In this episode of Carioca Connection, Alexia sits down with Duda, a Brazilian living in Amsterdam, for an incredibly authentic conversation about the realities of life abroad. They dive deep into topics that every expat can relate to: the challenges of making friends without being part of a university or work group, dealing with homesickness, and navigating the practical struggles of living independently for the first time. Duda shares her journey from Rio to Lisbon and then to Amsterdam, opening up about everything from missing Brazilian warmth and beaches to dealing with European bureaucracy and expensive heating bills. What makes this episode special is how naturally they discuss the privilege and challenges of living abroad without romanticizing the experience. You'll hear authentic Brazilian expressions like "mundo ovo" (small world), "perrengue chique" (fancy struggles), and "plantar a semente na cabeça" (to plant the seed in someone's head), plus countless other colloquialisms that textbooks never teach. Their conversation flows from serious topics like safety concerns in Rio to lighter moments about needing a dog to make friends and the importance of having a freezer when you're used to Brazilian conveniences.
E agora em português... 🇧🇷
Neste episódio do Carioca Connection, Alexia bate um papo incrível com a Duda, uma brasileira que mora em Amsterdã, numa conversa super autêntica sobre as realidades da vida no exterior. Elas mergulham fundo em tópicos que todo brasileiro no exterior consegue se identificar: as dificuldades de fazer amizades sem fazer parte de uma faculdade ou trabalho, lidar com a saudade de casa, e navegar pelas dificuldades práticas de viver independente pela primeira vez. A Duda compartilha sua jornada do Rio para Lisboa e depois para Amsterdã, se abrindo sobre tudo, desde sentir falta do calor brasileiro e das praias até lidar com a burocracia europeia e contas caras de aquecimento. O que torna este episódio especial é como elas discutem naturalmente os privilégios e desafios de morar fora sem romantizar a experiência. Você vai ouvir expressões brasileiras autênticas como "mundo ovo", "perrengue chique" e "plantar a semente na cabeça", além de inúmeras outras expressões coloquiais que os livros didáticos nunca ensinam. A conversa delas flui de tópicos sérios como preocupações com segurança no Rio até momentos mais leves sobre precisar de um cachorro pra fazer amigos e a importância de ter um freezer quando você está acostumado com as conveniências brasileiras.
As always, this episode is packed with real-life Brazilian Portuguese that you won't find in textbooks or apps. Enjoy!
Transcription
Alexia: Duda, eu estava tentando lembrar, a gente se conhece por causa de uma de nossas melhores amigas que é a Bruna, né?
Duda: Sim, já tem algum tempo.
Alexia: Pois é, tem algum tempo. Mas eu acho que eu só te vi pessoalmente uma ou duas vezes na minha vida, alguma coisa assim.
Duda: Sim, eu acho que foi uma vez só no aniversário da Bruna na casa dela que foi tipo um open house.
Alexia: Foi uma loucura, né? É uma loucura.
Duda: Muito doido, né?
Alexia: E aí você veio pra cá, pra Portugal. E aí você foi para Lisboa, eu estou no Porto e a gente não se encontrou até então.
Duda: E a gente não se encontrou, bizarro, um absurdo.
Alexia: É um absurdo, é um absurdo. Mas me conta, você quis sair do Brasil por quê? Assim, o que te deu o pontapé pra você falar, “Ok, eu vou pra Europa, vou pra Portugal.” O que aconteceu na sua vida?
Duda: Então, eu já tinha feito intercâmbio em Lisboa em 2013, na época da faculdade, fiz um semestre em Lisboa.
Alexia: Com amigas que eu conheço também. Eu acho…
Duda: Quem?
Alexia: Com quem que você fez? Quais são os nomes?
Duda: Eu fiz com a Carol, que é da UF, Carol Delivenere.
Alexia: Não.
Duda: Tipo, foi a amiga que foi comigo. E aí lá eu fiz várias amigas.
Alexia: Com a Paula?
Duda: Uma amiga de Fortaleza. Paula? Não, acho que não.
Alexia: Então é outro grupo. Porque eu lembro que nessa época tinha muita gente vindo pra cá, pra Portugal, pra faculdade em si. E aí as pessoas se conheciam que eram da PUC, da UFRJ, da ESPM, muita gente assim. Então…
Duda: Ah, a Marina, talvez. Marina Chaves. Ela é da ESPM.
Alexia: A Marina, sim.
Duda: Ela é muito amiga de uma amigona minha e ela foi um semestre antes de mim. E aí ela me passou tipo, todas as dicas, todas. Assim, todas mesmo, ela me mostrou o mapa de Portugal e mostrou tudo, tipo, muito fofa. Então eu já cheguei lá, tipo…
Alexia: Exato. E ela é muito fofa. E a mãe dela era dentista da minha mãe, então assim…
Duda: Gente, é muito mundo ovo, né? É bizarro.
Alexia: Rio de Janeiro. Então tá, você veio pra cá, pra Portugal, Lisboa para fazer intercâmbio.
Duda: Isso, fazer intercâmbio. Não fiquei nem 6 meses, fiquei 5 meses e amei. Foi a primeira vez que fui pra Europa também. E eu sempre quis viajar. Não viajava tanto, era mais nova também, enfim, eu não trabalhava, não tinha dinheiro. Mas eu via, assim, pessoas viajando, sabe? Minha família, às vezes meu pai viajava com a minha madrasta, minha mãe viajava com o meu padrasto, meus avós, minhas amigas, tipo, eu via pessoas viajando e eu queria viajar, viajar pra fora. Eu achava um máximo viajar pra fora e até então eu tinha ido pra Disney assim, e eu queria muito conhecer a Europa. Eu não conhecia, foi a primeira vez que eu fui e, cara, foi muito legal. Eu me senti independente, sabe? Com 19 anos. Foi muito legal. Aí quando eu voltei pro Brasil, eu acabei a faculdade, tal, comecei a trabalhar no Rio, mas aquilo sempre ficou, sabe, no fundinho, tipo, “Cara, eu quero morar fora de novo. Eu preciso ter essa experiência de novo. Eu acho que eu me encontrei muito lá fora, não sei, eu quero ter essa experiência de novo fazendo alguma outra coisa, enfim.” E aí eu decidi que eu ia fazer alguma coisa fora de pós graduação ou mestrado, eu comecei a pesquisar, e achei a pós que eu fiz em Lisboa, na mesma faculdade que eu tinha feito intercâmbio inclusive. E cara, nessa época, um ano antes de eu ir, foi aquele ano que foi todo mundo pra Portugal assim, teve muita gente indo pra Portugal. Bizarro, né? Muita gente se mudou…
Alexia: Qual foi o ano mesmo que você veio?
Duda: Eu fui em 2019. Eu acho que em 2017-2018 a galera começou a ir muito. É, eu fui em 2019.
Alexia: É, eu também, 2019 pra cá. Eu lembro que você veio um pouco antes de mim. Você veio um pouquinho antes de mim, eu vim em maio de 2019, você já estava aqui eu acho.
Duda: Não, eu fui em setembro, setembro de 2019. Fui depois.
Alexia: Ah, então tá.
Duda: Mas foi essa leva de gente que começou a ir pra fora e eu falei, “Cara, eu quero ir. Ah, eu acho que agora é o momento, né? A gente é nova, ainda não tem tanta responsabilidade, nada que prenda a gente no Brasil, assim. Não tem filho, não tem nada assim, então é o momento.” E aí eu comecei a plantar a semente na cabeça do meu namorado para ele querer também, né? Porque também, eu decidi que eu queria morar fora de novo antes de a gente começar a namorar. Aí quando a gente começou a namorar, eu falei, “Cara, eu quero continuar o meu plano e ele tem que ir comigo.” E aí eu comecei a plantar essa semente.
Alexia: E ele sempre teve essa vontade ou não?
Duda: Não, não. Ele não tinha nenhuma vontade. E ele tem passaporte português. Então assim, pra ele era muito mais fácil, sabe? Muito mais fácil quando você tem passaporte. E eu não tenho, e pra mim era muito mais chato, muito mais difícil ir atrás de visto, ficar esperando, aplicar. E ele tinha meio que essa facilidade nas mãos e não fazia nenhuma questão. Acho que ele nunca tinha pesquisado, sabe? Não era uma coisa que ele pensava assim. E eu comecei a colocar essa semente, e aí ele, em algum momento topou. E aí ele ficou muito animado, mas enfim, já era mais pra vir pra Holanda. Os cursos que ele começou a ver para fazer mestrado eram na Holanda. Então primeiro fui para Lisboa, fiz a minha pós. Fiquei alguns meses lá sozinha, sem ele, mas foi muito boa a experiência também. Eu lembro até que eu falava com a minha psicóloga e ela falava, “Cara…”
Alexia: “É outra pessoa…”
Duda: “Você está a Duda com toda sua potência.” Sabe? Uma coisa bem de psicólogo, mas era muito isso assim. Eu estava me sentindo totalmente eu, eu me sentia totalmente independente e, sei lá, dona da minha vida. Não sei, assim, pra mim foi uma fase muito boa, sabe?
Alexia: Sim. Eu tenho duas opiniões sobre isso. Eu acho que uma, as pessoas, às vezes, romantizam muito morar fora, do tipo, “Ah, morar fora, Europa, que máximo. O que você está reclamando? Você não pode reclamar, porque você está na Europa.”
Duda: Sim.
Alexia: E a segunda parte é que sim, morar fora abre muitas oportunidades tanto pessoais do tipo de você entender quem é você, o que você gosta, o que você não gosta, como é que você lida com as pequenas coisas domésticas ou decisões muito importantes a serem tomadas. Então assim, tem esse balanço que a gente sempre tem que tomar muito cuidado, né?
Duda: É, exatamente. Esses dias eu estava falando com alguém, tipo, “Ai cara, que saudade de viajar.” Meio que ‘reclamando.’ Aí depois eu falei, “Mas assim, eu tenho total noção do meu privilégio, sabe? Eu estou morando fora há dois anos. Eu morei em Lisboa, eu vim pra Amsterdã com o meu namorado. Mal ou bem, a gente está conhecendo coisas novas e tal.”
Alexia: Sim.
Duda: Então eu acho importante também a gente ter consciência de que a gente também… Claro que não é perfeito, mil maravilhas, mas é um privilégio poder ir atrás do que você quer, morar onde você quer, enfim.
Alexia: Claro. Tem pessoas que nunca vão poder ter essa oportunidade.
Duda: Pois é.
Alexia: É difícil, porque ao mesmo tempo assim, “Ok, nós somos privilegiadas, mas ao mesmo tempo a gente não pode ficar se desculpando por ser privilegiada.” Sabe?
Duda: Sim.
Alexia: Quando eu reclamo com alguém, por exemplo.
Duda: Uhun.
Alexia: O euro tá muito alto comparado com o real, sabe? Tá insuportável isso. E parte do meu negócio a gente ganha em real, então assim, eu tô reclamando por causa disso.
Duda: Não, e eu mega te entendo, porque assim, como eu estava falando antes, eu não tenho passaporte europeu. Quando eu fui para Lisboa e fiz a pós, o meu visto não me dava direito a visto de trabalho, então eu não podia trabalhar. Quando eu vim pra Holanda que eu apliquei pro visto também de trabalho, eu fiquei 5 meses esperando ele ficar pronto, então eu também não podia trabalhar aqui. E esse tempo todo, desde que eu morei em Lisboa até eu conseguir o meu emprego que eu estou agora aqui, eu trabalhei para o Brasil. Então eu também estava ganhando em real. Então ao longo desse quase 1 ano e meio, o meu salário foi diminuindo. Eu ganhava aumento e eu ganhava menos no final das contas, porque o câmbio foi ficando péssimo e é isso. Sim, é uma merda, a gente mora fora, mas sim, é uma merda. Esses dias também… Eu vou me mudar sexta-feira agora para um apartamento novo e daí eu estou super animada, porque a gente mora num estúdio aqui, e a nossa geladeira não tem freezer. E aí eu estava falando com uma amigona minha que morou fora comigo, tipo, “Cara, as pessoas acham que morar na Europa é muito chique.” Cara, eu não tenho nem freezer, eu não consigo congelar as coisas. É um frigobar, sem freezer. Agora eu vou ter freezer, eu to muito feliz que eu vou ter freezer.
Alexia: Eu lembro quando você comprou o forninho lá em Lisboa, que foi assim, uma coisa incrível. Eu falei, “Duda, eu também tenho, porque a gente não tem forno aqui, a gente tem forninho.”
Duda: Sim. O meu forninho quebrou, inclusive, tá? Estou sem forninho. São os perrengues chiques.
Alexia: Sim. Perrengue chique total. Aliás, esse Instagram eu amo.
Duda: Eu também amo.
Alexia: Adoro. Agora… Uma coisa que eu sempre tento fazer diferença é, por exemplo, a Duda que foi fazer intercâmbio sabendo que tinha um dia de chegada e um dia de saída, é diferente da Duda que mora fora em si, né? Você sente alguma diferença mental sobre isso?
Duda: Eu acho que hoje em dia… Na época do intercâmbio eu já sabia que eu ia voltar, né? Foi isso que você falou de ter data. E hoje em dia eu não tenho data pra voltar, então é uma coisa que a gente… Eu me pego pensando muito nesses planos a longo prazo, tipo, será que eu vou morar fora pra sempre? Sei lá, eu acho que a nossa geração, a nossa idade, nada é pra sempre assim de plano, né? “Ah, a pessoa saiu do Brasil e vai morar fora pra sempre.” Não. Ou então, “Ah, voltei pro Brasil e vou ficar no Brasil pra sempre.” Também acho que não, não sei. A gente não tem muito como saber essas coisas e eu fico muito tentando planejar ou pelo menos pensando. E aí, sei lá, tipo tudo assim. Por exemplo, não que eu queira ter filho agora, mas eu quero ser mãe em algum momento. E a minha irmã, por exemplo, ela mora na Austrália e ela tem 2 filhos. Então assim, ela está super longe da família, a família encontra muito pouco. Tudo bem que aqui é mais perto do Brasil do que a Austrália. Mas mesmo assim, eu fico com essa questão de que daqui alguns anos eu quero ter filho. Será que eu vou estar morando aqui? Se eu estiver morando aqui, será que eu vou ter que aprender holandês? Porque meu filho vai pra escola e eu vou ter que aprender a falar holandês para falar com o meu filho? Tipo…
Alexia: Mas isso é muito engraçado.
Duda: Sei lá, essas coisas, tipo…
Alexia: É, porque é engraçado, o Foster, ele vai ter o sobrinho dele agora em outubro, né? Primeiro netinho da família, né? E eu ainda não posso ir para os Estados Unidos porque ainda existe o travel ban dos Estados Unidos que a gente não pode. A não ser que eu vá pro México e aí fica muito caro tudo, não vale a pena. E ele pode.
Duda: Mas ele está lá ou ele está ai?
Alexia: Não, ele está aqui e ele vai em algum momento pra lá. Porque vai fazer um ano que ele não vê a família também, por causa da pandemia e isso tudo. Mas aí eu fico pensando nisso também, tipo, será que quando foi possível dar o próximo passo, o que a gente vai fazer? A gente vai ter filho aqui? A gente vai ter filho lá? Sabe? Eu vou estar na Finlândia?
Duda: Aonde que eu vou estar? Exatamente. O que, às vezes, é meio assustador e meio estranho, mas por outro lado é legal. Sei lá, você pode estar fazendo qualquer coisa, você pode estar fazendo o que você quiser. É bom também saber que você tem opções, mas às vezes é difícil lidar com essas escolhas, né?
Alexia: E eu acho que uma das grandes questões que eu pelo menos converso muito com a minha psicóloga também é tipo assim, o que é casa? Será que eu considero o Porto casa? Eu não considero o Rio minha casa. O Rio é um lugar para visitar meus amigos e nem minha família está lá, que minha família está em São Paulo e Minas. Então assim, o Rio foi o lugar onde eu morei, onde meus amigos estão. Mas o Rio não é minha casa, Rio é onde eu nasci e amo de paixão, mas não é lá. O Porto, não sei, porque eu passei a maior parte numa pandemia, então eu ainda não sei.
Duda: É, tem isso também. Eu acho que eu nunca tinha parado para pensar nisso de casa. É uma boa reflexão. Eu sinto o Rio ainda a minha casa assim, eu acho que eu sou apegada assim. Não sei se tanto a cidade, mas acho que mais as pessoas. A cidade também, eu amo o Rio, mas eu não consigo me ver morando lá no futuro, assim. Sei lá, em relação a violência, não consigo me ver criando filho lá, não sei. Mas isso sou eu agora, né? Pode ser que eu mude de opinião, sei lá. Mas, por exemplo, eu morei em Lisboa por um ano, né? Antes de eu vir pra Amsterdã. E hoje em dia… Na época era total minha casa, eu realmente enxergava. Mas hoje em dia, quando eu olho, eu amo Lisboa, mas não é minha casa. Não sei, mas eu acho que eu vou mudando assim. Sei lá, na verdade eu acho que é mais isso das pessoas com quem você está, as pessoas com quem você se relaciona no lugar. Tipo, eu e meu namorado, a gente se dá muito bem morando junto. A gente nunca tinha morado junto, cada um morava na sua casa no Rio. E ele chegou em Lisboa para me encontrar, pra depois a gente vir pra cá. Ele chegou no dia que as fronteiras fecharam por causa do Corona, então a gente começou a morar junto já…
Alexia: Lockdown.
Duda: De quarentena. Lockdown, tipo, 24 horas por dia juntos. E ele ainda ficou uns meses para achar emprego, então enfim, ele ia trabalhar de casa de qualquer forma, mas assim, era 24 horas por dia junto, então eu me sentia muito em casa com ele. E eu acho que hoje em dia eu me sinto muito em casa com ele aqui também, então eu acho que talvez seja mais isso, sabe? Eu acho que eu tô em casa com ele. Mas se eu tiver com a minha família, eu vou estar em casa com a minha família e com os meus amigos. Não sei, tô pensando nisso agora.
Alexia: É, porque tem muita gente que precisa da cidade em si para fazer sentido, para então chamar de casa. Por exemplo, eu, hoje em dia, a Alexia de hoje não se imagina morando nos Estados Unidos, porque não existe saúde pública. O que eu preciso na minha vida nesse momento é a saúde pública. Aqui em Portugal me dá essa opção, ou então quase qualquer outro país da Europa me dá essa opção. Então talvez seja isso, assim, o grupo de amigos que você esteja inserido ou o seu relacionamento, se você fosse mudar para o Egito ou não, vai fazer sentido pra você.
Duda: É, exatamente. Mas isso do que a cidade, talvez. Mas eu amo o Rio assim, tipo, eu não saí de lá porque eu não gostava do Rio. Mas eu acho que a questão da segurança sempre pegou pra mim. Eu sempre fui, tipo, do meu grupo de amigos, eu sempre fui a mais noiada, sabe? A mais neurótica que morria de medo de ser assaltada a qualquer segundo. Eu tenho amigos que são muito tranquilos. O Rio é um lugar perigoso e cara, eles são tranquilos, andam tranquilos e nunca aconteceu nada, e é isso. Cara, comigo não, eu andava nervosa, eu ficava nervosa, eu tinha que pegar ônibus e aí eu ficava revoltada. E eu tenho uma coisa com a falta de liberdade que te dá a insegurança, sabe? Eu achava, eu acho ainda um absurdo eu não poder pegar meu celular no ônibus. Esse tipo de coisa, sabe? Que tira sua liberdade. Pra mim, era revoltante, entendeu?
Alexia: De não poder usar um cordão, de não poder usar relógio. Tipo assim…
Duda: Essas coisas vão moldando sua vida, né? Sei lá, eu acho que eu já deixei de comprar uma coisa porque, “Cara, onde é que eu vou usar?”
Alexia: Com certeza.
Duda: Vou usar o relógio? Não vou usar. Tipo e, sei lá, isso para mim pesava muito. Eu fico até pensando agora, eu fui para o Brasil a última vez em dezembro de 2019, vai fazer 2 anos que eu não vou. E eu vou no final desse ano, ainda não comprei a passagem, quero comprar, tô desesperada para comprar. Mas eu fico pensando, cara, como é que será que eu vou me sentir? Porque eu lembro que quando eu voltei do intercâmbio, que eu fiquei 5 meses só em Lisboa, quando eu voltei, eu lembro que eu fiquei meio que, “Caraca, preciso ficar atenta ao meu celular.” Tipo, não estava mais acostumada com isso, sabe?
Alexia: Eu não sei se você teve essa por exemplo, quando eu vim pra cá, eu sempre estava em estado de alerta. Gente, não é que no Porto e em Lisboa não existam um assalto. Óbvio que existe, em qualquer lugar do mundo existe, mas é um assalto que não vai te machucar, não vai vir com uma faca pra você, sabe?
Duda: Não é violento assim, né?
Alexia: É um furto na maioria das vezes. E aí, eu sempre estava em estado de alerta. Nós somos preparadas e treinadas na marra pra estarmos em alerta no Rio de Janeiro, no matter what, né? Sempre assim.
Duda: É, total.
Alexia: E aí, quando eu cheguei aqui e eu comecei a relaxar do tipo, “Tá, eu posso pegar meu celular e ligar pro meu pai pra saber se ele precisa de alguma coisa da farmácia.” Sabe?
Duda: Sim. Uma coisa tão básica.
Alexia: Eu não preciso entrar numa loja, me esconder, mandar uma mensagem ou ligar, para então… E aí, eu fico pensando exatamente isso, quando eu voltar pro Rio, que eu não tenho data, não sei quando eu vou, como que eu vou me sentir? Porque se eu descer no Galeão, que é o aeroporto internacional e passar por aquele paredão que eu morro de medo daquele lugar, da linha vermelha.
Duda: Eu também morro de medo.
Alexia: Como é que eu vou ficar? Eu prefiro descer em São Paulo, em São Paulo pegar um vôo nacional para o Santos Dumont, para então ir pra Zona Sul do Rio. Olha que loucura.
Duda: Eu tenho isso também, mas o que eu vejo não é nem do Galeão ou Santos Dumont, mas eu não quero pegar voo que chegue à noite no Galeão. Então eu pego vôo que chega de manhã. De manhã assim, geralmente os vôos chegam 6h30 da manhã, e aí eu acho ótimo, que é muito cedo assim. Olha que coisa louca, né? E você faz isso meio que no automático, né? Não é uma coisa, “Eu vou procurar um vôo.” Para mim já é automático, eu já pesquisei de cara, não vou chegar no Galeão 11 horas da noite.
Alexia: Não, é uma loucura.
Duda: Eu lembro que uma vez eu peguei um vôo no Galeão que saía 3 da manhã e eu fiquei muito nervosa, porque eu falei, “Cara, eu vou passar ali de madrugada.” Eu fui até mais cedo, eu fiquei horas no aeroporto de bobeira, porque eu não queria ir tão tarde. Bizarro.
Alexia: Duda, eu e você, a gente tem que andar juntas no Rio, porque tem que contratar a gente pra fazer até segurança, porque a gente sabe tudo. É horrível a gente falar isso do Rio, que é uma cidade que a gente ama, mas é a verdade.
Duda: Pois é. É a verdade, fazer o que? Mas é isso, apesar de ter esses pontos ruins, eu não deixo de gostar do rio. Tipo, eu amo, eu acho a cidade maravilhosa, linda, é o meu estilo de vida, eu acho. Eu sou muito do calor, sabe? Eu amo quando está quente. Eu não gosto do frio, isso é uma das coisas que me incomodam um pouco daqui, mas eu estou começando a me acostumar.
Alexia: Daqui, Amsterdã?
Duda: É. Em Lisboa era engraçado, porque eu sentia frio, e aí eu pensava, “Gente, eu tô ferrada, quando eu chegar em Amsterdã eu vou congelar.” Só que cara, eu acho que aí as casas não são preparadas para o frio igual aqui. Aí eu passava frio na minha casa, dentro de casa, com tudo fechado, o aquecedor não era potente o suficiente. Sei lá, as casas eram frias. Tipo, aqui, caraca, tá sempre tudo quentinho, sabe? Então eu acho que eu também lidei melhor com o inverno por causa disso, acho que a cidade é mais preparada assim.
Alexia: Com certeza. Portugal tem um sério problema com as casas antigas, porque as de hoje em dia já tem aquecimento central, tem tudo central. Mas a gente não tem grana para pagar por isso, então também.
Duda: E é caro. Isso é uma coisa que a gente estava preocupado, porque esse apartamento que a gente está agora em Amsterdã, ele é subsidiado pela faculdade do Bernardo, né? Que ele veio fazer o mestrado aqui, né? E aí a gente paga muito mais barato do que a gente pagaria num aluguel normal e todas as contas estão incluídas. Então assim, o nosso aquecedor no inverno era 24h por dia ligado. Eu falei, “Gente, a gente está muito mal acostumado, porque quando a gente se mudar, quando a gente for pagar certinho o que a gente está consumindo, não dá. Vai ter que deixar uma temperatura muito menor e deixar muito menos tempo ligado, sabe?” Meu Deus, nem sei como é que vai ser.
Alexia: Não, vai dar tudo certo, vai dar tudo certo. Compra aquela manta elétrica, deixa a cama quentinha.
Duda: Isso é uma boa.
Alexia: Quando for dormir, desliga, porque ninguém quer morrer eletrocutado também. Tira da tomada e pronto. Isso eu faço aqui, tá? Eu nunca passei frio à noite aqui, nunca.
Duda: É, essa é uma ótima dica mesmo.
Alexia: Sim. E aí, Duda, me fala, você morou quase um ano em Lisboa, você já está há quase um ano aí também, né? Em Amsterdã.
Duda: Eu já estou há quase um ano aqui. Passou muito rápido.
Alexia: Maiores diferenças, o que você acha?
Duda: Cara, eu sinto que aqui em Amsterdã as coisas funcionam melhor do que em Lisboa. Em termos de, tipo, burocracias ou coisas do tipo. Em Portugal, eu lembro que era muito complicado para ligar para o SEF ou para ligar pra sei lá aonde para conseguir o NIF, para conseguir aquilo. Era tudo muito difícil. E aqui, não é que aqui seja perfeito, aqui é tudo por carta, eu não consigo entender. Eu não consigo entender. Outro dia eu perdi uma fatura de um médico que eu liguei, foi uma consulta pelo telefone de 15 minutos, aí a pessoa me cobrou 30 euros, eu nunca recebi a carta. E aí eu recebi um SMS me cobrando uma multa de 80 euros porque eu nunca paguei a carta. Aí eu falei, “Gente, se tinha um SMS, se tinha meu telefone, podia ter entrado em contato pelo telefone para cobrar pela multa, né?”
Alexia: Deixa eu só falar uma coisa. Você falou, “Eu perdi minha fatura.” Isso é muito português de você.
Duda: Fatura, português, é. É porque em holandês é factuur, sei lá como é que fala, mas é factuur, então me veio na cabeça. Muito bom.
Alexia: Muito bom, adorei. De qualquer forma, mas isso é muito… Aqui é muito burocrático, até pra quem é cidadão. Nossa, é muito burocrático. Mas também, é uma burocracia diferente do que eu vejo no Brasil, aindaexiste uma máfia por trás, mas é diferente. É uma burocracia que “funciona” no final de contas.
Duda: Exatamente, é diferente do Brasil. Mas é uma coisa meio complicada.
Alexia: Sim.
Duda: E daí eu achei que aqui é um pouco melhor. Eu não sei, eu acho que são cidades muito diferentes, países muito diferentes. Eu acho que aqui as pessoas… É a impressão que eu tenho, são mais cabeça aberta do que em Portugal. Amsterdã, principalmente, é uma cidade muito internacional, tem gente do mundo todo. Tem muita multinacional, muita sede de empresa. Então, por exemplo, no meu trabalho, na minha equipe tem, tipo, uma holandesa de, sei lá, 20 pessoas. As pessoas são do mundo todo. E eu acho que eu não via tanto isso em Portugal, sabe? Portugal para mim era uma coisa mais fechada. Mais portuguesa, é.
Alexia: Sim.
Duda: Então acho que aqui eles são mais tranquilões…
Alexia: Eu acho que Portugal é internacional. Tipo, Lisboa e Porto são internacionais mas pro turismo. Tipo assim, “Venham pra cá, comprem nossos produtos, mas não venham trabalhar em nossas empresas. É tipo isso.
Duda: Isso total. Eu não cheguei a procurar emprego aí, porque eu não tinha o visto, né? Mas de todo mundo que eu escutei falar que estava procurando, enfim, fala que é muito complicado. E que chega, às vezes, até… Eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito por ser brasileira, mas já escutei muita história de gente que sofreu preconceito por ser estrangeiro, sabe? Assim, não é que também não tem aqui, eu acho que tem em qualquer lugar. Aqui eu também já escutei história. Mas em Portugal eu acho que eu ouvia mais, sabe?
Alexia: É, eu também nunca passei por problemas. Eu não sei se quando as pessoas me perguntam, “Ah, a menina é onde?” Porque eles escutam o meu sotaque, obviamente, eles sabem que eu sou brasileira, mas eles querem que eu responda, né? E aí eu falo, “Ah, eu sou do Rio.” Aí eles me olham super simpáticos, sempre perguntam, “Oh, mas o que a menina está a fazer aqui?” Ai eu falo, “Ah, eu tô morando aqui e tal.” Conto um pouco da minha história. Aí eles me perguntam, “Mas você tem família aqui?” “Sim, a família toda da minha mãe é daqui. Eu sou portuguesa, sou luso-brasileira.” “Ah, pois então só tens o sotaque.” Assim, aí eles se abrem completamente. Se abrem meio que assim, “Ok, então alguém de Portugal foi pro Brasil pra tentar ganhar a vida e aí veio a Alexia.” Sabe?
Duda: Uhun.
Alexia: Faz sentido na cabeça deles.
Duda: Uhun. Muito bom.
Alexia: Agora, em compensação com o Foster, o Foster é super bem-vindo pelos portugueses, porque eles ficam impressionados que ele fala português fluentemente. Então aí tem essa parte assim, um americano que quis aprender português?
Duda: Isso é muito valorizado, né? Quando você realmente se dedica a aprender a língua. Eu vejo isso aqui também, não é todo mundo que fala holandês, porque até certo ponto, você não precisa. Eu tô aqui há um ano… Eu tenho vontade de aprender se eu for ficar muito tempo. Como ainda não está muito bem definido, ainda não… É uma língua difícil pra caramba, né? Também não vou gastar meu tempo, minha energia e meu dinheiro numa parada que eu não sei se eu vou usar. Mas eu vejo como que eles também ficam surpresos e acham um máximo quando alguém, um estrangeiro está falando a língua deles, né? Eu acho legal também, né?
Alexia: Claro.
Duda: Você está morando no país deles, eu acho que é legal. Mas se você não fala também, não é motivo pra você sofrer preconceito.
Alexia: Claro que não, claro que não. Até porque ninguém é obrigado a nada. A gente está fazendo um esforço para aprender uma outra língua, mas você não é obrigado.
Duda: Exato.
Alexia: Quando eu vou para os Estados Unidos e eu não tenho mais o sotaque brasileiro quando eu falo inglês, o meu sotaque é meio estranho assim, é uma mistura que o Foster conseguiu fazer em mim. E sempre me perguntam assim, “Ah, mas da onde você é? Você é do leste europeu?” Ai eu, “Nossa, do leste europeu? Eu cheguei a esse ponto?” Sabe?
Duda: Muito bom.
Alexia: É, é.
Duda: Específico, né?
Alexia: “Você é do leste europeu?” “Não. Eu tenho cara do leste europeu?” Porque as mulheres são super altas lá, sabe? E você tem uma comunidade brasileira aí? Você conhece outros brasileiros aí ou não?
Duda: Conheço sim. As minhas amigas mais próximas são brasileiras. O brasileiro, ele se encontra, né?
Alexia: É um imã.
Duda: Qualquer lugar do mundo.
Alexia: É um imã.
Duda: Cara, em Portugal era só brasileiro assim. Os portugueses que eu conhecia que eram próximos eram os agregados, tipo, namorados de amigas brasileiras e todos eram muito legais. Mas eu acho que eles, para fazer amizade, pelo menos as pessoas que eu conheci, também eram muito fechadas, sabe? Então acaba que é isso. Eu morava com uma brasileira que era amiga de uma amiga minha brasileira. E aí eu conheci mais gente do grupo. Aí eu conheci brasileiros na faculdade e aí a amiga de amiga vem. É sempre amigos em comum, né?
Alexia: Sim.
Duda: Pelo menos comigo é sempre amigo em comum. Aí vai apresentando. E aqui foi a mesma coisa. Eu cheguei no meio do Corona, né? Então eu, na verdade, eu estou aqui há quase um ano, mas eu ainda estou no processo de fazer amizade, eu ainda não tenho um grupão de amigos, entendeu? E isso, na verdade, pra mim, eu acho que é a coisa que mais pesa negativamente daqui. Eu acho que aqui não tem… Aqui tem muito brasileiro também, mas eu acho que é diferente da comunidade brasileira que tem em Portugal, que eu acho que é muito maior. É, a gente chegou no meio do Corona, não conheceu muita gente, passou a maior parte do tempo em casa, eu e ele. E aí, conforme as coisas foram melhorando, a gente foi saindo mais e as pessoas que eu tenho amizade hoje em dia são todas brasileiras. E foi tudo assim, uma amiga veio falar comigo, “Ah, eu conheço uma menina que mora aí.” “Ah, a prima do namorado da minha prima.” Sei lá, pessoas aleatórias… “Mora aí, quer que te apresente?” Então foi muito assim. E o meu namorado, ele só começou a fazer amizade com o pessoal da faculdade dele agora também. Porque até então com o Corona, tudo fechado. Sei lá, às vezes você não conhece a pessoa direito, não sabe se a pessoa está saindo. Aí você vai na casa da pessoa?
Alexia: Não.
Duda: Que você não conhece direito? Entendeu? Então a gente não fazia amizades assim. Aí, esse ano, agora há pouco tempo que as coisas começaram a melhorar. Essa semana, de um tempo pra cá, até deu uma piorada, mas teve uma fase que estava tudo muito mais tranquilo e aí sim a gente começou a sair mais. Mas é isso, minhas amigas, elas são brasileiras.
Alexia: É. O que eu sinto, eu não sei se em Lisboa era a mesma coisa, mas aqui no Porto o que eu sinto é, tanto para brasileiro quanto para português ou comunidade internacional, se você não faz parte, por exemplo, de uma faculdade, de um mestrado, de um trabalho, você não vai ter amigos. É o nosso problema, porque a gente não fazia parte de nenhum desses grupos, principalmente com a pandemia. Então assim, a gente tem colegas, sim, eu conheço pessoas no Porto do meu coworking por exemplo, mas não são as pessoas que eu ligaria e falaria, “Olha, tô passando aí, vamos descer pra tomar um café? Vamos papear sobre a vida?” E agora que está começando a voltar também, que as pessoas estão ficando vacinadas e etc e aí dá pra começar a fazer. Então, isso, pra quem está pensando em morar fora, se você não fizer parte de um grupo específico, talvez sofra muito pra ter amizades.
Duda: Com certeza. Foi mais ou menos o que eu passei, porque eu cheguei aqui, não vim estudar, meu namorado que veio, não estava trabalhando. Agora que eu comecei a trabalhar aqui, então agora que eu tô começando a conhecer as pessoas. Mas também, ainda são pessoas que são colegas, né? Não são amigos. E eu fiquei muito nesse limbo assim, tipo, é difícil. Eu acho que isso pesa muito assim. Tipo, eu não sei se é porque a gente é brasileiro, a gente é mais caloroso e comunicativo, eu não sei, mas depende da pessoa também. Mas, pra mim sim, é o que mais faz falta. E assim, tanto em Lisboa quanto no Rio, cara, eu tenho vários grupos de amigos e são amigos que é isso que você falou, vou mandar mensagem e a gente vai se encontrar. E aqui já não é tão assim, né? Apesar de eu ter amigos aqui que eu adoro e que eu sei que eu posso contar, sabe?
Alexia: Sim.
Duda: Mas não é um grupo, não é…
Alexia: Na hora de alguma emergência, sim, eu tenho pessoas que eu posso ligar e falar, “Me ajuda.” Mas não para tipo, “Vamos dar um passeio.” Que engraçado, né? Deveria ser muito ao contrário.
Duda: É. Mas que bom que a gente tem pelo menos essa rede de apoio assim, eu acho importante ter.
Alexia: Sim.
Duda: É isso. Quando a gente foi pra Portugal, já tinha muitos amigos morando lá. Amigões assim, sabe? Eu e o Bernardo, meu namorado, a gente estudou junto no colégio, então a gente tem o mesmo grupo de amigos assim. Então tinham vários amigos do nosso grupo mesmo lá. Então cara, a gente chegou…
Alexia: Ai que sorte.
Duda: É, foi tipo perfeito assim. E foi conhecendo mais gente e tal. E aqui não, a gente veio sem conhecer ninguém. Pra não dizer que a gente não conhecia ninguém, a gente já conhecia um menino. Olha que legal, ele é holandês e ele morou no Brasil por alguns anos. Ele fala português também e ele foi fazer estágio lá, alguma coisa assim. Conheceu os meninos do nosso grupo de amigos e ficou muito amigo da galera, então a gente já tinha esse contato assim. Mas fora ele, a gente não conhecia ninguém. E é muito doido você ir pra um lugar que você não conhece ninguém, né? Aí você acaba se… Ficou muito eu e o Bernardo, né? Um se apoiando muito no outro assim. É, é o que eu sinto também com o Foster. A gente arranjou um cachorro, né? E aí tem o grupo dos cachorros, então eu faço parte de um grupo.
Duda: Ah, isso sempre tem, né? Isso é bom também.
Alexia: E agora todo mundo sabe quem eu sou na rua por causa do Buddy. Então assim, também ajuda muito você ter um cachorro, porque todo mundo adora… A maioria das pessoas em geral adoram e querem falar, querem brincar, querem sei lá. Então assim, os restaurantes aqui da rua, todos eles já sabem quem sou eu, quem é o Foster quando a gente está com o Buddy. Agora, se a gente não estiver com o Buddy ninguém reconhece a gente. Então eu fico muito triste assim, sabe?
Duda: Que maravilhoso.
Alexia: Eu fico muito triste assim, sabe? Do tipo, sério que eu tenho que carregar meu cão para todos os lugares?
Duda: Cara, que engraçado, sério.
Alexia: Sim. Agora isso que você fala de pertecer a um grupo é engraçado, porque eu sinto que eu pertenço a um grupo nos Estados Unidos, e olha que eu nunca morei lá.
Duda: Uhun.
Alexia: Mas porque tem a família do Foster, tem o irmão do Foster, tem os amigos do Foster que eu já tenho intimidade depois de 6 anos juntos, né? Você tem intimidade. Eu sinto que eu faço parte de um grupo lá, sabe? Que tipo, “Ok, a gente pode sair, pode se divertir, pode sair pra jantar e etc.” E aqui ainda estou na expectativa, mas eu acho que as coisas vão melhorar.
Duda: É, eu acho também. Eu também acho, eu acho que é esse momento que a gente está vivendo e que já tem um tempo, né?
Alexia: É.
Duda: E a gente veio morar fora tipo um pouco antes de tudo isso, então é complicado, mas eu acho que é tudo fase também, daqui a pouco melhora.
Alexia: Agora, Duda, existe uma grande diferença para muitas pessoas do tipo, porque assim, aquilo que você imaginou de ter uma experiência fora é exatamente aquilo que você está vivendo hoje em dia? Ou é melhor? Ou é “Okay, ainda não cheguei lá”? Ou é horrível? Eu sei que não é horrível, porque eu já te conheço, eu sei que você está amando, mas de qualquer forma.
Duda: Cara, eu acho que é diferente assim, mas não que seja pior nem melhor. Eu acho que a gente só tem expectativas diferentes antes de morar fora. Foi o que você falou das pessoas acharem que morar fora é só coisa boa e é perfeito, e você não vai passar por nenhum perrengue, sei lá. E não, e na prática não é assim, mas não necessariamente isso também é uma coisa ruim. E também, por exemplo, “Ah, tô morando fora. Nossa, vou aproveitar muito, vou viajar todo final de semana.” Tudo bem que agora com o Corona não tem nem possibilidade, mas assim, quando eu estava em Lisboa antes do Corona, eu não viajei tanto assim, sabe? Porque quando você bota no papel também… Claro que é muito mais barato você já estar na Europa se você quer ir pra outro país da Europa. Óbvio que é mais barato do que se você está no Brasil, mas também não dá pra você… Não é, “Ah, é só festa, é só viagem.” Não, é tipo vida normal, você vai trabalhar, você vai limpar tua casa.
Alexia: Sim.
Duda: E é isso. Aqui eu moro sozinha, no Rio eu morava com a minha família, então aqui eu que sou 100% responsável por tudo da casa. Eu e o meu namorado, né? Mas a gente ainda morava em casa, né? Então ainda tem essa mudança assim.
Alexia: Tem. E principalmente pra nós que viemos de família brasileira que tipo, lá no Brasil é normal você ter empregada, né?
Duda: É, exatamente.
Alexia: É normal, é uma coisa que você já está acostumada de ter sua comida cozinhada, sua comida feita, casa limpa, roupa lavada e etc. Então assim, isso também. Eu já não tinha empregada no Brasil há muito tempo assim, é uma coisa que o meu pai, a gente sempre se virou muito bem, mas sim, eu adoraria ter uma hoje em dia pra limpar a casa um pouco, porque é duro, é duro morar fora.
Duda: Com certeza. Esses dias eu falei com o Bernardo, “Cara, eu acho que a gente pode contratar alguém pra ajudar a limpar a casa uma vez no mês, que seja, só pra dar uma geralzona.” Porque isso é a parte mais chata pra gente e me incomoda que está sujo, e às vezes eu não to com disposição de limpar, porque eu trabalhei o dia inteiro e no meu horário de almoço eu almocei correndo, porque tive que fazer o almoço, e coisas normais da vida, né? Mas eu acho que eu só fui ter essas responsabilidades aqui.
Alexia: Sim.
Duda: Foi isso que você falou, no Brasil eu não tinha realmente. Mas é isso, não é melhor nem pior, eu acho, sei lá, que é diferente da expectativa. Mas eu amo, eu amo morar fora.
Alexia: Eu também.
Duda: Eu amo minha vida aqui. Eu me sinto muito bem assim. Óbvio que tirando a saudade de casa, da família, eu sinto muita saudades, ainda mais agora com o Corona que a gente está há muito tempo sem ver nossos familiares, pesa mais assim, mas tirando essa parte negativa da saudade, da distância, cara, eu amo. Eu acho a vida aqui ótima, eu sinto que eu tenho muito mais qualidade de vida, muito mais, sem comparação, sabe?
Alexia: Eu também. E é uma coisa que eu fico falando muito com a Bruna, com a nossa amiga, porque a Bruna sempre está reclamando do Rio, óbvio, sempre. E eu assim, “Bruna, pega a sua mala, procura emprego e vem pra cá pra qualquer lugar da Europa.” “Ah, mas o meu cachorro…” “Ele pode viajar de avião, existem companhias para isso, é só uma questão de querer.” Óbvio, não é tão simples, né? Você precisa planejar e etc, mas assim, é querer fazer.
Duda: Sim. É se mexer pra ver, né? É um saco procurar essas coisas. De vez em quando vem alguém me perguntar, “Ai, me ajuda? Tô pensando em morar fora. Como é que eu me planejo? Quanto que eu preciso?” Cara, realmente, é um saco viver isso.
Alexia: Depende muito de cada pessoa, depende…
Duda: Depende muito do estilo de vida. Cada pessoa fala uma coisa, né? Cada pessoa tem o seu gasto, mas eu acho que é uma questão de prioridade mesmo, né? Não só de prioridade, claro, mas por exemplo, o meu custo de vida aqui vai ser muito menor do que de uma outra pessoa que vai sair muito mais, que vai gastar muito mais comprando alguma coisa. Pra mim, o meu luxo é comer fora, eu amo comer. E viajar, é que agora a gente não está viajando, né? Eu amo comer fora, eu amo comer, na verdade. Então, pra mim, esse é o meu gasto, sabe? É muito difícil eu comprar uma parada. E eu acho que é isso, você também ir adequando o seu estilo de vida, né?
Alexia: É, exatamente. Agora, uma pergunta que eu estou fazendo pra todo mundo que está aqui fazendo o Carioca Connection comigo. Qual cidade ou lugar ou trilha, sei lá, o que você quiser indicar para as pessoas visitarem no Brasil tirando o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Florianópolis que são os clichês. Mas você também pode indicar dentro do Rio alguma coisa que seja muito específica, sabe? Porque assim, “Visita a Copacabana,” todo mundo já sabe isso, sabe?
Duda: É, não.
Alexia: Então… O que você indica?
Duda: Cara, olha, eu amei Ibitipoca, que é em Minas Gerais. Eu amei, assim, é um lugar totalmente natureza, cachoeira, trilha. Mágico, é mágico. Foi uma viagem que eu fiz que foi muito legal, você consegue fazer em… Acho que um final de semana é muito pouco, mas talvez um final de semana prolongado, uns 3-4 dias. Eu acho que eu fiz num carnaval assim, uns 4 dias, 5 dias. Eu acho que é muito diferente pra quem vem de fora do Brasil, uma paisagem muito diferente assim. A cor da água, né?
Alexia: Ah, é tudo tão lindo.
Duda: O visual é muito lindo. Eu acho que é um lugar diferente assim e é uma dica boa.
Alexia: E duas curiosidades. Foi a minha primeira viagem com o Foster, no comecinho do nosso relacionamento a gente ficou 4 dias lá. E eu querendo me mostrar atlética, sabe? Menina trilheira e etc. Eu fiz aquela trilha de 18 km num dia. Duda, no final, eu estava com a minha perna tremendo tanto, mas tanto que eu falei, “Eu preciso que um helicóptero chegue aqui pra me salvar. Eu não ando mais.” Sabe? Eu não ando. Tudo para impressionar o Foster.
Duda: Cara, é bizarro. É a da janela do céu, né? Que você está falando.
Alexia: Só que assim…
Duda: Caraca, é brabo.
Alexia: A gente não seguiu pra janela do céu, a gente foi indo. Tem a gruta do… Sei lá, tinha um bando de morcego lá embaixo também. Que aliás, falando hoje em dia, não sei se foi uma boa escolha a gente ir pra um bando de morcego, mas tinha a gruta dos morcegos. E aí depois a gente foi pra cachoeira da Coca-Cola, que a cor da cachoeira era de Coca-Cola, que sei lá. Aí não era só você chegar e ver, né? O Foster queria descer pra ver cada coisa, então não era só a trilha, era tudo específico. E eu não sabia que horas ia acabar aquilo. E era a minha primeira experiência com ele assim, sabe? Hoje em dia eu já não me meto mais nisso, mas Ibitipoca vale muito a pena.
Duda: É. E ele já sabe.
Alexia: Sim.
Duda: Vale muito a pena, foi ótimo. Eu também, eu não sou a pessoa trilha assim, tipo, eu até queria ser mais…
Alexia: Aventureira.
Duda: Do esporte, aventureira, eu não sou. Mas mesmo assim, mesmo eu que não sou a pessoa com preparo físico, também morri nessa trilha. Ela é longe, né? Ela é uma trilha longa assim, mas vale muito a pena, é lindo.
Alexia: Sim. E a cidade em si de Ibitipoca é muito bonitinha, né?
Duda: É, é muito fofinha.
Alexia: Os mineiros são maravilhosos, a comida é muito boa. Doce de leite de lá é muito bom.
Duda: Maravilhoso. Pão de queijo. Eu fiquei numa pousada super gostosinha assim, super simples assim, bem caseira, sabe? Um café da manhã maravilhoso. Os donos eram muito fofos, carinhosos. Nossa, foi muito bom. Foi ótimo.
Alexia: Amei. Amei essa dica, porque a gente gravou um episódio todo sobre Ibitipoca já aqui. Mas assim, às vezes parece que é a gente dando uma dica x. Quando escuta outra pessoa falando, “Sim, vale a pena, vão pra lá,” sabe?
Duda: Sim, eu reforço.
Alexia: Exato, exato. Mais alguma outra que você pense de cabeça?
Duda: De qualquer lugar do Brasil?
Alexia: Sim, de qualquer lugar. Nós já tivermos Lençóis Maranhenses, Chapada Diamantina. Se não me engano Manaus e Atins, eu acho.
Duda: Uhun.
Alexia: É, por enquanto foi isso.
Duda: Outro lugar que eu fui é mais turistão talvez, mas é Jericoacoara.
Alexia: Ah, sim.
Duda: Eu amei Jericoacoara, achei que valeu muito a pena. Turistão no sentido de que talvez fosse mais conhecido, mas não é um destino pega turista, não foi isso que eu quis dizer. Acho que é um destino que eu inclusive tenho amigos que são de Fortaleza e que vão sempre a Jericoacoara, porque amam, sabe? Eu amei, achei muito lindo, é uma vibe meio roots, assim. O lugar é todo de areia, então você anda com o pé na areia, sabe? Eu achei muito gostoso, eu passei pouquíssimo tempo lá, porque eu fui em alta estação. Não tinha hotel disponível, não tinha nada. Aí essa minha amiga de Fortaleza conseguiu um esquema pra gente passar uma noite, tipo assim, foi muito corrido e mesmo assim valeu muito a pena.
Alexia: Ah, essa coisa de ficar com o pé na areia o dia inteiro e não se preocupar com nada, ai, isso eu sinto muita falta, Duda. Isso pra mim…
Duda: Ai, eu também.
Alexia: Isso pra mim… Isso é o Brasil pra mim, sabe?
Duda: É.
Alexia: Ai que saudade que eu tenho disso.
Duda: Nossa, e você falou isso, essa viagem foi tão relaxante que a gente dormiu, eu estava com duas amigas, a gente dormiu na areia e a gente acordou com as ondas batendo na gente, levando a canga, levando o chinelo, porque a gente realmente apagou, estava muito confortável, sabe? Muito gostoso.
Alexia: Ai que bom. Que bom.
Duda: Saudades.
Alexia: Olha, queria agradecer você ter topado vir aqui falar comigo.
Duda: Obrigada você pelo convite, foi ótimo.
Alexia: Sim. E espero que você volte mais vezes para falar mais sobre as suas futuras experiências fora de Amsterdã.
Duda: Sim.
Alexia: Que eu tenho certeza que você ainda vai viajar muito.
Duda: Sim, Deus te ouça.
Alexia: E a gente se encontra, porque provavelmente ano que vem eu devo ir pra aí. Eu não sei, mas a gente vê.
Duda: Tá, vem. A Bruna falou que ela quer vir, que ela quer encontrar você e vocês querem viajar. Podem vir, podem ficar lá em casa, na casa nova.
Alexia: Eu só acredito que a Bruna vai vir quando ela me mandar a passagem, aí pronto.
Duda: Eu também.
Alexia: Obrigada. Um beijo.
Duda: Obrigada você. Beijo.
Vocabulário e Expressões:
plantar a semente na cabeça - to plant the seed in someone's head
mundo ovo - small world (literally "egg world")
perrengue chique - fancy struggles/problems
noiada - paranoid, anxious person
mal ou bem - more or less, one way or another
fazer questão - to insist on, to care about
correr atrás - to go after, to pursue
dar um pontapé - to give a kick-start, to motivate
ficar de bobeira - to hang around doing nothing
me pego pensando - I catch myself thinking
dar uma geralzona - to give a thorough cleaning
é um absurdo - it's absurd/outrageous
bizarro - weird, strange
tipo assim - like this, sort of like
sei lá - I don't know, whatever
caraca - wow, damn (mild expletive)
é brabo - it's tough/hardcore
muito doido - very crazy/wild
cara - dude, man (informal address)
gente - people, guys (used as exclamation)
enfim - anyway, in short
tal - and such, and so on
pois é - exactly, that's right
uhun - uh-huh, yeah
no matter what - no matter what (English borrowed phrase)
open house - open house (English borrowed phrase)
travel ban - travel ban (English borrowed phrase)
lockdown - lockdown (English borrowed phrase)
mega te entendo - I totally understand you
muito fofa - very sweet/cute
amigona - great friend (augmentative)
grupão - big group
estar ferrada - to be screwed/in trouble
passar perrengue - to go through hardships
morrer de medo - to be scared to death
ficar revoltada - to get angry/revolted
dar uma piorada - to get worse
estar mal acostumado - to be badly accustomed
topar - to agree to, to be up for
meio que - kind of, sort of
às vezes - sometimes
do tipo - like, of the type
nem sei - I don't even know
que máximo - how awesome
mil maravilhas - a thousand wonders
fazer o que - what can you do
pra não dizer que - not to say that
muito bom - very good
que bom - that's good
Deus te ouça - God willing (literally "may God hear you")
plantar a semente na cabeça - to plant the seed in someone's head
mundo ovo - small world (literally "egg world")
perrengue chique - fancy struggles/problems
noiada - paranoid, anxious person
mal ou bem - more or less, one way or another
fazer questão - to insist on, to care about
correr atrás - to go after, to pursue
dar um pontapé - to give a kick-start, to motivate
ficar de bobeira - to hang around doing nothing
me pego pensando - I catch myself thinking
dar uma geralzona - to give a thorough cleaning
é um absurdo - it's absurd/outrageous
bizarro - weird, strange
tipo assim - like this, sort of like
sei lá - I don't know, whatever
caraca - wow, damn (mild expletive)
é brabo - it's tough/hardcore
muito doido - very crazy/wild
cara - dude, man (informal address)
gente - people, guys (used as exclamation)
enfim - anyway, in short
tal - and such, and so on
pois é - exactly, that's right
uhun - uh-huh, yeah
mega te entendo - I totally understand you
muito fofa - very sweet/cute
amigona - great friend (augmentative)
grupão - big group
estar ferrada - to be screwed/in trouble
passar perrengue - to go through hardships
morrer de medo - to be scared to death
ficar revoltada - to get angry/revolted
dar uma piorada - to get worse
estar mal acostumado - to be badly accustomed
topar - to agree to, to be up for
meio que - kind of, sort of
às vezes - sometimes
do tipo - like, of the type
nem sei - I don't even know
que máximo - how awesome
mil maravilhas - a thousand wonders
fazer o que - what can you do
pra não dizer que - not to say that
muito bom - very good
que bom - that's good
Deus te ouça - God willing (literally "may God hear you")
acabar a faculdade - to finish college
no fundinho - deep down inside
nada que prenda a gente - nothing that ties us down
meio que reclamando - kind of complaining
ter total noção do privilégio - to be totally aware of one's privilege
ficar pronto - to be ready/finished
ao longo de - throughout, over the course of
no final das contas - in the end, when all is said and done
câmbio péssimo - terrible exchange rate
é uma merda - it sucks (vulgar)
frigobar - mini-fridge
ficar muito nervosa - to get very nervous
estado de alerta - state of alert
na marra - by force, the hard way
no matter what - no matter what
paredão - big wall (here referring to dangerous area)
no automático - automatically
de bobeira - uselessly, for nothing
fazer sentido - to make sense
saúde pública - public healthcare
deixar de comprar - to stop buying, to not buy
vai fazer dois anos - it's going to be two years
tô desesperada - I'm desperate
como é que será - I wonder how it will be
não estava acostumada - wasn't used to it
por exemplo - for example
na maioria das vezes - most of the time
se esconder - to hide
que loucura - how crazy
linha vermelha - red line (dangerous highway in Rio)
vôo nacional - domestic flight
de madrugada - at dawn/early morning
que coisa louca - what a crazy thing
fazer segurança - to provide security
é a verdade - it's the truth
do meu estilo de vida - my lifestyle
começar a se acostumar - to start getting used to
morrer de frio - to be freezing cold
tô ferrada - I'm screwed
muito mais preparada - much more prepared
tudo quentinho - everything nice and warm
muito mal acostumado - very badly spoiled
vai dar tudo certo - everything will work out
manta elétrica - electric blanket
tirar da tomada - to unplug
morrer eletrocutado - to die electrocuted
ótima dica - great tip
passou muito rápido - it went by very fast
maiores diferenças - biggest differences
as coisas funcionam melhor - things work better
em termos de - in terms of
muito complicado - very complicated
conseguir o NIF - to get the tax number
tudo por carta - everything by mail
não consigo entender - I can't understand
entrar em contato - to get in touch
muito burocrático - very bureaucratic
no final de contas - in the end
cabeça aberta - open-minded
cidade muito internacional - very international city
gente do mundo todo - people from all over the world
mais fechada - more closed off
mais tranquilões - more laid-back
pro turismo - for tourism
comprem nossos produtos - buy our products
chegar a procurar emprego - to actually look for a job
escutei muita história - I heard many stories
sofrer preconceito - to suffer prejudice
por ser estrangeiro - for being foreign
em qualquer lugar - anywhere
se abrem completamente - they open up completely
tentar ganhar a vida - to try to make a living
faz sentido na cabeça deles - it makes sense to them
super bem-vindo - very welcome
ficam impressionados - they are impressed
é muito valorizado - it's highly valued
se dedicar a aprender - to dedicate oneself to learning
até certo ponto - up to a certain point
difícil pra caramba - extremely difficult
gastar energia - to spend energy
não sei se eu vou usar - I don't know if I'll use it
ficam surpresos - they get surprised
acham um máximo - they think it's awesome
não é motivo pra - it's not a reason to
ninguém é obrigado - nobody is obligated
fazer um esforço - to make an effort
cheguei a esse ponto - I've reached that point
comunidade brasileira - Brazilian community
o brasileiro se encontra - Brazilians find each other
qualquer lugar do mundo - anywhere in the world
é um imã - it's a magnet
eram os agregados - they were the add-ons
namorados de amigas - friends' boyfriends
para fazer amizade - to make friends
eram muito fechadas - were very closed off
acaba que é isso - it ends up being that
amigo em comum - mutual friend
vai apresentando - keeps introducing
no meio do Corona - in the middle of Corona
ainda estou no processo - I'm still in the process
ainda não tenho - I still don't have
é a coisa que mais pesa - it's what weighs most heavily
negativamente daqui - negatively about here
comunidade muito maior - much larger community
conforme as coisas foram melhorando - as things got better
foi saindo mais - started going out more
pessoas aleatórias - random people
quer que te apresente - want me to introduce you
foi muito assim - it was very much like that
só começou a fazer amizade - only started making friends
até então - until then
tudo fechado - everything closed
não conhece direito - doesn't know well
não sabe se a pessoa está saindo - doesn't know if the person is going out
que você não conhece direito - that you don't know well
há pouco tempo - recently
deu uma piorada - it got worse
teve uma fase - there was a phase
muito mais tranquilo - much calmer
começou a sair mais - started going out more
se você não faz parte - if you don't belong to
não vai ter amigos - you won't have friends
é o nosso problema - that's our problem
não fazia parte - wasn't part of
principalmente com a pandemia - especially with the pandemic
do meu coworking - from my coworking space
não são as pessoas que eu ligaria - they're not people I would call
vamos descer pra tomar um café - let's go down for coffee
vamos papear sobre a vida - let's chat about life
que está começando a voltar - that's starting to come back
ficando vacinadas - getting vaccinated
dá pra começar a fazer - it's possible to start doing
se você não fizer parte - if you don't belong to
grupo específico - specific group
talvez sofra muito - might suffer a lot
pra ter amizades - to have friendships
mais ou menos o que eu passei - more or less what I went through
não vim estudar - I didn't come to study
que veio - who came
não estava trabalhando - wasn't working
comecei a trabalhar - I started working
tô começando a conhecer - I'm starting to meet
ainda são pessoas que são colegas - they're still people who are colleagues
não são amigos - they're not friends
fiquei muito nesse limbo - I stayed very much in this limbo
é difícil - it's difficult
isso pesa muito - that weighs heavily
não sei se é porque - I don't know if it's because
a gente é mais caloroso - we're more warm
comunicativo - communicative
depende da pessoa - depends on the person
pra mim sim - for me yes
é o que mais faz falta - it's what I miss most
tanto em Lisboa quanto no Rio - both in Lisbon and Rio
vários grupos de amigos - various groups of friends
vou mandar mensagem - I'll send a message
a gente vai se encontrar - we'll meet up
já não é tão assim - it's not so much like that
apesar de eu ter amigos - even though I have friends
que eu adoro - that I adore
que eu sei que eu posso contar - that I know I can count on
mas não é um grupo - but it's not a group
na hora de alguma emergência - in case of an emergency
eu tenho pessoas que eu posso ligar - I have people I can call
me ajuda - help me
mas não para - but not to
vamos dar um passeio - let's take a walk
que engraçado - how funny
deveria ser muito ao contrário - it should be very much the opposite
que bom que a gente tem - it's good that we have
pelo menos essa rede de apoio - at least this support network
acho importante ter - I think it's important to have
já tinha muitos amigos morando lá - already had many friends living there
amigões assim - great friends like that
meu namorado - my boyfriend
a gente estudou junto - we studied together
no colégio - in high school
o mesmo grupo de amigos - the same group of friends
tinham vários amigos - there were several friends
do nosso grupo mesmo - from our actual group
a gente chegou - we arrived
ai que sorte - oh how lucky
foi tipo perfeito - it was like perfect
foi conhecendo mais gente - kept meeting more people
pra não dizer que a gente não conhecia ninguém - not to say we didn't know anyone
a gente já conhecia um menino - we already knew a guy
olha que legal - look how cool
ele morou no Brasil - he lived in Brazil
por alguns anos - for a few years
fala português também - speaks Portuguese too
foi fazer estágio lá - went to do an internship there
alguma coisa assim - something like that
conheceu os meninos - met the guys
ficou muito amigo da galera - became great friends with everyone
a gente já tinha esse contato - we already had this contact
fora ele - besides him
a gente não conhecia ninguém - we didn't know anyone
é muito doido - it's very crazy
você ir pra um lugar - you go to a place
que você não conhece ninguém - where you don't know anyone
você acaba se - you end up
ficou muito eu e o Bernardo - it became very much me and Bernardo
um se apoiando muito no outro - one supporting the other a lot
a gente arranjou um cachorro - we got a dog
tem o grupo dos cachorros - there's the dog group
faço parte de um grupo - I'm part of a group
todo mundo sabe quem eu sou - everyone knows who I am
na rua - on the street
por causa do Buddy - because of Buddy
também ajuda muito - it also helps a lot
você ter um cachorro - you having a dog
todo mundo adora - everyone loves
a maioria das pessoas - most people
em geral adoram - generally love
querem falar - want to talk
querem brincar - want to play
querem sei lá - want whatever
os restaurantes aqui da rua - the restaurants here on the street
todos eles já sabem - all of them already know
quem sou eu - who I am
quem é o Foster - who Foster is
quando a gente está com o Buddy - when we're with Buddy
se a gente não estiver - if we're not
ninguém reconhece a gente - nobody recognizes us
eu fico muito triste - I get very sad
sério que eu tenho que carregar - seriously I have to carry
meu cão para todos os lugares - my dog everywhere
que maravilhoso - how wonderful
que engraçado - how funny
sério - seriously
isso que você fala - this thing you say
de pertencer a um grupo - about belonging to a group
é engraçado - it's funny
eu sinto que eu pertenço - I feel like I belong
nos Estados Unidos - in the United States
olha que eu nunca morei lá - look that I never lived there
mas porque tem - but because there's
a família do Foster - Foster's family
o irmão do Foster - Foster's brother
os amigos do Foster - Foster's friends
que eu já tenho intimidade - that I already have intimacy with
depois de seis anos juntos - after six years together
você tem intimidade - you have intimacy
eu sinto que eu faço parte - I feel like I'm part of
de um grupo lá - a group there
que tipo - like
ok, a gente pode sair - ok, we can go out
pode se divertir - can have fun
pode sair pra jantar - can go out to dinner
e etc - and etc
aqui ainda estou na expectativa - here I'm still expectant
mas eu acho que as coisas vão melhorar - but I think things will get better
eu acho também - I think so too
eu também acho - I also think
é esse momento que a gente está vivendo - it's this moment we're living
que já tem um tempo - that's been going on for a while
a gente veio morar fora - we came to live abroad
tipo um pouco antes de tudo isso - like a little before all this
então é complicado - so it's complicated
mas eu acho que é tudo fase também - but I think it's all just a phase too
daqui a pouco melhora - soon it'll get better
existe uma grande diferença - there's a big difference
para muitas pessoas - for many people
do tipo - like
porque assim - because like this
aquilo que você imaginou - what you imagined
de ter uma experiência fora - about having an experience abroad
é exatamente aquilo - is exactly what
que você está vivendo - you're living
hoje em dia - nowadays
ou é melhor - or is it better
ou é "okay, ainda não cheguei lá" - or is it "okay, I haven't gotten there yet"
ou é horrível - or is it horrible
eu sei que não é horrível - I know it's not horrible
porque eu já te conheço - because I already know you
eu sei que você está amando - I know you're loving it
mas de qualquer forma - but anyway
eu acho que é diferente assim - I think it's different like that
mas não que seja pior nem melhor - but not that it's worse or better
eu acho que a gente só tem expectativas diferentes - I think we just have different expectations
antes de morar fora - before living abroad
foi o que você falou - it was what you said
das pessoas acharem - about people thinking
que morar fora é só coisa boa - that living abroad is only good things
e é perfeito - and is perfect
você não vai passar por nenhum perrengue - you won't go through any hardships
e não - and no
e na prática não é assim - and in practice it's not like that
mas não necessariamente - but not necessarily
isso também é uma coisa ruim - this is also a bad thing
e também por exemplo - and also for example
ah, tô morando fora - ah, I'm living abroad
nossa, vou aproveitar muito - wow, I'm going to enjoy it a lot
vou viajar todo final de semana - I'm going to travel every weekend
tudo bem que agora com o Corona - it's fine that now with Corona
não tem nem possibilidade - there's not even possibility
mas assim - but like
quando eu estava em Lisboa - when I was in Lisbon
antes do Corona - before Corona
eu não viajei tanto assim - I didn't travel that much
porque quando você bota no papel - because when you put it on paper
também - also
claro que é muito mais barato - of course it's much cheaper
você já estar na Europa - you being already in Europe
se você quer ir pra outro país da Europa - if you want to go to another European country
óbvio que é mais barato - obviously it's cheaper
do que se você está no Brasil - than if you're in Brazil
mas também não dá pra você - but you also can't
não é "ah, é só festa, é só viagem" - it's not "ah, it's just partying, just traveling"
não, é tipo vida normal - no, it's like normal life
você vai trabalhar - you're going to work
você vai limpar tua casa - you're going to clean your house
e é isso - and that's it
aqui eu moro sozinha - here I live alone
no Rio eu morava com a minha família - in Rio I lived with my family
então aqui eu que sou - so here I'm the one who is
cem por cento responsável - one hundred percent responsible
por tudo da casa - for everything in the house
eu e o meu namorado - me and my boyfriend
mas a gente ainda morava em casa - but we still lived at home
então ainda tem essa mudança assim - so there's still this change like that
e principalmente pra nós - and especially for us
que viemos de família brasileira - who came from Brazilian families
que tipo - that like
lá no Brasil é normal você ter empregada - there in Brazil it's normal to have a maid
é normal - it's normal
é uma coisa que você já está acostumada - it's something you're already used to
de ter sua comida cozinhada - to having your food cooked
sua comida feita - your food made
casa limpa - house clean
roupa lavada - clothes washed
e etc - and etc
então assim - so like
isso também - this too
eu já não tinha empregada no Brasil - I didn't have a maid in Brazil anymore
há muito tempo assim - for a long time like that
é uma coisa que - it's something that
o meu pai - my dad
a gente sempre se virou muito bem - we always managed very well
mas sim - but yes
eu adoraria ter uma - I would love to have one
hoje em dia - nowadays
pra limpar a casa um pouco - to clean the house a little
porque é duro - because it's hard
é duro morar fora - it's hard living abroad
com certeza - for sure
esses dias eu falei com o Bernardo - these days I told Bernardo
cara, eu acho que a gente pode contratar alguém - dude, I think we can hire someone
pra ajudar a limpar a casa - to help clean the house
uma vez no mês - once a month
que seja - at least
só pra dar uma geralzona - just to give it a thorough cleaning
porque isso é a parte mais chata - because that's the most boring part
pra gente - for us
e me incomoda que está sujo - and it bothers me that it's dirty
às vezes eu não to com disposição - sometimes I'm not in the mood
de limpar - to clean
porque eu trabalhei o dia inteiro - because I worked all day
e no meu horário de almoço - and during my lunch break
eu almocei correndo - I ate lunch in a hurry
porque tive que fazer o almoço - because I had to make lunch
e coisas normais da vida - and normal things in life
mas eu acho que eu só fui ter - but I think I only came to have
essas responsabilidades aqui - these responsibilities here
foi isso que você falou - it was what you said
no Brasil eu não tinha realmente - in Brazil I really didn't have
mas é isso - but that's it
não é melhor nem pior - it's not better or worse
eu acho, sei lá, que é diferente da expectativa - I think, I don't know, that it's different from expectations
mas eu amo - but I love
eu amo morar fora - I love living abroad
eu amo minha vida aqui - I love my life here
eu me sinto muito bem assim - I feel very good like this
óbvio que tirando - obviously except for
a saudade de casa - homesickness
da família - for family
eu sinto muita saudades - I really miss them
ainda mais agora com o Corona - even more now with Corona
que a gente está há muito tempo - that we've been for a long time
sem ver nossos familiares - without seeing our family members
pesa mais assim - it weighs more like that
mas tirando essa parte negativa - but except for this negative part
da saudade - of missing them
da distância - of the distance
cara, eu amo - dude, I love it
eu acho a vida aqui ótima - I think life here is great
eu sinto que eu tenho - I feel like I have
muito mais qualidade de vida - much better quality of life
muito mais - much more
sem comparação - without comparison
eu também - me too
e é uma coisa que eu fico falando muito - and it's something I keep saying a lot
com a Bruna - to Bruna
com a nossa amiga - to our friend
porque a Bruna sempre está reclamando do Rio - because Bruna is always complaining about Rio
óbvio, sempre - obviously, always
e eu assim - and I'm like
Bruna, pega a sua mala - Bruna, get your suitcase
procura emprego - look for a job
e vem pra cá - and come here
pra qualquer lugar da Europa - to anywhere in Europe
ah, mas o meu cachorro - ah, but my dog
ele pode viajar de avião - he can travel by plane
existem companhias para isso - there are companies for that
é só uma questão de querer - it's just a matter of wanting to
óbvio, não é tão simples - obviously, it's not that simple
você precisa planejar - you need to plan
e etc - and etc
mas assim - but like
é querer fazer - it's wanting to do it
é se mexer pra ver - it's moving to see
é um saco procurar essas coisas - it's a pain to look for these things
de vez em quando vem alguém me perguntar - from time to time someone comes to ask me
ai, me ajuda - oh, help me
tô pensando em morar fora - I'm thinking about living abroad
como é que eu me planejo - how do I plan
quanto que eu preciso - how much do I need
cara, realmente - dude, really
é um saco viver isso - it's a pain to go through this
depende muito de cada pessoa - it depends a lot on each person
depende - it depends
depende muito do estilo de vida - it depends a lot on lifestyle
cada pessoa fala uma coisa - each person says something different
cada pessoa tem o seu gasto - each person has their own expenses
mas eu acho que é uma questão de prioridade mesmo - but I think it's really a matter of priority
não só de prioridade - not only priority
claro - of course
mas por exemplo - but for example
o meu custo de vida aqui - my cost of living here
vai ser muito menor - will be much lower
do que de uma outra pessoa - than another person's
que vai sair muito mais - who will go out much more
que vai gastar muito mais - who will spend much more
comprando alguma coisa - buying something
pra mim - for me
o meu luxo é comer fora - my luxury is eating out
eu amo comer - I love to eat
e viajar - and travel
é que agora a gente não está viajando - it's just that now we're not traveling
eu amo comer fora - I love eating out
eu amo comer, na verdade - I love eating, actually
então pra mim - so for me
esse é o meu gasto - that's my expense
é muito difícil eu comprar uma parada - it's very hard for me to buy something
e eu acho que é isso - and I think that's it
você também ir adequando - you also adapting
o seu estilo de vida - your lifestyle
é, exatamente - yes, exactly
agora - now
uma pergunta que eu estou fazendo - a question I'm asking
pra todo mundo - to everyone
que está aqui fazendo - who is here doing
o Carioca Connection comigo - Carioca Connection with me
qual cidade ou lugar ou trilha - which city or place or trail
sei lá - I don't know
o que você quiser indicar - whatever you want to recommend
para as pessoas visitarem no Brasil - for people to visit in Brazil
tirando o Rio de Janeiro - except Rio de Janeiro
São Paulo, Salvador, Florianópolis - São Paulo, Salvador, Florianópolis
que são os clichês - which are the clichés
mas você também pode indicar - but you can also recommend
dentro do Rio - within Rio
alguma coisa que seja muito específica - something that's very specific
porque assim - because like
visita a Copacabana - visit Copacabana
todo mundo já sabe isso - everyone already knows that
então - so
o que você indica - what do you recommend
cara, olha - dude, look
eu amei Ibitipoca - I loved Ibitipoca
que é em Minas Gerais - which is in Minas Gerais
eu amei, assim - I loved it, like
é um lugar totalmente natureza - it's a place that's totally nature
cachoeira - waterfall
trilha - trail
mágico - magical
é mágico - it's magical
foi uma viagem que eu fiz - it was a trip I took
que foi muito legal - that was very cool
você consegue fazer em - you can do it in
acho que um final de semana é muito pouco - I think one weekend is too little
mas talvez um final de semana prolongado - but maybe a long weekend
uns três-quatro dias - about three-four days
eu acho que eu fiz num carnaval assim - I think I did it during carnival like that
uns quatro dias, cinco dias - about four days, five days
eu acho que é muito diferente - I think it's very different
pra quem vem de fora do Brasil - for those who come from outside Brazil
uma paisagem muito diferente assim - a very different landscape like that
a cor da água - the color of the water
ah, é tudo tão lindo - ah, it's all so beautiful
o visual é muito lindo - the view is very beautiful
eu acho que é um lugar diferente assim - I think it's a different place like that
e é uma dica boa - and it's a good tip
e duas curiosidades - and two curiosities
foi a minha primeira viagem com o Foster - it was my first trip with Foster
no comecinho do nosso relacionamento - at the beginning of our relationship
a gente ficou quatro dias lá - we stayed four days there
e eu querendo me mostrar atlética - and me wanting to show myself as athletic
menina trilheira - trail girl
e etc - and etc
eu fiz aquela trilha de dezoito km - I did that 18km trail
num dia - in one day
Duda, no final - Duda, at the end
eu estava com a minha perna tremendo tanto - I had my leg shaking so much
mas tanto - but so much
que eu falei - that I said
eu preciso que um helicóptero chegue aqui - I need a helicopter to come here
pra me salvar - to save me
eu não ando mais - I can't walk anymore
eu não ando - I can't walk
tudo para impressionar o Foster - all to impress Foster
cara, é bizarro - dude, it's bizarre
que você está falando - that you're talking about
só que assim - but like
caraca, é brabo - damn, it's tough
a gente foi indo - we kept going
tem a gruta do - there's the cave of
sei lá - I don't know
tinha um bando de morcego lá embaixo - there was a bunch of bats down there
que aliás - which by the way
falando hoje em dia - speaking nowadays
não sei se foi uma boa escolha - I don't know if it was a good choice
a gente ir pra um bando de morcego - us going to a bunch of bats
mas tinha a gruta dos morcegos - but there was the bat cave
e aí depois - and then after
a gente foi pra cachoeira da Coca-Cola - we went to Coca-Cola waterfall
que a cor da cachoeira era de Coca-Cola - where the waterfall's color was like Coca-Cola
que sei lá - which I don't know
aí não era só você chegar e ver - then it wasn't just arriving and seeing
o Foster queria descer - Foster wanted to go down
pra ver cada coisa - to see each thing
então não era só a trilha - so it wasn't just the trail
era tudo específico - it was all specific
e eu não sabia que horas ia acabar aquilo - and I didn't know what time that would end
e era a minha primeira experiência com ele assim - and it was my first experience with him like that
hoje em dia eu já não me meto mais nisso - nowadays I don't get myself into that anymore
mas Ibitipoca vale muito a pena - but Ibitipoca is very worth it
e ele já sabe - and he already knows
vale muito a pena - it's very worth it
foi ótimo - it was great
eu também - me too
eu não sou a pessoa trilha assim - I'm not the trail person like that
tipo - like
eu até queria ser mais - I even wanted to be more
aventureira - adventurous
do esporte - sporty
aventureira - adventurous
eu não sou - I'm not
mas mesmo assim - but even so
mesmo eu que não sou a pessoa - even me who's not the person
com preparo físico - with physical preparation
também morri nessa trilha - also died on this trail
ela é longe - it's far
ela é uma trilha longa assim - it's a long trail like that
mas vale muito a pena - but it's very worth it
é lindo - it's beautiful
e a cidade em si de Ibitipoca - and the city itself of Ibitipoca
é muito bonitinha - is very pretty
é muito fofinha - it's very cute
os mineiros são maravilhosos - people from Minas are wonderful
a comida é muito boa - the food is very good
doce de leite de lá é muito bom - dulce de leche from there is very good
maravilhoso - wonderful
pão de queijo - cheese bread
eu fiquei numa pousada - I stayed at an inn
super gostosinha assim - super nice like that
super simples assim - super simple like that
bem caseira - very homey
um café da manhã maravilhoso - a wonderful breakfast
os donos eram muito fofos - the owners were very sweet
carinhosos - affectionate
nossa - wow
foi muito bom - it was very good
foi ótimo - it was great
amei - I loved it
amei essa dica - I loved this tip
porque a gente gravou um episódio - because we recorded an episode
todo sobre Ibitipoca já aqui - all about Ibitipoca already here
mas assim - but like
às vezes parece que é a gente - sometimes it seems like it's us
dando uma dica x - giving tip x
quando escuta outra pessoa falando - when you hear another person talking
sim, vale a pena - yes, it's worth it
vão pra lá - go there
eu reforço - I reinforce
exato, exato - exactly, exactly
mais alguma outra - any other one
que você pense de cabeça - that you think of off the top of your head
de qualquer lugar do Brasil - from anywhere in Brazil
nós já tivemos - we already had
se não me engano - if I'm not mistaken
eu acho - I think
por enquanto foi isso - so far that was it
outro lugar que eu fui - another place I went
é mais turistão talvez - is more touristy maybe
mas é Jericoacoara - but it's Jericoacoara
ah, sim - ah, yes
eu amei Jericoacoara - I loved Jericoacoara
achei que valeu muito a pena - I thought it was very worth it
turistão no sentido - touristy in the sense
de que talvez fosse mais conhecido - that maybe it was better known
mas não é um destino pega turista - but it's not a tourist trap destination
não foi isso que eu quis dizer - that's not what I meant to say
acho que é um destino - I think it's a destination
que eu inclusive tenho amigos - that I actually have friends
que são de Fortaleza - who are from Fortaleza
e que vão sempre a Jericoacoara - and who always go to Jericoacoara
porque amam - because they love it
eu amei - I loved it
achei muito lindo - I thought it was very beautiful
é uma vibe meio roots - it's a kind of roots vibe
o lugar é todo de areia - the place is all sand
então você anda com o pé na areia - so you walk with your feet in the sand
eu achei muito gostoso - I thought it was very nice
eu passei pouquíssimo tempo lá - I spent very little time there
porque eu fui em alta estação - because I went in high season
não tinha hotel disponível - there was no hotel available
não tinha nada - there was nothing
aí essa minha amiga de Fortaleza - then this friend of mine from Fortaleza
conseguiu um esquema - managed to arrange something
pra gente passar uma noite - for us to spend one night
tipo assim - like this
foi muito corrido - it was very rushed
e mesmo assim valeu muito a pena - and even so it was very worth it
ah, essa coisa de ficar - ah, this thing of staying
com o pé na areia o dia inteiro - with your feet in the sand all day
e não se preocupar com nada - and not worrying about anything
ai, isso eu sinto muita falta - oh, I really miss that
isso pra mim - that for me
isso é o Brasil pra mim - that's Brazil for me
ai que saudade que eu tenho disso - oh how I miss that
nossa - wow
e você falou isso - and you said that
essa viagem foi tão relaxante - this trip was so relaxing
que a gente dormiu - that we slept
eu estava com duas amigas - I was with two friends
a gente dormiu na areia - we slept on the sand
e a gente acordou - and we woke up
com as ondas batendo na gente - with the waves hitting us
levando a canga - taking the sarong
levando o chinelo - taking the flip-flops
porque a gente realmente apagou - because we really passed out
estava muito confortável - it was very comfortable
muito gostoso - very nice
ai que bom - oh how good
que bom - how good
olha - look
queria agradecer - I wanted to thank
você ter topado - you agreeing
vir aqui falar comigo - to come here talk with me
obrigada você pelo convite - thank you for the invitation
foi ótimo - it was great
e espero que você volte mais vezes - and I hope you come back more times
para falar mais sobre - to talk more about
as suas futuras experiências - your future experiences
fora de Amsterdã - outside of Amsterdam
que eu tenho certeza - that I'm sure
que você ainda vai viajar muito - that you're still going to travel a lot
Deus te ouça - God willing
e a gente se encontra - and we'll meet up
porque provavelmente - because probably
ano que vem - next year
eu devo ir pra aí - I should go there
eu não sei - I don't know
mas a gente vê - but we'll see
tá, vem - ok, come
a Bruna falou que ela quer vir - Bruna said she wants to come
que ela quer encontrar você - that she wants to meet you
e vocês querem viajar - and you guys want to travel
podem vir - you can come
podem ficar lá em casa - you can stay at my house
na casa nova - in the new house
eu só acredito que a Bruna vai vir - I only believe Bruna will come
quando ela me mandar a passagem - when she sends me the ticket
aí pronto - then it's settled
eu também - me too
obrigada - thank you
um beijo - a kiss
obrigada você - thank you
beijo - kiss