Alexia: Oi, gente!
Foster: Só isso?
Alexia: Oiiii!!
Foster: Dá uma introdução!
Alexia: Olá!! Sejam bem-vindos a Carioca Connection.
Foster: Isso! Então, hoje a gente está aqui, o meu nome é Foster.
Alexia: E o meu é Alexia, como se eles não soubessem.
Foster: É, talvez a gente tenha novos 'oyente'... não.
Alexia: Ouvintes!
ouvintes - listeners
Foster: Ouvintes. Estou falando em espanhol agora. Mas, então, o tema de hoje é o futebol e, mais especificamente, a Copa do Mundo, que aconteceu aqui no Brasil no ano passado.
Alexia: O ano passado? Foi em 2015. Foi, gente, foi ano passado já!
Foster: Foi no ano passado.
Alexia: Nossa! Vai ser um ano agora.
Foster: Como o tempo voa!
Alexia: Como o tempo voa. Bom, como o tempo voa desde que o Brasil foi eliminado maravilhosamente de 7 a 1 na Copa do Mundo, no seu país.
Foster: Tá. Eu acho que você está começando com o fim.
Alexia: Ai, gente, que horror que foi aquilo! Sério, eu nunca esperei aquilo da Seleção, de verdade.
Foster: Mas, então...
Alexia: Porque o Brasil tem uma fama, né? De ter sido o melhor. Óbvio, a gente tem cinco Copas nas costas, né? Somos pentacampeões. E vem aquele timeco horroroso jogar.
Foster: Uhum.
Alexia: O Foster não é fã de futebol. Então como vocês podem perceber, as respostas dele, tipo, 'Uhum, tá bom'.
Foster: Não, eu sou fã. Somente não jogo pessoalmente, não sou muito bom com os meus pés.
Alexia: Não jogo nem nada.
Foster: Pode falar que eu nasci com dois pés esquerdos?
Alexia: Não.
Foster: A gente fala isso em inglês. "I was born with two left feet". Acho, acho. Pelo menos eu falo isso. Mas, enfim, eu gosto de futebol, eu sou fã. Eu sou Mengão!
Alexia: Mengão? Ai, gente, Flamengo. Tá? Mengão é Flamengo. E nem vou comentar sobre isso porque eu também desisti de ser qualquer time carioca. Hoje eu sou Barcelona. Vamos lá amigos espanhóis, estou torcendo!
Foster: Quando eu morei em Madrid, eu era do Real Madrid.
Alexia: Mas, também, isso aí é óbvio, né?
Foster: É. Bom, enfim, a gente estava no Rio durante a Copa.
Alexia: Sim, a gente ainda não se conhecia nessa época.
Foster: Não. Isso foi faz um tempão. Mas, conta para a gente um pouco sobre a sua experiência.
Alexia: Bom, a expectativa para ter a Copa aqui no Brasil era muito alta, de todos os lugares, de todas as pessoas. Era uma coisa completamente nova para a gente. E, como nós somos o 'país do futebol', pelo bem e pelo mal, tinha uma carga emocional de, tipo, a gente tem que fazer direito, tem que mostrar para todo mundo que somos bons em tudo, que o povo meio que se juntou, assim. Antes a gente era contra a Copa, muita gente era contra a Copa por mil motivos políticos que eu não vou entrar nesse assunto agora - a gente pode fazer um outro podcast sobre isso -, mas na hora do "vamos ver", do "vai ter a Copa, sim", todo mundo se juntou. E a população, pelo menos os cariocas, eles já são muito simpáticos por si só. Turista para agora alguém na rua, o carioca às vezes pega pela mão e leva até onde tem que ir.
Foster:É, isso é verdade, gente.
Alexia: É. Os cariocas são muito simpáticos nesse sentido. E a gente meio que se vestiu de uma roupa assim 'somos guias' durante o dia inteiro. Porque quando começaram a chegar os turistas aqui, nossa, o metrô ficava lotado e a gente só escutava mil línguas diferentes e todo mundo se olhando assim. Era uma clima tão gostoso, um clima tão bom de que tem gente visitando a cidade, tem gente que está gostando, tem gente que vem para se divertir! É muito legal.
Foster: Adorei também. Mas, às vezes foi um pouquinho demais, né? Bom, na parte legal, foi uma cidade totalmente internacional falando línguas e, como um falante de inglês, espanhol e português, isso foi super legal para a ajudar a gente e foi...
Alexia: Eu acho que, por outro lado, cada jogo tinha gente assistindo jogos em vários lugares no Rio, né? Existia eventos para isso. Tinha o Parque da Bola, que ficava no Jockey Club aqui do Rio.
Foster: Eu vi vários jogos lá.
Alexia: Um super lugar montado com roda gigante e telão para assistir. Todo dia de jogo o parque abria, independente de qual jogo fosse. Então era um clima de Carnaval todos os dias. Porque sempre tinha alguma coisa acontecendo na cidade. Então você poderia sair à noite para o barzinho da esquina e iria ter gente assistindo, torcendo, fazendo bolão, apostando, era muito legal!
Foster: Não, a cidade foi uma loucura total! O que quer dizer 'fazendo bolão'?
Alexia: Bolão é aposta. Por exemplo, eu aposto que o Uruguai vai ganhar de 3 a 2 da Argentina.
Foster: Aham, entendi.
Alexia: Aí a outra pessoa: 'Não, a Argentina vai ganhar de 2 a 1', 'Não, vai ser 1 a 1'. E assim vai. É um bolão.
Foster: Entendi. Mas, enfim, antes da Copa tinha muita fala sobre que o Brasil não iria ficar pronto e que os estádio ainda...
Alexia: É, bom, a gente vai entrar nesse assunto.
Foster: Tá, entra.
Alexia: Porque todas as obras tiveram algum tipo de problema seja em qualquer parte do Brasil. Porque a obra atrasou porque choveu, porque não tem dinheiro, porque o dinheiro foi desviado, porque mil coisas. E tinha esse medo mesmo. Até que a FIFA veio aqui e deu um ultimato ao Brasil, tipo, "o que está acontecendo?!", sabe?
Foster: É, até eu lembro no FIFA Fan Fest, em Copacabana, a coisa bem famosa...
Alexia: Você foi lá?
Foster: Eu fui.
Alexia: Eu me recusei.
Foster: Mas, eu lembro duas semanas antes do negócio, ainda estava a...
Alexia: Montagem.
Foster: É, montagem!
Alexia: Eu passava de carro também e pensava: "Gente, o que vai acontecer aqui? Porque não tem nada pronto!". Porque o Rio, a gente refez o Maracanã, a gente adaptou o Maracanã, ele deixou de ser o maior estádio do mundo, agora ele é todo bonitinho de acordo com as leis da FIFA e tinha o Engenhão. Então eu acompanhei de perto esses dois. E, enfim, agora o que eu achava muito engraçado em dia de jogo do Brasil, não conseguia andar pela cidade sem encontrar gente se abraçando, sabe? Era uma coisa muito legal. As ruas completamente vazias...
Foster: Cada jogo do Brasil foi feriado, né?
Alexia: Foi feriado facultativo. Eu tive alguns feriados, sim, ou a gente ia trabalhar só de manhã e assistiu o jogo à tarde - ou ao contrário. Não dá para você estar trabalhando e a sua seleção jogando dentro do seu país, não tem como!
Foster: Eu estava estudando naquela época e a gente não tinha aula, tipo, por um mês.
Alexia: Não foi ano passado, foi em 2014, amor!
Foster: Que foi o...?
Alexia: A gente está em 2016. Eu estou achando maluquice! Foi em 2014.
Foster: É, isso. Nossa! Que coisa!
Alexia: Um tempão mesmo! Meio como "o Brasil vai mudar", tinha também uma outra expressão que agora eu lembrei, que era o certificado FIFA, digamos assim, que a FIFA pede para ser de tal jeito, então a gente começou a falar "Não, tem que ser do jeito FIFA". E assim vai. Então, era mais uma ironia, né, com tudo o que estava acontecendo.
Foster: Mas, foi engraçado. Eu sempre falava "Imagina na Copa!". Eu tenho mais uma frase que eu quero que você explique para a gente.
Alexia: Qual?
Foster: Elefantes brancos.
Alexia: Elefante branco? Bom, elefante branco a gente usa, por exemplo, para uma coisa muito grande que não tem nenhum tipo de utilidade porque é muito raro isso acontecer, digamos.
Foster: E no contexto da Copa?
Alexia: Bom, a Copa foi um grande elefante branco.
Foster: E nos estádios que agora não tem times, não tem jogos.
Alexia: Então, exatamente, os estádios viraram grandes elefantes brancos. Não tem utilidade. Ninguém está jogando, não está acontecendo nada. Então foram milhões de gastos. Porque, assim, o pessoal se baseou muito na... na onde mesmo? Teve um país que sediou a Copa, que depois todo mundo ficou usando, que ficou maravilhoso. Por exemplo, na África, quando teve a Copa, também, foi praticamente a mesma coisa que o Brasil. Refizeram os estádios, gastaram milhões, ninguém usa, ninguém mais vai jogar lá, ninguém faz nada. Aqui está acontecendo a mesma coisa.
Foster: É, mas o Brasil gastou tipo...
Alexia: Milhões!
Foster: Dez vezes mais do que qualquer outro país.
Alexia: Qualquer outro lugar. Por que será, né, gente?!
Foster: Corrupção, né?
Alexia: É. Dona Dilma está rica!
Foster: Mas, enfim, você achou que foi uma coisa positiva ou negativa para o Brasil?
Alexia: Eu achei os dois, na verdade. Eu achei que foi muito positiva para quem estava visitando. Eu acho que o pessoal que veio para cá saiu com uma impressão muito boa, de qualquer estado que tenha ido. E foi muito negativa para o que agora a gente vai fazer com esses lugares, com esses estádios que ninguém está usando. Aí a nova desculpa foi: 'Ah, mas nas Olimpíadas vão ser usados'. Então, sempre tem uma desculpa nesse sentido. Eu acho que o pessoal gostou muito, veio para cá. As seleções curtiram muito também, nenhuma teve problema, deu tudo certo, nesse sentido a Copa aconteceu, mas o que ficou não é nem um pouco utilizável.
sempre tem uma desculpa - there is always an excuse
Foster: O legado não foi tão forte, não.
Alexia: O legado da Copa não vai ser. Como legado olímpico, não vai ser nenhum um pouco também.
Foster: Tá, isso é para outro podcast. Então tá, gente, só isso.
Alexia: Tá bom. Beijo! Tchau, tchau!
Foster: Tchau, gente!