Transcript
Alexia: Oi, oi pessoal e bem-vindos a mais um episódio do Carioca Connection. Meu nome é Alexia e eu estou aqui acompanhada do Foster. Oi, Foster!
Foster: Olá, Alexia. Olá, pessoal. Tudo bem?
Alexia: Tudo ótimo. E bem-vindos ao último episódio que a gente está falando sobre a nossa viagem para a Inglaterra. E no último episódio que nós gravamos sobre o Blenheim Palace, eu terminei fazendo uma pergunta para o Foster que eu gostaria que ele respondesse durante o episódio de hoje.
Foster: Uh-oh. Você pode repetir a pergunta para mim e também para os nossos ouvintes?
Alexia: Claro que sim! Você, no último episódio, falou que você não é uma pessoa que se sente muito atraído por monumentos ou palácios e tal para visitar. E eu entendo o que você está dizendo porque eu e você gostamos muito de caminhar pelas cidades que estamos visitando e fazer coisas a pé e entrar nos museus e etc. Mas, eu gostaria de entender qual é a diferença que você faz entre palácio, especificamente visitar um palácio ou um monumento ou um prédio importante para aquele lugar, aquela região que a gente está visitando, em relação a museus. Qual é a diferença para você?
Foster: Então, deixa eu ver se eu entendi a pergunta do jeito que você está falando. Você está me perguntando, para mim, pessoalmente, qual é a diferença entre palácio e museu, pelo menos na minha mente. Imagino que você está perguntando, tipo, Foster, você gosta de visitar museu, mas você acabou de falar que você não está muito afim de visitar palácios.
Alexia: Que não é algo que passa na sua cabeça, tipo, de primeira, de visitar.
Foster: Sim, tá.
Alexia: Mas você gosta de visitar museu? Isso eu sei.
Foster: Depende.
Alexia: Claro, tudo depende, amor. Óbvio que sim.
Foster: Acho que a minha resposta é mais ou menos isso. Eu não tenho nada contra palácio, monumento, museu. Geralmente eu gosto de visitar museus se tiver alguma coisa de interesse para mim. Mas talvez seja uma diferença entre nós dois. Quando eu estou viajando, normalmente eu fico mais atraído pelas coisas menos turísticas. Então, normalmente, visitar um palácio é tipo o top da lista de coisa turística. Mas, ao mesmo tempo…
Alexia: Turística.
Foster: Turística. Mas, ao mesmo tempo, muitos palácios e monumentos também, se a gente está colocando no mesmo grupo, têm muita história e têm muita coisa que me interessa. Então acho que é um pouco disso. Por exemplo, se eu vou visitar um museu, eu queira aprender algo. E normalmente não é qualquer… Não é que eu gosto de museus em geral. Tipo, eu prefiro estar na natureza ou caminhando pela cidade ou conhecendo pessoas locais. Mas, se tiver alguma coisa que realmente me interesse muito, eu gosto. Então, com essa resposta horrível, eu acho que não existe muita diferença. Eu acho.
Alexia: Que para mim tem espaço para os dois. Tem espaço tanto para você visitar as partes turísticas, como você tem descrito, e as partes não turísticas. Eu acho que você consegue fazer uma viagem juntando essas duas partes. Porque eu sempre fico imaginando, por exemplo, ir para cidades extremamente turísticas como Nova York, Londres, Paris, né? Madri até, Lisboa, Porto hoje em dia. E você não visitar certos lugares, é tipo assim, não é que você tem que ir, ninguém é obrigado a nada, mas seria bom você ir visitar esses lugares. Você ir para Nova York e visitar o MoMA, o MAD e também ir num musical na Broadway e fazer coisas não turísticas. É uma viagem, ao meu ver, super perfeita. Você ir pra Paris, ir na Notre-Dame, ir nos museus, né? Museu d’Orsay. Depois pegar um trem e ir visitar Versailles ou visitar a Casa do Monet. Pra mim, é tipo assim, meu Deus, que sonho de viagem. Além de você não ir num restaurante mais famoso só por causa disso, ir nas padarias locais e tal, você consegue fazer uma mistura muito boa entre, ok, isso vai ser turístico e isso vai ser menos turístico.
Foster: Sim, eu acho que é mais ou menos isso. Isso me ajuda muito a articular os meus pensamentos. Por exemplo, quando eu vivi em Madri, adorei todos os museus em Madri porque eu estava na universidade e eu estava estudando a história da Espanha medieval.
Alexia: Medieval.
Foster: História da arte. Então, quando eu vivi em Madri, eu visitei todos os museus muitas vezes, tipo, sozinho. Mas, quando eu vivi em Nova York, eu morei ao lado do Times Square e tinha tanta coisa turística que eu quase não visitei nada. Tipo, eu acho que eu fui no MoMA uma vez.
Alexia: No MoMA.
Foster: No MoMA, porque é um museu. Mas foi… depende muito do contexto. Mas foi tipo, ah, eu quero evitar essa parte porque não estava muito legal para mim.
Alexia: Mas eu acho que depende, assim. Por exemplo, quando a gente morava no Rio de Janeiro… Quando eu morava no Rio de Janeiro, eu fui no Corcovado, eu fui no Pão de Açúcar. Eu não preciso ficar indo nesses lugares, mas eu fui. Pelo menos uma vez na minha vida, eu fui.
Foster: Também. Eu acho que é um pouco disso também. Por exemplo, Cristo no Rio de Janeiro. O Cristo Redentor.
Alexia: O Corcovado.
Foster: Eu visitei pelo menos seis vezes, porque cada vez que um amigo ou meu pai ou alguém visitou a cidade, eles queriam ver. Então eu tinha que fazer isso tantas vezes que eu acho que eu fiquei meio cansado de ver coisas turísticas.
Alexia: Sim, eu super entendo isso. Por exemplo, você tá no Rio de Janeiro e você ir na praia de Copacabana é uma coisa super turística. Eu, pessoalmente, adoro a praia de Copacabana porque não tem onda e é praticamente uma baía. É uma delícia, mas é uma coisa turística. O Rio de Janeiro é turístico. Qualquer coisa que você faça no Rio de Janeiro pode ser considerado turístico. Ah, vamos dar uma volta de bicicleta na lagoa. É turístico. Vamos passear na orla de Copacabana. Extremamente turístico. Vamos sentar na Pedra do Arpoador para ver o pôr do sol, que eu amo fazer. Muito turístico, mas é muito legal de fazer. Então, eu acho que é isso. Para mim é muito interessante, porque às vezes eu, por exemplo, quando eu vou pra Baixa, pro centro aqui do Porto, principalmente nessa época que é verão, é extremamente turístico. E eu adoro ir lá pra ver o que tá acontecendo, ver as pessoas. E aí eu chego em casa e falo, tá tendo muito espanhol dessa vez, tá tendo muito francês dessa vez. E eu acho que é o mesmo sentimento que eu quero ter quando eu visito uma cidade grande ou pequena, o que for, que tenha a parte turística e também a parte não turística. Eu quero ver o que está acontecendo naquela cidade.
Foster: Eu entendo. Eu acho que é muito mais uma questão de prioridades. Porque se você vai visitar um lugar e você só vai ficar lá por um tempo definido… claro! Você precisa fazer escolhas.
Alexia: Claro que sim!
Foster: E para mim, normalmente eu vou escolher uma coisa mais, entre aspas, autêntica. Sim! Ao invés de visitar monumentos. Por exemplo, aqui no Porto, quando eu vou para baixo, para o centro da cidade, e tem tantos turistas… não é que eu não gosto, mas não é uma coisa que eu queira fazer todos os dias. Tipo, eu fico meio ansioso com a multidão e a quantidade de pessoas. Eu prefiro muito mais a nossa vida e integrar com a cultura e ter nossas amizades. E isso não tem nada a ver com turismo.
Alexia: Eu tô lembrando agora que, na época que eu morava no Rio, tinha uma frase que o governo carioca, a prefeitura carioca começou a lançar muito pra chamar o turismo pra cidade, como se o Rio de Janeiro precisasse de mais. Mas a frase é: eu moro onde você tira férias.
Foster: Exatamente isso.
Alexia: E isso estava em todos os lugares. Estava nas barracas de praia. Estava passando naqueles aviõezinhos da orla. Estava em todos os lugares. “Eu moro onde você tira férias.” E isso para mim diz muito. Assim, que é uma cidade extremamente focada no turismo, né? Que quer porque quer cada vez mais pessoas visitando e tendo dinheiro do turismo, porque é uma forma de você se sustentar também. Mas ao mesmo tempo, pra quem mora lá, pode ser muita confusão. Que é o caso do Porto hoje em dia, né? No verão. É muita confusão. É muita gente ao mesmo tempo. É uma cidade super pequena comparada com o Rio de Janeiro. E tudo fica muito mais difícil para quem mora aqui. Eu entendo isso tudo. Mas quando eu quero tirar férias e quando eu quero visitar um novo lugar, eu também quero fazer essas coisas turísticas. Então, é difícil de você colocar na balança. Mas eu acho que a forma como eu e você sempre viajamos, desde o começo do nosso relacionamento, a gente sempre conseguiu balancear muito bem essas coisas.
Foster: Eu concordo também. Sim. Eu acho que podemos entrar numa discussão muito maior se o turismo é bom ou é ruim. É muito complicado. É um assunto polêmico que, na verdade, eu não sei muito bem. Tipo, não sei se ainda desenvolvi a minha perspectiva sobre o assunto. Mas o que você falou agora, de “eu moro onde…” Qual foi a frase?
Alexia: Eu moro onde você tira férias.
Foster: É, exatamente. Eu lembro uma vez, quando a gente tinha acabado de se mudar para cá, a gente estava andando ao lado do rio aqui no Porto, do rio Douro. Estava cheio de turistas. Eu estava caminhando com seu pai e eu falei tipo, “Ó, Marco, pra gente é uma quarta-feira, e a gente está reclamando que tem muito turista aqui. Mas, pra todo mundo aqui, é uma viagem que eles nunca vão esquecer.” E tipo, uma coisa que eles vão fazer uma vez na vida e vão lembrar pra sempre. Então, é uma boa lembrança pra mim, pra eu lembrar: a gente vive num lugar super especial e devemos aproveitar disso e apreciar.
Alexia: Exatamente. Eu concordo.
Foster: Bom, Alexia, isso foi muito difícil para mim — ter um debate que começou sobre a diferença entre palácios e museus, mas daí rolou para outros assuntos. Não sei se eu respondi a sua pergunta.
Alexia: Você respondeu completamente a minha pergunta. E você também tem o vocabulário necessário para fazer uma discussão mais profunda sobre o turismo.
Foster: Muito obrigado, Alexia. Mais alguma coisa? Mais uma pergunta que você quer me fazer?
Alexia: Não, acho que a gente está bem para hoje. Eu não vou te fazer sofrer mais, coitado.
Foster: Muito obrigado. Obrigado, Alexia. Obrigado, gente. E até o próximo episódio.
Alexia: Tchau.
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Se sente muito atraído por – Feels very drawn to
Fazer coisas a pé – To do things on foot
Qual é a diferença para você? – What’s the difference for you?
Não está muito afim de – Not really in the mood to
Passa na sua cabeça – Cross your mind
Tudo depende, amor – It all depends, babe
Top da lista de coisa turística – Top of the touristy list
Tem muita coisa que me interessa – There’s a lot that interests me
Não é que eu gosto de… em geral – It’s not that I like… in general
Conhecendo pessoas locais – Meeting local people
Com essa resposta horrível – With that terrible answer
Tem espaço para os dois – There’s room for both
Ninguém é obrigado a nada – No one’s obligated to do anything
Ir num musical na Broadway – Go to a Broadway show
Padarias locais – Local bakeries
Mistura muito boa entre – A really good mix between
Me ajuda a articular os meus pensamentos – Helps me articulate my thoughts
Estava estudando a história da Espanha medieval – Was studying medieval Spanish history
Depende muito do contexto – Depends a lot on the context
Não estava muito legal para mim – Wasn’t feeling great for me
Pelo menos uma vez na minha vida, eu fui – At least once in my life, I went
Fiquei meio cansado de ver coisas turísticas – I got kind of tired of seeing touristy stuff
Não tem onda – There are no waves
É praticamente uma baía – It’s basically a bay
Vamos dar uma volta de bicicleta na lagoa – Let’s take a bike ride around the lagoon
Vamos sentar na Pedra do Arpoador para ver o pôr do sol – Let’s sit at Arpoador Rock to watch the sunset
Ver o que tá acontecendo – See what’s going on
Muito mais uma questão de prioridades – Much more a matter of priorities
Autêntica – Authentic (used with nuance)
Fico meio ansioso com a multidão – I get a little anxious with the crowd
Integrar com a cultura – Integrate with the culture
Ter nossas amizades – Have our friendships
Eu moro onde você tira férias – I live where you vacation
Como se o Rio precisasse de mais – As if Rio needed more
É uma forma de se sustentar – It’s a way to sustain yourself
Colocar na balança – Weigh things up
Conseguimos balancear muito bem essas coisas – We managed to balance those things really well
Assunto polêmico – Controversial topic
Ainda não desenvolvi minha perspectiva sobre o assunto – I haven’t developed my perspective on it yet
Uma viagem que eles nunca vão esquecer – A trip they’ll never forget
Devemos aproveitar disso e apreciar – We should enjoy and appreciate it
Rolou para outros assuntos – It shifted to other topics
Você também tem o vocabulário necessário – You also have the necessary vocabulary
Não vou te fazer sofrer mais, coitado – I won’t make you suffer more, poor thing