Listen on:
Foster: Então, a gente está gravando. Olá, seja bem-vindo a mais um episódio de Carioca Connection. Hoje a gente tem o prazer de ter um convidado especial.
Alexia: Mais do que especial este convidado!
Foster: Especialíssimo! Que é o Marco Antonio, o pai da Alexia.
Marco Antonio: Oi!
Foster: Oi, Marco. E sobre o que a gente vai falar hoje, Alexia? Hoje é o que, primeiro?
Alexia: Hoje é Dia de São Jorge. São Jorge é quem, pai?
Marco Antonio: São Jorge é... bom, o que eu tenho que falar é que aqui no Brasil, como em outros países católicos, santos são bastante importantes, eles são... além da parte da religião, existem pessoas que são muito devotas a determinado tipo de santo. Cada um tem o seu santo favorito.
Alexia: Qual é o seu?
Marco Antonio: São Francisco.
Foster: Por quê?
Alexia: São Francisco de Assis.
Marco Antonio: São Francisco de Assis. Ele nasceu na cidade de Assis, era um jovem rico, milionário, vivia no luxo, um dia ele se converteu, largou tudo, foi descalço para a rua, foi morar perto da cidade e começou a ajudar as pessoas mais miseráveis, aquelas que não tinham ajuda de ninguém: doentes, etc.
Alexia: Além de pessoas, animais também, né?
Marco Antonio: E ele era bastante... ele amava muito a natureza, os pássaros, os animais, enfim, uma pessoa que era um santo. Só que nessa época ele ainda não era um santo. Então, ele foi à Roma. Naquela época Roma e a Igreja Católica era toda luxuosa, os bispos tinham propriedades e não era exatamente uma coisa muito puro.
Foster: Você sabe mais ou menos qual época a gente está falando? Isso foi 500 anos depois de Cristo?
Marco Antonio: Não. Mais ou menos 1.500 anos depois de Cristo. A Igreja Católica então esbanjando luxo em Roma e pessoas como São Francisco de Assis levando realmente a palavra de Deus para os homens - a ajuda, principalmente. Ele foi à Roma e conseguiu que o Papa desse permissão para que ele montasse uma ordem, a ordem franciscana, que logo teve muitos adeptos e que foi um exemplo de humildade e de amor para o mundo. Ele tem uma oração muito famosa - a qual não me lembro agora -, mas é mais ou menos 'é dando que se recebe, é amando que se pode amar', é uma coisa muito bonita! E ele praticamente salvou com o exemplo dele uma igreja inteira, que estava meio perdida em luxos e riquezas, pelo menos esse é meu...
Alexia: A Igreja Católica, né?
Marco Antonio: É. Esse é o meu ponto de vista. E os santos... as pessoas são devotas aos santos e pedem graças a ele.
Alexia: Fazem promessas.
Marco Antonio: Fazem promessas, acendem uma vela.
Foster: Fazem promessas quer dizer o quê?
Marco Antonio: Fazer promessa é o seguinte: uma pessoa em um caso extremo, um filho está doente, então a mãe pede ao São Francisco para que cure o filho, para que tudo corra bem.
Alexia: Ou por exemplo, tem a Santa Luzia, que é a santa dos olhos, né?
Marco Antonio: Aí começa a dividir um pouco. Tem a Santa Luzia, que é a santa que cuida dos olhos. E é assim por diante, mas os santos - um dia eu ouvi uma explicação que eu achei muito interessante - eles são santos depois que morrem, viram processo de canonização pela Igreja Católica.
Alexia: É demorado até.
Marco Antonio: É demorado, tem que provar que teve milagres, às vezes leva 200 ou 300 anos, às vezes é muito menos. Mas, enfim, o santo é como se fosse um exemplo para a humanidade. Eles são humanos, homens e mulheres como nós, e que se dedicaram de tal maneira a fazer bem, que eles são então considerados exemplos para nós. Alguns deles são mártires, foram torturados, mortos e jamais renegaram a religião. Então existem muitos e muitos santos da Igreja Católica. Muitos.
Foster: Você tem um número mais ou menos? Tem milhares?
Marco Antonio: Não, eu diria que são mais de 500.
Alexia: Será que é isso tudo?!
Marco Antonio: Tranquilamente.
Alexia: Jura?!
Marco Antonio: Tranquilamente. É um santo para cada dia, brincando. E às vezes, enfim, tem muito santo!
Alexia: E também tem os santos das cidades, né? Por exemplo, o Rio de Janeiro é qual santo?
Marco Antonio: O Rio de Janeiro é São Sebastião, que é um santo mártir, ele morreu martirizado. A maior parte das cidades do Brasil, muitas cidades tem o nome de santo, que é São Paulo - que é a maior cidade do Brasil.
Foster: Até tem uma cidade que se chama Santos.
Marco Antonio: Tem uma cidade que se chama Santos.
Foster: Onde você morou uns anos, né?
Marco Antonio: Onde eu morei alguns anos, numa época que eu tinha talvez uns oito anos de idade e tenho boas recordações da cidade, das praias, enfim, a Baía...
Alexia: Baía de Todos-os-Santos.
Marco Antonio: Enfim, tem santos em tudo que não é nome que provenha dos índios em tupi guarani, quase sempre é nome de um santo. Santa Bárbara...
Alexia: E também a gente até falou disso quando a gente foi para Ibitipoca, num outro podcast, que... como é que era?
Foster: Conceição da... caraca, não me lembro agora! Mas, era um santo também, até a gente viu o santo.
Alexia: Gente, que loucura!
Foster: Mas, enfim, a gente estava falando antes sobre que quase cada pessoa tem um santo, né? Tipo, o santo da Alexia é qual?
Alexia: O São Francisco de Assis.
Marco Antonio: O São Francisco de Assis. Aí é quando eu e minha mulher, ela nasceu, a gente dedicou a Alexia a São Francisco de Assis, para que ele proteja ela. Isso não é uma matemática, não é um pacto de sangue, não é nada. É simplesmente um desejo de que tudo corra bem com a sua filha, então você pede para o santo ser o padroeiro dela.
Foster: Padroeiro. Isso é uma palavra bem difícil para os gringos pronunciar!
Marco Antonio: Padroeiro. Padroeiro é o santo que protege, como se fosse um anjo da guarda, só que muito mais forte.