Transcript
Alexia: Oi oi pessoal e bem-vindos a mais episódio do Carioca Connection. Meu nome é Alexia e eu estou aqui acompanhada do Foster. Oi, Foster.
Foster: Oi, Alexia. Tudo…
Alexia: Bem? Tudo e com você?
Foster: Está tudo ótimo. Obrigado.
Alexia: Então, segunda-feira. Estamos aqui gravando o episódio pós fim de semana intenso de eventos. Intenso?
Foster: Não sei se é a palavra que eu usaria pra falar sobre o nosso fim de semana.
Alexia: Foi intenso de eventos, mas não necessariamente quer dizer que foi intenso de ruim.
Foster: Sim, eu diria… foi um fim de semana cheio de coisas, cheio de amor, cheio de flores, cheio de cachorro.
Alexia: Sim.
Foster: Então, só pra dar um pouquinho de contexto, basicamente eu cheguei em casa e eu falei: Alexia, você quer gravar podcast? E você topou. A gente está falando sobre o quê que vamos falar. E… é igual nos episódios antigos, que a gente liga os microfones e estamos falando.
Alexia: Sim, sim. E o assunto de hoje… literalmente…
Foster: Um programa sobre nada, no estilo Seinfeld dos Portuguese learning podcasts.
Alexia: Bom, eles são milionários. A gente não, mas tudo bem. Sábado foi aniversário do Buddy, do nosso cachorro. Cinco anos de idade. Meia década.
Foster: Sabe uma coisa que eu só reparei agora? Eu lembro muito bem gravando a quinta temporada do podcast, porque foi durante a pandemia e foi quando o Buddy chegou nas nossas vidas. Bom… como o tempo corre.
Alexia: Como o tempo voa?
Foster: Voa. É. Isso.
Alexia: É. E de presente pra ele — e pra nós também, porque a gente estava precisando de um fim de semana diferente, mais legal, digamos assim — aproveitando também que o tempo está uma delícia, está sol, está primavera aqui no Porto… a gente alugou carro, que os preços ainda são acessíveis antes do verão chegar.
Foster: Uhum.
Alexia: A gente alugou carro e fomos com ele pro Parque da Cidade, aqui do Porto. E ficamos com ele lá por uma hora, uma hora e meia mais ou menos. E foi uma delícia, não foi?
Foster: Sim, eu adoro passear no parque. Sobretudo no Parque da Cidade. E com vocês. Eu adoro também. Ainda não acredito que ele tem cinco anos. Passou muito rápido. Mas bom, enfim. Alexia, uma coisa que a gente sempre fala pros nossos alunos é que, quando eles estão perguntando tipo, “quais são algumas dicas que você dá pra melhorar e manter o português?” Eu — pelo menos quase sempre — falo: é só conversar sobre a sua vida normal. As coisas que você já faz em inglês ou na sua língua materna, fazer a mesma coisa em português. Então é isso que eu estou fazendo agora.
Alexia: Sim, sim. E foi engraçado, porque os cinco anos do Buddy pra mim é meio que uma coisa super importante, porque a gente sabe muito bem que cachorro infelizmente não fica nas nossas vidas pra sempre. E quando ele fez cinco anos eu fiquei assim: “meu Deus, já?” E ao mesmo tempo: “já!?” Foram dois sentimentos assim diferentes. E na quinta-feira eu estava falando com o Rui — enfim, da creche do Buddy — e a gente estava conversando sobre isso, né?
E eu falei pra ele que eu escutei uma frase uma vez que ficou muito pra mim, muito, muito dentro de mim. É que os nossos cachorros, gatos, os nossos pets em geral, eles fazem parte só de uma parte das nossas vidas, né? Então a gente cresce escutando: “ah, o meu cão, o meu cachorro que eu tinha durante a minha infância.” “O meu cachorro, o meu primeiro cachorro quando eu fui adulta.” “O cachorro agora dos meus avós, quando eles já estão velhinhos, pra fazer companhia.” E eles sempre fazem parte de uma parte das nossas vidas. E ao mesmo tempo, a gente tem que pensar que nós somos a vida inteira deles.
E isso é muito bonito.
Foster: Eu também. Eu acho muito bonito. Você vai chorar?
Alexia: Não.
Foster: Só porque ele não pode estar aqui conosco no sofá. E isso fica emocional com uns cinco aninhos, tudo isso. Mas você acha que é… bom, ele faz parte muito grande das nossas vidas. Mas você acha que a vida dele… qual foi a frase?
Alexia: Os nossos pets fazem parte de uma parte das nossas vidas, enquanto nós somos a vida inteira deles.
Foster: Ah, sim. Então, desde que ele… bom, com três meses ele ficou na nossa casa e ele passa todos os dias com a gente.
Alexia: Nós somos a vida dele. É literalmente isso.
Foster: Sim. É muito bonito isso.
Alexia: Sim. E aí o Rui olhou assim pra mim e falou: “Verdade, nunca tinha pensado nisso. Que bom que eu tenho muitas vidas, muitas vidas lá na creche.” Porque enfim, né? Ele tem, sei lá, quantos cães e gatos que ele toma conta no dia a dia. E enfim, foi isso.
Foster: Posso te fazer uma, talvez duas perguntas? Uhum. O que que é uma coisa que você aprendeu depois de cinco anos com o Buddy? Pode ser qualquer coisa, mas talvez uma coisa surpreendente, que você não estava esperando. Porque na minha família já tivemos muitos cachorros, mas na sua só tinha gato. E agora o Buddy é nosso primeiro cachorro de adulto, digamos assim.
Alexia: Eu acho que o que me surpreendi… não que eu tenha me surpreendido assim “meu Deus, olha que surpresa”… mas eu acho que foi uma confirmação do quanto que cachorro em geral gosta de rotina. Rotina é importante pra eles. Estrutura é importante pra eles. Então, isso foi não um aprendizado, mas uma confirmação disso. E isso também — quando a gente pegou o Buddy, na época do COVID — era uma época que a gente não tinha nenhum tipo de estrutura. Estava tudo muito perdido, muito no ar.
Então eu acho que essa parte de estrutura e rotina me ajudou a ficar mentalmente sã. Com filhote dentro de casa, precisando ser ensinado, adestrado, e ser colocado na rotina, tanto dele quanto nossa, né? Porque é ajuste, é uma adaptação das duas partes.
Foster: Sim, cachorro precisa de muita estrutura, rotina, medicina também. Eu acho que a maior parte das pessoas não entende quanto tempo, trabalho e energia você vai gastar com cachorro.
Alexia: Principalmente na época de filhote. As pessoas não pensam o quão desgastante é a época de filhote. É muito desgastante. Eu amo, super teria outro filhote agora aqui, mas é desgastante.
Foster: Agora acho que não é hora pra mais pets aqui em casa. Posso te fazer mais uma pergunta?
Alexia: Pode, eu ia só complementar.
Foster: Por favor.
Alexia: A segunda coisa que eu aprendi — isso foi com o Hugo, com o nosso adestrador — foi a forma de aprender a ler o comportamento físico do cachorro. Mas principalmente, literalmente entender com o olhar o que que o Buddy vai fazer, com o latido o que que ele está falando, o que que ele está pedindo, com uma mudança de movimento. Eu acho que eu e você, a gente sabe exatamente o que que ele está fazendo. E isso pra mim foi assim: “uau, esse mundo realmente existe.” E quem quer e quem se dedica a isso realmente consegue entender o seu cachorro e dar a melhor tipo de vida pra ele, e vice-versa. E nós termos uma vida também mais simples por causa disso.
Foster: Sim. Quando você fala, você consegue ler… opa, é tipo a linguagem corporal.
Alexia: Linguagem corporal.
Foster: Vocês falam isso também?
Alexia: Sim. Ele é um cão super expressivo.
Foster: E o olhar dele já diz tudo. E a gente sabe exatamente quando ele vai aprontar, quando ele está chateado ou quando ele está teimoso. A gente sabe tudo, tudo, tudo, tudo.
Foster: Bom, acho que você já respondeu a minha pergunta. Eu ia te perguntar: o que que o Buddy te ensinou?
Alexia: O que que ele me ensinou?
Foster: O que ele te ensina ou… pode ser uma coisa que ele te ensinou sobre você ou sobre as nossas vidas.
Alexia: Eu acho que o Buddy tem um tipo de personalidade de cachorro que ele topa tudo. Se não estiver chovendo, mas ele topa tudo. Então por exemplo: vamos passear às três da manhã — ele vai estar lá com a gente. Vamos entrar num carro, dirigir por duas horas e ir pra uma trilha — ele vai estar lá com a gente. Vamos pro apartamento do meu pai — ele vai estar lá com a gente. Ele é do tipo: topa tudo.
Foster: Sempre está pronto.
Alexia: Ele está sempre pronto pra acompanhar a gente. Ele é o nosso companheiro, é isso. E ele é mesmo. Mas não de uma parte ruim, de uma parte muito boa. Ele não tem ansiedade de separação.
Por exemplo, ele fica bem sozinho em casa. Não é no sentido de “ele não consegue ficar sem a gente.”
Foster: Você pode explicar o que quer dizer velcro?
Alexia: Velcro é a mesma palavra em português. Sim, de velcro.
Foster: A expressão quer dizer que ele sempre fica grudado na gente.
Alexia: Ele sempre quer estar perto dos humanos. E não necessariamente da gente — dos humanos que estão perto dele.
Foster: Sim. Ele ama pessoas. Então ele talvez te ensinou — ou te inspirou — a viver com mais atitude “topa tudo”?
Alexia: Acho que sim.
Foster: Vocês falam isso? Tipo, ele é topa tudo.
Alexia: Sim. Por exemplo, o meu pai é super topa tudo.
Foster: Bom, mais alguma coisa que você quer dizer?
Alexia: Bom, eu te faço as mesmas perguntas, se você quiser resumir.
Foster: Sim, podemos. Me pergunta.
Alexia: O que que você aprendeu com o Buddy? O que que ele te ensinou?
Foster: Eu aprendo todos os dias com o Buddy. Ele me ensina todos os dias. Eu acho que o maior aprendizado foi a paciência. Porque ele pode ser um cachorro super teimoso. Paciência com todo mundo, com a situação inteira. Porque todo mundo reage de formas diferentes. Eu aprendi muito sobre você com a experiência de cuidar dele juntos. E uma coisa que ele me ensinou — que ainda estou tentando aprender — é como descansar.
Alexia: Isso ele sabe fazer muito bem.
Foster: Sim. Ele pode brincar, correr, correr, brincar… e depois ele descansa. Dorme.
Alexia: É. Eu não sei se a gente algum dia vai ser capaz de falar exatamente tudo aquilo que ele ensinou, ou que tem ensinado, ou que a gente tem aprendido. Mas basicamente, não existe cão perfeito. Mas ele é perfeito pra gente.
Foster: Sim. Melhor cão do mundo. É. E por isso a gente decidiu… a gente teve um fim de semana incrível. E acho que podemos falar mais sobre os outros eventos que fizemos durante o fim de semana no próximo episódio.
Alexia: Tá bom.
Foster: Que tal?
Alexia: Sim, senhor.
Foster: Tá bom então. Polícia… não pensaram…
Alexia: Buddy! Feliz aniversário!
Foster: Te amo muito. E obrigado, pessoal!
Alexia: Feliz cinco anos, Buddy! Até o próximo episódio.
Foster: Tchau.
Useful vocabulary, expressions, and additional resources
Meio de última hora – Last minute; something decided or done spontaneously
Fim de semana – Weekend
Cheio de – Full of; packed with
Rotina – Routine
Estrutura – Structure
Cachorro / cão – Dog (casual / more formal or affectionate)
Latido – Bark
Linguagem corporal – Body language
Topa tudo – Down for anything; always ready to go along with whatever
Velcro – Used to describe a clingy pet that wants to be glued to you
Companheiro – Companion
Ansiedade de separação – Separation anxiety
Aprendizado – Learning experience; insight
Descansar – To rest
Teimoso – Stubborn
Gravar podcast – To record a podcast
Parque da Cidade – Name of a large park in Porto
Ficar sozinho em casa – To stay home alone
Adestrado – Trained (for pets)
Ficar mentalmente sã – To stay mentally healthy
Uau – Wow
Vamos passear? – Shall we go for a walk?
Personalidade de cachorro – A dog’s personality
Te amo muito – I love you very much
Até o próximo episódio – Until the next episode
🇧🇷 Cultural notes
Aniversário de cachorro – It’s common in Brazil for people to celebrate their pets’ birthdays with treats, outings, or even parties. A five-year-old dog like Buddy is considered to be entering “meia idade” — middle age for dogs.
Parque da Cidade (Porto) – One of the largest urban parks in Portugal, located in Porto. It’s a popular destination for locals to walk dogs, picnic, or just enjoy nature — especially on sunny spring weekends.
Velcro dog – While not originally a Brazilian term, it’s understood among younger pet owners to describe dogs that are extremely attached to their humans.
🧠 Grammar notes
Cheio de + [substantivo] – A very common structure in spoken Portuguese used to emphasize abundance or intensity. Example: cheio de amor, cheio de coisa boa, cheio de energia.
Topar + verbo no infinitivo – The verb topar means “to be up for” something or “to agree to.” Ex: Ele topa tudo = He’s down for anything.
Ficar + adjetivo – Used frequently to describe physical or emotional states. Ex: ficar sozinho, ficar doente, ficar mentalmente sã.
A gente + verbo na terceira pessoa – “A gente” is a common informal way of saying “we” in Brazilian Portuguese and always takes a singular verb: A gente foi, a gente alugou um carro, etc.
🔉 Pronunciation tips
Cachorro – The “rr” sounds like a guttural /ʁ/, similar to the French “r.” Break it down: ca-SHO-ho.
Descansar – Pay attention to the “s” between vowels, which becomes a /z/ sound: des-can-ZAR.
Velcro – Stress on the first syllable: VEL-cro.
Rotina – The initial “r” sounds like an “h”: ho-TEE-na.
Topa – The “o” is open like in “hot”: TOH-pah.
Linguagem corporal – Make sure to stress the last syllable in corporal: lin-GUA-gem cor-po-RAL.