Listen on:
Alexia: Olá, olá, pessoal. Mais um episódio aqui do Carioca Connection. Bem-vindos, espero que vocês estejam tendo um dia ótimo. Eu sou a Alexia, carioca, brasileira, obviamente, e eu estou aqui com…
Foster: Foster, americano obviamente. Falante não-nativo da língua portuguesa.
Alexia: Sim, brasileiro honorário.
Foster: Cobaia, no caso. Tudo bem, Alexia?
Alexia: Tudo e com você?
Foster: Tá tudo bem.
Alexia: Bom, hoje nós vamos continuar falando sobre o medo do palco.
Foster: Uhun. Medo de tudo, na verdade.
Alexia: Na verdade, medo de falar com as pessoas. E no episódio passado, nós falamos um pouco sobre as minhas experiências falando em público, né? E hoje nós vamos tentar dar soluções ou estratégias que nós tivemos experiência e funcionaram.
Foster: É. Eu acho importante falar que não somos profissionais nisso. Ainda sofro muito com ansiedade, falando em público. Antes de gravar todos os episódios do Carioca Connection, até hoje eu fico muito nervoso. Eu estou ansioso agora. Gente, eu só percebi agora.
Alexia: É, então, nós vamos falar um pouquinho sobre como que a gente tenta relaxar, tenta fazer dessa experiência um pouco melhor, seja em nossas línguas maternas ou nas nossas segundas línguas… Segunda línguas, não... Segundas línguas, não sei… Volto com vocês para falar sobre isso em um outro episódio.
Foster: É, línguas estrangeiras seria, né? Bom, Alexia, eu posso começar?
Alexia: Sim.
Foster: Uma coisa para mim, pelo menos quando eu estou falando numa língua que não é minha língua materna, quer dizer, quando eu estou falando espanhol ou português.
Alexia: Ou uma tentativa de francês.
Foster: É, isso não vai acontecer não. Eu gosto de preparar um pouco mentalmente antes de falar. Por exemplo, se eu sei que eu tenho uma entrevista ou uma conversa com alguém em português, normalmente eu tento pelo menos escutar algo em português, pode ser um podcast, pode ser uma música. Eu faço isso muito, tipo, eu escuto música brasileira, eu canto um pouco, só para esquentar minha boca e meu corpo para ficar um pouco mais relaxado.
Alexia: Sim.
Foster: Faz sentido isso?
Alexia: Sim, faz super sentido. Sabe do que eu estava lembrando? Quando eu tiver que ler durante o casamento do seu irmão. Não sei como é que eu subi, desci, não faço ideia. Então sim, gente, eu acho que tudo que a gente puder usar ao nosso favor para passar por esses momentos, vale a pena. E a gente estava até falando sobre isso, sobre estar super bem preparado ou não estar muito bem preparado, né?
Então eu acho que, dependendo da situação, ou você realmente tem que estar super bem preparado, porque você vai fazer uma entrevista de emprego ou porque você vai apresentar uma coisa super importante no trabalho ou coisa parecida. Mas eu também acho que você se preparar ao ponto de ficar robótico, não é bom, porque você também perde a naturalidade da situação.
Foster: Sim, eu concordo. Eu concordo. Eu acho que depende muito da situação e da sua personalidade. Por exemplo, se eu preciso falar em público, mas é sobre um assunto que eu sei mandar bem, eu sei que eu posso falar sobre… O que foi?
Alexia: “Me dá bem?”
Foster: Eu falei “mandar bem.”
Alexia: Ah tá, eu entendi “me dar bem,” por isso que eu fiquei te olhando.
Foster: Ah, mas eu posso falar, “eu sei mandar bem”?
Alexia: Pode. Eu acho que eu falaria que eu domino muito bem.
Foster: “Que eu domino muito bem.” Por exemplo, eu sou professor de inglês, se eu preciso falar sobre a fonética na língua… Sobre a fonética da língua inglesa, eu posso fazer isso por horas sem pensar, eu não preciso me preparar muito e não vou ficar tão nervoso. Mas, por outro lado, se eu tivesse que falar sobre um assunto que não…
Alexia: Você não tem tanto domínio.
Foster: Exatamente.
Alexia: “Que eu não tenho muito domínio sobre.”
Foster: Eu vou precisar de muito mais preparação.
Alexia: Sim, sim. Mas eu acho que existem coisas além da preparação que você pode fazer, né? Então a gente estava até assistindo Ted Lasso.
Foster: Ted Lasso, que é uma série no Apple TV e, na minha opinião humilde, é a melhor série do ano. É muito bom, eu acho muito engraçado.
Alexia: Sim, é muito boa mesmo, a gente ama. A gente está muito triste que terminou agora. Já aguardando a próxima temporada. Enfim, durante a série tem até uma cena… Você quer contar sobre a cena?
Foster: Tem várias cenas. Bom, eu lembro especificamente que tem uma cena que tem mais ou menos um menino que faz… Eu não vou contar a história inteira…
Alexia: Para não dar spoiler.
Foster: É. Mas tem uma pessoa que não é muito confiante, ele está falando com a chefe da empresa inteira e ela deu a dica para ele para… Como é que fala isso em português? Um power pose.
Alexia: Uma… Eu falaria um power pose em português mesmo, mas é uma pose de super-herói, assim, sabe?
Foster: Exatamente. É uma pose de poder.
Alexia: Exato. Uma pose de super-herói, de poder. É peito pra cima, ombros para baixo, cabeça inclinada, sabe assim? De realmente…
peito pra cima, ombros para baixo - chest up, shoulders down
Foster: É se olhar no espelho e se sentir forte.
Alexia: Que você pode ser um super-homem ou uma super-mulher e é isso.
Foster: É, mas eu gosto muito da ideia de ter uma conexão um pouco mais forte com o seu corpo porque, às vezes, quando ficamos muito nervosos…
Alexia: Nervosos.
Foster: Nervosos.
Alexia: Lembra? Quando é ‘um ovo, dois ovos.’ Eu estou nervoso, nós estamos nervosos.
Foster: Quando ficamos ansiosos…
Alexia: Ansiosos.
Foster: Ansiosos.
Alexia: Sim.
Foster: Estou ficando mais e mais ansioso.
Alexia: Try me again.
Foster: Quando ficamos mais ansiosos, normalmente a gente esquece que temos um corpo e, para mim, uma coisa que eu faço, eu mexo muito com minhas mãos só pro meu sangue correr, né?
Alexia: Sim. E engraçado você falar isso, porque eu acabei de lembrar de um professor que eu tive na faculdade que ele dava sei lá o que da comunicação. E ele tinha que treinar a gente, falar em público era uma parte disso. E eu sempre fui de gesticular muito, eu sempre gostei de gesticular muito, é uma forma que eu me comunico.
Eu melhorei muito essa parte ao longo do tempo, eu já não gesticulo tanto quanto antigamente, mas eu lembro que as minhas apresentações em público eram os meus braços ao invés de serem focados naquilo que eu tinha para falar. Então um dia, ele, óbvio, ele me pediu licença pra fazer isso, ele pediu minha autorização, ele simplesmente colocou os meus braços colados com o meu corpo e colocou uma faixa, tipo…
Foster: É sério?
Alexia: É.
Foster: Fisicamente.
Alexia: Fisicamente. Ele me pediu autorização. Eu falei, “Ok, vai ser um desastre.” E foi. Eu não conseguia me mexer, tipo, nada saía, porque eu precisava da minha mão para acompanhar aquilo que eu estava falando.
Foster: É.
Alexia: E aquilo, para mim, foi um ensinamento, tipo assim, se me tira o meu corpo, eu não sou capaz de falar aquilo que eu tenho para falar. Ainda mais eu sendo brasileira, que os brasileiros gesticulam muito, né?
Foster: É, é verdade.
Alexia: Então…
Foster: Nossa! Que pensamento profundo, Alexia.
Alexia: É, ele falou, “Você pode usar seu corpo, mas lembra que tem que ser metade aquilo que você tem para falar e metade o seu corpo. Não pode estar focado em um ou em outro.”
Foster: É, eu acho muito importante isso. Mais uma dica da série Ted Lasso e é uma dica que eu gosto pessoalmente é, começar qualquer situação, pode ser falando em público, uma apresentação, mas começar com ou uma coisa pessoal ou uma piada.
Alexia: É quebrar o gelo.
Foster: Quebrar o gelo, exatamente. E não precisa ser uma piada ridícula, pode ser só tipo, “Oi gente, tudo bem? Eu estou muito ansioso agora.” E daí o público vai ter um pouco mais de empatia com você.
Alexia: Sim, sim. Eu acho isso ótimo. Bom, eu espero que a gente tenha ajudado um pouquinho vocês.
Foster: Sim, não temos mais dicas porque, na verdade, não é nossa área de…
Alexia: E se a gente tiver mais dicas no futuro, porque a gente aprende com os nossos erros, né? A gente volta aqui e faz mais um episódio sobre isso.
Foster: A gente aprende na marra.
Alexia: É. Então tá bom.
Foster: Até o próximo episódio.
Alexia: Tchau.