Transcript
Alexia: Oi, oi, pessoal! Bem-vindos a mais um episódio aqui do Carioca Connection. É muito bom ter você por aqui. Eu sou a Alexia, carioca, brasileira, e estou aqui com o Foster.
Foster: Oi, gente, meu nome é Foster, americano. Acho que vocês já sabem disso.
Alexia: Pode ser que sim, pode ser que não, mas de qualquer forma, hoje eu tenho uma história para contar, Foster.
Foster: Então, me conta, Alex.
Alexia: Então, há uns meses, uma amiga minha, que mora em São Francisco, na Califórnia, foi para o Brasil visitar a família e etc. Ela é brasileira, mas mora fora. Ela passou por São Paulo e Rio de Janeiro. Ela é designer de interiores, aliás, de ótimo gosto para quem está nos Estados Unidos e precisando, Vanessa Melo, vale muito a pena. Ela é incrível, e eu sempre fico de olho no bom gosto dela. Eu gosto muito do que ela faz.
Foster: Alexia, posso te parar rapidinho? O que quer dizer "de olho"? Eu não preciso de uma tradução literal.
Alexia: Não, estou pensando. É tipo observar o que a pessoa está fazendo?
Foster: Exato, e sempre é interessante.
Alexia: Exato! Enfim, a Vanessa foi para São Paulo e Rio de Janeiro, e passou por várias lojas super legais, super bacanas, nessas duas cidades. Eu fiquei pensando: “É um Rio de Janeiro e São Paulo completamente novos, eu não conheço nenhuma dessas marcas.” Fiquei morrendo de inveja do que ela estava fazendo e começou a crescer dentro de mim uma saudade muito grande do Brasil e, na verdade, uma curiosidade muito grande daquilo que está acontecendo nas grandes cidades do Brasil. Novas marcas sendo criadas, novas pessoas empreendendo, etc. Quando ela voltou para casa, mostrou o que comprou no Brasil nessa última viagem.
Foster: Uhum.
Alexia: E o que ela trouxe na mala de volta para São Francisco. Três coisas me chamaram atenção, e uma em especial: ela tinha comprado...
Foster: Como é que fala?
Alexia: Pôster.
Foster: Pôster? Quase meu nome, né?
Alexia: Pôster. E ela tinha comprado um pôster lindo, lindo, lindo, que eu falei: “Eu quero! É a cara do Brasil!”
Foster: É, acho que posso dizer também que a Alexia adora design. É uma coisa que você gosta muito.
Alexia: Sim, por mim, eu faria um curso disso amanhã, sem piscar.
Foster: Pode fazer. Tem coisas de graça na internet.
Alexia: Ela postou esse pôster e eu fiquei completamente apaixonada. Ela marcou a loja de onde veio e eu falei: “Deixa eu entrar nessa loja.” Entrei. O nome é Quintal BR, no Instagram. Vocês podem checar.
Foster: Eles não são... como é que fala? Patrocinadores?
Alexia: É, eles não estão patrocinando a gente.
Foster: Eles nem conhecem a gente.
Alexia: Sim, é só porque eu adoro. Então, entrei em contato com a loja, mas ninguém me respondia. Eu comecei a ficar revoltada. Aí entrei em contato por WhatsApp, e me responderam, claro, brasileiro, né? Aí...
Foster: Também é uma boa dica: se você quer fazer qualquer coisa no Brasil, o WhatsApp é essencial.
Alexia: Sim! E aí, entrei em contato com eles. O dono, Marcelo, falou comigo, muito simpático. Eu falei: “Marcelo, eu quero muito três daí. Você consegue mandar para Portugal?” Ele falou: “Ah, eu não faço entrega internacional, mas muita gente tem pedido hoje em dia. Vou cotar a entrega internacional, pela DHL ou coisa parecida.”
Foster: Uhum.
Alexia: Ele fez a cotação, mas era absurdamente caro. Eu falei...
Foster: Quanto foi?
Alexia: Nossa, muito caro, tipo quatrocentos reais. Mesmo convertendo para euro, não faz sentido.
Foster: Sobretudo para a Europa, dentro da União Europeia.
Alexia: É, e com certeza ia parar na alfândega aqui em Portugal. Eu falei: “Não, espera, eu vou arranjar alguém.” Fui no meu Instagram e postei: “Quem está indo para o Brasil daqui da Europa pode fazer um favor para mim?” Uma amiga minha, que faz parte do Clube (Carioca Connection) e que vocês vão conhecer, a Carol, que mora na Alemanha há doze anos, falou: “Eu vou e posso.”
Ela se animou, comprou um pôster também, e eu mandei entregar na casa da mãe dela. Chegou na casa da mãe dela em fevereiro. A Carol foi, se divertiu no Rio de Janeiro, foi para um casamento que eu sei porque vi no Instagram, etc. Ela voltou para a Alemanha, e da Alemanha me mandou os pôsteres. Chegaram aqui em casa. E são lindos! Um é do Rio, outro é sobre o Brasil em geral, e o outro tem cinco palavras em português...
Foster: Seis palavras, na verdade.
Alexia: Então, Alex, só para resumir e ver se entendi tudo certo. Você viu os pôsteres e queria muito, mas era caro demais. Então, entrou em contato com a sua amiga, que também faz parte do projeto. Ela foi para o Brasil, voltou para a Alemanha, e te enviou os pôsteres para Portugal.
Alexia: Sim.
Foster: E dos pôsteres, só tem seis palavras em português?
Alexia: Sim.
Foster: Fiquei muito interessado.
Alexia: Sim, aí eu mostrei os pôsteres para o Foster e ele falou: “Posso ser sincero? Gostei desses dois, mas desse aqui das palavras, não.” Foi bem assim.
Foster: Já é meu favorito.
Alexia: Aí eu fiquei olhando para a cara dele meio que... “Por quê? Você não gostou?” Ele respondeu: “Porque eu não sei o que é chamego.” Ou seja, sabe aquela criança que você coloca brócolis na frente e fala: “Não gosto, porque nunca provei, mas sei que não gosto”? Não foi forte.
Foster: Não é bem assim. Mas, Alex, você pode falar as seis palavras?
Alexia: Então, vamos lá. Só uma coisa: obrigada, Carol, por ter feito toda essa aventura com os pôsteres. A primeira palavra é cafuné.
Foster: Cafuné. Fala todas as palavras e depois vamos em cada uma.
Alexia: Cafuné. Abraço. Carinho. Beijo.
Foster: Beijo.
Alexia: Chamego.
Foster: Chamego.
Alexia: E amor.
Foster: Bom, acho que abraço e amor todo mundo entende.
Alexia: Beijo também.
Foster: Beijo também. Então ficamos com cafuné, carinho e chamego.
Alexia: Eu acho que carinho é mais ou menos óbvio o que quer dizer.
Foster: Mas você sabe a diferença entre carinho e chamego?
Alexia: Aí fica mais complicado.
Foster: Essa é a questão.
Alexia: Bom, para mim, pessoalmente, eu entendi cinco das seis palavras perfeitamente. Isso é depois de oito anos de experiência com o Brasil e relacionamento com a Alexia. Mas chamego eu nunca tinha ouvido na minha vida.
Alexia: Bom, então, quando fui procurar a tradução, o significado, eu também aprendi nessa história. Vi que o chamego que falo é diferente do chamego verdadeiro, digamos assim. O chamego mais utilizado hoje em dia, de forma coloquial, é mais tipo: “Ai, me dá chamego” ou coisa parecida. É mais assim, para fazer carinho, para ficar pertinho, para dar algum tipo de carinho mesmo.
Foster: Uhum. Me dá chamego?
Alexia: É, “Vou te fazer chamego.”
Foster: Vou te fazer chamego. Está bom.
Alexia: Ai, que chamego bom, ou seja, que carinho bom. E isso é usado muito, principalmente pelo pessoal do Norte e Nordeste. Me corrijam se eu estiver errada, tá? Mas é muito usado nessas regiões. Enquanto no Sudeste, é carinho.
Mas, quando fui procurar o significado mesmo de chamego, vi que tem conotação sexual, o que eu não sabia.
Foster: Pode ter, né?
Alexia: Não, eu sei, mas a palavra mesmo, assim. Se você for procurar no dicionário, é diferente.
Foster: Entendi. Não é só carinho.
Alexia: Não é só carinho.
Foster: Então, com um toque a mais.
Alexia: Sim.
Foster: E é interessante, para mim, que tem essa palavra, que é uma palavra em português que eu nunca tinha ouvido.
Alexia: Sim, e tem cafuné, que o Foster aprendeu recentemente.
Foster: É, mas estou confundido.
Alexia: É, cafuné é fazer carinho na cabeça, por exemplo, ou no cabelo. Normalmente, você fala para cafuné no cabelo ou na cabeça, mas pode ser em qualquer parte do corpo. Eu posso fazer cafuné no seu braço também, não precisa ser na cabeça.
Foster: Eu não sabia.
Alexia: É, mas, normalmente, falamos cafuné na cabeça. E acho que isso é uma das coisas que todo mundo sente falta quando está fora, quando a pessoa que faz esse cafuné na cabeça não está por perto.
Foster: Uhum. E uma coisa interessante que o pessoal pode saber é que, por exemplo, a palavra cuddle...
Alexia: Sim, mas o cuddle em inglês não tem nada a ver com cafuné. Cuddle em inglês, como um todo, é deitar junto, ficar junto, por exemplo, assistir a um filme, bem pertinho e tal, ou seja, não precisa de carinho no cabelo, na cabeça, não. Você só precisa ficar perto da pessoa, encostado.
Foster: Entendi.
Alexia: Mas o cafuné em português é fazer carinho na cabeça ou no cabelo, e normalmente é um carinho tão bom que a pessoa dorme. Então, por exemplo, quando os pais querem fazer o bebê dormir, eles fazem um cafuné no bebê, na cabeça ou na nuca do bebê, para que ele sinta relaxado e consiga dormir.
Foster: Nossa, até eu estou com sono agora.
Alexia: É, porque é muito bom! O cafuné é muito, muito, muito bom! E para você que nunca ouviu falar sobre cafuné, chamego, ou qualquer uma dessas palavras, é interessante como a língua portuguesa pode ter tantas variações para falar de carinho, amor e etc.
Foster: Uhum. E, se você ainda não conhece, pode conhecer agora, e vamos começar com carinho.
Alexia: Sim, carinho. Carinho é um carinho genérico. Pode ser em qualquer parte do corpo, na cabeça, no ombro, no braço, ou só abraçar a pessoa, por exemplo.
Foster: Uhum.
Alexia: Eu posso fazer carinho no Foster enquanto estamos assistindo a um filme, então é bem tranquilo.
Foster: Uhum. Bom, a gente acabou de gravar um episódio, e acho que foi isso. Eu espero que vocês gostem das seis palavras.
Alexia: E é isso. Até o próximo episódio! Se você gostou desse episódio e ainda não faz parte do Clube Carioca Connection, considere entrar para nos apoiar. É uma ótima forma de continuar seu aprendizado e nos ajudar a continuar fazendo isso que a gente ama. Até a próxima! Tchau, tchau!
Foster: Tchau, pessoal!
Useful vocabulary & expressions
Oi, oi, pessoal! - Hey, hey, everyone!
Bem-vindos a mais um episódio. - Welcome to another episode.
É muito bom ter você por aqui. - It’s great to have you here.
Estou aqui com o Foster. - I’m here with Foster.
Pode ser que sim, pode ser que não. - Maybe yes, maybe no.
Há uns meses, uma amiga minha... - A few months ago, a friend of mine...
Ela passou por São Paulo e Rio de Janeiro. - She went through São Paulo and Rio de Janeiro.
Vale muito a pena. - It's really worth it.
De ótimo gosto. - With great taste.
Estou pensando. - I’m thinking.
Começou a crescer dentro de mim uma saudade. - I started feeling a growing longing inside me.
Fiquei morrendo de inveja. - I was dying of envy.
Entrou em contato com a loja. - Got in touch with the store.
Claro, brasileiro, né? - Of course, Brazilian, right?
Cotei a entrega internacional. - I got a quote for international delivery.
Não faz sentido. - It doesn’t make sense.
Vou arranjar alguém. - I’ll find someone.
Ela se animou. - She got excited.
Me mandou os pôsteres. - Sent me the posters.
Chegaram aqui em casa. - They arrived here at home.
Posso ser sincero? - Can I be honest?
Gostei desses dois, mas desse aqui, não. - I liked these two, but not this one.
Posso fazer cafuné no seu braço. - I can do cafuné on your arm.
Nossa, muito caro. - Wow, really expensive.
Sobretudo para a Europa. - Especially for Europe.
Vou te fazer chamego. - I’m going to give you chamego.
Até eu estou com sono agora. - Even I’m sleepy now.
E é isso. - And that’s it.
Me corrijam se eu estiver errada. - Correct me if I’m wrong.
Para que ele sinta relaxado. - So that he feels relaxed.
É uma coisa que você gosta muito. - It’s something you really like.
Assistir a um filme bem pertinho. - Watching a movie really close.
Vou cotar a entrega internacional. - I’ll get a quote for international delivery.
Considerem entrar para nos apoiar. - Consider joining to support us.
Eu fiquei olhando para a cara dele. - I looked at his face.
Vou te fazer chamego. - I’m going to give you chamego.
Com um toque a mais. - With an extra touch.