Listen on:
Alexia: Mais um episódio do Carioca Connection e hoje é o final da minha conversa com o Felipe. Então hoje nós concluímos a nossa conversa, concluímos os nossos pensamentos e concluímos também essa parte de vocês conhecerem mais um integrante aqui do Carioca Connection. Então espero que vocês tenham gostado dos dois primeiros, quem tá chegando agora volta pra trás, escuta os dois primeiros e vamos em frente. Então aperta o play, continua aqui com a gente e segue com o episódio.
Alexia: E aí você entrou pra cá né? Pra fazer parte da gente.
Felipe: Sim, sim. É, a gente se conheceu, na verdade, foi em março, abril ali.
Alexia: Você tinha acabado de voltar.
Felipe: Não, não. Quando eu fiz a… Eu passei por todo o processo né, o vídeo que eu gravei, eu tava morando numa fazenda...
Alexia: Verdade.
Felipe: Orgânica em Salta, um negócio meio diferente do que eu fazia. Eu queria né, testar algumas coisas. E sim, eu comecei o processo lá, fiz todas as fases né. E aí quando eu cheguei aqui, fazia uma semana que eu tinha chegado em casa, vocês me ligaram.
Alexia: Sim, sim, mas foi ótimo. É engraçado, porque eu fico pensando né, todas essas viagens que eu e o Foster fizemos, pra onde a gente foi, deixou de ir, só de... Por exemplo, na época que era Brasil e Estados Unidos só, eu ficava exausta de ficar mudando pra lá 3 meses, aí volta 3 meses, aí vai pra lá 3 meses. É muito cansativo, mas ao mesmo tempo, é como a gente conhece né, o mundo, não tem como.
Felipe: Exato.
Alexia: E a gente tem um emprego que dá essa oportunidade de vida, então é muito bom.
Felipe: Sim, sim. Exato. E o que eu mais gosto desse negócio de viagem, ou de testar um monte de coisa, é óbvio que tem um certo privilégio poder testar, “ah quero isso, quero aquilo, tal, tal, tal” e de aceitar viver com menos do que talvez uma vida tradicional te daria, mas… E eu acabei de ler O Alquimista, que fala bastante isso assim, que fala de um jeito bonitinho né. Mas toda vez que eu falava “não, isso aqui vai me dar uma epifania aqui, aí eu vou saber exatamente. Ah não, agora isso aqui, isso aqui, isso aqui...” mas toda essa volta acho que vai te formulando.
Alexia: Preenchendo.
Felipe: Criando, é, exato. Vai te dando forma, vai te dando forma pra que você chegue num lugar e você fala “po, tava aqui entendeu? Mas se eu não tivesse feito tudo o resto, aqui não seria aqui, eu não conseguiria ver” né.
Alexia: Sim.
Felipe: Por isso que eu falei do O Alquimista, que eu achei bem engraçado a história, assim, bem a interessante a forma com que ele explica tudo pra voltar no mesmo lugar que ele tava.
Alexia: É engraçado porque você tá falando de O Alquimista, mas eu não li, eu tenho que admitir isso.
Felipe: Então, eu também não tinha lido e de novo, eu conheço todo mundo “ah você já leu O Alquimista, Paulo Coelho, tal.” Todo mundo de fora conhece algumas coisas do Brasil que a gente não conhece. Eu falei “ah vou dar uma chance.” E aí eu descobri que a galera que tava viajando lia também por causa disso, porque fala muito de viagem, muito de jornadas e tal. Aí eu falei “po legal.” E coincidentemente eu tava editando os podcasts lá e eu vi e falei “caramba, também to nessa onda de tentar colocar umas metas aqui e ler mais.” Porque né, comprar livro compra, mas ler, que nem academia, to pagando, to pagando…
Alexia: Eu também, nem me fala, nem me fala disso, mas é engraçado porque agora eu vou falar a minha opinião, eu não gosto de Paulo Coelho, eu nunca gostei dele.
Felipe: Eu já ouvi isso.
Alexia: Nunca gostei dele porque eu acho ele chato, mas não é nada mais do que isso sabe? Pra quem tá escutando aqui a gente agora, leiam Paulo Coelho porque ele é um autor muito importante brasileiro, isso é um fato.
Felipe: Exato, exato.
Alexia: Mas eu não tenho paciência pra aquele homem, é surreal, tem umas coisas que não dão certo.
Felipe: Sim, eu tava falando com uma escritora romena que mora na França.
Alexia: Meu Deus.
Felipe: Que é uma das minhas alunas. É. E aí ela estava falando, eu falei “que que você acha de Paulo Coelho” porque ela né, deve ter uma bagagem gigantesca, lê pra caramba, ela falou “ah cara, ele é muito…”
Alexia: Comercial.
Felipe: “Neutro.” Exato, todo mundo gosta. Eu falei “tá, eu sou um cara que não gosto muito de conflito, talvez eu vou gostar, não sou o cara mais polêmico assim que vai chegar e vai falar uma opinião.” Então, achei legal assim, achei bem interessante, mas zero propriedade pra dar uma crítica aqui, sem propriedade nenhuma.
Alexia: É, a propriedade que eu tenho é a minha vivência. Gosto ou não gosto, é isso.
Felipe: Exato. Gostei, gostei, exato.
Alexia: Mas então Felipe, o que mais assim? Ah, uma coisa importante que a gente tinha até comentado antes de gravar esse episódio, que talvez as pessoas vão gostar. Por exemplo, o carioca, ele tem muitas gírias pessoais né? A gente fala muito “mermão,” “coé,” “cara.” “Cara” também é de São Paulo, mas enfim.
Felipe: “Cara” é de São Paulo, é.
Alexia: É. O que que é assim, quando alguém tiver conversando com um paulista e não reconhece pelo sotaque né, porque tem paulista neutro, que não é o seu sotaque, é o sotaque do meu pai, que é aquele “r” que não é de nenhum lugar, sabe?
sotaque - accent
Felipe: Sim sim, sei, sei.
Alexia: E não dá as vezes pra reparar da onde é a pessoa. Quais são as gírias paulistas assim que você acha?
Felipe: Tá, agora eu to pensando em dois tipos de paulistas. Tem o paulista que é mais high society assim sabe? Que acha que é o paulista paulista.
Alexia: Sabia que você ia falar.
Felipe: E aí ele fala, parece que ele coloca um “i” depois de todo “r.” Então você fala “marmita,” eu falo “marmita,” sei lá, e ele fala “marmita” e ele faz o “i” tipo, esse som nasal, ele coloca bastante ênfase no som nasal, então se você pegar… Eu não sei se o pessoal sabe o que é “marmita,” que é até difícil de explicar né?
Alexia: Então, “marmita” é aquilo que… Vamos lá, você vai ter que almoçar no escritório, no trabalho, então você vai preparar o seu almoço em casa. Isso é uma “marmita,” você vai botar dentro de um pote e vai levar pro trabalho. Isso é “marmita”.
Felipe: Exato, exato. Exatamente, e aí se a gente fosse falar “ah pega a minha marmita,” e aí ele falaria “pega a minha marmita, meu.” Sabe? Aquele...
Alexia: Mas isso pra mim é muito a cultura Italiana, talvez.
Felipe: Sim, tem uma influência muito forte Italiana em São Paulo, sim. Talvez “cara,” “veio” que eles falam bastante também
Alexia: “Veio.” Sim, eu falo que o “cara” é carioca e “veio, vei” é paulista.
Felipe: Sim, sim. Concordo.
Alexia: “Mano.”
Felipe: “Mano,” bastante. É que depende, mais periferia, mais central, varia bastante porque São Paulo tem 19 milhões de pessoas.
Alexia: Só.
Felipe: A grande São Paulo né. São Paulo se eu não me engano tem 11 milhões e a grande São Paulo 19, se eu não me engano.
Alexia: Portugal tem 10 milhões o país inteiro, então…
Felipe: Pois é, é um negócio muito, muito interessante. E o “beleza” né que a gente fala bastante, que ninguém entende, mas “beleza” funciona pra tudo assim.
Alexia: Sim.
Felipe: E significa “beauty,” mas a gente usa pra tudo bem...
Alexia: Tudo bem, beleza.
Felipe: Pra ok, usa pra tudo.
Alexia: É tipo “Felipe me ajuda nisso?” “Uhun, beleza”. Acabou, é isso, tá tudo certo.
Felipe: Sim, exato. E acho que o “beleza” aprende bastante lá, o pessoal fala bastante.
Alexia: Tem uma gíria específica que eu não consigo lidar que é “cabuloso.”
Felipe: Ah “cabuloso” sim.
Alexia: Cabuloso é o que? Porque eu sempre falo, é uma coisa muito complicada, mas também pode ser usada de diferentes formas, eu nunca sei que que é cabuloso.
Felipe: Pode ser… Eu acho que é, talvez uma tradução seria “intenso.” Então se você falar “ah, aquele crime foi ruim, aquele crime foi cabuloso,” um negócio mais complicado, talvez intenso. Ou “ah, aquele negócio, aquele trabalho que eu to fazendo é cabuloso,” é difícil, é intenso. Não sei, é um negócio que é difícil de explicar.
Alexia: Eu também não entendo. Bom, e pra finalizar. Se você tivesse que escolher, vamos pensar, duas, dois lugares no Brasil pras pessoas visitarem, que que você indicaria?
Felipe: Dois?
Alexia: É.
Felipe: Cara, Manaus porque eu já conheci e é um negócio, experiência assim, física muito interessante, porque você chega e você sente meio que o peso assim da floresta, sabe? O ar é diferente, você consegue pegar uns tour** e ir direto pro meio da floresta mesmo. Pra quem é um pouco mais aventureiro pode ir acampar no meio da Floresta Amazônica.
Alexia: Não, eu não faria isso. Eu já fico imaginando em cobra, mosquito, aquilo tudo entrando no camping. Eu não sou dessas.
Felipe: Sim, sim. Eu também não fiz isso, mas eu acho que a experiência física que eu tive lá dentro do Brasil foi diferente de qualquer outro lugar. E meu lugar preferido no Brasil é o interior de Minas assim, não tem como, Minas é um negócio… Se alguém me falar “cara, quem que é a pessoa mais brasileira que você conhece?”
Alexia: É o mineiro.
Felipe: Talvez é um cara de minas. É, exato.
Alexia: Sim, eu concordo. Minha família toda é de Minas e eu sou apaixonada. E isso que a gente começou a falar que você adapta o seu sotaque, né, de acordo com quem você tá falando, eu, se passar um mês em Minas Gerais, o meu sotaque já muda pra mineiro na hora. Eu amo aquele lugar, Minas pra mim é… A comida, as pessoas, tudo. É o Brasil.
Felipe: Sim, sim. Se eu pudesse morar… é que lá também, BH é diferente, Belo Horizonte é um pouco diferente do interior de Minas. Então, em termos de trabalho, carreira assim, normalmente a galera vai pra São Paulo, mas o interior de Minas, tirando essa parte de carreira, cara, é um lugar assim que eu moraria fácil.
Alexia: Mas qual lugar, eu quero nomes.
Felipe: Ah, eu conheci… É que tinha uma amiga minha que estudava medicina e agora eu esqueci o nome da cidade. Não é Alfenas, não é essas cidades.
Alexia: Eu já ia falar Alfenas.
Felipe: Não, não é Alfenas. É aqui pertinho, é perto de Santa Rita do Sapucaí.
Alexia: Tá, eu não vou saber, mas depois você volta e a gente coloca na show notes qual é o lugar.
Felipe: Sim, eu esqueci agora, mas é perto de Santa Rita.
Alexia: Tem um lugar que muita gente fala que é impressionantemente lindo é Capitólio.
Felipe: Ah, Capitólio, sim. Que tem os… Eu não sei se são canyons, mas a galera anda de barco ali no meio daquelas, talvez é considerado canyons, mas umas pedras, uns lagos lindos assim. Sim, eu nunca visitei, mas é bem bonito, bem bonito.
Alexia: É, a maioria das coisas que a gente fala aqui, a gente nunca visitou, mas a gente fala pras pessoas irem e contarem pra gente. Que é o jeito.
Felipe: Sim.
Alexia: Bom Felipe, muito obrigada por ter participado. Sua primeira experiência, foi a primeira vez que você gravou um podcast né?
Felipe: Foi, sim. Foi a primeira vez.
Alexia: Então eu espero que a gente não tenha te traumatizado, mas eu acho que não.
Felipe: Não, não tem problema.
Alexia: E um dia você volta e aí eu vou te colocar pra falar com o Foster, você e ele, pra ver como é que o Foster se relaciona em relação à isso.
Felipe: Ah, tá legal. Tá bom. Beleza.
Alexia: Vai ser ótimo. Então brigada, e gente, a gente se vê no próximo episódio, muito obrigada por terem escutado o Carioca Connection. Até já.
Felipe: Tchau.