Transcript
Alexia: Oi oi pessoal e bem-vindos a mais um episódio do Carioca Connection. Hoje, a gente continua falando sobre a série da Netflix sobre o Senna, um dos heróis nacionais do Brasil, e eu convidei meu querido pai, Marco Antônio, pra falar sobre isso. Então, se você não escutou o episódio anterior, volta lá e depois vem pra cá. Seja muito bem-vindo, pai, e vamos ao episódio de hoje, né, Marco Antônio?
Marco: E, vamos.
Alexia: Tudo bem, pai?
Marco: Tudo bem, filhota.
Alexia: Bom, você não vai perguntar como é que eu estou?
Marco: Você está bem, minha filha?
Alexia: Ah, estou bem, muito obrigada. Bom, a gente hoje vai falar sobre as rivalidades do Senna, que não foram poucas, né? O que a série mostrou e que eu também já sabia por conhecer bastante da história, por causa de você. Quando o Senna morreu, eu tinha quatro, cinco anos mais ou menos, então eu não lembro efetivamente de ter assistido a ele, mas lembro de ele ter feito parte da minha vida, né? E eu lembro que a série mostrou muito sobre a rivalidade dele com o Prost, que era piloto francês, né? E a minha pergunta pra você é: essa rivalidade realmente era tão acentuada do jeito que foi?
Marco: Era. O Alain Prost era um dos maiores pilotos do mundo, continua sendo. Ele foi quatro vezes campeão do mundo, era um piloto excepcional, e por isso era o grande inimigo, rival, vamos dizer assim, do Senna na pista, claro. O Prost dirigia maravilhosamente bem e o Senna melhorava pouco, mas na pista, isso... essa é uma opinião minha, né? Quer dizer, torcedor... mas na pista, aquilo saía faísca. E eles ainda foram pilotos pela mesma equipe. Então foi muito complicado. Eu resumo da seguinte maneira: o Prost disse: "Nunca se poderá falar do Senna sem falar de mim e nunca se poderá falar de mim sem falar do Senna," tão entrelaçadas foram as histórias deles na pista. Depois, o Prost e o Senna ficaram amigos, mas isso só aconteceu depois...
Alexia: Quando o Prost se aposentou, né, das corridas, e virou comentarista, né? E aí foi quando eles conseguiram ter algum tipo de amizade. Mas o que eu percebi pela série, pelo menos o que eles tentaram demonstrar, é que também puxava pelo outro, então queria sempre ficar melhor do que o outro. E eles treinavam, faziam de tudo, sempre com os melhores carros, pra combater o outro, digamos assim.
Marco: Sim, sim.
Alexia: A rivalidade deles também foi muito importante pro crescimento de um e do outro.
Marco: Foi. Diria crescimento... diria pro aperfeiçoamento deles, né? Eles eram ótimos, os dois. O apelido do Prost era "o professor" e o Senna, é aquilo que a gente conhece, fenômeno.
Alexia: Agora, o Senna também não era muito flor que se cheire, né?
Marco: Não, claro que não.
Alexia: Ele era piloto combativo... e perigoso? Perigoso também?
Marco: Sim, perigoso. Ele tinha uma... ele dizia o seguinte: "O primeiro lugar é tudo, o segundo lugar é apenas o primeiro dos últimos, o resto é o que ficou lá pra trás." Então, pra ele, era vitória ou nada. Dizem que ele, brincando com os amigos, teve uma famosa frase da equipe... não lembro se foi da Ferrari... que falou pro piloto: "Fulano, deixa o outro passar, fica mais fácil." Ele acelerava mais ainda, entendeu?
Alexia: Mas, assim, ele também tinha outros dois, entre aspas, rivais, né? Que eram os brasileiros, o Piquet?
Marco: Ah, o Piquet.
Alexia: É, o Piquet. Eles não se gostavam.
Marco: Não, não mesmo. E não tinha nada a ver com o Prost, que era uma coisa mais... eles se odiavam na pista. O Piquet implicava com o Senna, enchia o saco do Senna, o Senna respondia e daí saía no jornal, virou uma grande briga.
Alexia: Mas, isso no Brasil, na época, você via, tipo assim, pessoas falando: "Ah, eu sou do time Piquet!" ou então "Ah, eu sou do time Senna!"?
Marco: Até hoje tem o pessoal "piquetista" e o pessoal "senista", até hoje. Até hoje ainda perdura isso. Claro. E o Piquet também... vou falar bem do Piquet... o Piquet foi três vezes campeão do mundo, ótimo piloto. Foi realmente uma época de ouro do esporte da Fórmula 1 pro Brasil.
Alexia: E você conheceu o Piquet pessoalmente?
Marco: Não, o Piquet e o Senna eu não conheci porque eles eram... vamos dizer assim...
Alexia: Estrelas.
Marco: Não, não é isso. Eles eram de outra galáxia, vamos dizer assim. O Emerson, o Emerson fazia parte da turma... ele e o Wilsinho foram... o José Carlos Picti, que era amigo nosso, ia pro colégio com o Piquet, então é estranho, né? De uma turminha das Perdizes saem três pilotos de Fórmula 1, e deles, dois campeões mundiais... que tal?
Alexia: E vamos falar aqui também sobre o personagem que foi mostrado muito durante a série... que era o grande vilão, que era o presidente da FIA.
Marco: Esse realmente é vilão, esse realmente é vilão, é um cara cínico.
Alexia: Qual o nome dele mesmo?
Marco: Nem quero lembrar. É o Balestre, se não me engano. Um sujeito muito sujo, incrível, o cara... enfim.
Alexia: Enfim, ele também era francês, então ele fazia de tudo pra proteger o Alain Prost.
Marco: Claro. Não é que ele fazia de tudo, ele... ele ganhou corridas pro Prost, ele... enfim, ele era Prost até o fim.
Alexia: O Prost assumiu algo depois? Tipo, "Ah, o Balestre fez isso por mim?" ou não, nunca se falou?
Marco: Não, eu nunca vi ele, o Prost, falando sobre isso, as entrevistas dele são mais conciliatórias, tom mais saudoso, sabe? Tom mais ameno. Já ele foi campeão, o Senna também, acabou tudo... mais esse tipo assim. Mas enfim, o sujeito era... Cruella da Paloma.
Alexia: Bom, mas eu não acho que a FIA teve... não tem nenhum presidente bom, digamos assim. O logo depois dele, que foi quando o Senna morreu, né, foi bem na época que o Senna morreu, também era péssimo. O de hoje em dia, dizem que é corrupto total.
Marco: Sim.
Alexia: Assim vai.
Marco: Hoje tem uma coisa, hoje entrou muito dinheiro na Fórmula 1. Quando eu digo muito dinheiro, é bilhões de dólares, né? Então, fizeram ali uma espécie de comitê técnico e as coisas não são tão escandalosas como antigamente, entendeu? Hoje está mais suave.
Alexia: Sim. E Senna... é uma coisa que eu não sei se pra vocês na época mostravam muito, mas diziam que o Senna era muito religioso, apegado à fé dele.
Marco: Ele era. A série não mostra, mas ele, eu não sei se foi em Mônaco ou em uma ou duas corridas, ele entrava, vamos dizer assim, em transe, ele se sentia o carro. É uma coisa impressionante, e ele falava que ele viu Deus.
Alexia: Ele realmente falava isso?
Marco: Falava. Ele falava que viu Deus. Na série, eles não colocaram isso, não sei por quê. Ele falava várias vezes que ele viu Deus. Ele entrava num transe religioso, no bom sentido religioso. Ele acreditava profundamente em Deus.
Alexia: Então, a fé dele era uma coisa muito, muito importante. Interessante isso. E ele sempre... e quando ele criou a Fundação Senna, aquilo tudo, foi sempre pra ajudar as crianças carentes e tal. E também era ligado à religião, eu imagino.
Marco: Também. Ele tinha um sentimento cristão forte.
Alexia: Interessante. Então, pra gente terminar o episódio de hoje, a minha dica é que, por que essa parte da série é importante para as pessoas que estão aprendendo português ou descobrindo mais sobre a língua. Ele fala bastante sobre isso, ele conversa muito sobre isso. Ele mostra muito das conversas com a família, né, em relação à fé... "Foi Deus que me colocou aqui", e tal, não sei. E, tem esse vocabulário e expressões espirituais muito boas. E também, tem a parte da série que mostra entrevistas, não entrevistas, mas que fala com a irmã do Senna, com o Galvão Bueno, que foi o comentarista da Fórmula 1 por anos e anos e que era grande amigo do Senna, né? Eles viraram melhores amigos. Mostra muito essa parte de amizade, de família. Então, você consegue ter tanto o estilo formal quanto o estilo informal. E quando, por exemplo, o Galvão está apresentando, né? "Lá vem o Senna e ele vai ganhar não sei o quê." Depois, o Foster falando com o colega de profissão dele, "Pô, aquele Prost, e tal..." Então, é muito legal ver essas diferenças. Então é isso, o episódio de hoje foi sobre essa rivalidade do Senna com os outros e também da parte da fé dele com Deus e como isso foi mostrado durante a série.
Marco: Exatamente.
Alexia: E bom, obrigada, pai.
Marco: De nada, filha.
Alexia: Então, até o próximo episódio.
Marco: Tchau.
Alexia: Tchau.
Useful vocabulary, expressions, and additional resources
Oi oi pessoal – Hey everyone
Bem-vindos a mais um episódio – Welcome to another episode
Eu convidei meu querido pai – I invited my dear father
Se você não escutou o episódio anterior – If you haven’t listened to the previous episode
Vai ficar mais fácil – It will be easier
Ele era de outra galáxia – He was from another galaxy
Fui campeão do mundo – I was a world champion
Na pista isso saía faísca – It sparked on the track
Ele entrou em transe – He went into a trance
Foi sempre pra ajudar as crianças carentes – It was always to help underprivileged children
Uma coisa impressionante – An amazing thing
Ele acreditava profundamente em Deus – He believed deeply in God
Ele falou que viu Deus – He said he saw God
Foi uma época de ouro – It was a golden age
Hoje está mais suave – Today, it's smoother
Tem esse vocabulário e expressões espirituais – There are these spiritual expressions and vocabulary
Estilo formal e informal – Formal and informal styles
Foi mostrado muito durante a série – It was shown a lot throughout the series
Ele dizia o seguinte – He used to say the following
Vai ficar mais fácil falar assim – It will be easier to say it like that
Era o grande vilão – He was the big villain
Ele era cínico – He was cynical
Eu não sei se foi em Mônaco – I don't know if it was in Monaco
Vamos dizer assim – Let’s say it like this
Eu nunca vi ele falando sobre isso – I’ve never seen him talk about it
Ele não tinha nada a ver com o Prost – He had nothing to do with Prost
Até hoje perdura isso – This still lasts until today
Eles se odiavam na pista – They hated each other on the track
Ele acelerava mais ainda – He would accelerate even more
É uma coisa muito importante – It's something very important
Mas ele também tinha outros rivais – But he also had other rivals
Foi sempre pra ajudar – It was always to help
Dizem que ele é corrupto total – They say he's totally corrupt
Eu não quero lembrar – I don’t want to remember
Enfim, ele era francês – Anyway, he was French
Era piloto excepcional – He was an exceptional driver
Não tinha nada a ver com isso – Had nothing to do with this
Foi sempre sobre vencer ou nada – It was always about winning or nothing