Foster: Olá, Alexia!
Alexia: Oi, Foster!
Foster: Tudo bem?
Alexia: Tudo e com você?
Foster: Tudo ótimo!
Alexia: Muito bom ta falando português depois de um intensivão de espanhol e inglês!
Foster: Sim, gente! Realmente estou sofrendo pra caramba! E queria falar uma coisa mais forte...
Alexia: Não! Não precisa! Não podemos chegar a esse ponto!
Foster: Sim, sim!
Alexia: Mas acho que todo mundo vai entender!
Foster: Sim, mas, na verdade é difícil. Tipo, dois idiomas na mente é uma coisa mas, três? Você já… Eu estou sofrendo pra caramba!
Alexia: É, eu também! Eu também! Eu ia ter uma aula de francês ontem, tive que desmarcar por falta de tempo mas, eu só fiquei imaginando o meu roteirinho, né?
Foster: É.
Alexia: Do que que eu ia falar com o professor e tal e nada saía em francês! Era tudo em espanhol! Foster: É! Olha isso! Que minha namorada está fazendo… Está aqui em Buenos Aires, não sei se no último episódio a gente já…
Alexia: Eu também não sei se a gente falou.
Foster: Bom, agora, a gente tá em Buenos Aires e estamos falando em espanhol todos os dias por las calles e também falamos português entre a gente e também inglês.
Alexia: Não tanto hoje em dia mais porque você se confunde com o espanhol.
Foster: Sim, sim!
Alexia: Tá sendo mais espanhol e inglês mesmo.
Foster: Sim! E às vezes a Alexia está colocando um pouco de francês lá.
Alexia: Só comigo mesma porque eu não falo com você!
Foster: É! Salut! Bonjour!
Alexia: Mas é exatamente sobre isso que a gente vai falar porque eu comecei as minhas aulas de espanhol faz pouco tempo, né? Eu nunca tive aula de espanhol. E eu tava aprendendo o básico. Por mais que eu já consiga falar e as pessoas me entenderem com o meu portunhol eu tava aprendendo o básico.
Foster: É, é! Eu acho um caso bem curioso com todos os brasileiros que estão aprendendo espanhol, porque a maioria das pessoas vão te entender, né? Porque o português e o espanhol são línguas parecidas.
são línguas parecidas - they are similar languages
Alexia: Sim!
Foster: Dá para entender se você está falando devagarinho. Mas, para realmente falar espanhol e falar bem é outra coisa.
Alexia: É outra coisa! E aí eu percebi que eu pulei o nível das introduções, né? Do “oi, tudo bem?” “Hola como estás?”, porque isso já tava dentro de mim. Então eu já fui para um outro nível. E aí eu fiquei pensando nas pessoas que tão escutando a gente. Que a gente já tá num outro nível de português, a gente já tá muito avançado. Mas às vezes o básico faz falta! Por exemplo, aqui na Argentina é: “Hola! Como estás vos?” que é: “como você está?”. O “vos” eu não sabia que existia.
Foster: Sim!
Alexia: Então é diferente! Então se você for para Portugal, vai ser diferente do Brasil. Mas, como a gente tá falando de Brasil e da diferente dos Estados, isso não difere tanto, ainda bem!
Foster: Sim, exatamente. É uma coisa que a maioria das pessoas já sabem mas eu dou aula de inglês, sou professor de inglês, e eu sempre dou muita importância… Importância?
Alexia: Sim!
Foster: É… Nas primeiras impressões, né? Em como se apresentar. Porque é a primeira coisa que a pessoa vai pensar sobre você. E se você pode fazer essa apresentação com muita facilidade, a probabilidade de que você vai fazer amizades, etc, é muito mais alta.
Alexia: É!
Foster: Você acha?
Alexia: É! E é aquela expressão: “a primeira impressão é a que fica”.
Foster: Exatamente!
Alexia: Sim! Bom, Foster! Você chegando no Brasil a primeira vez, a primeira vez de todas! Você sabendo um pouco de português, como é que foi?
Foster: É…
Alexia: Cheguei no aeroporto, falou com o policial federal, tudo certo né?
Foster: Boa pergunta! Bom! Deixa eu pensar… Para ser bem sincero, não lembro do aeroporto.
Alexia: Mas normalmente que que eles perguntam?
Foster: Bom dia! Por que você está aqui? Você está aqui de…
Alexia: Por que você está aqui, quanto tempo você vai ficar aqui, talvez te pergunte onde você vai ficar…
Foster: Caraca! Buenos Aires é uma cidade barulhenta pra cacete! Caramba! Tá.
Alexia: São coisas normais. Isso você pode decorar e responder em inglês ou em português, que você não vai ter o menor problema. Mas aí você saiu da polícia federal e foi direto para pros táxis ou Uber, ou coisa parecida.
Foster: Sim.
Alexia: E no Rio, eu vou falar sobre o Rio, né? Não vou falar sobre o restante dos Estados. Nem todo mundo sabe falar inglês. Então você tem que saber…
Foster: Sim, eu diria que 80% da…
Alexia: É, depois da Copa e das Olimpíadas, até que melhorou um pouco! Quem presta serviço já sabe falar: “Hi! How are you?” “Where are you going?” tipo, só isso mas não levar uma conversa.
Foster: É, mas depende da idade da pessoa também.
Alexia: Depende de tudo.
Foster: Da geração. Mas, o que você quer saber? Por que você está falando de aeroporto, taxista?
Alexia: Bom, porque assim que as pessoas chegam…
Foster: Eu pensava que era um episódio de apresentações.
Alexia: Não, é porque, assim que as pessoas chegam, é a primeira dúvida. Por exemplo, eu não sei o idioma, como é que eu vou conseguir me virar? O que que eu devo falar?
Foster: Tá.
Alexia: Então é mais ou menos isso. O “Oi, tudo bem?”; “Como vai?”; “Você pode me levar para…” e assim vai.
Foster: Sim. Então, eu tenho duas dicas. Você quer saber?
Alexia: Quero!
Foster: Tá. Minha primeira dica seria: só repetir. Se alguém falar alguma coisa com você, como de apresentação é só repetir. Então, se alguém te falar: “tudo bom?” fala “e aí, tudo bom?”. “E aí, tudo bom?, “E aí! Tudo bom?”.
Alexia: Porque você devolve a pergunta.
Foster: É. “E aí, beleza?”, “Beleza! E aí?” Isso ajuda muito.
Alexia: Sim!
Foster: É um bom jeito pra fingir que você sabe muito mais português do que você realmente sabe.
Alexia: É!
Foster: Outra dica é, como é que é? Ah! A palavra “tá”. Tá. Tá é tipo “okay”, “I understand you”, I am continuing the conversation, right? Então, eu percebi quando eu falava tá muito, tipo...
Alexia: Você ainda usa muito “tá”, você sabia disso?
Foster: Que?
Alexia: Você ainda muito “tá” no podcast.
Foster: Sim!
Alexia: Muito!
Foster: Você também!
Alexia: Sim!
Foster: Sim. É, mas, tanto faz se você não está entendendo tudo pode falar “tá”, “tá, tabom”, “tá”, “tá”. E a pessoa sempre acha que você está entendendo tudo!
Alexia: Ou então o “aham!”, “uhum!”. Pronto!
Foster: Sim! Tá, tabom! Bom, eu tenho uma pergunta para você, Alexia.
Alexia: Fala!
Foster: Você pode explicar a diferença entre “tudo bem” e “tudo bom”?
Alexia: Não tem! “Oi, tudo bem?” é a mesma coisa que “oi, tudo bom?”
Foster: Sim, é… O que a gente sempre aprende nas escolas de português que não tem muitas… Mas é que se alguém te falar “tudo bem”, você responde com “tudo bom”. Mas, na minha experiência acho que…
Alexia: Não! Não… Eu acho que isso é uma coisa… Sinceramente nem sei da onde vem essa regra, então é: “oi, tudo bem?”, “tudo e com você?” ou então: “oi, tudo bom?”, “tudo e com você?”. Cabô!
Foster: Sim, mas é uma coisa tipo… Eu acho que é uma coisa que demonstra muito a espontaneidade do brasileiro porque pode fazer com muita variedade. Tipo: “e aí, tudo bom?”; “e aí, cara tudo bom?”, “tudo bom com você?”; “tá tudo de bom aí?”.
Alexia: Não, aí você já exagerou!
Foster: É, mas estou exagerando um pouco! Mas é uma coisa que você pode brincar. Alexia
Sim! É, o bom do português é que você tem várias palavras com os mesmos significados que você pode usar em diferentes situações. Então, por exemplo: “cara”, “parça”, “parceiro”, “broder”...
Foster: É, todas essas são palavras para “dude”...
Alexia: E tudo isso é para a mesma coisa!
Foster: “Man”, né?
Alexia: É.
Foster: E aí, cara? E aí, parceiro? E aí, mané? Mas, por exemplo… Bom, mais uma pergunta, pode?
Alexia: Claro!
Foster: A palavra “beleza”.
Alexia: Uhum!
Foster: Que a tradução literal seria “beauty”.
Alexia: Sim!
Foster: Mas, eu sempre escuto: “e aí, beleza?”
Alexia: É!
Foster: Quer dizer o que?
Alexia: “E aí, tudo bem?”
Foster: E aí, tudo bem?
Alexia: É! “E aí, tá tudo beleza com você?” “E aí, tá tudo bem com você?” O pai da minha melhor amiga, o apelido dele é Zé Beleza. Então é “Zé tudo bem” entendeu? Tipo, que ele é uma pessoa muito boa.
Foster: É! E às vezes nem tem o “e aí” é só “beleza?”.
Alexia: É!
Foster: E pode repetir “beleza”.
Alexia: “Beleza, cara!”
Foster: E quando eu estou falando com gringos americanos, qualquer pessoa que está tentando aprender português, você pode pensar como a gente faz no inglês, também. Porque é bem parecido, tipo: “what’s up?”, “nothing, what's up?” or “how’s it going?”, “good, how’s it going?”. É muito de repetir, de brincar com as palavras.
Alexia: E aí também tem: “e aí, tranquilo?”
Foster: Tranquilo!
Alexia: Tranquilo, cara!
Foster: Tranquilão! Tranquilasso!
Alexia: Tranquilo também é uma… Você tá tranquilo ou tranquila. Ou seja: você tá calma, você tá na paz, então…
Foster: Chill!
Alexia: E aí, tranquilo? Quer dizer: “tá tudo bem?”
Foster: É!
Alexia: Você tá de boa?
Foster: É, tranquilo é tipo…
Alexia: É a mesma coisa com diferentes formas. Então… É… O que é interessante é porque diferentes grupos de pessoas usam diferentes significados então…
Foster: Óbvio!
Alexia: Então se você for uma pessoa mais formal, você vai falar: “como vai você?”.
Foster: É!
Alexia: Se você for uma pessoa, entre aspas normal, você vai falar “e aí, tudo bem?”. Se você for um surfista você vai falar: “colé mermão, beleza?”.
Foster: É, exatamente! Porque nos livros didáticos, sempre tem “como o senhor vai?” e às vezes quando eu dou aula de português, sempre é: “e aí, tudo bom cara?” e eles me respondem “Bem! Como você vai bem, também?” mas é não, cara! Você vai no ritmo!
Alexia: Ontem eu tava falando com um dos nossos ouvintes, Ryan!
Foster: Fala aí, Ryan!
Alexia: E a gente tava falando a diferença de línguas e como para ele o português é muito mais difícil que o espanhol, então se tiver alguém que já saiba falar espanhol aqui, vai saber.
Foster: Sim, concordo!
Alexia: A diferença é que o português tem muitos mais… Tem muitos mais sons diferentes do que o espanhol, então, as nossas vogais…
Foster: Aliás, eu acho que eu posso falar com certeza que o espanhol normal, tipo, neutro, tem 38 sons e o português brasileiro tem 55.
Alexia: É! Então, realmente… Muitos mais sons que o normal. Mas, isso você também pega na prática. Não vai querer já ficar falando os diferentes sons. É normal quando você vai entender. Até porque os sons do nordeste são diferentes dos sons do sudeste.
Foster: É!
Alexia: Mas se você chegar no Nordeste e falar: “e aí, tudo bem?” todo mundo vai te entender.
Foster: É! Então, para acabar Alexia você quer dar o exemplo de tipo uma conversa normal tipo a gente está se conhecendo pela primeira vez.
Alexia: Então, a gente se apresenta:
Oi! Meu nome é Alexia, tudo bem?
Oi! Tudo bom? Meu nome é Foster, e aí?
Tudo tranquilo. O que que você tá fazendo aqui?
Estou estudando!
Ah, é? O que?
Estou estudando português!
Caraca, que legal! E você escolheu logo o Brasil e não Portugal, por que?
Eu realmente não sei, cara. É que o Brasil é um país sensacional pra mim.
Que bom! Bom, eu estudei Administração e agora eu só trabalho.
Ah, e você mora aqui?
Moro! Moro em Copacabana.
Você é Carioca?
Sou!
Da gema?
Sim, claro!
Perfeito.
Foster: Viu, gente? Posso falar em inglês rapidinho?
Alexia: Claro!
Foster: If you can memorize that one little script, that will make your life so much easier in Brazil! Because I promised that when I arrived I said that one thousand times and everyone said like: “Nossa, cara! O seu português é… Você tem um português muito bom, né?” e foi “Não, não cara! Foi só isso!”. Mas daí você vai desenvolvendo toda a sua fala.
Alexia: Sim! Ou então por exemplo: quando você quer comprar um suco.
Foster: Sim.
Alexia: Vai, me pergunta. “Tem de laranja, limão e melancia”.
Foster: Ah. Então eu estou chegando numa…
Alexia: Você está chegando no BB Lanches. Aliás, é uma dica ótima. E você quer tomar um suco. Você chega e fala como com a pessoa?
E aí, tudo bom? Você me vê um suco de laranja, por favor?
Pequeno, médio ou grande?
Pequeno!
Sai um suco de laranjaaaa…!
Foster: Saindo um sucooo! Açaí, açaí!!!
Alexia: É, porque, nesses lugares ninguém vai virar e falar: “Você prefere…” não! É “pequeno, médio ou grande”. Eles já vão pra…
Foster: Sim! Exatamente. Bom, gente! A gente já falou de apresentações, sucos, conversas básicas... Alexia: Curiosidades.
Foster: Roteiros. Acho que é suficiente por hoje, né?
Alexia: Sim.
Foster: Tá. Ta bom. Beleza!
Alexia: Então tá bom, gente!
Foster: Tchau!