Listen on:
Foster: Olá, Alexia!
Alexia: Oi, Foster!
Foster: Tudo bem?
Alexia: Tudo. Bom dia!
Foster: Bom dia! Está chovendo…
Alexia: Muito! Nós estamos em Myrtle Beach, Carolina do Sul.
Foster: Sim.
Alexia: E hoje está um dia muito, muito feio!
Foster: Sim. Que é um saco porque é um lugar turístico e a gente está no apartamento gravando podcast. Que não é um saco porque a gente adora…
Alexia: Sim. Mas claro que podia tá um dia de sol, pra aproveitar a piscina…
Foster: É. Pois é. O que fazer, né?
Alexia: O que fazer…
Foster: Bom, Alexia! A gente vai falar sobre o que hoje?
Alexia: A gente vai falar sobre uma situação engraçada que aconteceu na semana passada com a gente.
Foster: Que a gente estava na praia… Quer dizer, numa casa que ficava perto da praia, né? E… O que aconteceu? Explica para mim.
Alexia: Bom, eu acho que vocês já conhecem a gente, né? Pelas últimas… Pelas últimas temporadas, e sabem como nós amamos animais.
Foster: Sim.
Alexia: Amamos animais de todas as formas. E nesse lugar na praia, um veado, né, que em inglês é dear…
Foster: Sim.
Alexia: … e eu chamo de Bambi…
Foster: Sim. Só pra dar um pouco de clarificação: veado é dear, é o animal, o Bambi, como a Alexia disse. Mas também viado pode ser uma palavra pejorativa pra uma pessoa homossexual.
Alexia: É, exatamente, então…
Foster: Então é ter um pouco de cuidado aí!
Alexia: Bastante cuidado. Por isso que com o meu sotaque carioca que eu transformo todo… Toda a letra “E” em “I”, eu não gosto de falar essa palavra. Por isso que eu sempre falo Bambi, ao invés de falar veado.
Foster: É. Mas eu acho que quase qualquer brasileiro vai… Ninguém vai falar “veado”, somente se eles estiverem falando bem devagarinho. Normalmente vai ser “viado” pro animal também, pra palavra pejorativa pra homossexuais.
Alexia: É. Mas para nós entrarmos num consenso eu vou chamar de Bambi, sempre.
Foster: Tabom! Então, Bambi! Me fala!
Alexia: Aí, nós vimos um Bambi, né?
Foster: Sim.
Alexia: Que era uma fêmea, que nós começamos a chamá-la de Daisy.
Foster: Sim.
Alexia: Só porque é muito fofa. Enfim! Aí o Foster viu, ele tava lá embaixo, né, perto do jardim, e ele começou a dar comidinha pra Daisy.
Foster: Sim.
Alexia: E eu tava no lado de cima. Tudo certo…
Foster: Sim.
Alexia: … tava no lado de cima, é…
Foster: E só… Posso falar uma coisa rapidinho? Normalmente eu não gosto de alimentar animais selvagens mas, a Daisy era tão amigável! Tão friendly!
Alexia: Muito!
Foster: Que eu, sei lá… Ela estava chegando pra mim tipo de boa “Oi, tudo bem?”. Então eu tinha um bagel na minha mão e então eu decidi, talvez, ela vai querer um pouco. Então, continue por favor.
Alexia: É… E eu tava em cima, né, na varanda. Porch. Varanda é porch.
Foster: Uhum.
Alexia: Bom, e enfim… A Daisy foi embora, o Foster subiu e ele entrou na varanda. E a gente ficou conversando, tal, não sei o que. Quando a gente foi tentar sair, a porta da varanda trancou pelo lado de dentro e a gente não conseguia sair da varanda.
Foster: A gente estava numa varanda, quase estava chovendo, ia chover em qualquer momento.
Alexia: A qualquer momento.
Foster: A qualquer momento. E a gente não podia sair! Trancado aí!
Alexia: Não! A gente não podia sair, a gente não podia pular, né, se fosse uma distância… Uma altura mais ok o Foster até poderia ter pulado.
Foster: Não, seria um pulaço! É, não… Não poderia fazer isso não.
Alexia: Aí, ainda bem que ele tava com o celular junto. Mas antes de a gente pensar em ligar pra alguém, a gente ficou esperando algum pedestre passar pra gente gritar e falar: “Help! Could you come here in the house and open the door, please?”
Foster: “Socorro! Socorro! Socorro! Entra na minha casa, eu não te conheço, vai pra parte atrás e abre para a gente por favor?”
Alexia: É. Eu tava preparadíssima pra gritar pra qualquer pessoa, não teria problema algum.
Foster: Sim, mas…
Alexia: O Foster tava com vergonha!
Foster: … ninguém veio.
Alexia: Você tem que admitir isso.
Foster: É… Pois é.
Alexia: Bom, aí o que que o Foster fez? Ligou pra mãe.
Foster: Sim. Não estou muito feliz com os eventos que aconteceram mas, pode continuar Alexia.
Alexia: É porque: a casa é da família da mãe do Foster. Então, quem é o contato direto da segurança, da portaria e etc, é a mãe. Então, ele ligou pra mãe e a primeira resposta da mãe foi: “Impossível. Essa porta não tranca.”.
Foster: É. Bom, o que que a minha mãe fez? Ela ligou pra segurança…
Alexia: Ela ligou pro seu pai antes e depois ligou pra segurança.
Foster: Enfim… A segurança veio pra casa, um cara entrou na nossa casa e tava meio tipo perdido, tipo: “cadê vocês?”. Ele finalmente achou a gente, abriu a porta pra gente e foi um micão!
Cadê is a great in formal way to ask where is something or someone.
Alexia: É. E eu o tempo inteiro falando: “Foster, que micão! Que micão! Imagina se os bombeiros vêm abrir a porta pra gente?”. Pelo menos era só uma pessoa da segurança.
Foster: É…
Alexia: Mas, foi um micão! E, por isso, a gente tá falando essa história de hoje.
Foster: É, a única razão porque a gente tá contando essa história publicamente é porque é bom pro seu português, pro seu vocabulário… E me explica, Amor, o que é um micão?
Alexia: Pagar um mico, né… Então… Pagar mico…
Foster: Pay the monkey!
Alexia: É, literalmente é isso!
Foster: Tá, só pra explicar: tem mico que é um macaco pequeno, realmente é um animal diferente, de espécie eu não sei qual é a diferença. Mas é um little monkey.
Alexia: É, os micos eles podem ser vistos praticamente de qualquer lugar no Rio. É um macaquinho muito normal da gente ver.
Foster: Uhum.
Alexia: Então… É um mico, tá? E aí pagar mico significa fazer alguma coisa que te dê vergonha. E aí pagar mico significa fazer alguma coisa que te dê vergonha.
Foster: Uhum.
Alexia: Que… Vamos supor: ah… é… Sei lá! Você pagou mico indo à uma festa à fantasia, de fantasias, sendo que não era à fantasia. Entendeu?
Foster: É. Exatamente. É tipo fazer alguma coisa que te dá muita vergonha, é… Em inglês seria tipo: to put your foot in your mouth or to just to do something really, really embarrassing.
Alexia: É.
Foster: Pagar mico.
Alexia: E aí…
Foster: Pay the monkey!
Alexia: … nesse caso foi um micão!
Foster: Tá, mas…
Alexia: Foi um super mico!
Foster: Tá. Pode falar: “é um mico”?
Alexia: Não. Você sempre tem que falar “pagar mico”.
Foster: Sim. Mas, você não falou: “a gente pagou um micão.”.
Alexia: Não.
Foster: Você falou “que micão!”.
Alexia: É. Exatamente. Tem duas formas de falar: “Nossa, que mico! Ele tá de fantasia sendo que não era pra vir de fantasia... ” ou “Nossa, ele tá pagando um mico vindo de fantasia sendo que não era de fantasia…”.
Foster: Tá.
Alexia: Sempre com esses dois.
Foster: Tá. Então, você tem duas formas. Pode falar “nossa, eu paguei um mico.”.
Alexia: Isso.
Foster: Né? “Paguei mico na festa.” Também pode falar “que micão!”...
Alexia: Que mico ou que micão.
Foster: É mas, micão, você está colocando o “ão” no final que é um aumentativo…
Alexia: Exatamente.
Foster: E normalmente essas… Aumentativos em português quer dizer que alguma coisa é maior, é um pouco pior, pode ser melhor. Independente de muita coisa, pode mudar o significado da palavra um pouco.
Pode mudar o significado da palavra. It can change the meaning of the word.
Alexia: Com certeza. Então, por exemplo… Deixa eu pensar… Ah! TV. Uma televisão. “Nossa, que TVzão!”.**
Foster: É.
Alexia: Quer dizer… É enorme!
Foster: Exatamente. É uma coisa que os brasileiros fazem muito é colocar esse aumentativo de “ão” no final pra mudar o significado um pouco.
Alexia: É. “Que carrão!”; “que barcão!”; “que piscinão!”.
Foster: Sim. Então no próximo episódio a gente vai explicar muitas palavras que os brasileiros usam com esse negócio de “ão”. E também explicar um pouco mais sobre essa vogal nasal de “ão” que dá muito problema pro gringo que está aprendendo português, né?
Alexia: Sim. É isso! Então a nossa história foi toda contada só pra gente chegar ao final e conversar sobre o pagar o micão!
Foster: É. No Brasil você não quer pay the monkey, não!
Alexia: Evitem pagar mico.
Foster: Sim. Tabom! Até a próxima, gente! Tchau! Tchau!
Alexia: Tchau!