Transcript
Alexia: Bem-vindos a mais um episódio do Carioca Connection. Meu nome é Alexia e eu estou aqui com Foster. Oi, Foster.
Foster: Olá. Olá, Alexia. Olá, pessoal. Muito bem-vindos. Eu peço desculpas. Já é pelo menos a sexta vez que estamos tentando gravar esse episódio.
Alexia: Que o Foster está tentando gravar esse episódio.
Foster: Mas não consegui parar de rir não sei por que, gente. Mas depois de quase uma década gravando podcast, eu sempre... eu clico gravar e eu começo a rir ou eu falo alguma besteira e a gente precisa gravar de novo.
Alexia: Ou você simplesmente não gosta de como é que começou e a gente tem que começar a gravar de novo.
Foster: A Alexia tem muita paciência comigo. Eu sou muito grato. Bom, sobre o que vamos falar hoje, Alexia?
Alexia: Vamos falar sobre o mar.
Foster: Sim. Eu acho que tem duas razões porque essa ideia para o episódio de hoje surgiu. Uma... Um dos nossos alunos. Um dos nossos membros do CC Club. Ryan.
Alexia: Uma é. Você tem mania de falar "uma é". E isso é uma coisa que eu já te corrigi várias vezes. Mas você sempre deve dizer "é". Então, uma é.
Foster: Não sei por que eu faço isso. Talvez quando eu falo um pouco mais rápido, eu tenha mania de colocar R. Obrigado, Alexia.
Alexia: De nada.
Foster: Bom, um dos nossos membros do CC Club, o Ryan, se não me engano, perguntou sobre... não lembro exatamente, mas acho que a Alexia falou alguma coisa sobre ressaca do mar. E ela perguntou, o que é isso? Ressaca não tem a ver com bebida, ficando bêbado? Eu achei bom tema para um episódio.
Alexia: E o segundo motivo é porque nós fomos à praia um dia desses. E foi muito bom.
Foster: Sim. Você quer contar um pouco sobre a nossa experiência na praia?
Alexia: Eu acho que você pode contar, porque eu já fui lá algumas vezes e foi a sua primeira vez. Mas aqui pertinho do Porto tem uma cidade chamada Leça da Palmeira, que tem um lugar chamado Piscina das Marés, que é uma piscina feita com água salgada, da própria água do mar. E foi feita por um arquiteto super famoso aqui do Porto e é uma piscina introduzida à paisagem local, ou seja, é uma piscina feita no meio das rochas e das pedras e tem uma mini praiazinha também que forma como se fosse uma baía, né?
Foster: É muito bonita.
Alexia: E como é que foi a experiência para você?
Foster: Foi ótimo. Foi a minha primeira vez indo lá. Especificamente lá para Piscinas das Marés. Tinha muita gente. Fica muito cheio. Mas... piscina e a praia. Lindíssima. Me lembra... não é igual. Mas tem uma cidade. Cidadezinha aqui em Portugal. Que se chama Azenhas do Mar. Que é uma cidade... muito linda.
Alexia: É mais ou menos o mesmo conceito mesmo, porque é uma piscina feita do mar e etc. Mas é um lugar que eu gosto muito, você tem que pagar pra entrar, na verdade. E você tem as espreguiçadeiras, tem os guarda-sol, tem um restaurante que você pode pedir comida, água. É muito bem organizado, tem segurança, tem salva-vidas, assim. Nessa época, é a pior época porque é verão, então tem muita criança, tem muita colônia de férias, né, que são as férias das crianças organizadas por colégios ou instituições que vão para esses lugares para elas poderem aproveitar. Então, tem muita farofada às vezes.
Foster: Você pode explicar o que quer dizer farofada?
Alexia: Bagunça.
Foster: Sim.
Alexia: E o mar estava sem ressaca, mas sobre a ressaca do mar é porque eu via nas notícias que teve uma ressaca no Leblon. Eu já passei por várias ressacas no Rio de Janeiro e a ressaca do mar no Rio de Janeiro realmente invade os prédios e as garagens que ficam na linha do mar, em frente ao mar, de tão forte que é. Não é um tsunami, de forma alguma. Mas é um fenômeno do mar em que o mar fica muito agitado com ondas fortes que podem invadir a praia, os calçadões, as calçadas, os prédios e normalmente é causada por causa dos ventos e das tempestades no oceano. Então, tinha alguma coisa acontecendo lá no meio que fez com que o mar invadisse as calçadas.
Foster: Então, basicamente, ressaca do mar quer dizer mar muito forte, muito bravo.
Alexia: É um fenômeno, é um fenômeno do mar. A gente também tem que lembrar, uma curiosidade, que a areia das praias do Rio de Janeiro eram muito maiores do que são. A areia foi diminuída para que as ruas, as calçadas e os prédios fossem construídos. Também tem isso. Então, quando o mar invade os prédios, talvez ele só estivesse fazendo a vida normal dele, que até ali teria areia. Mas, na verdade, não.
Foster: Não é culpa do mar. A natureza sendo a natureza. E é mais ou menos por isso que eu queria falar sobre isso hoje, Alexia. Porque o mar e a água são elementos, digamos, preferidos. Quando eu falo elementos, estou pensando nos elementos naturais. Água, fogo, vento, terra, éter.
Alexia: Éter?
Foster: Algumas pessoas colocam éter também. Mas normalmente é água, fogo, terra, vento. Certo?
Alexia: Certo. Eu não sabia que algumas pessoas botavam éter.
Foster: Bom, nos meus círculos de meditação sempre está.
Alexia: Mas éter não é uma droga?
Foster: Não, também pode ser tipo ar e coisa assim.
Alexia: Ah, tá. Então a gente está falando sobre elementos naturais.
Foster: Isso.
Alexia: Sim, a água, eu diria, é o meu preferido.
Foster: Sim.
Alexia: E para você?
Foster: Bom, falando de natureza mais geral, você adora água. Pode ser mar, pode ser lago.
Alexia: Riacho, cachoeira.
Foster: É, eu sou muito mais floresta, bosque, árvores, também rios, mais montanhas. Você é muito mais mar e, ao meu ver, só vendo você caminhando na beira do mar, você fica tão feliz e com muita paz e tranquilidade. Eu achei, eu acho, tão bonito de ver.
Alexia: Eu acho que eu também gosto de montanha. Por exemplo, o que a gente fez na nossa última viagem, que a gente caminhou por um bosque, digamos assim, e tinha um riozinho passando e etc., para mim, aquilo é perfeito também. Não é necessariamente praia. Acho que eu já falei sobre isso aqui em alguns episódios. Quando é uma mata fechada ou é um bosque fechado com muitas árvores e me dá a sensação que eu não vou conseguir sair daquele lugar, eu não gosto disso, eu não me sinto relaxada. Mas quando tem água, seja em forma de lago, seja em forma de riacho, cachoeira ou coisa parecida, me dá uma sensação de paz e de que eu vou conseguir sair dali de alguma forma. O que é interessante, por exemplo, gruta que tem aqueles lagos, aquelas lagoas dentro da gruta, para mim é uma das coisas mais lindas que existem. Então, mais nesse sentido. Por exemplo, eu não gosto de floresta de bambu, morro de medo por algum motivo.
Foster: É, isso é um mistério para mim.
Alexia: É alguma coisa de criança, eu acho. Deve ter sido alguma história de criança, porque eu não gosto. Eu morro de medo do tipo, vai sair alguém ali de trás e vai me atacar, algum animal, um bicho sem cabeça. Sei lá, alguma coisa vai acontecer.
Foster: Mas, bom, posso fazer uma pergunta?
Alexia: Claro!
Foster: Isso foi uma pergunta. Por exemplo, quando... porque você nasceu no Rio de Janeiro. Então, você nasceu e foi criada ao lado do mar. Literalmente também da selva e da floresta, montanha. Mas, por exemplo, quando você está caminhando na areia e olhando para o mar, como se sente? Tipo, qual é a sensação que você tem?
Alexia: Eu acho que é uma sensação de que eu faço parte de um mundo e que eu sou uma mini parte desse mundo, mas que a minha existência é tão importante quanto o mar. Eu acho que é a mesma sensação que, por exemplo, eu acabei de ler um livro que fala muito sobre atmosfera, sobre os planetas, sobre as estrelas e astronautas e tal. E a sensação que os astronautas têm de quererem ir para o espaço, e visitar o espaço, e que eles querem estar fora da Terra, eu não tenho a menor vontade de fazer isso. Menor vontade. Eu me sinto completa com os meus dois pés no chão, sabendo que eu faço parte desse mundo, ou seja, da forma que ele for. E quando eu vou pro mar, e a praia, no caso, porque entrar na água daqui é uma outra situação, que é muito gelada. Mas quando eu simplesmente boto meus pezinhos na areia e sinto o vento, sinto o cheiro do mar, me dá uma sensação de paz, de que tá tudo bem, sabe?
E uma coisa que a gente, no Rio, que a gente se acostumou com as ressacas do mar, e com o tempo ruim, com os alagamentos, e com a chuva, e com o verão, e etc. é que o mar acompanha também o dia a dia. Então, se está um dia lindo de sol no inverno e o mar está calmo, tipo piscina, é um dia lindo. Mas no verão, o mar pode estar com ressaca e invadir as ruas, e o verão deveria ser uma coisa alegre, mas não necessariamente é. Então eu acho que o mar meio que acompanha as nossas vidas e o nosso dia a dia, e ele meio que dita o nosso dia a dia também. E isso vindo de uma pessoa que morou, né, não à beira mar, mas ao lado dele.
Foster: Obrigado. Foi muito bonito isso.
Alexia: Sim. E tem muita gente que vai assistir a ressaca do mar na Pedra do Arpoador. Eu não indico fazerem isso no Rio de Janeiro. Eu conheço, literalmente, pessoas que já morreram com isso. Então, se tiver com ressaca no mar, por favor, não fique perto do mar. Não vai ver ressaca do mar.
Foster: Muito perigoso.
Alexia: Meu pai adorava ir ver ressaca do mar. De longe, mas adorava.
Foster: Sim, mas não mais. Porque seu pai sempre fala, eu tenho muito medo, eu respeito o mar, mas não lembro, mas acho que seu pai ouviu alguém morrer, ou um amigo dele morreu.
Alexia: É isso que eu tô falando.
Foster: É, então, o mar é forte, pode ser muito perigoso.
Alexia: Sim.
Foster: Obviamente.
Alexia: E sempre que eu entro no mar, eu peço licença para entrar.
Foster: Eu tenho todo um ritual. É muito bonito isso. Bom, mais alguma coisa que você quer dizer para o mar ou para os nossos ouvintes?
Alexia: Se vocês já não são acostumados a irem à praia, por favor, respeitem as sinalizações da praia. Vejam as bandeiras, se está vermelho, amarelo ou verde. Vejam onde estão os bancos de areia. Vejam onde estão as correntes de retorno. Por favor, o mar é uma coisa que não existe rotina. É perigoso entrar no mar se você não sabe nadar, se você não conhece o mar. Então, respeitem a natureza. Só isso.
Foster: Por favor. Bom, acho que é um bom lugar para encerrar o episódio. Muito, muito obrigado, Alexia, e até o próximo episódio.
Alexia: Tchau!
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peço desculpas - I apologize
pelo menos a sexta vez - at least the sixth time
não consegui parar de rir - I couldn't stop laughing
falo alguma besteira - I say something silly
tem muita paciência comigo - has a lot of patience with me
sou muito grato - I'm very grateful
se não me engano - if I'm not mistaken
um dia desses - the other day
aqui pertinho do Porto - right here close to Porto
super famoso - super famous
mini praiazinha - little mini beach
como se fosse uma baía - as if it were a bay
fica muito cheio - gets very crowded
tem que pagar pra entrar - you have to pay to enter
muito bem organizado - very well organized
nessa época - at this time
colônia de férias - summer camp
tem muita farofada - there's a lot of chaos/mess
às vezes - sometimes
estava sem ressaca - was without rough seas
de tão forte que é - it's so strong
de forma alguma - in no way whatsoever
lá no meio - out there in the middle
fez com que - caused/made it so
a natureza sendo a natureza - nature being nature
mais ou menos - more or less
círculos de meditação - meditation circles
falando de natureza mais geral - speaking of nature in general
ao meu ver - in my view
tão bonito de ver - so beautiful to see
mata fechada - dense forest
me dá a sensação - gives me the feeling
de alguma forma - somehow
morro de medo - I'm scared to death
por algum motivo - for some reason
alguma coisa de criança - something from childhood
deve ter sido - it must have been
bicho sem cabeça - headless creature
sei lá - I don't know/who knows
faço parte de um mundo - I'm part of a world
mini parte desse mundo - tiny part of this world
não tenho a menor vontade - I have no desire whatsoever
me sinto completa - I feel complete
dois pés no chão - both feet on the ground
da forma que ele for - however it may be
boto meus pezinhos - I put my little feet
tá tudo bem - everything's okay
a gente se acostumou - we got used to
tempo ruim - bad weather
tipo piscina - like a swimming pool
meio que acompanha - kind of accompanies
meio que dita - kind of dictates
à beira mar - by the seaside
ao lado dele - next to it
foi muito bonito isso - that was very beautiful
vai assistir - goes to watch
não indico fazerem isso - I don't recommend doing that
de longe - from afar
peço licença para entrar - I ask permission to enter
já não são acostumados - aren't used to
bancos de areia - sandbanks
correntes de retorno - rip currents
não existe rotina - there's no routine