobern, governada pelos britânicos, tinha no início a aspiração de ser um poeta inglês, e em seus 35 Sonats e Antínoos, a POME, ambos publicados em 1918, obtiveram uma recensão favorável no Times Literari Suplement.
O crítico deixava, contudo, o aviso de que a maioria dos leitores ingleses consideraria deplorável o tema de Antínoos, no qual o imperador Adriano recorda afetuosamente o amor sensual do seu jovem companheiro de se afogar no Nilo.
O aviso era desnecessário. Uma vez que nenhuma dessas plaquetas foi distribuída no Reino Unido, E ambas foram ignoradas em Portugal. País com o gerente cultural tinha o francês e não o inglês como segunda língua.
Pessoa foi também um autor ocasional de crítica literária e de artigos de opinião sobre questões políticas e sociais, Um número razoável de pessoas na altura da morte dele nunca tinha lido nem sequer um de seus poemas mas conhecia muito bem o nome dele porque tinha causado alguma agitação quando publicaram um artigo de primeira página corajoso em que se opunha a um projeto de lei que legalizava a maçonaria e que a Assembleia Fantástica Salazar aprovaria pudessem unanimidade.
E no então que pessoa, precisamente um mês antes de publicar o artigo, tinha recebido um prêmio patrocinado pelo governo devido ao seu livro de poemas nacionalistas. De que lado estava ele? Ninguém parecia saber ao certo.
Mesmo entre os amigos que habitualmente encontravam nos cafés lisboetas, pessoa com solteirão declarado é um mistério. Adorava falar sobre literatura, filosofia, política e religião, mas em matéria da vida pessoal, não era expansivo.
Raramente convidava alguém para casa, onde, segundo se dizia, teria uma arca cheia de centenas, se não milhares de poemas e peças em prosa não publicados.
Marco Explanation
É esse livro é a biografia do fenômeno pessoa eu acabei de ler algumas palavras E lendo pode parecer um pouco obscuro, às vezes inclusive fora do contexto.
Mas o que, basicamente, o nosso amigo historiador diz é que o Fernando Pessoa ele tinha vários e vários heterônimos, ou seja, é é difícil explicar, o heterônimo é quase que uma criação encarnação, do do do escritor, e cada um deles tinha uma personalidade diferente, muito marcante e, literariamente, muito marcante, o que é impressionante, de Fernando Pessoa é impressionante.
E o Fernando ele levava uma vida de bastante intensidade social, nos cafés, com os amigos, mas era muito reservado. A vida dele era bastante recusa.
Pra frente no livro, vai se ver o Fernando Morando, ou com a família, ou em quartinhos, a palavra é essa mesmo, quartinhos, E, curiosamente, ele tomava banho gelado, mesmo nos invernos, porque ele dizia que fazia bem à saúde.
E lá ele escrevia e guardava num baú milhares de páginas, de pensamentos, que aos poucos foram sendo descobertos e publicados.
Esse livro avança pela história do Fernando, é um livro bastante denso, ele tem setecentas páginas, até a morte dele no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, onde ele padece de um mal, provavelmente uma cirrose, alguma coisa no fígado, no pâncreas, talvez fruto de bebida que ele bebia bastante, fumava bastante, e se encerra aí uma vida prematura. Talvez do maior escritor, um dos maiores escritores da língua portuguesa, Fernando Pessoa.