Listen on:
Foster: Oi, oi, Alexia! Como você está?
Alexia: Eu tô bem, e você?
Foster: Eu estou muito bem! Eu estou empolgadíssimo porque a gente vai falar sobre a fonética, a fonologia. É uma coisa que eu amo!
Alexia: Sim. Hoje o episódio é totalmente dedicado para você.
Foster: Sim, para vocês realmente não é só pra mim. Então, a semana passada a gente fala… A gente estava falando sobre micão e aumentativos em português, e o som de ão, né? O “não”, “chão”, etc.
Alexia: Sim.
Foster: Que é uma vogal nasal.
Alexia: Sim.
Foster: Então, Alexia, pode me explicar exatamente o que que é uma vogal nasal.
Alexia: Bom, vamos lá. A explicação correta é: uma vogal nasal é uma vogal produzida com o abaixamento do palato mole de modo que o ar escapa através do nariz e da boca simultâneamente. Ou seja: o ar tem que estar saindo da sua boca e do seu nariz ao mesmo tempo.
Foster: Sim, sim. E parece muito difícil pra entender no começo mas não é tão difícil. Então vamos pensar: palato mole é o soft palate. Então se você quer botar o seu dedinho na sua boca, no céu da boca, você vai ter essa parte meio durinha, né?
Alexia: No começo logo atrás dos dentes.
Foster: Sim.
Alexia: E aí quando tem a primeira curvinha, digamos assim, em direção ao céu da boca é o mole, né? É então onde fica mais mole.
Foster: ** English **
Alexia: Palato mole.
Foster: Sim. Então, basicamente com palavras normais com vogais orais, uma vogal normal tipo a,e,i,o,u, tem muita tensão é… Com o palato mole. Mas, com vogais nasais, você está deixando um pouco da tensão, relaxando um pouco e esse movimento vai criar oportunidade pra… Pro ar sair da boca e do nariz.
Alexia: Sim.
Foster: Simultâneamente.
Alexia: Ou seja: para a sua boca que tá fazendo exercício o tempo inteiro, enquanto você fala, é o som mais confortável pra sua boca fazer.
Foster: Sim.
Alexia: É exatamente isso.
Foster: Sim. Mas é uma coisa um pouco esquisita pros americanos, pros gringos, qualquer pessoa que está aprendendo português e na língua materna deles não tem vogais nasais.
Alexia: Sim.
Foster: Então acho que com alguns exemplos vai ajudar muito.
Alexia: Sim. Alguns exemplos vão ajudar muito.
Foster: Sim.
Alexia: E aí a gente pode dividir as vogais nasais em dois grupos, né? Um é vogais nasais fixas e os ditongos com vogais nasais.
Foster: Sim.
Alexia: Mas hoje a gente vai ficar só no primeiro setor, digamos assim.
Foster: Sim, exatamente. Então só pra explicar: tem dois tipos de vogais é… Fixas e ditongos. Fixas é um som só tipo: a, i, e, u. Um ditongo tem duas vogais na realidade mas, estão juntos, né? Então por exemplo: “tchau”, au, au, é um ditongo pras pessoas que não souberem.
Alexia: Sim.
Foster: Tá. Então, Alexia, vamos começar com os Fixed Nasal Vowels pra hoje.
Alexia: Vamos.
Foster: Então me dá um exemplo.
Alexia: “Sim”.
Foster: “Sim”. É, “sim” e “não” tem vogais nasais. Super importante. Então, com a palavra “sim”, fala de novo?
Alexia: “Sim”.
Foster: Mais uma vez?
Alexia: “Sim”.
Foster: Tá vendo que a Alexia não está falando “seam”, não tá falando “si”... “Sie”... É difícil.
Alexia: Eu não tô falando “siem”, eu não to falando nada. Eu to falando só…
Foster: Não tá falando “si” como espanhol. É “sim”.
Alexia: “Sim”.
Foster: “Sim”.
Alexia: Ou seja: o som é muito forte quando sai da minha boca e depois ele diminui pra fazer o “M”.
Foster: Sim.
Alexia: “Sim”.
Foster: Exatamente. E, em inglês, a gente tem esse som também mas não é muito comum. Mas, se você pensar na palavra going, going, pode exagerar muito no final goinnnng, é o mesmo som. Então “going”, “sim”, “sim”, pegou?
Alexia: Peguei!
Foster: Tá, ótimo! Mais exemplos?
Alexia: Sim. “Vinte”.
Foster: “Vinte”.
Alexia: “Lindo”.
Foster: “Lindo”. Você é linda!
Alexia: Brigada! É… “Mim”.
Foster: “Mim”. Você não quer dar um “eu sou lindo para mim”?
Alexia: Tá errada completamente essa palavra…
Foster: É mas fala que eu sou lindo!
Alexia: Essa frase! Você é lindo!
Foster: Brigado.
Alexia: “Carinho”.
Foster: “Carinho”.
Alexia: “Cheirinho”
Foster: “Cheirinho”. Basicamente com qualquer diminutivo vai ter também, né?
Alexia: Sim.
Foster: “Cheirinho”, “pequenininho”...
Alexia: “Vim”.
Foster: “Vim”.
Alexia: E o último que é muito estranho mas é verdade é: “intruso”.
Foster: “Intruso”. Qualquer palavra que comece com “in”. Então, faz sentido isso...
Alexia: Claro!
Foster: … pra você?
Alexia: Claro…
Foster: Então a coisa mais complicada pra mim é que isso vai acontecer em português basicamente em qualquer momento que a gente tem uma vogal antes de um consoante. Faz sentido isso?
Faz sentido isso? Does that make sense?
Alexia: Sempre que tem uma vogal antes de uma consoante vai acontecer isso.
Foster: Então não vai ter o tilte, não vai ter o acento, só vai ter uma vogal e uma consoante.
Alexia: Que que você falou? Não vai ter o que?
Foster: Tilte?
Alexia: Não… Til.
Foster: Til. Noss! Tô pensando em espanhol, gente. Ainda é cedo. Então por exemplo...
Alexia: “Ainda é cedo amor…”
Foster: “Mal começastes a conhecer a vida...”
Alexia: “Que anuncia…”
Foster: Então! Mais vogais nasais fixas. Então vamos lá! Com a letra “E”.
Alexia: Uma curiosidade: os cariocas falam “É”. Então, se você for falar as vogais “a, e, i, o, u”, né? Os paulistas vão falar “Ê”. Então seria “a,e,i,o,u”. Então nós sempre vamos falar “É”, só pra deixar isso claro.
Foster: É mas realmente é uma diferença é uma nuance que se pode, sei lá, reparar um pouco mais tarde na sua aventura com a língua portuguesa.
Alexia: Bom, agora com a letra “E”. Primeira palavra: “vento”.
Foster: Vento.
Alexia: “Bento”.
Foster: Bento.
Alexia: “Lento”.
Foster: Que que é um “bento”?
Alexia: Bom, Bento na verdade é o São Bento…
Foster: Pode ser um nome?
Alexia: Ou é o nome de uma pessoa que se chama Bento.
Foster: É… É. E lento quer dizer devagar.
Alexia: Exatamente.
Foster: É.
Alexia: “Sendo”.
Foster: Sendo.
Alexia: “Sempre”.
Foster: Sempre. Então, vamos analisar um pouco. “Vento”: estou falando correto?
Alexia: Sim.
Foster: Então fala de novo.
Alexia: Vento.
Foster: Então, você não está falando tipo… O som do “N”, não está aí. Não é “vennnnto”. É “vento”. “Ven”, “vento”.
Alexia: Na verdade o som tá saindo da sua boca quando você faz o “V”, né, então é: “vvvvvento”.
Foster: É, mas estou falando que em inglês com qualquer palavra com “N’ quase a gente vai falar “vennnto”. Mas, em português não é assim.
Alexia: Não. É menos exagerado, digamos assim né, comparado com inglês. Então é “vento”.
Foster: “Vento”
Alexia: O stress tá no “E” então é “vento”.
Foster: É, é, é. E a mesma coisa acontece com “M” também sempre.
Alexia: Com certeza.
Foster: É “sempre”. Estou falando um exemplo!
Alexia: A palavra! Agora entendi!
Foster: É. Também com “A”, a gente tem a mesma coisa. Pode me dar alguns exemplos, Alexia?
Alexia: Banco.
Foster: Banco.
Alexia: Canta.
Foster: Canta.
Alexia: Manga.
Foster: Manga. Pode explicar o que que é uma manga? É uma fruta ou tem a ver com camiseta?
Alexia: Os dois! Manga é uma fruta: mango. E manga… Como é que é manga em inglês?
Foster: Sleeve. Manga curta.
Alexia: Sleeve.
Foster: Né?
Alexia: É. Banana.
Foster: Banana. Pode falar isso pra mim bem devagarinho?
Alexia: Banana.
Foster: Banana.
Alexia: Banana.
Foster: É, então, se você vai pro banco e você está cantando no caminho pro banco…
Alexia: Comendo uma manga e pensando numa banana…
Foster: É. Mas também você gosta de laranja
Alexia: Laranja.
Foster: Laranja.
Alexia: Você tem essa mania de falar laranja.
Foster: É quando eu estou pensando em vogais nasais eu quero colocar muito.
Alexia: Não, é: laranja.
Foster: Laranja.
Alexia: Laranja.
Foster: Laranja. Tá. E… Mais dois exemplos a gente tem “O” e “U” também. Então vamos lá!
Alexia: Bom.
Foster: Bom o que?
Alexia: É um exemplo.
Foster: Bom!
Alexia: Bom.
Foster: É.
Alexia: É muito bom.
Foster: É. E isso é super, super interessante para mim. A maioria do meu tempo eu estou ensinando inglês para brasileiros e os brasileiros não conseguem fechar a boca com qualquer palavra que termina com “M” então é tipo “from”. Você sempre vai ouvir “I’m from, I’m from Brazil”. O brasileiro fala isso muito porque no português do Brasil não fecha a boca com esse som. É só “bom”. “Bom”.
Alexia: “Bom” e aí você deixa o “M” pro destino.
Foster: É porque aqui tá passando ar da nariz e também... Pelo nariz
e… A Alexia está me dando uma olhada… Então, bom…
Alexia: Próximo exemplo: “som”.
Foster: Som. Tom. Tom Jobim.
Alexia: Exatamente.
Foster: É. Ponto.
Alexia: Ponto. Compra.
Foster: Compra.
Alexia: Ônibus.
Foster: Ônibus. Então é “on”.
Alexia: On, on, on.
Foster: Não é “ón”, não é “ôm”. É “on”.
Alexia: On.
Foster: Perfeito. E o último?
Alexia: Último é com “U”! Então vamos lá: assunto.
Foster: Assunto.
Alexia: Assunto.
Foster: Então fala bem devagarinho para mim.
Alexia: Assunto.
Foster: Então tá vendo que no meio da palavra você tem “assunto”. Assunto.
Alexia: Assunto. A outra palavra seria: mundo.
Foster: Mundo.
Alexia: Mundo.
Foster: É. Então, por exemplo eu acho que a maioria dos nossos ouvintes têm experiência com espanhol, né? E em espanhol seria: “mundo”. “Mundo”. Então você pronunciando, articulando o “N” mas em português não é: “mundo”.
Alexia: Exatamente.
Foster: É uma vogal nasal.
Alexia: E o último exemplo do “U”: atum.
Foster: Atum. É. Tuna!
Alexia: Atum. Tuna! Tuna fish.
Foster: É não é “atum”, é “atum”.
Alexia: Atum.
Foster: Perfeito. Então Alexia! Acha que vai ajudar os nossos ouvintes?
Alexia: Acho que vai. Espero que vocês consigam entender várias coisas que sempre não fizeram sentido para vocês em português.
Foster: É. E se você tiver alguma ainda perguntas, dúvidas, é só falar. E no próximo episódio a gente vai falar sobre mais exemplos, mais frases e também ditongos.
Alexia: Sim. Então até o próximo episódio!
Foster: Até!
Alexia: Tchau!